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14 de mai. de 2010

Álcool e comportamento


Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua no sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem consome, além de ter potencial para desenvolver dependência. O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido e até incentivado pela sociedade. Por esse motivos ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas, sendo uma condição frequente, atingindo cerca de 5 a 10% da população adulta brasileira.

O alcoolismo não difere psicologicamente da dependência de outras drogas. Assim, tanto as fases como o desenvolvimento emocional do dependente e a recuperação são idênticas, não importando qual a droga de escolha, seja ela o álcool, cocaína, crack, maconha ou qualquer outra droga alteradora de humor.

Com toda essa carga negativa sobre a dependência química, como um dependente químico (dependente de álcool e outras drogas), em sã consciência poderia admitir que é um dependente? Assim, conforme a dependência química vai evoluindo), tanto o dependente quanto os familiares vão desenvolvendo uma "MURALHA PSICOLÓGICA" que impede que o indivíduo entre em contato com a realidade da dependência. Por isso, devemos lembrar que é uma DOENÇA, não uma falta de caráter. O alcoólatra e o dependente de outras drogas, realmente se tornam o mito, se tornam tudo aquilo que sempre tiveram medo de ser, através do que a psicologia chama de "profecia auto-realizadora". Isso ocorre por não conseguirem entrar em contato com determinados sentimentos. Esses sentimentos são totalmente normais em nós, seres humanos e devem ser desenvolvidos para que não assumam o controle da situação.

Fatores que levam ao primeiro uso do álcool:
Espírito de grupo: (Principalmente na adolescência, onde não queremos ser tratados como "diferentes" ou como "babacas").

Curiosidade: (Fala-se tanto no assunto, como será que é?). Cultura (em algumas sociedades começa-se a beber ainda criança).

Incentivo dos pais: (Que bebem e dão aos filhos para que provem).

Orientação médica: (Biotônico Fontoura é um bom exemplo).

Outros fatores sociais: (Anúncio de TV, entre outros).

Fatores que levam à continuidade do consumo alcóolico:
Predisposição Orgânica: caracterizada principalmente pela tolerância.

Benefícios: fatores sociais que reforçam o uso.

As quatro fases do alcoolismo:
Fase 1 : (Fase social, sem dependência física, apenas dependência Emocional). Inicia-se na primeira vez que se bebe (lembrando-se que dois fatores são fundamentais: Predisposição Orgânica e Benefícios, do contrário a doença não se desenvolve). O primeiro sintoma é a dependência Emocional. O desenvolvimento emocional pára e a pessoa torna-se pouco tolerante. Como geralmente isso acontece na infância ou na adolescência, a mudança emocional geralmente não é percebida, pois confunde-se com malcriação, infantilidade ou temperamento forte. A partir daí, a doença desenvolve-se mais ou menos devagar, dependendo da predisposição orgânica. Bebe-se pouco e socialmente, não há perdas em virtude do uso. Não há problemas físicos.

Fase 2: (Fase social, sem dependência física, apenas dependência emocional). O organismo modifica-se: tem-se a tolerância aumentada (bebe-se mais que na fase 1) . Não há problemas em conseqüência da ingestão de álcool. Não há problemas físicos. Não há dependência física, apenas emocional.

Fase 3: (Fase problemática, com dependência física e emocional). Bebe-se muito (altíssima tolerância).O beber torna-se um problema. Muitos problemas emocionais, ressacas constantes, problemas em decorrência da bebida , problemas familiares, problemas de relacionamento. Há o inicio da síndrome de abstinência, começam as "PARADAS ESTRATÉGICAS", pode-se haver internações. Há boas expectativas de recuperação física. Há muitas perdas. Perda de controle.

Fase 4: (Fase problemática, com dependência física e emocional). Bebe-se muito pouco, menos que na fase 1. Inicia-se a atrofia do cérebro. Pode-se ter delírios. Pode-se ter as mãos trêmulas por períodos excessivamente longos. Problemas físicos e emocionais extremos. Pode-se ter Esquizofrenia. Muitas vezes confunde-se com PMD (psicose maníaco-depressiva). Há poucas expectativas de recuperação física. Perdas extremas.

Mecanismos de defesa:
As 4 fases do alcoolismo apresentam determinados sintomas semelhantes, que são os MECANISMOS DE DEFESA, decorrentes do preconceito em relação ao alcoólatra. Na realidade os mecanismos de defesa são mentiras que o alcoólatra ou dependente químico usa para tentar encobrir o aspecto doentio da própria vida, tais como:

Negação : (O mais comum). "Não sou alcoólatra, sou compulsivo. Nunca fiquei bêbado. Não tenho problemas em decorrência da bebida. Bebo muito pouco".

Justificativa: "Bebo porque gosto, paro na hora que quiser. Bebo para relaxar. Bebo para comemorar. Bebo para esquecer. Bebo para ouvir música. Bebo devido a problemas emocionais. Bebo para me divertir".

Projeção: Todos os sentimentos e a própria vida são vistos apenas no outro.) "O outro é quem bebe muito. O vizinho que é alcoólatra, coitado".

Autopiedade: O mundo não me entende. Nada dá certo pra mim. (Faz com que as pessoas sintam pena )

Minimização: "Só bebo vinho. Só bebo final de semana. Só bebo à noite; todo mundo bebe. Não bebo pinga". (Tenta minimizar os prejuízos)

Intelectualização: Encontram-se justificativas científicas: "Beber faz bem ao coração".

Racionalização: (raciocina-se errado) "Se eu beber só vinho vai estar tudo bem. Se eu parar por um tempo vai ficar tudo bem".

Fuga Geográfica: Muda-se de cidade, de emprego.

Mecanismos de defesa fazem parte da personalidade de todos os seres humanos, porém são mais pronunciados no alcoólatra.

O Alcoólatra pode encontrar mais justificativas para beber, numa semana, do que o não alcoólatra encontraria para fazer todas as outras coisas, durante a vida inteira.

O alcoolismo é uma doença de família:
A família também apresenta mecanismos de defesa. Há poucas expectativas em relação à recuperação, pois todos da família devem se tratar, não só o alcoólatra. Um alcoólatra dificilmente pára de beber. De cada 100 alcoólatras, apenas 1 consegue entrar num programa de recuperação. Os outros 99 morrerão sem querer parar de beber. Um dos fatores que levam o alcoólatra a continuar bebendo é a interferência de familiares que procuram apagar "o ontem à noite", procurando minimizar as perdas que a bebida traz. A falta de informação da população, a falta de profissionais preparados para esse tipo de atendimento, a falta de cursos sobre a dependência química em faculdades de medicina levam à ignorância em relação ao que poderia ser uma ajuda real.

