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21 de set. de 2010

Uso de dopamina pode reverter estados vegetativos


Estudo visa determinar se a apomorfina poderia acelerar a recuperação de certos tipos de traumas cerebrais
por Jessé Emspak
iStockphoto

Irrigar cérebro comprometido com apomorfina pode reparar as conexões danificadas

Uma droga que se liga aos receptores de dopamina pode ser capaz de estimular um cérebro comprometido, permitindo que certos pacientes em estado vegetativo, ou de mínima consciência, possam se recuperar mais rápido.

Esteban Fridman do Hospital Fleni, em Buenos Aires, acredita que o cerne do problema desses pacientes resida na conecção neural. Nesses casos, os axônios estão tão danificados que dificultam o transporte de sinais químicos (neurotransmissão) de neurônio para neurônio. Os axônios são interrompidos quando sofrem pressões como impactos cranianos (quando um lutador é atingido na cabeça ou um motorista bate a cabeça em um acidente de carro).

Como possível tratamento para esses danos, Fridman centrou-se sobre a apomorfina, que se liga aos receptores de dopamina no cérebro. A dopamina é um neurotransmissor conhecido por seu papel na doença de Parkinson e faz parte do mecanismo de controle comportamental da excitação e motivação, mas também desempenha um papel em distúrbios de consciência.

Fridman supôs que a apomorfina pode agir no lugar de dopamina, irrigando um cérebro comprometido com um produto químico que possa estimulá-lo o suficiente para reparar as conexões e permitir que pacientes voltem ao estado de consciência. Ele observa que a droga não iria funcionar nos casos em que o cérebro tenha sido privado de oxigênio ou de sangue, pois os danos seriam mais profundos. Terri Schiavo, moradora da Flórida cujo caso gerou uma polêmica nacional que atingiu o pico em 2005 (quando faleceu), estava em um estado vegetativo desde 1990 causado por esse mesmo tipo de lesão.
Fridman escolheu a apomorfina porque ela atinge diretamente os receptores de dopamina no cérebro, mesmo que a capacidade do próprio corpo para fazer a neurotransmissão esteja danificada. A apomorfina também se liga a vários tipos de receptores de dopamina. Algumas outras drogas, como a levodopa (L-dopa), são convertidas em dopamina pelo organismo (em vez de agirem diretamente sobre os receptores). Por isso, esse mecanismo de conversão faz com que essas drogas sejam menos úteis. Outras drogas, como a amantadina, aumentam a produção celular de dopamina, mas se essas células forem danificadas ou se tornarem menos ativas, só poderão ser produzidas até certo momento. Algumas outras se ligam apenas aos receptores determinados de dopamina.

Em 2004, Fridman tentou usar apomorfina em um paciente que estava em um estado de consciência mínima há 104 dias. Depois que a droga foi utilizada, a mãe do paciente telefonou para Fridman para lhe dizer que seu filho tinha acordado apenas 24 horas depois do uso da droga.

Ao longo dos anos, Fridman e seu colega Ben Zion Krimchansky, do Centro de Reabilitação do Hospital Loewenstein, em Israel, testaram a droga em oito pacientes. Sete recuperaram a consciência (um deles morreu posteriormente de um problema não relacionado). Segundo Fridman, um dos efeitos positivos foi que os pacientes não regrediram após o tratamento ser interrompido. Cinco deles melhoraram e já conseguem caminhar, um já consegue até mesmo dirigir sozinho. Fridman publicou alguns desses resultados no Neurotherapeutics em 2007, e também observações sobre um dos pacientes no Brain Injury, em 2009.

Mas pelo fato de que essas observações clínicas não foram estudos duplo-cegos, em que nem os médicos nem os pacientes sabem se os resultados foram obtidos devido a algum placebo ou se realmente a droga teve efeito, Fridman atualmente está iniciando um estudo clínico formal com um total de 76 pacientes. A apomorfina será ministrada entre um e quatro meses após uma lesão cerebral traumática, e as doses serão distribuídas ao longo de várias semanas, entre períodos de 12 horas. Alguns pacientes receberão medicamentos e outros serão controle.

O estudo está sendo patrocinado pela Neurohealing Pharmaceuticals, baseada em Boston, com um financiamento inicial da FDA por meio de um fundo para “droga-órfã” (produto farmacêutico desenvolvido para alguma condição rara). A conclusão está prevista para ainda este ano, embora seja mais provável que seja concluída apenas em 2011, segundo o presidente do Neurohealing, Daniel Katzman.

A apomorfina deixou de ser utilizada no tratamento de Parkinson, pois a droga deve ser injetada, o que tornava menos prático para as pessoas com tremores. Além disso, pode causar náuseas. Mas Fridman diz que esses problemas não implicam em nada com pacientes em estado vegetativo e de mínima consciência. É também mais fácil dar-lhes doses controladas durante muitas horas.

