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23 de jun. de 2012

RIO MAIS 20


Acúpula Rio+20 terminou ontem com longa lista de promessas para avançar para uma “economia verde” que freie a degradação do meio ambiente e combata a pobreza, sob o fogo das críticas por falta de metas vinculantes e financiamento. A cúpula, a maior da história da ONU, reuniu durante 10 dias líderes e representantes de 191 países, 20 anos depois da histórica Rio-92 no Rio, que tomou decisões para combater as mudanças climáticas, a perda de biodiversidae e a desertificação. O texto final foi elogiado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, segundo o qual se tratou de um “bom documento, uma visão sobre a qual podemos construir nossos sonhos”. 

Mas a sociedade civil, irritada, denunciou o “fracasso” e a falta de ambição da Rio+20. O acordo final é “abstrato e não corresponde à realidade”, afirmou Kumi Naidoo, do Greenpeace Internacional, um dos 36 ativistas que se reuniu com Ban ontem para lhe entregar um documento com críticas. “O que vemos aqui não é o mundo que queremos, é um mundo no qual as corporações poluidoras e aqueles que destróem o meio ambiente dominam”, completou.

O documento final que será adotado pelos líderes mundiais cita as principais ameaças ao planeta: desertificação, esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, desmatamento, extinção de milhares de espécies e aquecimento climático, catalogado como um dos principais desafios de nossos tempos. “Renovamos nossos compromissos com o desenvolvimento sustentável, para garantir a promoção de um futuro economicamente, socialmente e ambientalmente sustentável para nosso planeta e para gerações futuras e presentes”, diz o rascunho do texto final de 53 páginas. “Para 2030, precisamos de 50% mais alimentos, 45% mais energia e 30% mais água apenas para viver como vivemos hoje”, advertiu Ban durante a reunião. Para 2050, estima-se que a população mundial será de 9,5 bilhões de pessoas.

O texto adota os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, com metas para avanços sociais e ambientais dos países, e que substituirão as Metas do Milênio da ONU, quando estas expirarem em 2015. A declaração impulsiona a transição para uma “economia verde”, um conceito promovido pelos europeus, mas criticado por vários países em desenvolvimento e ativistas que temem que represente a mercantilização da natureza e promova o protecionismo em detrimento de nações pobres.

O Grupo dos 77 países em desenvolvimento (G77) mais a China pediu no início da conferência um fundo de U$ 30 bilhões para conseguir cumprir as metas socioambientais, mas em um contexto de crise econômica mundial, o texto final não define cifras.

ENTENDA A NOTÍCIA
Os ativistas afirmam que a Cúpula dos Povos e a Cúpula Empresarial - eventos paralelos - foram mais produtivos que a Rio+20, com troca de experiências e centenas de compromissos voluntários anunciados.

53 páginas de boas intenções e objetivos

A declaração final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), submetida à ratificação de chefes de Estado e de governo das Nações Unidas, é um texto de 53 páginas, com boas intenções e o lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O texto reafirma os princípios processados durante conferências e cúpulas anteriores e insiste na necessidade “de acelerar os esforços” para empregar os compromissos anteriores, homenageando as comunidades locais, que “fizeram esforços e progressos”.
 
“Políticas de economia verde” (3 páginas e meia do texto):
 
“Uma das ferramentas importantes” para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não devem “impor regras rígidas”, mas “respeitar a soberania nacional de cada país”, sem constituir “um meio de discriminação”, nem “uma restrição disfarçada ao comércio internacional”. Eles devem, também, “contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”. “Cada país pode escolher uma abordagem apropriada”.
 
Governança mundial do desenvolvimento sustentável:
 
O texto decide “reforçar o quadro institucional”. A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é substituída por um
“fórum intergovernamental de alto nível”. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnuma) terá seu papel reforçado e
valorizado como “autoridade global e na liderança da questão ambiental”, com os recursos “assegurados” (os depósitos atualmente são voluntários) e uma representação de todos os membros das Nações Unidas (apenas 58 participam atualmente).
 
“Quadro de ação”:
 
Em 25 páginas, correspondentes à metade do documento, o texto propõe setores onde haja “novas oportunidades” e onde a ação seja “urgente”, notavelmente devido ao fato de as conferências anteriores terem registrado resultados insuficientes.

Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis.
 
Objetivos de desenvolvimento sustentável:
 
Nos moldes dos Objetivos do Milênio para o desenvolvimento, cujo prazo para cumprimento se encerra em 2015, a cúpula insiste na importância de se estabelecer os “Objetivos do desenvolvimento sustentável” (ODS) “em número limitado, conciso e voltado à ação”, aplicáveis a todos os países, mas levando em conta as “circunstâncias nacionais particulares”. Um grupo de trabalho de 30 pessoas será criado até a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, e deverá apresentar suas propostas em 2013 para cumprimento a partir de 2015.
 
Os meios de realização do desenvolvimento sustentável:
 
“É extremamente importante reforçar o apoio financeiro de todas as origens, em particular para os países em desenvolvimento”. “Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem desempenhar um papel”. A declaração insiste na “conjugação de assistência ao desenvolvimento com o investimento privado”.

O texto insiste, também, na necessidade de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento e sobre o “reforço de capacidades” (formação, cooperação, etc).

45,4
mil pessoas credenciadas, segundo a porta-voz da conferência

17 de jun. de 2012

Por que algumas pessoas comem e não engordam?

