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9 de out. de 2018

O que faz dos holandeses as pessoas mais altas do mundo


Casal de holandesesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisa mostrou que homens holandeses mais altos do que a média tinham mais filhos
Holanda pode ser um país pequeno, mas os holandeses costumam ser grandes – com frequência, sua população lidera os rankings das pessoas mais altas do mundo.
Os homens adultos têm hoje em média 1,84m, e, nos últimos 140 anos, esse número cresceu em 21 cm, de acordo com registros militares.
A estatura de populações de muitas partes do mundo aumentou nesse período, mas em nenhum outro lugar o crescimento foi tão grande quanto na Holanda.
Tradicionalmente, diz-se no país que está por trás disso o fato de a população ter melhores condições de vida, com acesso a um bom sistema de saúde, e uma boa alimentação e por causa de uma redução da desigualdade social.
Mas Gert Stulp, da Universidade de Groningen, na Holanda, investiga outra explicação: a seleção natural pode ter exercido um papel nesse fenômeno.

Homens mais altos tiveram mais filhos

O estudo analisou apenas aquelas com mais de 45 anos e que tinham pais holandeses. No total, a pesquisa incluiu 42,6 mil participantes.
Stulp cruzou esses dados com informações de sucesso reprodutivo. Os homens mais férteis tinham 7cm acima da média e tiveram 0,24 mais filhos do que os homens menos férteis, que tinham 14cm abaixo da média.
Ter mais de 7cm acima da média não conferiu nenhuma vantagem significativa nesse aspecto.

Um padrão diferente para mulheres

Stulp encontrou um padrão mais complexo entre as mulheres – as holandesas com altura média, de 1,71m, tiveram mais filhos.
Isso porque as mulheres mais altas levavam mais tempo para serem mães, mas, uma vez que isso ocorria, elas tinham filhos em um ritmo mais acelerado do que mulheres mais baixas.
As holandesas também estão entre as mais altas do mundo. Um estudo do Imperial College London, no Reino Unido, divulgado em 2016, mostrou que elas só perdem para as mulheres da Letônia.
Não há dados que ilustrem um aumento da estatura das holandesas nos últimos 140 anos, porque, antes de 1955, a altura média da população do país era baseada em dados de homens apenas.
Mas o estudo de Stulp aponta para um aumento expressivo também entre elas: as participantes nascidas em 1933 tinham uma média um pouco acima de 1,62m, enquanto as que nasceram em 1969 chegavam a quase 1,71m.
Rua em AmsterdãDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAltura média dos homens holandeses aumentou 20cm em menos de dois séculos

O poder da genética

O cientista explica que seu estudo apontou para um maior sucesso reprodutivo de homens holandeses com altura acima da média.
"Mostramos que homens altos, em especial, tiveram mais filhos do que homens mais baixos, e sabemos que pessoas altas têm filhos altos", diz o pesquisador.
A genética tem um papel importante sobre a estatura. Cientistas já identificaram 180 genes que influenciam nesse aspecto e que, juntos, explicam 80% da variação de estatura em uma população.
Então, será que as pessoas baixas estão sendo "eliminadas" da população holandesa por causa disso?

A estatura e a atração sexual

Isso pode ter a ver com quem nos atrai sexualmente.
"A altura é um fator levado em consideração na forma como consideramos homens e mulheres atraentes. Ainda que não seja algo preponderante, homens altos têm uma vantagem sobre os mais baixos para serem considerados bons parceiros para casar", diz Stulp.
Ele ressalta que o efeito desta "seleção natural" sobre a estatura é mínimo quando comparado a outros fatores sociais, culturais e do ambiente em que vivemos, como saúde e dieta.
"Somos (a Holanda) uma das nações com o maior consumo de laticínios, e sabemos que o leite tem um grande impacto sobre na altura de um indivíduo", diz o cientista.
"E também os baixíssimos níveis de desigualdade podem ter elevado a média de altura do nosso país."
Mas os resultados de sua pesquisa ainda assim são relevantes, porque o aumento da estatura da população é um fenômeno bem recente.
"Em 140 anos, os homens holandeses ficaram cerca de 20cm mais altos, o que é bastante. No mesmo período, os homens americanos tiveram um aumento bem menor, de só 6cm", diz.
"Há indícios de que a nossa população tenha parado de crescer, mas podemos chegar a 2,50m de altura se tivermos uma dieta ou sistema de saúde ainda melhores."