Essa não é a única droga a ser pesquisada dessa forma. Existem alguns estudos em curso com amantadina, originalmente desenvolvida para o tratamento da gripe. No entanto, Fridman escolheu apomorfina, pois seu primeiro grupo de pacientes não responderam a amantadina, levodopa ou outros medicamentos que atuam sobre o sistema de dopamina

Radiação de celulares protege nossa memória?


Exposição a ondas impediu a doença de Alzheimer em ratos de laboratório
por Allison Bond
iStockphoto

Conclusões não foram ainda testadas em seres humanos

Depois de anos lutando contra alegações de que o uso frequente de um telefone celular causar tumores cerebrais, os representantes das indústrias de telefonia celular podem receber boas notícias. Um novo estudo sugere que a radiação desses aparelhos pode realmente ter um efeito benéfico biológico contra a doença de Alzheimer em camundongos expostos à radiação durante duas horas diárias.

Cientistas da University of South Florida realizaram os testes com ratos que geneticamente predispostos a desenvolver a doença e os problemas de memória decorrentes. Com base em pesquisas anteriores, os pesquisadores puderam supor que a radiação dos telefones aceleraria a progressão da doença, pois outros tipos de radiação causam danos com os radicais livres. A equipe usou uma antena para expor alguns ratos a ondas eletromagnéticas, equivalentes a duas horas de uso diário de celular. Para surpresa dos cientistas, os ratos que receberam as doses da radiação não sofreram perda de memória quando envelheceram ─ ao contrário dos outros tipos de radiação. Ratos expostos a ondas de telefone celular mantiveram a capacidade da juventude para percorrer um labirinto já conhecido e após um tempo em outros labirintos diferentes.

Pesquisadores acreditam que a radiação impediu o acúmulo de placas amiloides, agregados de proteínas que são encontrados em cérebros de pessoas com Alzheimer. Sugerem que esse estudo pode levar a um tratamento que bloquearia o processo da doença.

Estudos com camundongos são sempre preliminares: muitas possibilidades de tratamento que parecem ser promissoras em roedores não funcionam em seres humanos. Mas o estudo também levanta dúvidas sobre a alegação da indústria de telefonia celular de que as emissões de seus produtos são fracas demais para causar qualquer efeito biológico. Embora a relação com tumores cerebrais ainda seja questionável, o novo trabalho sugere que celulares podem de fato mexer com nossas mentes.

Sucesso alheio faz mulheres (e homens gays) quererem emagrecer

Reclamar da magreza das modelos nas passarelas e da cinturinha fina das moças nas capas de revistas (e encorajá-las a engordar) pode não ser o suficiente para evitar a influência que as imagens da mídia têm sobre os índices de bulimia e anorexia por aí. Um estudo norte-americano mostrou que, no fim das contas, ver pessoas bem-sucedidas, independentemente do quão magras elas são, acende em alguns de nós o desejo de emagrecer.

O psicólogo Norman Li, da Singapore Management University, em Cingapura, junto com quatro colegas de universidades dos EUA, mostrou fotos de modelos, acompanhadas de pequenas descrições de personalidade de cada uma (tudo fictício), a 841 voluntários na cidade de Austin, no Texas (EUA).

Em entrevistas posteriores, notaram que as mulheres heterossexuais se diziam menos felizes com os próprios corpos e mais propensas a comer menos depois de ver fotos de mulheres bem-sucedidas e competitivas – descritas no textinho como tendo um superemprego ou como “jogando para ganhar”, por exemplo. E isso apesar de as moças das fotos não serem especialmente magras e serem todas, mais ou menos, do mesmo peso.

Entre os homens heterossexuais, não houve efeito algum. Mas entre os gays, a história se repetiu: a exposição a homens competitivos e bem-sucedidos os levou a comer menos nos dias seguintes. Já entre as mulheres homossexuais, novamente, não houve qualquer efeito.

Segundo o líder do estudo, esse comportamento tem origem evolucionária. Ele sugere que, como as pessoas tendem a ganhar peso conforme envelhecem, passamos a identificar magreza com juventude e atratividade – e, consequentemente, com vantagens competitivas em geral. Mas o porquê disso não afetar os indivíduos atraídos por mulheres… ainda é um mistério.

Passarinho tem metade do cérebro macho e outra, fêmea


Estudo quer provar que cromossomos sexuais desempenham papel importante no desenvolvimento do gênero
por Laura Wright
Cortesia Academia Nacional das Ciências (EUA)

Taeniopygia guttata, o Mandarim: aparência de macho, características de fêmea

No útero, os hormônios sexuais ditam qual será o sexo do feto, se masculino ou feminino. Durante as últimas décadas, cientistas acreditavam que os órgãos sexuais – que controlam esses hormônios – são os únicos responsáveis pelas diferenças resultantes entre os cérebros de um macho e de uma fêmea. Agora, o estudo do cérebro de uma ave incomum promete contestar essa ideia. Pesquisadores descobriram que essa espécie desenvolveu duas metades sexuais geneticamente diferentes em seu cérebro, fornecendo evidências convincentes de que os cromossomos sexuais podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento das diferenças de gênero no cérebro.