omo escreveu Veríssimo “Ninguém é mais admirado ou invejado do que o come e não engorda. Você o conhece. É o que come o dobro do que nós comemos e tem metade da circunferência e ainda se queixa: – Não adianta. Não consigo engordar.”
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Por em 17.03.2009 as 0:05
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Uma enzima pode ser a explicação do fato de algumas pessoas comerem bem mais do que outras e continuarem magras sem fazerem dieta.
A enzima, chamada de MGAT2, determina se a gordura ingerida na alimentação será usada para gerar energia ou se será armazenada em camadas lipoprotéicas (apelido para os famosos pneuzinhos).
Os cientistas descobriram que ratos que possuíam poucas enzimas desse tipo eram capazes de comer muito sem engordar. Esses animais também estavam protegidos contra intolerância à glucose – sintoma precursor da diabetes – e colesterol alto.
As enzimas, em geral, são catalisadores biológicos essenciais para o funcionamento do nosso organismo.
A MGAT2 é uma das três enzimas do grupo MGAT, encontradas nos intestinos humanos e, também, no dos ratos. Os pesquisadores acreditam que, cortando a atividade da MGAT2 através de medicamentos, pode ser uma solução para combater a obesidade e todos os problemas que o excesso de peso acarreta.
Em uma pesquisa da Universidade da Califórnia, um grupo de cientistas reduziu a atividade dessas enzimas à metade. O resultado foi que os animais se desenvolveram normalmente – no entanto, em uma dieta constituída em 60% de gorduras, eles ganharam bem menos peso do que seus companheiros que continuavam a produzir a enzima normalmente.
Depois de quatro meses de testes e experimentos, os ratos que produziam menos MGAT2 pesavam cerca de 40% a menos do que os outros.
Estudos posteriores mostraram que os ratos com menos MGAT2 tinham menos insulina no sangue e maior tolerância à glucose. O nível do colesterol (LDL, o colesterol ruim, que pode causar problemas cardíacos) também baixou consideravelmente.
A razão pela qual o corpo humano tende a armazenar a gordura, mesmo quando não é o mais saudável a se fazer, é que nosso sistema biológico ainda se comporta como o dos nossos ancestrais. A comida, para eles, era escassa, então seus corpos precisavam “armazenar” um estoque considerável de energia, em caso de falta de alimento.
Agora foi descoberto que as enzimas MGAT são parte importante do processo.
“O come e não engorda tem o segredo da Vida e da Morte e, suspeita-se, o telefone da Bruna Lombardi. E ainda se queixa: – Tenho que tomar quatro milk-shakes entre as refeições. Dieta.” [Telegraph, Livro 'A Mesa Voadora' de Luís Fernando Veríssimo]

Foi provado: o amor é um vício, mas tem cura

Sofrer muito por amor pode ter uma razão biológica. Uma nova pesquisa do cérebro sugere que superar um romance pode ser semelhante a superar um vício.
O estudo é um dos pioneiros a examinar o cérebro de uma pessoa recentemente dispensada que têm dificuldade de esquecer seu relacionamento. Pesquisadores descobriram que quando homens e mulheres com o coração partido olham para as fotografias dos antigos parceiros, certas regiões do cérebro são ativadas que os associam com recompensa, desejo, controle das emoções, sentimentos de apego e de dor física e angústia.
Os pesquisadores dizem que a resposta do cérebro à rejeição romântica pode ter uma base evolutiva. Nosso cérebro desenvolveu circuitos para o romance há milhões de anos, para permitir que os nossos antepassados concentrassem sua energia em apenas uma pessoa e iniciassem um processo de acasalamento. Quando você é rejeitado no amor, você perde o maior prêmio da vida, que é um “parceiro de acasalamento”. Ou seja, quando se é dispensado, provavelmente este sistema do cérebro é ativado, para ajudar a pessoa a tentar conquistar seu amor de volta.
O estudo com os recentes “dispensados” mostrou que quando eles visualizam seu ex-amado, estimulam uma região do cérebro chamada área tegmental ventral, envolvida na motivação e recompensa.
Trabalhos anteriores demonstram que essa região é também ativa em pessoas que estão loucamente apaixonadas. Isso faz sentido, porque não importa se está feliz ou infeliz no amor, você ainda está apaixonado.
Outras regiões do cérebro, conhecidas por serem associadas com o vício da cocaína e intensa dependência do cigarro, também foram ativadas.
Por outro lado, os investigadores encontraram algumas boas notícias para os romanticamente rejeitados: parece que o tempo cura. Quanto mais tempo passou desde a separação, menos atividade havia nessas regiões.
As áreas do cérebro envolvidas na regulação da emoção, na tomada de decisão e na avaliação também ativaram quando os participantes olharam as fotos. Isto sugere que estavam aprendendo a partir de sua experiência passada, avaliando suas perdas e ganhos e descobrindo como lidar com a situação. Isso parece ser saudável para o cérebro, pensar sobre a situação de forma mais ativa e tentar amadurecer. [LiveScience]

Esboço de documento da Rio+20 tem promessas vagas sobre água e energia

Os governos reunidos para a Cúpula Rio+20, a Conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, pretendem fazer promessas menos contundentes sobre a ampliação no acesso a água e energia, de acordo com um novo documento obtido pela BBC.
O texto está sendo costurado pelo governo brasileiro, que lidera as discussões do encontro no Rio de Janeiro. O Brasil quer que o documento seja assinado antes da chegada dos mais de 130 chefes de Estado, na quarta-feira.
O documento não foi distribuído oficialmente a jornalistas, apesar da promessa de que o evento no Rio seria "acessível" a todos.
O Brasil quer que os negociadores terminem de debater o texto até segunda-feira, o que permitiria um intervalo de um dia antes do começo das discussões envolvendo os chefes de Estado. Mas várias delegações – incluindo Estados Unidos, Canadá e o bloco G77, de países em desenvolvimento – já se opuseram a diversos elementos do texto.

Responsabilidades

As discussões preliminares estavam previstas para terminar na noite de sexta-feira, mas naquele momento apenas 37% do documento final havia sido acordado – o que levou o Brasil a refazer todo o texto.
O documento de 50 páginas obtido pela BBC concorda com a maioria dos princípios defendidos pelos países emergentes, mas não atende nenhuma das suas demandas por assistência financeira e tecnológica, que seria fornecida pelas nações ricas.
O texto é explicito ao acusar os países ricos de tentar diminuir seus compromissos com ajuda internacional: "Nós enfatizamos que é preciso progredir na implementação de compromissos prévios. É crítico que nós honremos todos os compromissos prévios, sem retrocessos".
A ONG ambientalista Amigos da Terra elogiou partes do documento, mas disse que ele ainda é insuficiente diante dos desafios globais.
"Diante dos esforços determinados de alguns países desenvolvidos, em particular dos Estados Unidos, de rasgar o acordo da Cúpula da Terra de 1992, esse texto parece impedir que andemos para trás", afirma Asad Rehman, da Amigos da Terra.
"Mas certamente ele não chega nem perto de abordar as preocupações das pessoas do nosso planeta. Diante de uma crise planetária tripla – catástrofe climática, aprofundamento na desigualdade global e consumo insustentável provocado por um sistema econômico quebrado – o texto não é nem ambicioso o suficiente, e nem fornece a vontade política necessária."