20 de ago. de 2018

A embaraçosa razão pela qual os homens têm melhor senso de direção que as mulheres, segundo estudo

Personagem do jogo Sea Hero QuestDireito de imagemUCL
Image captionJogo é uma aventura náutica cujo objetivo é salvar memórias perdidas de um velho marinheiro e permite medir a capacidade de navegação dos participantes
Um estudo da University College de Londres apontou que os homens têm melhor senso de direção que as mulheres, mas que não há, necessariamente, razão para se orgulharem do resultado.
Isso porque, segundo os pesquisadores, a diferença tem mais a ver com discriminação e oportunidades desiguais do que com qualquer habilidade inata.
Os resultados vêm de uma pesquisa sobre um teste para demência - uma categoria que engloba várias doenças e transtornos que afetam a memória e o processamento do cérebro, incluindo Alzheimer - e deram uma visão sem precedentes sobre o senso de direção das pessoas ao redor do mundo.
Perder a orientação e se perder é um dos principais sintomas do mal de Alzheimer

O experimento foi feito com o auxílio de um jogo de computador, o Sea Hero Quest, que teve mais de quatro milhões de jogadores.
Imagem do jogo Sea Hero Quest, que pesquisadores têm usado para obter dados em busca de diagnóstico precoce para demênciaDireito de imagemUCL
Image captionJogo que mostra aos pesquisadores como as pessoas geralmente exploram ambientes 3D têm fornecido dados para estudos sobre demência e ajudaram a identificar diferenças no senso de direção entre homens e mulheres

Teste de demência

O jogo foi desenvolvido pelos pesquisadores que investigam a demência para, a partir dele, chegar a testes para diagnosticar precocemente doenças associadas.
Os jogadores acompanham a jornada de um marinheiro em busca de memórias perdidas de seu pai, e enfrentam criaturas marinhas fantásticas.
Tocando as telas de seu smartphone, os jogadores viajam de barco por ilhas desertas e oceanos gelados.
As rotas traçadas pelo jogadores geram "mapas de calor" globais, que permitem que os pesquisadores possam observar como as pessoas exploram ambientes 3D.
O objetivo final é desenvolver novos testes de diagnóstico que possam detectar quando as habilidades de navegação espacial de alguém estão falhando.

Homens x mulheres

O jogo registra, anonimamente, o senso de direção e a capacidade de navegação do jogador. Os cientistas analisaram dados coletados de 2,4 milhões de pessoas - que passaram algum tempo jogando o Sea Hero Quest no fim do dia ou a caminho do trabalho. Em um estudo clínico seriam necessários milhares de anos para conseguir uma quantidade de dados dessa dimensão.
E ao analisar o comportamento desses milhões de jogadores, um dos resultados que mais chamou a atenção dos pesquisadores é que os homens se mostraram muito melhores em navegar do que as mulheres. Mas por quê?
Hugo Spiers, um dos autores do estudo, acredita ter encontrado a resposta examinando dados do Índice de Diferença de Gênero do Fórum Econômico Mundial - que estuda a igualdade em áreas como educação, saúde e emprego, e política.
"Nos países onde existe uma grande igualdade entre homens e mulheres, a diferença de desempenho entre eles no nosso teste de navegação espacial é muito pequena, mas quando há alta desigualdade de gênero, essa diferença (identificada no jogo) é muito maior", acrescenta o pesquisador, observando que "isso sugere que a cultura em que as pessoas vivem tem influência sobre suas habilidades cognitivas".
O Sea Hero Quest produziu uma série de outras descobertas.
O jogo permitiu identificar que Dinamarca, Finlândia e Noruega têm as melhores habilidades de navegação do mundo, mas ainda não está claro por quê.
Outra constatação a partir do jogo é de que o senso de direção entra em constante declínio depois da adolescência. E, ainda, que pessoas em países mais ricos também tendem a ser melhores navegadoras.
Mapa que mostra a capacidade de navegação nos países de acordo com a intensidade da cor que os representam. Esse é um dos aspectos considerados em uma pesquisa que levanta dados para ajudar a diagnosticar precocemente a demênciaDireito de imagemUCL
Image captionMapa mostra a capacidade de navegação nos países - quanto mais escura a cor, maior é essa habilidade
A popularidade do jogo o transformou no maior experimento de pesquisa sobre demência no mundo.
"Os dados da Sea Hero Quest estão fornecendo uma referência incomparável sobre como a navegação humana varia e muda em função da idade, localização e outros fatores", diz Tim Parry, diretor da Alzheimer's Research UK, principal instituição britânica de pesquisa sobre demência.
"Este é apenas o começo do que podemos aprender sobre navegação a partir desta análise poderosa."
O projeto foi financiado pela Deutsche Telekom, a maior companhia de telecomunicações da Alemanha e da União Europeia, e o jogo foi desenhado pela Glitchers, empresa do ramo de videogames com sede em Londres.