A recuperação é difícil e depende da disposição do indivíduo em aceitar a ajuda necessária (ele só vai entrar num programa de recuperação se assim o quiser). Há vários programas de recuperação: religioso, de mútua ajuda, ajuda psicológica, programas místicos, etc. O importante é que o indivíduo se sinta bem com aquele que escolher. O maior inimigo da recuperação são as recaídas, que podem inclusive levar à morte.

A recuperação é um trabalho para anos e consiste em transformar uma vida até então marcada por brigas, egocentrismo, perdas, pensamentos obsessivos, etc, em uma vida produtiva. O processo de recuperação consiste, dentre muitas outras coisas, na identificação desses mecanismos de defesa, e no reconhecimento da verdadeira intenção por detrás destes. Por exemplo: muda-se de cidade para ver se as coisas melhoram. Assim há a falsa idéia de que mudando de cidade os problemas ficarão em outro lugar bem distante. Só que ele não admite a própria maneira doentia de usar drogas, e que os problemas são conseqüência do uso.

O dependente tem uma dificuldade incomum de identificar os próprios sentimentos, os quais são "projetados" no mundo exterior. Isso é dito para que se tenha uma melhor compreensão de como é impossível para um dependente químico lidar com todas essas mentiras que a sociedade nos ensina sobre a dependência, porque ele só consegue ver a própria realidade e os próprios sentimentos em outras pessoas. Ele realmente acredita que usa drogas ou bebe compulsivamente devido a algum motivo, um fator externo.

Por não conseguir desenvolver determinados sentimentos que não são "ruins" como ele pensa, esses sentimentos acabam transformando-se numa personalidade separada, desconhecida, chamada de "sombra" que só vem à tona em determinados momentos. Muitos a chamam de "demônio", mas na realidade é uma personalidade infantil, egocêntrica como toda criança. Essa personalidade desconhecida e temida pelo dependente e pelos familiares é justamente o MITO que tornou-se realidade através de uma profecia "auto-realizadora."



A Anatomia Vegetal constitui um capítulo da Botânica de grande importância para a compreensão da vida das plantas, em geral. Neste documento apresentam-se aspectos de estruturas anatómicas de diversos órgãos de Espermatófitas, de plantas da Divisão Magnoliophyta (angiospérmicas), das classes Liliopsida (monocotilédoneas) e Magnoliopsida (dicotilédoneas).

A apresentação de cada estrutura refere as respectivas zonas anatómicas e as características histológicas correspondentes. De modo simplificado é feito um estudo da raíz, do caule e da folha.

I. RAÍZ
1. Raíz - Estrutura Primária
Na estrutura anatómica da raíz de uma monocotilédonea - fig. 1, 2, 3 e 4 - como é o caso do milho (Zea mays L.) podemos distinguir: a epiderme (epd) constituída por uma camada de células vivas que reveste a raíz com crescimento primário (sistema dérmico); no sistema fundamental, a zona cortical ou córtex (ctx) constituída geralmente por células de parênquima e cuja camada mais interna é designada endoderme (end), formada por células cuja parede contém algumas zonas suberificadas; a parte externa da zona cortical pode designar-se de exoderme (exd) podendo apresentar várias camadas de células compactadas; o cilindro central (cc) que inclui o sistema vascular apresenta uma camada exterior de células em geral parenquimatosas, formando o periciclo (per), tecidos vasculares (feixes de xilema (xil) e de floema (flo) e, nas raízes desenvolvidas, observa-se a medula (med) zona central da estrutura, preenchida por células parenquimatosas.

Na estrutura primária da raíz de monocotilédoneas os feixes vasculares são simples alternos, apresentando as células mais precoces do protoxilema e de protofloema numa posição mais periférica do feixe, e células tardias de metaxilema e de metafloema na parte interna. No seu conjunto, pela existência de vários feixes numa posição circular, pode designar-se essa disposição de estrutura poliarca.

Os feixes lenhosos (xilema) são constituídos por : elementos condutores, traqueídos e elementos de vaso (evl) - fig.3 - dispostas estas últimas células em séries longitudinais formando vasos lenhosos; por células de parênquima; e, por vezes, células de suporte, fibras. As paredes das extremidades de cada elemento de vaso apresentam placas de perfuração (ppf) - fig. 3 - que permitem a movimentação livre da água de célula para célula.

O floema (feixes liberinos) é, tal como o xilema, um tecido complexo constituído por: elementos de tubo crivoso dispostos em séries verticais formando os tubos crivosos; por células companheiras; por células de parênquima e, por vezes, fibras.

A estrutura anatómica da raíz do trigo (Triticum sp.) - fig. 5 - apresenta igualmente o crescimento primário característico das monocotilédoneas, observando-se a formação de uma raíz lateral (rzl) originada de células do periciclo, cuja multiplicação permite a formação de uma ramificação crescendo perpendicularmente ao eixo da raíz principal.

Desenvolvimento embrionário

Desenvolvimento embrionário
Após a fecundação, ocorre a formação do zigoto. Este é constituído de uma céluladiplóide que se divide logo em seguida dando origem a duas células-filhas. A célula basal vai se diferenciar em uma estrutura chamada suspensor. A célula apical se diferencia e dá origem ao pró-embrião. O pró-embrião segue seu desenvolvimento dentro do ovário e suanutrição é feita através do suspensor que está ligado aos tecidos da planta-mãe. Além disso,o suspensor possui a função de transferir hormônios da planta-mãe para o embrião emdesenvolvimento. Porém, isso ocorre apenas nas angiospermas; nas gimnospermas epteridófitas, o suspensor é metabolicamente inativo.

O embrião, inicialmente, possui a forma globular. Neste estágio seus tecidos ainda estão indiferenciados. O próximo estágio, nas eudicotiledôneas, é o cordiforme. Pela presença dos dois cotilédones, o embrião assume a forma de um coração. Nas monocotiledôneas, o embrião toma um aspecto cilíndrico, pois só apresenta um cotilédone.
No segundo estágio já é possível distinguir alguns tecidos como a protoderme e omeristema fundamental. Após este período, o embrião sofre um grande alongamento no sentido longitudinal e por isso sua forma é denominada de torpedo. Já é possível diferenciar cada um dos meristemas primários: protoderme, procâmbio e meristema fundamental.