Energia

Outro trecho favorável aos emergentes afirma que países desenvolvidos e em desenvolvimento têm "responsabilidades comuns mas diferenciadas" no desenvolvimento sustentável.
O texto não faz nenhuma menção a números. Os países emergentes vêm pedindo investimentos de US$ 30 bilhões a US$ 100 bilhões para tornar as suas economias mais verdes.
A proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de fazer com que todas as pessoas no planeta tenham acesso a energias modernas até 2030 – através do aumento de fontes de energia renováveis – é apenas citada no texto, mas não recebeu nenhum tipo de endosso.
Também não há nenhuma promessa de acabar com os subsídios a combustíveis fósseis, como alguns queriam.
O documento afirma que é necessário criar medidas estatísticas alternativas ao PIB – que além de medir apenas a produção de bens em serviços também leve em conta o impacto ambiental das atividades econômicas.
Para Erica Carroll, da ONG Christian Aid, é positivo que o documento reconheça que países ricos e pobres possuem responsabilidades diferentes, "mas nós gostaríamos de ver apoio mais forte para que todos no mundo tenham acesso a energia sustentável, e mais entusiasmo por alternativas ao PIB".

Água

Ativistas pedem que a Cúpula reconheça o direito de todos os seres humanos de ter acesso a comida e água. O direito à comida – que sofre resistência do governo americano – está no texto final, mas o trecho que fala sobre água é mais ambíguo.
"O direito à água e saneamento é essencial para que se possa aproveitar a vida e outros direitos humanos plenamente", afirma Farooq Ullah, do grupo Stakeholder Forum, que promove a participação de acionistas de empresas em iniciativas ambientais da ONU.
"Resoluções prévias da ONU faziam ressalvas; e um dos sucessos da Rio+20 é que o Canadá e a Grã-Bretanha reconheceram pela primeira vez o direito universal à água e saneamento – respectivamente. Então é um mistério como os brasileiros perderam esse acordo."

Teste genético é criticado por avaliar “pureza racial”

Escândalo científico na Hungria avalia origens e reaviva noções discriminatórias
por Alison Abbott e revista Nature
T. Kovacs, MTI/AP

Oficiais húngaros se uniram nesta semana para condenar a violência étnica e os ataques antissemitas, incluindo uma agressão contra o ex-Rabino-Chefe, em 5 de junho. Mas surgiu um motivo para mais introspecção: um escândalo científico relembrando noções desacreditadas sobre pureza racial.

O Conselho de Pesquisa Médica da Hungria (ETT), que assessora o governo em políticas de saúde, pediu que o Ministério Público investigasse uma companhia de diagnósticos genéticos que certificou que um membro do parlamento não tinha ascendência cigana ou judia.

A pessoa em questão é do partido de extrema-direita Jobbik, que recebeu 17% dos votos na eleição geral de abril de 2010. Aparentemente, ele requisitou o certificado da firma Nagy Gén Diagnostic and Research, em Budapeste. A empresa produziu o documento em setembro de 2010, poucas semanas antes das eleições locais.

O certificado – com o nome da pessoa apagado – surgiu em um site no mês passado e atraiu a mídia húngara. Um dos parceiros financeiros da Nagy Gén, Tibor Benedek – três vezes medalha de ouro em polo aquático olímpico e membro de uma proeminente família judaica – imediatamente se retirou da empresa.

O secretário da ETT, József Mandl, diretor de química médica da Semmelweis University em Budapeste, diz que o certificado é “profissionalmente errado, eticamente inaceitável e ilegal”. O conselho discutiu o problema em 7 de junho e concluiu que o teste viola a Lei de Genética de 2008, que só permite testes desse tipo para fins de saúde.

“A posição do conselho é importante”, aponta Lydia Gall, pesquisadora do grupo de direitos civis Human Rights Watch, da Europa Oriental e dos Bálcãs, que mora em Amsterdã. “Na Hungria houve muitos crimes violentos contra ciganos e atos de antissemitismo nos últimos anos”, reforça ela. Políticos que tentam usar testes genéticos para provar que são “puramente húngaros” alimentam as chamas do ódio racial, adiciona ela.
A Nagy Gén verificou 18 posições no genoma do membro do parlamento procurando variantes que, segundo a empresa, são características de grupos étnicos ciganos e judeus; seu relatório conclui que uma ancestralidade cigana ou judaica pode ser descartada. O certificado adiciona: “Para uma interpretação do resultado do teste e para consultas genéticas relativas à árvore genealógica, favor contatar-nos quando conveniente”.

A Nagy Gén não respondeu emails e telefonemas da Nature para comentar o assunto. Uma declaração em seu site, porém, alega que os jornais relataram a história “de maneira incompleta” e aponta a recomendação do certificado para consultas posteriores. A declaração argumenta que a companhia “rejeita todas as formas de discriminação, então não tem o direito de julgar os propósitos para os quais um indivíduo usará os resultados de seu teste. Então, por razões éticas, não poderia ter se recusado a realizá-lo”.

O certificado apareceu pela primeira vez em um site de direita, que descreveu a intenção por trás do teste genético como “nobre”, apesar de ter questionado a ciência. Depois de o blog de notícias Petőfi utca republicar o certificado em 14 de maio, a Sociedade Húngara de Genética Humana publicou uma declaração condenando o teste. István Raskó, diretor do Instituto de Genética da Academia Húngara de Ciências, em Szeged, e vice-presidente da sociedade, explica ser impossível deduzir as origens de variações genéticas a partir de alguns poucos locais do genoma. “Esse teste não faz sentido nenhum e o assunto é muito nocivo à profissão da genética clínica”, declara.

O contrato de locação da Nagy Gén com a Eötvös Loránd University se encerrou este mês, disse György Fábri, porta-voz da universidade. “A universidade não está comentando o assunto publicamente porque isso não é da nossa conta – nossos pesquisadores não tiveram contato com a empresa”. Em uma declaração escrita, ele adicionou que a universidade “rejeita completamente” o abuso de resultados científicos para promover a discriminação e o ódio.