https://www.bbc.com/portuguese/geral-45144663

Como repolho, couve e brócolis ajudam a impedir o surgimento de câncer

RepolhoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisa mostra como substâncias presentes em determinados legumes e verduras podem ajudar a prevenir a doença
Cientistas dizem ter descoberto por que algumas verduras e legumes - incluindo repolho, brócolis e couve - podem reduzir o risco de câncer no intestino.
Que os chamados vegetais crucíferos são bons para o intestino, nunca houve dúvida, mas a explicação sempre foi evasiva.
Uma equipe do Francis Crick Institute, centro de pesquisa biomédica, em Londres, descobriu que substâncias químicas anticancerígenas são produzidas quando legumes e verduras desta categoria são digeridos.
E, de acordo com a ONG britânica Cancer Research UK, dedicada a combater a doença, há muitas razões para consumirmos mais esses alimentos.
A pesquisa se concentrou em investigar como verduras e legumes alteram o revestimento intestinal, a partir da análise de camundongos e intestinos em miniatura criados em laboratório.
Assim como a pele, a superfície do intestino é constantemente regenerada, em um processo que leva de quatro a cinco dias.
Mas essa renovação permanente precisa ser rigidamente controlada, caso contrário, pode levar ao câncer ou inflamação intestinal.
E o estudo, publicado na revista científica Immunity, mostra que substâncias químicas presentes em vegetais crucíferos são vitais nesse processo.

Da cozinha para a prevenção do câncer?

Os pesquisadores investigaram uma substância chamada Indol-3-Carbinol (I3C), produzida a partir da mastigação desses alimentos.
"Certifique-se de que eles não cozinhem demais, nada de brócolis empapado", recomenda a pesquisadora Gitta Stockinger.
A substância é modificada pelo ácido gástrico à medida que continua sua jornada pelo sistema digestivo.
Na parte inferior do intestino, ela pode alterar o comportamento das células-tronco, que regeneram o revestimento intestinal, e das células imunes que controlam as inflamações.
O estudo mostrou que dietas ricas em Indol-3-Carbinol protegiam os ratos do câncer, mesmo aqueles cujos genes indicavam um risco muito alto de desenvolver a doença.
Sem a alimentação protetora, as células do intestino se dividiam descontroladamente.
"Mesmo quando os camundongos começaram a desenvolver tumores, quando trocamos a dieta deles, para uma apropriada, isso impediu a progressão do tumor", acrescenta Stockinger.
Presentational white space
Os sintomas de câncer de intestino incluem sinais persistentes de:
  • sangue nas fezes
  • alterações nos hábitos intestinais, como ir ao banheiro com mais frequência
  • dor na barriga, inchaço ou desconforto
Presentational white space
A pesquisadora diz que as descobertas são "motivo de otimismo".
Ela reduziu a quantidade de carne que consome e come agora muito mais legumes e verduras.
"Recebemos um monte de recomendações de dieta que mudam periodicamente. É muito confuso e não fica claro quais são as causas e consequências", avalia.
"Me dizer apenas que é bom para a saúde, sem explicar a razão, não vai me fazer comer determinados alimentos."
"Com esse estudo, vimos como os mecanismos moleculares desse sistema funcionam", completa.
"Esse estudo em camundongos sugere que não é apenas a fibra presente em legumes e verduras, como brócolis e repolho, que ajuda a reduzir o risco de câncer de intestino, mas também as moléculas encontradas nesses vegetais", diz o pesquisador Tim Key, do Cancer Research UK.
"Estudos mais aprofundados ajudarão a descobrir se as moléculas desses alimentos têm o mesmo efeito nas pessoas. Mas, enquanto isso, já existem muitos bons motivos para se comer mais verduras e legumes", acrescenta.

Dietas low carb, com restrição de carboidratos, reduzem expectativa de vida, indica estudo

Imagem mostra mulher cortando pedaço de carne com garfo e faca. Algumas dietas com consumo reduzido de carboidratos são ricas nesse tipo de proteína animal, mas pesquisadores sugerem que elas sejam trocadas por proteínas vegetais, mais saudáveisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAlgumas dietas low-carb são ricas em proteínas e gorduras animais, mas pesquisadores sugerem que elas sejam trocadas pelas vegetais
Dietas que restringem o consumo de carboidratos, as chamadas low carb, podem reduzir a expectativa de vida em até quatro anos, sugere um estudo.
Esse tipo de dieta tem se tornado cada vez mais popular para quem busca perder peso e se mostrou promissor para diminuir o risco de algumas doenças.
Mas um estudo realizado nos Estados Unidos ao longo de 25 anos indica que um corte moderado no consumo de carboidratos - ou a troca de carne por proteínas e gorduras vegetais - é mais saudável.
A pesquisa se baseou em relatos dos participantes sobre a quantidade de carboidratos que comiam.