O suspensor tem vida curta e usualmente se degenera por apoptose. Quando isto nãoacontece, o embrião cresce muito e acaba comprimindo o suspensor até que ele deixe defuncionar. Via de regra, o embrião produz substâncias que inibem o desenvolvimento dosuspensor. Quando nenhuma destas situações ocorre, o suspensor pode se desenvolver e darorigem a um novo embrião. A presença de mais de um embrião dentro de uma semente é chamada de poliembrionia e é bastante comum no ipê amarelo (Tabebuia sp.). Algumas células da nucela também podem originar embriões.Há 4 diferenças marcantes entre um embrião de uma eudicotiledônea e uma monocotiledônea: 1) nas monocotiledôneas, existe uma bainha chamada coleóptilo que reveste a plúmula; 2) em monocotiledôneas, existe uma bainha chamada coleorriza revestindo a radícula. Estas bainhas estão ausentes nas eudicotiledôneas; 3) o cotilédone das monocotiledôneas (escutelo) não tem função de armazenar os nutrientes do endosperma, como ocorre nas eudicotiledôneas. Sua função é transferir nutrientes para oembrião em desenvolvimento. Ele funciona como uma ponte levando as reservasnutricionais para do endosperma para o embrião; 4) o endosperma das monocotiledôneasocupa uma porção muito mais significativa dentro da semente em comparação com as eudicotiledôneas. Por exemplo, no trigo (Triticum aestivum), o endosperma ocupa 80% da sementes. Isto pode ser explicado pelo fato de que nas eudicotiledôneas, o embrião absorve as reservas do endosperma e estas se acumulam nos cotilédones, como na mamona (Ricinus communis) e feijão (Phaseolus vulgaris). Por conseqüência, a razão endosperma/embrião dentro das sementes de eudicotiledôneas é muito baixa.O embrião maduro é constituído de um eixo que contém um ou dois cotilédones.

Em alguns embriões, existe a presença do epicótilo, que é um eixo que está acima dos cotilédones. Este eixo vai se desenvolver e originar as plúmulas, que são as primeiras folhascom função fotossintética. (Lembre-se que os cotilédones são folhas modificadas). O eixoabaixo dos cotilédones é chamado eixo hipocótilo-radicular. Quando ocorre a formação da radícula, fazemos a distinção entre hipocótilo e radícula.

O embrião maduro, suas reservas nutricionais (endosperma) e seu revestimento(tegumento) constituem a semente. Pode existir em algumas espécies, uma cicatriz no exterior da semente. Esta cicatriz se chama hilo e é resultado da degeneração do funículo.

Durante o seu desenvolvimento, as sementes vão se desidratando lentamente até atingir 5 a 10 % de água nos tecidos. Estas sementes são chamadas ortodoxas. Entretanto, algumas sementes retêm até 20% de água nos tecidos. Estas sementes que mantém altos teores de água nos tecidos são chamadas recalcitrantes. Elas possuem diferenças significativas em relação à longevidade, sensibilidade à desidratação e metabolismo.Nesta fase do ciclo de vida da planta, o embrião está maduro e a sementes está pronta para a dispersão. O próximo passo é a germinação da semente. Este processo será estudado em detalhes na Fisiologia Vegetal, mas algumas considerações serão feitas aqui.

Todas as sementes precisam de água, oxigênio e uma temperatura adequada para germinar.Grande parte das espécies de plantas necessita de luz (fotoblásticas positivas) enquanto agerminação de algumas espécies é inibida pela luz (fotoblásticas negativas). Com a entradade água para o interior da semente (embebição), os tecidos embrionários se tornam metabolicamente ativos e inicia-se a divisão celular (hiperplasia) e aumento do tamanho das células (hipertrofia). Como resultado, a radícula aumenta de tamanho e rompe o tegumentoda semente, exteriorizando-se. Em seguida, as outras partes do embrião saem do tegumento.

Quando os cotilédones estão acima do solo, a germinação é dita epígea e ocorre no feijão. Na ervilha (Pisum sativum), os cotilédones ficam enterrados no chão e a germinação é chamada de hipógea. O cotilédone da celoba (Allium cepa) pode ser fotossintetizante.

Ao final da germinação, a planta deixa o estágio de semente e passa a se chamar plântula. Até que suas raízes possam se estabelecer no solo e suas jovens folhas iniciem a fotossíntese, muitos fatores podem comprometer a sobrevivência da plântula. Este é umestágio muito vulnerável ao ataque de fungos, herbívoros e condições ambientaisestressantes como a falta de água e altas temperaturas. Se a plântula obtiver sucesso no seuestabelecimento, suas raízes vão se fixar no solo e obter nutrientes e seu caule iniciará ocrescimento originando folhas que vão prover a plântulas de alimento. A energiaarmazenada no(s) cotilédone(s) é utilizada neste crescimento e ele(s) murcha(m) até cair.Neste estágio (sem cotilédones), o vegetal é capaz de produzir o próprio alimento e passa a ser chamado de planta.
Células e tecidos vegetais
Após a germinação, a semente passa a um novo estágio e vida. Agora, ela é denominada plântula. A germinação se inicia com a absorção de água pelo embrião (embebição) e termina com a emissão da radícula. Já no embrião, se inicia o processo dediferenciação dos tecidos. Tecidos são grupos de células que possuem forma e função semelhante. Os tecidos vegetais se originam dos meristemas. Meristema pode ser definido como um tecido indiferenciado que origina novas células. Isto significa que uma célulameristemática pode originar qualquer tipo de célula especializada do corpo do vegetal. Ascélulas meristemáticas possuem parede celular delgada, citoplasma abundante, núcleogrande, vacúolos ausentes ou, se presentes, pequenos. No início do desenvolvimentovegetal podem ser observados o meristema apical radicular (na raiz) e meristema apical caulinar (no caule).

Os tecidos vegetais se agrupam para formar três sistemas de tecidos.

sistema de revestimento (proteção)
sistema vascular (condução de seiva)
sistema fundamental (preenchimento, sustentação, fotossíntese, etc.)
Os meristemas apical e radicular se diferenciam dando origem aos meristemas primários: protoderme, meristema fundamental e procâmbio. A protoderme se diferencia originando a epiderme. O xilema e floema se originam a partir do procâmbio e o meristema fundamental dá origem ao parênquima, esclerênquima e colênquima.

Os tecidos vegetais podem ser classificados como simples (contém células deapenas um tipo de tecido) ou complexos (contém células de mais de um tipo de tecido). Sãoexemplos de tecidos simples: parênquima, esclerênquima, colênquima e epiderme. Xilema

e floema são exemplos de tecidos complexos.