 

12 de jun. de 2012

ESQUIZOFRENIA


O que é?
Apesar da exata origem não estar concluída, as evidências indicam mais e mais fortemente que a esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral. A Dra Nancy Andreasen disse: "As atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isso inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem viral e traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores".
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e não apenas uma única doença não é um assunto novo. Primeiro, pela diversidade de manifestações como os sub-tipos paranóide, hebefrênico e catatônico além das formas atípicas, que são conhecidas há décadas. Segundo, por analogia com outras áreas médicas como o câncer. O câncer para o leigo é uma doença que pode atingir diferentes órgãos. Na verdade trata-se de várias doenças com manifestação semelhante. Para cada tipo de câncer há uma causa distinta, um tratamento específico em chances de cura distintas. São, portanto, várias doenças. Na esquizofrenia talvez seja o mesmo e o simples fato de tratá-la como uma doença só que atrapalha sua compreensão. Poucos sabemos sobre essa doença. O máximo que conseguimos foi obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Nem sua classificação, que é um dos aspectos fundamentais da pesquisa, foi devidamente concluída. Revisão
Como Começa?
A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato freqüente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Geralmente os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos; estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da esquizofrenia ter deflagrado, as pessoas próximas se dão conta de que algo errado está acontecendo. Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas, os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade. Psicoterapia contra a vontade do próprio será indicada e muitas vezes realizada sem nenhum melhora para o paciente. A permanência da dificuldade de concentração levará à interrupção dos estudos e perda do trabalho. Aqueles que não sabem o que está acontecendo, começam a cobrar e até hostilizar o paciente que por sua vez não entende o que está se passando, sofrendo pela doença incipiente e pelas injustiças impostas pela família. É comum nessas fases o desleixo com a aparência ou mudanças no visual em relação ao modo de ser, como a realização de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas e descuido com a higiene pessoal. Desde o surgimento dos hippies e dos punks essas formas estranhas de se apresentar, deixaram de ser tão estranhas, passando mesmo a se confundirem com elas. O que contribui ainda mais para o falso julgamento de que o filho é apenas um "rebelde" ou um "desviante social".
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento como tendo passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo; não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental, fato muito mais grave.
A fase inicial pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do comportamento. Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o paciente apresenta uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais o que leva as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas ilícitas. É possível que o paciente já esteja tendo sintomas psicóticos durante algum tempo antes de ser levado a um médico.
Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar que algo muito errado está acontecendo, seja por uma atitude fisicamente agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja por manifestar seus sintomas claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está recebendo mensagens do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara, o diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva do filho e passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada disso estaria acontecendo, o que não é verdade. Infelizmente o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, que é uma doença inexorável. As medicações controlam parcialmente os sintomas: não normalizam o paciente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e por nenhum outro motivo.
O Diagnóstico
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar, mas a maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico pode considerar que uma insônia apresentada não tenha maior importância na composição do quadro; já outro médico pode considerá-la fundamental. Assim os quadros não muito definidos ou atípicos podem gerar conflitos de diagnóstico.
O Curso 
Que a esquizofrenia é doença grave ninguém duvida, pois afeta as emoções, o pensamento, as percepções e o comportamento. Mas o que dizer de uma gravidade que pode não deixar seqüelas nem ameaçar a vida da pessoa, mas pelo contrário permite o restabelecimento da normalidade? A gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da doença.
Classicamente a distinção que Kraepelin fez entre esquizofrenia (demência precoce) e o transtorno bipolar (psicose cíclica) foi a possibilidade de recuperação dos cicladores, enquanto os esquizofrênicos se deterioravam e não se recuperavam. Talvez a partir daí criou-se uma tendência a considerar-se a esquizofrenia irrecuperável. Não resta a menor dúvida de que muitos casos não se recuperam, mas há exceções e quando eles surgem toda a regra passa a ser duvidosa, pois se perdem os limites sobre os quais se operava com segurança. Há dois motivos básicos que justificam a falta de segurança sobre o curso da esquizofrenia:
1- Falta de critérios uniformes nas pesquisas passadas sobre o assunto.
2- Dificuldade de se acompanhar ao longo de vários anos um grupo grande de pacientes.
Faz apenas um pouco mais de 10 anos que se editou pela Organização Mundial de Saúde, critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. Na versão anterior, o CID 9, os critérios eram "frouxos" permitindo diferenças consideráveis nos parâmetros adotados entre os estudos; assim as disparidades de resultados entre eles era inaceitável terminando com a indefinição a respeito do curso da esquizofrenia. Algumas psicoses são naturalmente transitórias e únicas na vida de uma pessoa. Se por engano essas são consideradas como esquizofrênicas gera-se conflito ao se comparar com estudos cujos critérios exigiam um período mínimo de meses na duração da psicose. Mesmo que durem muitos anos as psicoses não podem ser confundidas com a personalidade esquizóides. Assim, devido à falta de rigor na realização dos diagnósticos não podemos ter segurança nos estudos anteriores ao CID 10 ou ao DSM-III (para os estudos que se basearam nos critérios americanos); portanto as conclusões desses estudos não podem determinar nossa conduta atual. Apesar do CID 10 ter criado uma técnica comprovadamente mais confiável e precisa de se diagnosticar a esquizofrenia o problema não está resolvido. Somente com o tempo e com mais pesquisas saberemos se os critérios hoje adotados estão corretos, se correspondem à realidade. Caso no futuro se constate que ainda são insuficientes, as pesquisas feitas com os critérios do CID 10 também serão desacreditadas. As pesquisas precisam dizer se o que estamos diagnosticando é uma doença com vários cursos naturais ou se são na verdade várias doenças cada qual com seu curso próprio. Perante essas dificuldades entendemos por que são tão almejadas técnicas biológicas, como as de imagem da tomografia por emissão de pósitrons, para se estudar as esquizofrenias.
