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20 de fev. de 2019

Reinos do Mundo Vivo

Os reinos do mundo vivo mais aceitos na atualidade são o Monera, Protoctista, Fungi, Plantae e Animalia.

As bactérias fazem parte do reino Monera
As bactérias fazem parte do reino Monera
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Desde a Antiguidade, diversos modos de classificação dos seres vivos foram propostos a fim de facilitar o estudo sobre esses organismos e de se compreender suas relações evolutivas. Os critérios utilizados para agrupá-los são variados, o que faz com que esses sistemas sejam constantemente modificados e aprimorados.
Os primeiros sistemas de classificação eram bastante simples e, como os recursos tecnológicos eram escassos, baseavam-se nas características macroscópicas de cada ser e seus hábitos de vida. Por essa razão, os organismos foram classificados inicialmente por Lineu em dois reinos: Animal e Vegetal.
Os protozoários fazem parte do reino Protoctista
Os protozoários fazem parte do reino Protoctista
Com o avanço da tecnologia, iniciou-se o estudo de seres microscópicos e, com isso, surgiu um uma nova classificação. Em 1866, o termo protista foi proposto para designar organismos eucariontes que não se enquadravam nos reinos Animal e Vegetal. Anos depois os protistas foram promovidos a reino.
Copeland, em 1956, sugeriu a criação de um reino para agrupar organismos que poderiam ser considerados como os mais simples da natureza: as bactérias. Surgia aí o sistema de quatro reinos, bem como o Reino Monera, onde estavam inseridos os seres procariontes.
Os fungos fazem parte do reino Fungi
 
 
Posteriormente, em 1969, surgiu o sistema de cinco reinos proposto por Whittaker. Sem dúvidas, esse é o sistema mais utilizado, apesar de existirem outras classificações. De acordo com o sistema de Whittaker, temos os reinos: Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae.
Reino Monera: Agrupa organismos unicelulares procariontes, ou seja, que possuem apenas uma célula sem núcleo delimitado por uma membrana. Exemplos: Bactérias e cianobactérias.
Reino Protista (Atualmente chamado de Protoctista): Reúne seres unicelulares e pluricelulares, eucariontes, autotróficos ou heterotróficos. Exemplo: algas e protozoários.
A mudança de denominação do Reino Protista para Protoctista ocorreu na década de 1980 e foi proposta por Margulis e Schwartz. Além da mudança dos nomes, as pesquisadoras incluíram nesse grupo as algas multicelulares e alguns fungos.
Reino Fungi: Agrupa seres eucariontes, que, em sua maioria, é pluricelular, e heterotróficos. Exemplos: Cogumelos, bolores e levedos.
As plantas fazem parte do reino Plantae
As plantas fazem parte do reino Plantae
Reino Plantae ou Metaphyta : Engloba os organismos eucariontes, pluricelulares e com nutrição autotrófica. Exemplo: Musgos, samambaias, araucárias e mangueira.
Reino Animalia ou Metazoa: Inclui os organismos eucariontes, heterotróficos e que apresentam nutrição heterotrófica. Exemplo: Homem, cachorro, vaca e aves.
Os animais fazem parte do reino Animalia
Os animais fazem parte do reino Animalia
Além dessa classificação, atualmente se admite que todos os organismos estão incluídos em três grandes domínios: Bacteria, Archaea e Eukarya. Essa classificação foi proposta por Carl Woese, em 1990, e criada por meio de dados de análise de nucleotídeos de RNA ribossômico.
O domínio Bacteria agrupa todas as bactérias verdadeiras ou simplesmente bactérias. O domínio Archaeae inclui todas as arqueas, que anteriormente eram consideradas erroneamente como grupo basal das bactérias. O domínio Eukarya, por sua vez, é composto por todos os organismos eucariontes existentes, estando inclusos nesse grupo, portanto, os reinos Protoctista, Fungi, Plantae e Animalia.
Como os livros didáticos e a maioria dos professores ainda adotam a classificação
 

Intersexual: 'Agora sei por que não menstruo', diz jovem sobre descoberta e aceitação