Todos estes tecidos são resultantes da atividade dos meristemas primários. Ocrescimento secundário é resultado do desenvolvimento dos meristemas secundários: o

câmbio vascular e o câmbio da casca (felogênio). O câmbio vascular origina o xilema secundário e o floema secundário ao passo que o câmbio da casca origina a periderme, que é composta pelo felema (súber), felogênio e feloderme. A periderme substitui a epiderme à

medida que o órgão cresce em diâmetro.

O crescimento secundário faz com que a planta cresça em espessura, ao contrário docrescimento primário que é o crescimento no sentido longitudinal. É importante salientarque o crescimento secundário ocorre somente em eudicotiledôneas lenhosas egimnospermas. Nas monocotiledôneas e eudicotiledôneas herbáceas, este tipo decrescimento está ausente, embora alguns autores mencionem sua presença em algumas espécies de monocotiledôneas.

Parênquima
O parênquima é o tecido vegetal mais abundante e está presente em todos os órgãosda planta. É o único tipo de tecido das plantas primitivas e de algas atuais. Nas raízes, oparênquima é representado pelo córtex, no caule pelo córtex e medula e nas folhas pelomesófilo. Ele possui diversas funções como: preenchimento, secreção, reserva, fotossíntese, transferência de seiva, etc...

As células parenquimáticas geralmente são isodiamétricas e apresentam paredecelular delgada que se espessa com o desenvolvimento. Geralmente, as célulasparenquimáticas não possuem parede secundária. Os vacúolos são grandes, especialmentenas células secretoras. Muitas vezes, ocorre a presença de espaços intercelulares bemdesenvolvidos no parênquima. Podem acumular cristais.Elas possuem totipotência, isto é, a capacidade de se desdiferenciarem ediferenciarem posteriormente em células diferenciadas. Sendo assim, após qualquer tipo deinjúria que a planta sofre, é formado um tecido parenquimático que regenera a lesão. Este tecido é chamado de tecido de cicatrização.

Algumas células parenquimáticas, como mencionado, possuem substâncias que sãosecretadas pelo tecido. Todas as células que possuem capacidade secretora pertencem ao tecido secretor e serão estudadas mais adiante.

Existem 3 tipos de parênquima:

1. Parênquima de preenchimento – células poliédricas, esféricas ou cilíndricas. Está distribuído em todo o corpo da planta.

2. Parênquima clorofiliano (clorênquima) – fotossintetizante e ocorre apenas nos órgãos fotossintetizantes. Podem ser distintos 5 tipos de clorênquima: Paliçádico – As células são mais altas do que largas e possuem grande quantidade de cloroplastos. Existe pouco espaço intercelular.Esponjoso (lacunoso) – As células possuem forma irregular e existe muitoespaço intercelular.Regular – Células arredondadas e com aspecto homogêneo.Plicado – As células possuem reentrâncias que aumentam a área celular. Éencontrado em espécies como pinheiros (Pinus) ou bambu (Bambusa).Braciforme – As células apresentam projeções laterais que delimitam lacunas. Ocorre em algumas bromélias e algumas plantas aquáticas.

3. Parênquima de reserva – a principal função deste tecido é o armazenamento de substâncias.

Existem 3 tipos: Amilífero – reserva amido como nos caules da batata (Solanum tuberosum) ou na raiz da batata-doce e da mandioca (Manihot).

Aerífero (aerênquima) – possui grande espaço intercelular, onde o ar éarmazenado. Muito comum em plantas aquáticas como o aguapé (Eicchornia) e plantas que vivem em regiões alagadas como Lavoisiera francavillana.

Aqüífero – ao contrário do aerênquima, a água não é armazenada nosespaços intercelulares, mas sim nos vacúolos. É freqüente em plantas de deserto como os cactos e plantas de mangue.

Colênquima
Este tecido está presente apenas em tecidos jovens e em desenvolvimento. Suascélulas não apresentam parede secundária nem lignificação. A principal característica dascélulas colenquimáticas é o espessamento irregular das paredes primárias. O colênquimatambém possui a capacidade de formar um tecido de cicatrização.A função do colênquima é dar flexibilidade aos órgãos em que ele está presente. Asparedes celulares das células de colênquima são ricas em pectina, o que confere a flexibilidade. Ele ocorre em regiões marginais, ou seja, sempre na periferia do órgão.

Existem 4 tipos de colênquima:

1. Angular – o espessamento é maior nos ângulos das células, ou seja, onde há contato

entre 3 ou mais células

2. Lacunar – ocorre espessamento na região dos espaços intercelulares

3. Anelar – o espessamento é mais uniforme.

4. Lamelar – espessamento nas paredes tangenciais

Esclerênquima
A função deste tecido é dar sustentação a órgãos adultos. Suas células, namaturidade, geralmente apresentam parede secundária e os protoplastos podem estar ausentes. Sua parede secundária pode possuir até 35% de lignina. O esclerênquima possui dois tipos celulares distintos: as esclereídes (ou escleritos) e as fibras. As esclereídes são células pequenas que se apresentam imersas no parênquima. Eles vão conferir rigidez a este tecido. É devido à presença das esclereídes que a casca dasnozes, o tegumento de algumas sementes e os caroços de algumas frutas são rígidos. São reconhecidos vários tipos de fibras de acordo com sua forma. São eles: fibroesclereídes (em forma de fibra), colunares (em forma de coluna), osteoesclereídes (forma de osso), astroesclereídes (em forma de estrela), tricoesclereídes (forma de pêlos), macroesclereídes (formam camadas no tegumento de sementes) e braquiesclereídes (isodiamétricos). Por outro lado, as fibras são células alongadas que alcançam um grande tamanho eacompanhando o crescimento de um órgão, apresentam-se em forma de feixe. Por exemplo,as fibras xilemáticas, são células de esclerênquima que acompanham o xilema, dando sustentação aos elementos traqueais. Existem 2 tipos: as fibras libriformes (espessamento grande e pontoações simples) e fibrotraqueídes (espessamento menor e pontoações areoladas).