Dentre vários estudos publicados na última década sobre o curso da esquizofrenia, selecionamos um para ilustrar a diversidade de resultados e dificuldade de avaliação. Quanto mais difíceis de análise um estudo, mais sujeito à falhas e conclusões erradas ele está.
Nesse trabalho foram selecionadas seis pessoas que tinham preenchido, dez anos antes, critérios para esquizofrenia, sendo que todos alcançaram remissão completa do quadro. Com esse tipo de estudo torna-se possível verificar se a remissão detectada na época seria permanente ou uma fase de melhoria antes da cronicidade permanente. Como resultado, mesmo num grupo tão pequeno, constatou-se vários cursos distintos. Três permaneciam em remissão completa, um seguia um curso deteriorante contínuo e dois apresentavam flutuações dos sintomas. Não foram identificadas diferenças clínicas que distinguisse os pacientes. Para se dizer se o paciente estava com ou sem sintomas psicóticos foi usado um questionário estruturado de entrevista para todos, acurando, assim, possíveis "defeitos" deixados pela psicose prévia.
Psychiatry, 61(1):20-34 1998 Spring Torgalsbøen AK; Rund BR
Desse estudo podemos ver que a remissão completa não é garantia de cura. Esse dado aparentemente banal é importantíssimo no relacionamento com o paciente e sua família por que 100% deles perguntam se ficarão bem, se voltarão a ser o que eram. No atual momento nenhum profissional da saúde mental pode afirmar o que acontecerá. Dizer que não vai melhorar é provocar uma iatrogenia, dizer que vai ficar bom pode ser ilusório o que posteriormente custará a confiança no profissional.
O que causa?
Sobre a causa da esquizofrenia só sabemos duas coisas: é complexa e multifatorial. O cérebro, por si, possui um funcionamento extremamente complexo e em grande parte desconhecido. Essa complexidade aumenta se considerarmos, e temos de considerar, que o funcionamento do cérebro depende do funcionamento de outras partes do corpo como os vasos sangüíneos, o metabolismo do fígado, a filtragem do rim, a absorção do intestino, etc. Por fim, se considerando outras variáveis nada desprezíveis como o ambiente social e familiar, a complexidade se torna inatingível para os recursos de que dispomos. Provavelmente a esquizofrenia é resultado disso tudo. Na história da Medicina as doenças foram descobertas muitas vezes pelos grupos ou atividades de risco. As pessoas que passavam em determinado local e contraíam doenças comuns àquela região abriam precedentes nas pesquisas. Locais onde o solo era pobre em iodo, as pessoas adquiriam bócio; locais onde havia certos mosquitos as pessoas podiam adquirir malária, dengue, febre amarela. Locais infestados por ratos, adquirir leptospirose. Com a esquizofrenia, nunca se conseguiu identificar fatores de risco, exceto o parentesco com algum esquizofrênico. Este fato dificulta as investigações porque não fornece as pistas nas quais os pesquisadores médicos precisam se basear para pesquisar. Como não há pistas, somos obrigados a escolher um tema que por intuição pode se relacionar à esquizofrenia e investigá-lo. É isto que tem sido feito.
Teoria Bioquímica
A mais aceita em parte devido ao sucesso das medicações: as pessoas com esquizofrenia sofrem de um desequilíbrio neuroquímico, portanto falhas na comunicação celular do grupo de neurônios envolvidos no comportamento, pensamento e senso-percepção.
Teoria do Fluxo Sangüíneo Cerebral
Com as modernas técnicas de investigação das imagens cerebrais (Tomografia por Emissão de Pósitrons- TEP) os pesquisadores estão descobrindo áreas que são ativadas durante o processamento de imagens sejam elas normais ou patológicas. As pessoas com esquizofrenia parecem ter dificuldade na "coordenação" das atividades entre diferentes áreas cerebrais. Por exemplo, ao se pensar ou falar, a maioria das pessoas mostra aumento da atividade nos lobos frontais, juntamente a diminuição da atividade de áreas não relacionadas a este foco, como a da audição. Nos pacientes esquizofrênicos observamos anomalias dessas ativações. Por exemplo, ativação da área auditiva quando não há sons (possivelmente devido a alucinações auditivas), ausência de inibição da atividade de áreas fora do foco principal, incapacidade de ativar como a maioria das pessoas, certas áreas cerebrais.
A TEP mede a intensidade da atividade pelo fluxo sangüíneo: uma região cerebral se ativa, recebendo mais aporte sangüíneo, o que pode ser captado pelo fluxo sangüíneo local. Ela mostrou um funcionamento anormal, mas por enquanto não temos a relação de causa e efeito entre o que as imagens revelam e a doença: ou seja, não sabemos se as anomalias, o déficit do fluxo sangüíneo em certas áreas, são a causa da doença ou a conseqüência da doença.
Teoria Biológica Molecular
Especula-se a respeito de anomalias no padrão de certas células cerebrais na sua formação antes do nascimento. Esse padrão irregular pode direcionar para uma possível causa pré-natal da esquizofrenia ou indicar fatores predisponentes ao desenvolvimento da doença.
Teoria Genética
Talvez essa seja a mais bem demonstrada de todas as teorias. Nas décadas passadas vários estudos feitos com familiares mostrou uma correlação linear e direta entre o grau de parentesco e as chances de surgimento da esquizofrenia. Pessoas sem nenhum parente esquizofrênico têm 1% de chances de virem a desenvolver esquizofrenia; com algum parente distante essa chance aumenta para 3 a 5%. Com um pai ou mãe aumenta para 10 a 15%, com um irmão esquizofrênico as chances aumentam para aproximadamente 20%, quando o irmão possui o mesmo código genético (gêmeo idêntico) as chances de o outro irmão vir a ter esquizofrenia são de 50 a 60%.A teoria genética, portanto explica em boa parte de onde vem a doença. Se explicasse tudo, a incidência de esquizofrenia entre os gêmeos idênticos seria de 100%.
Teoria do Estresse
O estresse não causa esquizofrenia, no entanto o estresse pode agravar os sintomas. Situações extremas como guerras, epidemias, calamidades públicas não fazem com que as pessoas que passaram por tais situações tenham mais esquizofrenia do que aquelas que não passaram.
Teoria das Drogas
Não há provas de que drogas lícitas ou ilícitas causem esquizofrenia. Elas podem, contudo, agravar os sintomas de quem já tem a doença. Certas drogas como cocaína ou estimulantes podem provocar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mas não há evidências que cheguem a causá-la.
Teoria Nutricional
A alimentação balanceada é recomendável a todos, mas não há provas de que a falta de certas vitaminas desencadeie esquizofrenia nas pessoas predispostas. As técnicas de tratamento por megadoses de vitaminas não têm fundamento estabelecido por enquanto.
Teoria Viral
A teoria de que a infecção por um vírus conhecido ou desconhecido desencadeie a esquizofrenia em pessoas predispostas foi muito estudada. Hoje essa teoria vem sendo abandonada por falta de evidências embora muitos autores continuem considerando-a como possível fator causal.