Suz TemkoDireito de imagem Suz Temko
Image caption Após descobrir sua intersexualidade, Suz Temko achou que precisava ser mais feminina e se encaixar em certos padrões de beleza
Suz Temko descobriu que era intersexual no dia da sua festa de formatura na escola e passou os 10 anos seguintes lutando com sua própria autoestima e identidade.
Intersexual é o termo usado para descrever pessoas que nascem com características sexuais biológicas que não se encaixam nas categorias típicas do sexo feminino ou masculino.
*Suz Temko decidiu contar sua história para dar visibilidade a pessoas como ela - que ela diz não serem raras, mas simplesmente invisíveis.
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Quando eu tinha 15 anos, fui a uma festa. E levei um tombo um pouco constrangedor. Foi quando descobri que eu tinha uma protuberância estranha no abdômen que não tinha visto antes.
Esse inchaço acabou se revelando um tumor maligno. Estava com câncer em estágio 4 que, de acordo com o primeiro diagnóstico, era de ovários. Receber esse tipo de notícia aos 15 anos é muito marcante.
Quando recebi alta do hospital, perguntaram se eu queria saber por que tive câncer.
  • Entrei naquela reunião animada para entender o que havia acontecido comigo, mas o médico era tão técnico que não entendi uma única frase do que ele estava dizendo. Exceto uma que ficou na minha memória:
"Você tem cromossomos XY, tipicamente masculinos. Em outras palavras, você é fisicamente mulher, mas geneticamente um homem."
Gráfico com representação de sexos: masculino, femenino e intersexualDireito de imagem Getty Images
Image caption As pessoas intersexuais apresentam variações genéticas que não correspondem completamente ao sexo masculino ou feminino
Portanto, o câncer que eu tive não era realmente um câncer de ovário, porque eu simplesmente não tinha ovários. Os médicos sabiam disso, mas estavam esperando o momento certo para me contar.
Eu sou intersexual, isto é, uma pessoa que nasceu com uma variação nas características sexuais que identificam cada sexo. As diferenças podem ser encontradas nos genitais, cromossomos, gônadas ou hormônios, que não coincidem com o entendimento binário padrão dos corpos - nem masculino, tampouco feminino.
É muito raro que essas alterações genéticas causem o desenvolvimento de câncer. Acontece com apenas 1% das pessoas intersexuais, segundo as estatísticas.
Mas aconteceu comigo.
Eu tinha acabado de colocar os pés para fora do hospital quando tudo começou a fazer sentido. Por fim, descobri por que nunca havia menstruado.
Comecei a entrar em pânico. Senti um vazio enorme no peito.
Era o dia do meu baile de formatura, mas decidi não ir porque não estava no clima.

Guardar segredo

Na minha busca por respostas, encontrei várias cartilhas e artigos sobre câncer, mas nada sobre o que fazer se você for intersexual. Sentia que eu estava em um buraco negro.
A recomendação geral dos médicos e da minha família era "manter em segredo, não contar às pessoas".
Nos dois anos seguintes eu fui muito feliz. Estava emocionada por estar viva. Me tornei porta-voz do Teenage Cancer Trust (associação britânica dedicada a adolescentes com câncer) e isso me ajudou muito a saber como lidar positivamente com a doença.
Suz Temko com a famíliaDireito de imagem Suz Temko
Image caption Suz Temko manteve sua intersexualidade em segredo por um longo tempo por sentir vergonha da sua condição
Mas havia algo que eu estava deixando de lado: minha intersexualidade.
Tudo mudou quando eu tinha 18 anos e peguei malária em uma viagem à Tanzânia. Por causa da cobertura do meu seguro, tive que falar com um médico no Reino Unido.
Antes desse episódio, achava que todos os médicos eram maravilhosos, infalíveis. Pensava que eram pessoas que diziam a verdade e faziam as pessoas se sentirem bem.
Esse conceito idealizado fez com que eu me sentisse muito mal depois do que viria a acontecer.
O médico me pediu um histórico médico completo e quando expliquei que meus cromossomos eram do tipo XY, ele me disse: "Você me passou o histórico médico errado, se você tem cromossomos XY, você é homem".
Eu tentei explicar, mas ele não quis ouvir:
"Não sei o que te disseram, mas você é um menino", afirmou.
Mulher sentada no chão junto à parede na sombraDireito de imagem Getty Images
Image caption A partir de 18 anos, Suz Temko começou a ter problemas de autoestima e identidade, assim como pensamentos suicidas (imagem ilustrativa)
Eu estava muito doente, em uma posição vulnerável e apesar de estar chorando, ele continuou:
"Como você se parece? Como são seus peitos?"
Foi um pesadelo. Parecia que ele não ia me deixar terminar a ligação até admitir que era homem.