Xilema
É o tecido responsável pela condução da seiva bruta, isto é, água e sais minerais. Ascélulas da raiz absorvem os nutrientes e a água do solo e o xilema distribui a seiva brutapara todos os órgãos. O xilema é um tecido composto, já que além das células de xilema(elementos traqueais), possui ainda células do parênquima (que armazenam reservas) e células de esclerênquima (fibras que provém sustentação). Os elementos traqueais são: elementos de vaso e traqueídes. Ambos são células alongadas que possuem parede secundária. Os traqueídes são o único tipo celularencontrado no xilema de plantas vasculares sem sementes (pteridófitas) e nasgimnospermas. Além dos traqueídes, as angiospermas também possuem os elementos devaso. As duas células possuem pontoações, que são regiões onde não ocorre a formação daparede secundária. As pontoações facilitam o transporte de substâncias entre os elementostraqueais e as demais células, como por exemplo, as células de transferência. Os elementosde vaso possuem uma outra estrutura mais eficiente para o transporte de seiva – asperfurações. Elas são grandes cavidades que existem na superfície inferior e superior dos elementos de vaso. Os elementos de vaso apresentam-se empilhados uns sobre os outros e assim, a perfuração funciona como uma conexão entre elementos de vaso, formando umlargo tubo oco que permite um transporte eficiente de seiva. Os elementos traqueais podemestar mortos na maturidade, o que auxilia na sua função. Inicialmente, eles são célulasnormais, mas depois perdem seus protoplastos através de um mecanismo chamado apoptose (morte celular programada).

As paredes do protoxilema (o primeiro xilema a ser formado) podem ter 2 tipos deespessamento: anelar, helicoidal.

Os espessamentos auxiliam a dar rigidez aos elementostraqueais.

Já no metaxilema, os elementos traqueais têm suas paredes primárias cobertas pela parede secundária de 3 formas:

Escalariforme
Reticuladou
Pontoado
Xilema primário
Suas células estão organizadas apenas no sistema axial e divide-se em protoxilema e metaxilema. As células do protoxilema se diferenciam precocemente e tem diâmetros menores que as células do metaxilema que se diferencia depois. O protoxilema ocorre emórgãos jovens que estão em desenvolvimento. Por outro lado, as células do metaxilema só completam sua maturação após o alongamento do órgão ter cessado.

Xilema secundário
Constitui, junto com o floema secundário, o crescimento radial (em espessura) doórgão, contribuindo para a formação da madeira. Nas angiospermas principalmente, ascélulas xilemáticas podem conter cristais cuja composição pode ser de sílica ou oxalato de cálcio. Existem algumas estruturas que secretam mucilagem, óleos ou látex no xilema. Algumas vezes ao se observar um tronco em corte longitudinal, é possível distinguir camadas concêntricas, chamadas anéis de crescimento. Estes anéis refletem a atividade do câmbio e em árvores temperadas, cada anel de crescimento representa um ano. Assim, pode-se estimar a idade de uma árvore contando o número de anéis. O lenho inicial (células mais largas e paredes delgadas) é produzido na primavera e o lenho tardio (células mais estreitas e paredes espessadas) é produzido no outono. Durante o inverno o crescimento pára. Em árvores tropicais, um anel não corresponde a um ano de crescimento. As células funcionais do xilema secundário são chamadas de alburno, estão localizadas externamente no caule e apresentam aspecto mais claro. Contrariamente, as células mais interiores, escuras e não são funcionais (não transportam seiva) formam o cerne.

Em plantas que estão fixas em superfície irregulares, forma-se o lenho de reação. Nas gimnospermas, o lenho de reação desenvolve-se na parte inferior da região inclinada e recebe o nome de lenho de compressão. Nas eudicotiledôneas e magnoliideas, desenvolvese na parte superior e é denominado lenho de tensão.

Floema
É o tecido responsável pela condução da seiva elaborada, isto é, água com carboidratos, vitaminas, hormônios, aminoácidos, etc... As células foliares realizam fotossíntese e produzem hormônios que o floema distribui para todos os órgãos. O floema também é um tecido composto, já que além dos elementos crivados, possui ainda células do parênquima (que armazenam reservas) e células de esclerênquima (fibras que provém sustentação).

Os elementos crivados são: células crivadas e elementos de tubo crivado (ETC). Estas células se diferenciam pela ausência de placa crivada nas células crivadas e pela presença desta nos ETC. A placa crivada é uma região onde ocorre uma grande concentração de áreas crivadas. As células crivadas são o único tipo celular encontrado no floema de gimnospermas. As angiospermas possuem apenas os elementos de tubo crivado, uma célula mais especializada. As células crivadas estão associadas a células albuminosas, ao passo que os ETC se relacionam com as células companheiras (CC). Acredita-se que as células albuminosas tenham a função de nutrir as células crivadas e as células companheiras nutrir os elementos de tubo crivado. Os elementos traqueais geralmente não possuem protoplasto na maturidade enquanto os elementos crivados retêm parte do protoplasto. De fato, eles perdem algumas organelas, núcleo e parte do citoplasma, mas não o perdem por completo.

As áreas crivadas que estão na extremidade de um ETC podem unir duas células formando o tubo crivado, por onde circula a seiva. Próximo a formação dos poros das placas, ocorre a presença de calose (um polissacarídeo). Acredita-se que a calose seja produzida para bloquear o poro no caso de injúrias. Nos ETC de angiospermas, foi encontrada uma substância chamada proteína P. A proteína P está ausente nos outros grupos vegetais. Ela se acumula dentro dos proteoplastídeos e serve no fechamento dos poros da área crivada.

As CC se originam da mesma célula que origina o ETC e estão sempre associadas com os ETC. A grande quantidade de retículo endoplasmático e ribossomos nas CC, sugere alta atividade metabólica, fato pelo qual se atribui ela às CC a função de nutrir o ETC. Esta idéia é reforçada pelo fato de que uma grande quantidade de plasmodesmos existe conectando os dois tipos celulares.

Floema primário
Suas células estão organizadas apenas no sistema axial e divide-se em protofloema e metafloema. As células do protofloema se diferenciam precocemente e tem diâmetros pequenos com calose nos poros. CC podem estar ausentes. O protofloema ocorre em órgãos jovens que estão em desenvolvimento e alongam-se com o ritmo do crescimento do órgão. Por outro lado, os ETC do metafloema só completam sua maturação após o alongamento do órgão ter cessado. São mais largos e as CC estão quase sempre presentes.

Floema secundário
Constitui, junto com o xilema secundário, o crescimento radial (em espessura) do órgão. Pode ocorrer a presença de ductos secretores e laticíferos. O floema secundário das Gimnospermas é mais simples, pois algumas famílias não possuem as fibras e esclereídes.