Uma equipe de cientistas liderada por Arthur Arnold, da University of California em Los Angeles, estudou um passarinho conhecido como mandarim (Taeniopygia guttata) que era ginandromorfo, o equivalente a um hermafrodita em seres humanos. Aparentemente a ave era do sexo masculino, mostrando claramente o dimorfismo sexual da espécie, pois possuía penas vermelhas ao redor dos olhos e listras em preto e branco, caracterizando-a como macho. A ave tinha tanto gônadas masculinas quanto femininas, com as masculinas atuando também no canto, além da plumagem.

A equipe examinou fatias do cérebro do animal morto com uma sonda de RNA capaz de detectar a presença de cromossomos sexuais no interior das células neurais. (Em aves, os cromossomos sexuais são conhecidos como W e Z. Machos normais têm dois cromossomos Z e as fêmeas têm um W e um Z).

Os cientistas descobriram que a metade direita do cérebro não continha quase nenhum cromossomo W, enquanto que a metade esquerda estava repleta deles e com pouquíssimos Z, indicando metades geneticamente masculinas e femininas do cérebro. "Isso me surpreendeu", diz Arnold. Os dois lados do cérebro foram expostos à mesma combinação de hormônios durante o desenvolvimento, o circuito do canto estava lado masculino do cérebro do individuo. A descoberta, publicada on-line pela Proceedings of National Academy of Sciences, fornece a evidência mais forte até agora de apoio a noção de que os cromossomos sexuais atuam em células individuais e desempenham um papel nas diferenças entre cérebros masculinos e femininos.

Esses resultados podem ajudar a determinar se o sexo genético de uma célula influencia em sua susceptibilidade à doença, explica Arnold. Certas condições afetam um sexo mais do que os outros, diz ele. "Se a genética de uma célula afeta o progresso de uma doença, pode sugerir causas ou tratamentos específicos para a doença".

Criação por humanos modificou o cérebro canino


Criação por humanos modificou o cérebro canino
Reprodução seletiva teria alterado a posição cerebral em cães com crânios curtos, diminuindo a capacidade olfativa
por Ferris Jabr
Pomakis Keith/ Wikimedia Commons

Bulbos olfativos mudam de posição em certas raças

Compare o pequeno chihuahua com o assustador dogue alemão, ou com o ágil greyhound. Muitos cientistas concordam que isso mostra a variação morfológica do cão doméstico mais do que qualquer outra espécie conhecida, graças à criação seletiva dos seres humanos. Mas as raças dos cães diferem em mais do que suas aparências. Um novo estudo sugere que as preferências humanas alteraram dramaticamente a estrutura e função do cérebro de certas raças, modificando o sentido do olfato e do comportamento.

Em um estudo publicado em PLoS ONE, o neurocientista Michael Valenzuela, da University of New South Wales na Austrália, investigou um aspecto da anatomia canina que não tem recebido muita atenção em pesquisas anteriores: a posição do cérebro dentro do crânio. Todos os cães, não importa a raça, pertencem à mesma subespécie (Canis lupus familiaris) do lobo cinzento (Canis lupus), do qual foram domesticados. Os lobos cinzentos têm crânios relativamente longos. Em contraste, os crânios de cães domésticos variam de um extremo ao outro: do pastor alemão ou um husky siberiano para um terrier ou um bulldog. Valenzuela e seus colegas queriam determinar se as diferenças artificialmente selecionadas no comprimento do crânio entre as raças dos cães também reorganizaram o cérebro canino.

Os pesquisadores usaram a ressonância magnética para mapear o cérebro de 11 cães. O grupo era constituído por um akita, um maltês, um bullterrier, um shih tzu, um galgo, um Jack Russell terrier, um pit Bull e entre outros. Uma vez que eles adquiriram as imagens cerebrais, os pesquisadores analisaram a posição global do cérebro no crânio e estimaram qual o volume relativo do bulbo olfatório – tecido neural responsável pelo processamento de aromas, que no lobo é aproximadamente 40 vezes maior que nos seres humanos em relação ao tamanho total do cérebro. Os pesquisadores também calcularam o índice cefálico (IC), dividindo a largura do crânio pelo comprimento e multiplicando por 100. Quanto maior o IC, menor o comprimento do crânio e vice-versa.

Os cães com o menor crânio, como o pit bull, akita e shih tzu , demonstraram uma reorganização cerebral significativa. Nos cães de focinho curto, os bulbos olfativos tinham mudado de posição em direção à base do crânio. Em outras palavras, os resultados implicam que, quando a reprodução seletiva por seres humanos determina as raças do cão, também transforma seus cérebros. A criação seletiva pode ter “tirado” dos cães de focinho curto seu sentido olfativo apurado.

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