Teoria Social
Fatores sociais como desencadeantes da esquizofrenia sempre são levantados, mas pela impossibilidade de estudá-las pelos métodos hoje disponíveis, nada se pode afirmar a seu respeito. Toda pesquisa científica precisa isolar a variável em estudo.No caso do ambiente social não há como fazer isso sem ferir profundamente a ética.
Quando um filho tem Esquizofrenia
...quando um filho tem esquizofrenia, ele sofre e sofre também a família. Num primeiro movimento, tenta-se esconder a doença por causa do preconceito social. Quando a doença não passa, os sonhos se desfazem, a preservação da imagem não tem mais sentido porque a doença é mais grave que o preconceito. A desesperança surge junto com a tristeza e o sentimento de perda da vida, da perspectiva, do futuro daquele que adoeceu tem que ser superado. A doença não pede licença: impõe e obriga-nos a mudar de postura diante da vida, diante da dor. A esquizofrenia não pode ser encarada como uma desgraça: tem que ser vista como uma barreira natural para nossos planos e desejos pessoais. Quando alguém na família adquire esquizofrenia é necessário que toda a família mude, se adapte para continuar sendo feliz apesar da dor. Os artigos científicos não publicam, mas o ser humano é capaz de ser feliz apesar da doença.
A esquizofrenia é uma doença incapacitante e crônica, que ceifa a juventude e impede o desenvolvimento natural. Geralmente se inicia no fim da adolescência ou no começo da idade adulta de forma lenta e gradual. O período de conflitos naturais da adolescência e a lentidão de seu início confundem as pessoas que estão próximas. Os sintomas podem ser confundidos com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação egoísta", uso de drogas, etc.
Sintomas Positivos e Negativos
A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade dizer de maneira objetiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a normalidade, os sintomas positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como as alucinações, e os negativos aqueles que deveriam estar presentes mas estão ausentes, como o estado de ânimo, a capacidade de planejamento e execução, por exemplo. Portanto sintomas positivos não são bons sinais, nem os sintomas negativos são piores que os positivos.
Positivos
Alucinações - as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias pessoas podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis. Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em ouvir tais coisas, os pacientes também se afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do cérebro.
Delírios - Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. São as idéias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que querem matá-lo ou fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros como achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas de rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a marca típica do doente mental que se considera Napoleão. No Brasil o mais comum é considerar-se Deus ou Jesus Cristo.
Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis para o leigo identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma emergência neurológica.
Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios, esses sintomas são diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.
Negativos
Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum, praticamente uma unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo, freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.
Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas como antes. Normalmente uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente. Esses pacientes são incapazes de sentir como antes. Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença dos pacientes pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas os pacientes não têm culpa disso e muitas vezes são incompreendidos.
Isolamento social - O isolamento é praticamente uma conseqüência dos sintomas acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o mundo real do irreal não consegue viver normalmente na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão é tratável e costuma responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram com nenhum tipo de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos de atuarem sobre os sintomas negativos não se concretizou, contudo esses sintomas podem melhorar espontaneamente.
Como reconhecer a esquizofrenia ainda no começo?
O reconhecimento precoce da esquizofrenia é uma tarefa difícil porque nenhuma das alterações é exclusiva da esquizofrenia incipiente; essas alterações são comuns a outras enfermidades, e também a comportamentos socialmente desviantes mas psicologicamente normais . Diagnosticar precocemente uma insuficiência cardíaca pode salvar uma vida, já no caso da esquizofrenia a única vantagem do diagnóstico precoce é poder começar logo um tratamento, o que por si não implica em recuperação. O diagnóstico precoce é melhor do que o diagnóstico tardio, pois tardiamente muito sofrimento já foi imposto ao paciente e à sua família, coisa que talvez o tratamento precoce evite. O diagnóstico é tarefa exclusiva do psiquiatra, mas se os pais não desconfiam de que uma consulta com este especialista é necessária nada poderá ser feito até que a situação piore e a busca do profissional seja irremediável. Qualquer pessoa está sujeita a vir a ter esquizofrenia; a maioria dos casos não apresenta nenhuma história de parentes com a doença na família. Abaixo estão enumeradas algumas dicas: como dito acima, nenhuma delas são características mas servem de parâmetro para observação.
  • Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a noite, ou mais raramente dormir demais
  • Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros
  • Perda das relações sociais que mantinha
  • Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade
  • Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos
  • Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns
  • Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião
  • Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis
  • Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos
  • Deterioração da higiene pessoal
  • Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos específicos
  • Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um objetivo definido
  • Reações emocionais não habituais ou características do indivíduo
  • Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo)
  • Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente
  • Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes
  • Alteração da sensação do tato e do paladar
  • Uso estranho das palavras e da construção das frases
  • Afirmações irracionais
  • Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, ameaças de auto-mutilação e ferimentos provocados em si mesmo
  • Mudanças na personalidade
  • Abandono das atividades usuais
  • Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, risos imotivados
  • Abuso de álcool ou drogas
  • Posturas estranhas
  • Recusa em tocar outras pessoas