Epiderme
Tem a função de revestir os órgãos da planta, protegendo-o contra o ataque de inimigos naturais e perda excessiva de água. Suas células são achatadas e justapostas, com quase nenhum espaço intercelular. Quando apresenta apenas uma camada de células é chamada unisseriada e quando possui várias camadas, é denominada de multisseriada, como em Clusia criuva. Algumas vezes, pode-se encontrar uma camada de células abaixo da epiderme e erroneamente, pode-se classificá-la como epiderme multisseriada. Mas como esta camada (hipoderme) tem origem no meristema fundamental, ela não faz parte do sistema de revestimento.

A epiderme é coberta com uma camada chamada cutícula que é composta de cera e cutina e previne a perda de água. Além da cutina, pode-se encontrar uma camada lipídica denominada cera epicuticular que dá o aspecto brilhante de algumas frutas. A cera também pode proteger contra o ataque de fungos e bactérias, impedindo a adesão destes na epiderme foliar. Poluentes do ar e a chuva ácida podem comprometer a formação da cera, acarretando em prejuízos para a folha.

As células epidérmicas geralmente não são clorofiladas. Por outro lado, elas acumulam em seus vacúolos, antocianinas e outros metabólitos que dão a coloração característica das pétalas. Existem algumas células epidérmicas com função diferenciada.

Os tricomas são células ou conjunto de células que possuem diversas funções. Podem ser simples, ramificados, estrelados, etc... Os tricomas glandulares podem acumular substâncias secundárias que são liberadas em contato com fungos e/ou herbívoros. São formados pelo pedúnculo que sustenta a cabeça do tricoma. A cabeça armazena uma série de substâncias e se tocada por algum animal, se rompe liberando o seu conteúdo repelente. As plantas carnívoras grudam suas presas através de tricomas glandulares. Os tricomas tectores podem ainda servir para diminuir o deslocamento de insetos na superfície da folha. Uma outra importante função dos tricomas é diminuir a perda excessiva de água. Eles formam uma malha (indumento) que diminui a ação evaporativa do vento, além de refletir a luz solar diminuindo a temperatura da folha. Na zona pilífera da raiz, ocorrem células que produzem pêlos radiculares. Eles também podem ser considerados tricomas e são as únicas células da raiz capazes de absorver a água e os minerais.

Na epiderme de folhas e mais raramente de caules, existem pequenas aberturas que servem para a troca de gases e água. Estas aberturas são denominadas estômatos e são compostas na maioria das vezes, por dois tipos celulares (as células-guarda e subsidiárias) e pelo poro (fenda estomática ou ostíolo). Os estômatos são resultado da divisão de células epidérmicas. O mecanismo que controla a abertura e fechamento do estômato será estudado na Fisiologia Vegetal. Os estômatos podem estar na superfície adaxial da folha (epiestomática), abaxial (hipoestomática) ou em ambas (anfiestomática).

De acordo com a disposição destas células, os estômatos podem ser classificados como anomocítico (sem subsidiárias e com células epidérmicas cercando irregularmente as células-guarda), anisocítico (três subsidiárias, uma pequena e duas grandes envolvento as células-guarda), paracítico (susbidiárias e células-guarda no mesmo eixo), diacítico (subsidiárias e células-guarda formando um eixo de 90º) e tetracítico (4 células subsidiárias).

Além dos tricomas e pêlos, há outras células especializadas que merecem um breve destaque. As células buliformes ocorrem nas folhas de algumas gramíneas e são responsáveis pelo dobramento da folha. Células silicosas são freqüentes em monocotiledôneas e acumulam sílica nos vacúolos. Papilas são encontradas no estigma e servem para aderir o pólen.

Câmbio vascular
O câmbio vascular é um meristema secundário responsável pelo crescimento axial e radial. Ele origina o floema secundário centripetamente e o xilema secundário centrifugamente. Quando o câmbio está entre o floema e xilema no feixe, recebe o nome de câmbio fascicular ao passo que quando está localizado entre os feixes, dá-se o nome de feixe interfascicular.

As células do câmbio vascular, contrariamente, às do meristema apical, têm grandes vacúolos. As células iniciais podem ser divididas em radiais e fusiformes. As radiais são isodiamétricas dão origem ao sistema radial. As fusiformes são alongadas e dão origem ao sistema axial. As células do floema e xilema secundário se originam a partir de divisões periclinais das células iniciais do câmbio. Divisões anticlinais aumentam o câmbio em diâmetro.

A atividade cambial pode ser fortemente inibida por baixas temperaturas. Assim, plantas temperadas cessam o crescimento secundário no inverno. Já em plantas tropicais sujeitas à sazonalidade, o fator limitante para a atividade cambial é a disponibilidade hídrica.

Como o xilema secundário é produzido em maior quantidade, o caule cresce em diâmetro e as algumas células do floema morrem devido à compressão. Este floema passa a ser não funcional.

Periderme
A periderme é um tecido de revestimento que se origina de um meristema secundário – o felogênio (ou câmbio da casca). À medida que o caule aumenta em espessura, devido à ação do câmbio vascular, a epiderme se rompe e é prontamente substituída pela periderme. Como a periderme é um tecido secundário, é obvio que ela só estará presente em Gimnospermas e Eudicotiledôneas lenhosas, podendo ser encontrado mais raramente em Eudicotiledôneas herbáceas e algumas Monocotiledôneas. A periderme é produzida freqüentemente após o primeiro ano de crescimento e durante o tempo de vida da planta, mais de uma periderme pode ser produzida. Células parenquimáticas corticais se tornam meristemáticas originando um novo felogênio que produzirá uma nova periderme.

Estruturalmente, a periderme se divide em felema, felogênio e feloderme. O felogênio é o tecido meristemático que dá origem ao felema (centrifugamente) e feloderme (centripetamente). Existe apenas um tipo de célula no felogênio que é meristemática que pode se manter ativa uma ou mais vezes na vida da planta.

O felema, também conhecido como súber, é composto de células de formato irregular. As células são mortas na maturidade devido à impregnação com suberina. Devido a isso, é altamente impermeável, evitando a perda excessiva de água. Existe pouco ou nenhum espaço intercelular. Pode ocorrer acúmulo de fenólicos.

Já a feloderme, ao contrario do felema, é composto de células parenquimáticas vivas. Raramente ocorre mais do que 4 camadas de feloderme.

Em alguns caules que apresentam crescimento secundário existem estruturas chamadas lenticelas. Elas são uma região onde há grande quantidade de espaço intercelular e se formam, comumente abaixo de estômatos. Se observadas macroscopicamente, aparecem como pequenas cicatrizes na região exterior do caule. Há um consenso de que as lenticelas auxiliam nas trocas gasosas, uma função que a periderme não poderia realizar pelo acúmulo de suberina. Lenticelas são produzidas no caule de algumas espécies se o solo é repentinamente alagado.