Pensamentos suicidas

Foi a partir dessa conversa que comecei a esmorecer.
A voz dele era como um alto-falante para alguns dos meus pensamentos mais sombrios: que eu era uma pessoa estranha, um fenômeno desagradável.
Como ele era um médico, suas palavras ganharam muito mais relevância.
MédicoDireito de imagem Getty Images
Image caption 'Toma esses hormônios, eles vão fazer você parecer uma menina...', chegaram a dizer alguns médicos
E cada vez mais médicos me fizeram sentir que eu não era uma pessoa normal.
"Toma esses hormônios, eles vão fazer você parecer uma menina... Você tem três dos cinco critérios para ser considerada mulher. Ainda bem que você é bonita."
Se ia ao médico por causa de um resfriado, eles inventavam qualquer desculpa para poder examinar "lá embaixo".
Entrei em depressão severa. Cheguei a ter pensamentos suicidas.
Comecei a sentir que não estava bem do jeito que eu era. Achei que precisava ficar super magra e tentei até fazer uma voz mais fina.
Fiz questão de ter cabelo loiro e comprido e segui uma dieta rígida para emagrecer.
Achava que deveria ser uma modelo da Victoria's Secret com doutorado.
Naquela época, eu tinha um namorado encantador, mas não me atrevi a contar a verdade a ele com medo que terminasse comigo.

Aceitação

A situação começou a mudar no meu terceiro ano na faculdade, quando meu namorado foi para o exterior e passei a dividir apartamento com amigas queridas.
Elas eram pessoas incríveis. Contei a elas que eu era intersexual e elas deixaram bem claro que eu não tinha nada do que me envergonhar. Pelo contrário, foi motivo de comemoração.
Símbolo de intersexualidadeDireito de imagem Getty Images
Image caption A descoberta de uma comunidade de pessoas que passaram pelas mesmas dificuldades ajudou Temko a aceitar sua intersexualidade
Meu namoro acabou no fim daquele ano por causa da distância. Mas não foi o fim do mundo. Comecei a fazer mestrado e a trabalhar com política. Também estreei um blog sobre câncer, mortalidade e aceitação do próprio corpo.
E um dia pensei: "Isso está errado. Sou hipócrita. Não estou sendo honesta. Estou dizendo às pessoas para aceitar o corpo delas quando não aceito o meu próprio".
Então, escrevi um post no Facebook em que, basicamente, contei a todo mundo sobre minha intersexualidade.
O que veio a seguir foi incrível. As pessoas responderam imediatamente dizendo coisas como: "Nós amamos você".
Contei ao meu ex-namorado e só recebi amor e compreensão da parte dele. Agora ele virou um amigo muito próximo.
As redes sociais me ajudaram a encontrar uma comunidade de pessoas que passaram pelas mesmas dificuldades. E poder encontrar com elas pessoalmente foi um alívio enorme.

Aprenda com as batalhas dos outros

E embora seja bom ouvir histórias positivas, você também aprende muito com as batalhas que cada um teve que travar - foi importante saber que não estava sozinha.
Cheguei a me sentir muito culpada por ter cogitado suicídio algum dia. Como poderia ousar pensar em algo assim se tinha sobrevivido a um câncer?
Suz Temko em foto promocional da BBC
Image caption Suz Temko participa de uma série especial da BBC para dar voz e visibilidade a pessoas intersexuais
Mas ouvir que outras pessoas passaram pela mesma situação me ajudou. E não foi só isso. Também fortaleceu minha determinação em lutar por direitos e para dar mais visibilidade a pessoas intersexuais.
Ser intersexual não é difícil. O difícil é ver como a sociedade te trata.
Todas as batalhas psicológicas que travei foram realmente por causa de como a sociedade reage a pessoas como eu.
A identidade de uma pessoa não é algo simples. Não sou apenas intersexual. Tampouco só uma sobrevivente de câncer.
Nenhum de nós é uma coisa só.
Houve um tempo em que eu implorava para "ser normal". Agora eu não mudaria nada no meu corpo, ele me deu muito mais do que tirou.
Hoje em dia não escondo dos meus amigos, no trabalho e em meus relacionamentos íntimos.
E compartilho minha história porque quero acabar com o estigma (em relação a pessoas intersexuais) e trabalhar por um futuro em que conheçamos, celebremos e protejamos pessoas intersexuais como eu.
Ser intersexual não é raro. Entre 1,7% e 2% das pessoas no mundo são intersexuais. É uma questão estatística.
Não somos unicórnios, somos simplesmente invisíveis.
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Cirurgia ocular: a terapia genética que pode barrar 'causa mais comum de cegueira'