Nenhum desses sinais por si comprovam doença mental, mas podem indicá-la. Pela faixa etária esses sinais podem sugerir envolvimento com drogas, personalidade patológica ou revolta típica da idade. Diferenciar a esquizofrenia do envolvimento com drogas pode ser feito pela observação da preocupação constante com dinheiro, no caso de envolvimento com drogas, coisa rara na esquizofrenia. A personalidade patológica não apresenta mudanças no comportamento, é sempre desviante, desde as tenras idades. Na esquizofrenia incipiente ainda que lentamente, ocorre uma mudança no curso do comportamento da pessoa, na personalidade patológica não. Na revolta típica da adolescência sempre haverá um motivo razoável que justifique o comportamento, principalmente se os pais tiverem muitos conflitos entre si.
A Família do esquizofrênico
O paciente esquizofrênico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao paciente. Da mesma forma que o paciente esquizofrênico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e incompreensão sociais. Num país pobre como o Brasil, a assistência à família do esquizofrênico tem que ser um programa governamental indispensável, para que se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos pacientes esquizofrênicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um irmão.
A título de reumanização do tratamento dos esquizofrênicos, pretende-se fechar os hospitais psiquiátricos alocando-os para outros serviços que não incluem atendimento às necessidades dos parentes dos esquizofrênicos. Como está, esse projeto não apenas piorará a situação do paciente, como também de sua família. Os problemas que geralmente ocorrem na família dos esquizofrênicos são os seguintes:
  • Pesar... "Sentimos como se tivéssemos perdido nosso filho"
  • Ansiedade... "Temos medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
  • Medo... "Ele poderá fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
  • Vergonha e culpa... "Somos culpados disso? O que os outros pensarão?"
  • Sentimento de isolamento... "Ninguém nos compreende"
  • Amargura... "Por que isso aconteceu conosco?"
  • Depressão... "Não consigo falar nisso sem chorar?"
  • Negação da doença... "Isso não pode acontecer na nossa família"
  • Negação da gravidade... "Isso daqui a pouco passa"
  • Culpa recíproca... "Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
  • Incapacidade de pensar ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
  • Problemas conjugais... "Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me morta por dentro"
  • Separação... "Não agüento mais minha mulher"
  • Preocupação em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhorem"
  • Cansaço... "Envelheci duas vezes nos últimos anos"
  • Esgotamento... "Sinto-me exausto, incapaz de fazer mais nada"
  • Preocupação com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos presentes, o que será dele?"
  • Uso excessivo de tranqüilizantes ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
  • Isolamento social... "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
  • Constante busca de explicações... "Será que isso aconteceu por algo que fizemos para ele?"
  • Individualização... "Não temos mais vida familiar"
  • Ambivalência... "Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se fosse..."
Sinais de boa recuperação
Tem sido observado que certos pacientes se recuperam mais freqüentemente do que outros. Nesse grupo foi identificado um grupo de características que pode servir como parâmetro, referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como garantia, mas aumentam as chances dessas pessoas de se recuperarem. Os sinais são os seguintes:
  • Capacidade de sentir e expressar emoções (alegria, excitação, tristeza, desespero, etc.)
  • Não apresentar sentimentos de grandiosidade.
  • Apresentar alucinações (mais freqüentemente auditivas)
  • Aparência de perplexidade no episódio agudo
  • Não se isolar; não apresentar distúrbios do pensamento
  • Idéias de perseguição e conduta de desconfiança também são sinais de bom prognóstico
Não há unanimidade quanto a esses sintomas, sempre haverá quem conteste a afirmação de que indicam bom prognóstico. Sintomas catatônicos (imobilidade ou excitação excessiva) e confusão mental apesar de aparentarem maior gravidade podem se resolver mais rapidamente deixando a pessoa sem problemas.
Um sinal importante de boa recuperação é a idade de início, quanto mais tarde mais chances de recuperação. A idade comum de início da esquizofrenia é o fim da adolescência e início da idade adulta podendo começar até aproximadamente 45 anos. Casos raros se dão após essa idade ou na infância.
As pessoas que sofreram traumatismos cranianos no nascimento ou ao longo da vida, assim como aquelas que sofreram infecções encefálicas.
Conselho aos pais
  • Aprendam a reconhecer os sintomas iniciais, que possam indicar uma possível recaída antes do quadro completo se instalar.
  • Procurar atendimento médico logo, sem adiamentos.
  • Procurar aprender sobre a doença para melhor entender o filho em suas necessidades.
  • Estabelecer expectativas realistas para a condição individual do filho doente.
  • Observar e aprender para melhor poder relatar os sintomas.
  • Saber respeitar seus próprios limites: você não poderá ajudar adequadamente enquanto estiver precisando de ajuda.
  • Tentar o máximo possível estabelecer uma relação amistosa, com um objetivo e finalidade estabelecidos.
  • Estimular parentes e amigos de seu filho a estabelecerem uma relação saudável.
  • Comunicar-se de forma clara e objetiva, sem usar meias-palavras ou deixar mensagens subentendidas.
  • Principalmente: ter um ambiente emocionalmente estável em casa. Expressões hostis mesmo que não direcionadas para a pessoa doente afetam e prejudicam o esquizofrênico. Não exercer cobranças sobre ele. Expressar as emoções tanto positivas (alegria) quanto as negativas (raiva) sempre com moderação.
Princípios para uso das medicações
Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras formas de terapia complementam, mas não substituem as medicações. Há, contudo, uma natural resistência ao uso delas e isso é apenas uma conseqüência da forma como se entende a doença. Se encararmos a medicação como algo estranho ao corpo a aversão se dará inevitavelmente, mas se encararmos as medicação como substâncias reguladoras de atividades cerebrais desequilibradas, podemos vê-las como amigas. O paciente não tem nenhuma culpa por uma parte do cérebro estar desregulado, mas pode usar o lado saudável (o bom senso) para tomar a decisão de se tratar. As medicações, portanto, só fazem ajustar o que estava desajustado. Infelizmente no caso da esquizofrenia não conhecemos medicações que realizem essa tarefa completamente, restabelecendo a normalidade do paciente. Mas por enquanto temos uma ajuda parcial. Meia dor é menos ruim que uma dor completa.
Última Atualização: 8-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 09 Liv 02 Liv 04
 Eur. Psychiatry 2001: 16, 90-8
Relapse Prevention in Schizophrenia
J Bergiannaki Eur. Psychiatry 2001: 16, 90-8
Hospital Physician 2001; 50: 21-28
New Hope in Pharmacotherapy for Schizophrenia