A casca de uma árvore é definida como todos os tecidos externos ao câmbio vascular. A casca externa compreende os tecidos mortos (periderme, córtex e floema secundário) e a casca interna compreende os mesmos tecidos num estágio de desenvolvimento anterior, no qual ainda estão vivos.

A periderme exerce outras funções além do revestimento. Protege a planta contra a ação do fogo, resultante de sua grande espessura. Pode também diminuir a perda de água, já que o súber é altamente impermeável. A cor da casca ajuda na termo-regulação. É na periderme que se instalam diversos organismos como liquens, briófitas, orquídeas e bromélias. As características (pH, umidade, compostos secundários) da periderme determinam qual tipo de organismo pode colonizá-la.

Tecido secretor
Algumas células parenquimáticas estão envolvidas com a secreção de determinadas substâncias. Estas células especializadas (idioblastos) que realizam a síntese, estocagem e liberação destes compostos são classificadas dentro do tecido secretor.

Se o exsudato (material secretado) tiver composição protéica, a célula apresenta RER mais desenvolvido, ao passo que se o exsudato for lipídico, o REL apresenta-se mais desenvolvido. Antes de ser liberado para fora do protoplasto, o exsudato fica armazenado dentro do vacúolo. Quando a célula morre durante a secreção, dá-se o nome de secreção holócrina, ao passo que se ela se mantém viva, a secreção é denominada merócrina. A secreção pode então ser liberada dentro do corpo do vegetal (endotrópica) ou para fora do corpo da planta (exotrópica). Finalmente, estas glândulas podem ser uni ou multicelulares.

De acordo com o tipo de exsudato, a posição da glândula e a estrutura desta, as glândulas vegetais podem ser classificadas como:

Hidatódios
São glândulas que secretam água ou íons inorgânicos pelo processo de gutação.

Nectários
São glândulas que produzem néctar. Quando este néctar é utilizado para atrair polinizadores, o nectário é chamado de nectário floral. Mas existem nectários que produzem néctar para atrair formigas. Estas formigas não são agentes polinizadores, mas atuam defendendo a planta contra seus inimigos naturais. Neste caso, o nectário é chamado de extrafloral.

Glândulas de sal
São glândulas capazes de secretar o excesso de sal a que estão submetidas as plantas do mangue.

Glândulas de mucilagem
Secretam mucilagem

Glândulas digestivas
Produzidas por plantas carnívoras, secretam enzimas que digerem suas presas.

Laticíferos
Secretam o látex que atua no bloqueio de ferimentos e na defesa contra herbívoros.

Ductos resiníferos
Encontrados principalmente nas gimnospermas, secretam resina que tem as mesmas funções do látex.

Tricomas glandulares
Como mencionado anteriormente, os tricomas são células ou conjunto de células capazes de secretar uma grande variedade de compostos defensivos.

Anatomia da raiz
A raiz é um órgão da planta que desempenha as seguintes funções: absorção, transporte, armazenamento, fixação além da produção de alguns hormônios (citocininas e giberelinas) e aleloquímicos. Dependendo do tipo de raiz, podem ser atribuídas outras funções a ela, como reprodução, respiração, fotossíntese, etc... A vasta maioria das raízes é subterrânea e a planta mantém um balanço entre a parte aérea e a parte radicular. Nas plantas do cerrado, é muito comum a parte radicular ser muito mais desenvolvida do que a parte aérea. A explicação para isso reside no fato de que o solo do cerrado possui água no lençol freático e o desenvolvimento de raízes pivotantes (alorrizia) é considerado uma adaptação para a absorção de água. Isto ocorre apenas nas eudicotiledôneas porque as monocotiledôneas produzem apenas raízes fasciculadas (homorrizia) (a raiz principal se degenera). As pteridófitas também têm apresentam homorrizia.

A raiz tem sua origem na radícula, uma estrutura presente já no embrião. Inicialmente ela é composta de tecido meristemático que vai se diferenciando à medida que a raiz se desenvolve. Apenas as raízes finas são absorventes. Elas têm um curto período de vida e são constantemente produzidas pela planta. As raízes finas produzem os pêlos radiculares que absorvem água e sais minerais. Em raízes ectomicorrízicas, os pêlos não são produzidos.

A extremidade de raiz é revestida por uma estrutura chamada coifa. Ela é responsável pela produção de mucilagem (carboidrato viscoso) que diminui o atrito da raiz com as partículas do solo. Além disso, a coifa fornece proteção mecânica por ser bastante resistente. Ao mesmo tempo, a columela da coifa também é responsável pelo gravitropismo (geotropismo) que orienta o crescimento da raiz em direção ao solo.

O crescimento radicular é subterminal. A região onde o ocorre o crescimento (hiperplasia e hipertrofia) é logo abaixo da coifa e recebe o nome de região de crescimento. O ápice da raiz pode ser fechado, quando coifa, procâmbio e córtex se originam de células inicias diferentes, ou aberto, quando coifa, procâmbio e córtex se originam do mesmo grupo de células iniciais.

Em um corte transversal da raiz, pode-se observar a epiderme, o córtex e o cilindro vascular. A raiz carece de nós e entre-nós; logo, as folhas estão ausentes. A epiderme geralmente é composta de pêlos radiculares, responsáveis pela absorção, e freqüentemente constitui-se de apenas uma fileira de células. (Nas orquídeas e aráceas epífitas, a epiderme multisseriada é chamada de velame e ajuda na absorção da água atmosférica). Os pêlos radiculares podem atingir até 10 mm de comprimento. Logo abaixo da epiderme, existe uma camada de células chamada de exoderme. A exoderme tem origem em células corticais e não está presente em todas as angiospermas. As células de exoderme são revestidas pelas estrias de Caspary. A estria de Caspary é resultante da deposição de lignina e suberina externamente à parede celular. Por limitar o transporte apoplástico, acredita-se que a função desta camada é diminuir a invasão das raízes por microorganismos, como vírus, bactérias e fungos.