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Janet Osborne
Direito de imagem Fergus Walsh
Image caption Janet Osborne espera continuar praticando jardinagem se sua perda de visão for interrompida
Uma mulher britânica se tornou a primeira pessoa no mundo a ser submetida a uma terapia genética que tenta deter a forma de cegueira mais comum no Ocidente.
Os cirurgiões injetaram um gene sintético na parte de trás do olho de Janet Osborne em uma tentativa de impedir a morte de mais células.
É o primeiro tratamento a atacar a causa genética subjacente da degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
"Tenho dificuldade de reconhecer rostos com meu olho esquerdo porque minha visão central está desfocada. Se esse tratamento for capaz de impedir que isso piore, vai ser incrível", diz Osborne à BBC.
 
O tratamento foi realizado com anestesia local no mês passado, no Oxford Eye Hospital, na cidade homônima, no Reino Unido, pelo médico Robert MacLaren, professor de oftalmologia da Universidade de Oxford.
"Um tratamento genético precoce para preservar a visão em pacientes que, sem intervenção, perderiam a visão seria um tremendo avanço na oftalmologia e certamente algo que espero para um futuro próximo", afirmou MacLaren.
Osborne, de 80 anos, é a primeira de 10 pacientes com DMRI a participar de um tratamento experimental de terapia genética, desenvolvido pela Gyroscope Therapeutics, com financiamento da Syncona, fundo de investimentos da Wellcome Trust.

O que é DMRI?

A mácula é a parte da retina responsável pela visão central e de pequenos detalhes.
Na degeneração macular relacionada à idade, as células da retina morrem e não são renovadas.
O risco de desenvolver DMRI aumenta com o passar dos anos.
A maioria dos pacientes, incluindo todos os participantes do tratamento experimental, apresenta o que é conhecido como DMRI seca, em que o declínio na visão é gradual e pode levar muitos anos.
Já a DMRI úmida pode se instalar subitamente e levar à perda rápida da visão, mas pode ser tratada se for diagnosticada logo.
O professor Robert MacLaren aplica a injeção de terapia genética no olho esquerdo de Janet OsborneDireito de imagem Fergus Walsh
Image caption O professor Robert MacLaren aplica a injeção de terapia genética no olho esquerdo de Janet Osborne

Como a terapia genética funciona?

À medida que algumas pessoas envelhecem, os genes responsáveis ​​pelas defesas naturais do olho começam a apresentar anomalias e a destruir as células da mácula, levando à perda da visão.
Uma injeção é aplicada na parte de trás dos olhos, introduzindo um vírus inofensivo que contém um gene sintético.
O vírus infecta as células da retina e libera o gene.
Isso permite que o olho produza uma proteína destinada a impedir que as células morram e a manter, assim, a mácula saudável.
Terapia genética para deter a DMRI
Em estágio inicial, no Oxford Eye Hospital, o teste foi desenvolvido principalmente para verificar a segurança do procedimento e está sendo realizado em pacientes que já perderam uma parte da visão.
Se o tratamento for bem sucedido, a meta seria tratar os pacientes antes que tenham perdido qualquer percentual da visão, em uma tentativa de deter a DMRI no início.
Isso teria um impacto grande na qualidade de vida dos pacientes.

Expectativa para os resultados

É muito cedo para saber se a perda de visão no olho esquerdo de Osborne foi interrompida, mas todos que participam do teste terão a visão monitorada.
"Ainda gosto de praticar jardinagem com meu marido, Nick, que cultiva muitas verduras e legumes", conta Osborne.
"Se eu puder continuar descascando e cortando os legumes, mantendo meu atual nível de independência, sem dúvida vai ser maravilhoso."
Já existe um tratamento de terapia genética bem-sucedido para outro distúrbio ocular raro.
Em 2016, a mesma equipe de Oxford mostrou que uma única injeção poderia melhorar a visão de pacientes com coroideremia, que, do contrário, ficariam cegos.
E, no ano passado, médicos do Moorfields Eye Hospital, em Londres, recuperaram a visão de dois pacientes com DMRI implantando um curativo de células-tronco sobre a área danificada no fundo do olho.
A expectativa é que a terapia com células-tronco possa ajudar muitas pessoas que já perderam a visão.
Mas o tratamento experimental de Oxford é diferente porque visa a combater a causa genética subjacente da DMRI e pode ser eficaz em deter a doença antes que as pessoas fiquem cegas.
 
FONTE:https://www.bbc.com/portuguese/geral-47292577
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