AUTISMO


O que é?
É uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Algumas crianças apesar de autistas apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.

Características comuns
  • Não estabelece contado com os olhos
  • Parece surdo
  • Pode começar a desenvolver a linguagem mas repentinamente isso é completamente interrompido sem retorno.
  • Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros
  • Ataca e fere outras pessoas mesmo que não exista motivos para isso
  • É inacessível perante as tentativas de comunicação das outras pessoas.
  • Ao invés de explorar o ambiente e as novidades restringe-se e fixa-se em poucas coisas.
  • Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos ou balançar-se
  • Cheira ou lambe os brinquedos
  • Mostra-se insensível aos ferimentos podendo inclusive ferir-se intencionalmente
Manifestações sociais
Muitas vezes o início é normal, quando bebê estabelece contato visual, agarra um dedo, olha na direção de onde vem uma voz e até sorri. Contudo, outras crianças apresentam desde o início as manifestações do autismo. A mais simples troca de afeto é muito difícil, como, por exemplo, o próprio olhar nos olhos que é uma das primeiras formas de estabelecimento de contato afetivo. Toda manifestação de afeto é ignorada, os abraços são simplesmente permitidos mas não correspondidos. Não há manifestações de desagrado quando os pais saem ou alegria quando volta para casa. 
As crianças com autismo levam mais tempo para aprenderem o que os outros sentem ou pensam, como, por exemplo, saber que a outra pessoa está satisfeita porque deu um sorriso ou pela sua expressão ou gesticulação. 
Além da dificuldade de interação social, comportamentos agressivos são comuns especialmente quando estão em ambientes estranhos ou quando se sentem frustradas.

Razões para esperança
Quando os pais de uma criança autista descobrem que seu filho é autista muitas vezes cultivam durante algum tempo ainda a esperança de que ele ira recuperar-se completamente. Algumas famílias negam o problema e mudam de profissional até encontrar alguém que lhes diga um outro diagnóstico. Como seres humanos a dor sentida pode ser superada, nunca apagada, mas a vida deve manter seu curso. Hoje mais do que antigamente há recursos para tornar as crianças autistas o mais independente possível. A intervenção precoce, a educação especial, o suporte familiar e em alguns casos medicações ajudam cada vez mais no aprimoramento da educação de crianças autistas. A educação especial pode expandir suas capacidades de aprendizado, comunicação e relacionamento com os outros enquanto diminui a freqüência das crises de agitação. Enquanto não há perspectiva de cura podemos desde já melhorar o que temos, o desenvolvimento da qualidade de vida de nossas crianças autistas.

Diagnóstico
Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. O bebê desde o nascimento pode mostrar-se indiferente a estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção prolongadamente por determinados itens. Por outro lado certas crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para repentinamente transformar o comportamento em isolado. Contudo, podem se passar anos antes que a família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões os parentes e amigos muitas vezes reforçam a idéia de que não há nada errado, dizendo que cada criança tem seu próprio jeito. Infelizmente isso atrasa o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado.
Não há testes laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar o autismo. Assim o diagnóstico deve feito clinicamente, pela entrevista e histórico do paciente, sempre sendo diferenciado de surdez, problemas neurológicos e retardo mental. Uma vez feito o diagnóstico a criança deve ser encaminhada para um profissional especializado em autismo, este se encarregará de confirmar ou negar o diagnóstico. Apesar do diagnóstico do autismo não poder ser confirmado por exames as doenças que se assemelham ao autismo podem. Assim vários testes e exames podem ser realizados com a finalidade de descartar os outros diagnósticos. 
Dentre vários critérios de diagnóstico três não podem faltar: poucas ou limitadas manifestações sociais, habilidades de comunicação não desenvolvidas, comportamentos, interesses e atividades repetitivos. Esses sintomas devem aparecer antes dos três anos de idade.

Tratamento
Foge ao objetivo desde site entrar em maiores detalhes a respeito do autismo em geral e sobre o tratamento especificamente. Há fontes mais completas e mais detalhadas na Web: aqui nos restringimos a uma abordagem superficial. 
Contudo, vale a pena fazer algumas citações. Não há medicações que tratem o autismo, mas muitas vezes elas são usadas para combater efeitos específicos como agressividade ou os comportamentos repetitivos por exemplo. Até bem pouco tempo usava-se o neuroléptico para combater a impulsividade e agitação, mais recentemente antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina vêem apresentando bons resultados, proporcionando maior tranquilidade aos pacientes. As medicações testadas e com bons resultados foram a fluoxetina, a fluvoxamina, a sertralina e a clomipramina. Dentre os neurolépticos a clorpromazina, o haloperidol e a tioridazina também podem ser usadas dentre outras.
Para o autismo não há propriamente um tratamento, o que há é um treinamento para o desenvolvimento de uma vida tão independente quanto possível. Basicamente a técnica mais usada é a comportamental, além dela, programas de orientação aos pais. Quanto aos procedimentos são igualmente indispensáveis, pois os pais são os primeiros professores. Uma das principais tarefas dos pais é a escolha de um local para o treinamento do filho com autismo. Apresentamos aqui algumas dicas para que a escolha seja a mais acertada possível:

  • Os locais a serem selecionados apresentam sucesso nos treinamentos que realiza?
  • Os profissionais dos locais são especialmente treinados com esse fim?
  • Como são planejadas e organizadas as atividades?
  • As atividades são previamente planejadas e rotineiras?
  • Como o progresso é medido?
  • Como cada criança é observada e registrada quanto a evolução?
  • O ambiente é planejado para minimizar as distrações?
  • O programa irá preparar os pais para continuar o treinamento em casa?
Casos Clínicos
Henrique 
Quando criança pequena era afetuoso e brincalhão. Aos seis meses sentava-se e engatinhava, aos 10 começou a andar e aos 13 meses já podia contar. Um dia aos 18 meses sua mãe o encontrou sentado na cozinha brincando com as panelas de forma estereotipada (repetindo sempre os mesmos movimentos) e de tal forma concentrado que não respondeu às solicitações da mãe. Desse dia em diante a mãe se recorda que foi como se ele tivesse se transformado. Parou de relacionar-se com os outros. Freqüentemente corre ziguezagueando em volta de casa. Tornou-se fixado por lâmpadas elétricas, corre em volta de casa apagando e acendendo as luzes e se alguém tenta interrompê-lo ele torna-se agitado batendo e mordendo quem estiver pela frente.
Joana
Desde o dia em que nasceu Joana apresentou comportamento anormal, parecia diferente das demais crianças. Numa idade em que a maioria das crianças é curiosa e quer ver tudo, Joana mexia-se pouco no berço e não respondia aos ruídos dos brinquedos. Seu desenvolvimento não se deu na ordem esperada, ficou de pé antes de engatinhar, e quando andava era na ponta dos pés. Aos dois anos e meio de idade ainda não falava apenas agarrava as coisas ou gritava pelo que queria. Era capaz de ficar sentada durante horas olhando para um de seus brinquedos. Durante uma sessão de avaliação passou todo o tempo puxando os tufos do agasalho da psicóloga.

Última Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 02 Liv 20

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