O impacto na expectativa de vida

No estudo, publicado na revista científica The Lancet Public Health, 15,4 mil pessoas dos EUA preencheram questionários sobre os alimentos e bebidas que consumiam, bem como sobre o tamanho das porções.
A partir disso, os cientistas estimaram a proporção de calorias que recebiam de carboidratos, gorduras e proteínas.
Depois de acompanhar o grupo por uma média de 25 anos, os pesquisadores descobriram que aqueles que obtinham entre 50% e 55% de sua energia oriunda de carboidratos - grupo com consumo moderado de carboidratos e em linha com as orientações dietéticas do Reino Unido - tinham um risco ligeiramente menor de morte quando comparados com aqueles com baixo e alto consumo.
Carboidratos incluem vegetais, frutas e açúcar, mas a principal fonte deles são alimentos ricos em amido, como batatas, pão, arroz, macarrão e cereais.
Pesquisadores estimam que, a partir dos 50 anos de idade, as pessoas com o consumo moderado devem viver em média mais 33 anos. Isso representa quatro anos a mais do que as pessoas que recebiam 30% ou menos de sua energia a partir de carboidratos (grupo chamado de extrabaixo carboidrato)
As pessoas com consumo moderado também apresentam expectativa de vida de 2,3 anos a mais do que as que obtém de 30% a 40% de sua energia dessa fonte, o grupo chamado baixo-carboidrato. E, ainda, devem viver 1,1 anos a mais que o grupo de 65% ou mais de carboidratos (considerado alto carboidrato)
Os resultados foram semelhantes a estudos anteriores com os quais os autores compararam seu trabalho, que incluíram mais de 400 mil pessoas de mais de 20 países.
Imagem mostra fontes de proteína vegetal, exibindo alimentos como nozes e soja dentro de tigelas sobre uma mesaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA substituição de carboidratos por proteínas e gorduras vegetais, como nozes, foi associada a uma ligeira redução do risco de morte

Proteínas animais x vegetais

Os cientistas compararam dietas de baixo carboidrato ricas em proteínas e gorduras animais com aquelas que continham muitas proteínas e gorduras à base de plantas.
Eles descobriram que comer mais carnes - bovina, de porco, de frango e de cordeiro - e queijo no lugar de carboidratos estava relacionado a um risco ligeiramente maior de morte.
Mas a substituição de carboidratos por proteínas e gorduras de origem vegetal, como legumes e nozes, foi, por sua vez, associada a uma ligeira redução desse risco.
Sara Seidelmann, médica e pesquisadora em medicina cardiovascular do Hospital Brigham and Women, em Boston, que liderou a pesquisa, disse: "Dietas com pouco carboidrato que substituem carboidratos por proteína ou gordura estão ganhando grande popularidade como estratégia de saúde e perda de peso".
"No entanto, nossos dados sugerem que dietas de baixo carboidrato com produtos animais, que são predominantes na América do Norte e na Europa, podem estar associadas a um menor tempo de vida e devem ser desencorajadas."
A pesquisadora acrescentou que "se, em vez disso, alguém escolhe seguir uma dieta com poucos carboidratos, trocá-los por mais gorduras e proteínas vegetais pode realmente promover um envelhecimento saudável a longo prazo".

'Focar nos nutrientes não é o bastante'

Os autores especulam que as dietas ocidentais - ricas em gorduras e açúcares - que restringem os carboidratos frequentemente resultam em menor ingestão de legumes e verduras, frutas e grãos e levam a um maior consumo de proteínas e gorduras animais, que têm sido associadas à inflamação e envelhecimento no corpo.
A professora Nita Forouhi, da unidade de epidemiologia do Conselho de Pesquisa Médica da Universidade de Cambridge, que não esteve envolvida no estudo, disse: "Uma mensagem realmente importante deste estudo é que não basta focar nos nutrientes, mas se eles são derivados de fontes animais ou vegetais".
"Quando a ingestão de carboidratos é reduzida na dieta, há benefícios quando ela é substituída por fontes de alimento e gordura de origem vegetal, mas não quando substituída por fontes de origem animal, como carnes."
No entanto, há limitações no estudo.
Os resultados mostram associações observacionais, em vez de causa e efeito, e o que as pessoas comiam baseou-se em dados autorrelatados, que podem não ser precisos.
Os autores também reconhecem que, como as dietas foram medidas apenas no início do estudo e seis anos depois, os padrões alimentares poderiam ter mudado ao longo dos 19 anos sub

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