Seguindo para o centro da raiz, existe o córtex. Ele certamente ocupa a maior parte da área da raiz e é composto pelos tecidos fundamentais, parênquima, colênquima e esclerênquima. Revestindo o cilindro vascular, existe uma outra camada semelhante à exoderme que é denominada endoderme. Interiormente, existe o periciclo (que tem origem no procâmbio) e por fim, o cilindro vascular composto de xilema e floema se alternando em pólos. O periciclo é uma (ou mais raramente duas) camada de células que origina as raízes laterais ou adventícias. Nas plantas que possuem crescimento secundário, o periciclo também contribui para formar o câmbio vascular e pode formar o felogênio. O xilema e floema se alteram formando pólos.

Nas raízes adventícias e de monocotiledôneas, pode existir medula e são sifonostélicas. Já nas eudicotiledôneas e gimnospermas, as raízes são protostélicas, pois o cilindro vascular é sólido.

Durante o crescimento secundário da raiz, o câmbio vascular e o câmbio da casca são produzidos e iniciam a produção dos tecidos secundários. O câmbio vascular se origina em parte do periciclo e do procâmbio indiferenciado. Resultado do desenvolvimento do câmbio vascular de origem procambial, o xilema secundário e floema secundário são produzidos. O xilema secundário passa a tomar a maior parte do corpo da raiz e envolve o xilema primário. O floema primário pode degenerar-se devido à esta expansão do xilema secundário, podendo restar apenas algumas fibras floemáticas. Internamente a estes resquícios de floema primário, observa-se o floema secundário. O câmbio vascular de origem pericíclica origina o parênquima radial.

Com o aumento em espessura da raiz, a epiderme se rompe e é imediatamente substituída pela periderme. Do mesmo modo, o córtex junto com a endoderme pode se destacar do corpo da raiz e ambos tecidos podem estar ausentes em uma raiz com o crescimento secundário completo.

As raízes que acumulam reservas podem ter parênquima imerso nos tecidos vasculares (cenoura), várias camadas de câmbios (beterraba) ou câmbios dispersos pela raiz (batata-doce). Estas raízes geralmente apresentam crescimento secundário, o que resulta no aumento do espessamento do órgão. Algumas raízes produzem gemas que podem funcionar na reprodução – são chamadas raízes gemíferas.

Anatomia do caule
O caule é um órgão da planta que desempenha diversas funções como sustentação, transporte, armazenamento e produção de folhas e estruturas reprodutivas. Origina-se a partir do epicótilo do embrião e ao contrário da raiz, o caule é dotado de nós e entre-nós. Os nós são as regiões de onde se originam as folhas e os entre-nós são delimitados por dois nós. Em cada nó, origina-se uma folha e na sua axila uma gema lateral ou axilar. A gema lateral permanece dormente até que um estímulo quebre a dormência e a gema se desenvolve produzindo um ramo lateral.

As plantas, ao contrário dos animais, têm um tipo de crescimento chamado modular. O crescimento modular ocorre devido à presença dos módulos ou fitômeros. Cada fitômero, composto de um nó, um entre-nó, uma gema e uma folha, pode ser destruído sem que a planta morra. Nos animais, que possuem crescimento unitário, se uma parte do corpo é destruída, dificilmente pode ser regenerada. Os fitômeros possuem meristemas e por isso, uma planta cresce em várias direções e cresce indefinidamente.

Em um corte transversal do caule, pode-se observar a epiderme, o córtex, o cilindro vascular e a medula. A epiderme, via de regra é unisseriada apresentando cutícula e pode apresentar alguns estômatos. A córtex é a região de sistema fundamental que está abaixo da epiderme e externa ao cilindro vascular. No córtex podem estar presentes laticíferos, ductos de mucilagem ou de resina.

Envolvendo o cilindro vascular, pode existir o periciclo que origina raízes adventícias no caule. Os feixes vasculares podem ser colaterais (xilema pra dentro e floema pra fora) ou bicolaterais (duas camadas de floema envolvendo o xilema). Este último caso é comum em Cucurbitaceae. Há também os feixes anfivasais nos quais o xilema envolve o floema e os biconcêntricos, nos quais o xilema forma dois anéis concêntricos separados por um anel de floema. Estes feixes podem apresentar diversas disposições. Podem estar dispersos no caule de forma aleatória sem medula, condição comum em monocotiledôneas e eudicotiledôneas herbáceas. Mas eles podem também formar um cilindro sólido revestindo a medula. Isto é bem freqüente no caule de eudicotiledôneas, gimnospermas e magnoliideas. O cilindro pode apresentar região interfascicular ampla ou estreita. As regiões que delimitam os feixes são chamadas de raios medulares.

Interiormente ao cilindro vascular, na medula, existe sistema fundamental também, mas não ocorre colênquima nesta região. Os caules que possuem medula são chamados de eustélicos. Os caules de monocotiledôneas são ditos atactostélicos. Nos caules que não apresentam crescimento secundário, todas as células do procâmbio maturam e nenhuma célula meristemática resta para formar o câmbio vascular. Este tipo de câmbio é dito fechado e contrasta com o aberto no qual o procâmbio pode originar câmbio vascular.

Nas regiões do caule onde as folhas serão produzidas, os feixes do cilindro central se divergem e vão em direção à região onde a folha será produzida. As extensões do sistema vascular em direção às folhas são denominadas traço foliar e os espaços acima do traço foliar são chamadas de lacunas do traço foliar. A região onde o feixe vascular sai do cilindro central e se direciona à gema axilar é chamada de traço do ramo.

Anatomia da folha
A folha é um órgão, geralmente laminar, cuja principal função é a fotossíntese, embora possa apresentar outras funções, como a transpiração, o armazenamento de água, proteção e atração de polinizadores. A parte superior da folha é chamada de adaxial ou ventral. A parte inferior da folha é chamada de abaxial ou dorsal. As duas faces da folha são cobertas pela epiderme, cujas células são achatadas e compactas, existindo pouco espaço intercelular. A epiderme foliar, de modo geral é unisseriada e é recoberta pela cutícula. Células epidérmicas podem sofrer lignificação em alguns casos.

Com relação ao pecíolo, quatro tipos de feixes vasculares podem ser distinguidos: contínuo, em forma de ferradura, em forma de meia-lua ou fragmentado.

Os estômatos do limbo podem ocorrer em ambas as epidermes, sendo que as variações são peculiares de cada espécie. Nas plantas aquáticas (hidrófitas), as folhas ficam sobre a lâmina d’água e, obviamente os estômatos estão localizados apenas na superfície adaxial (epiestomáticas). Nas folhas que ficam totalmente submersas os estômatos podem não ocorrer. Nas xerófitas (plantas adaptadas a ambientes secos), os estômatos estão localizados em depressões na superfície da epiderme. Estas depressões são cobertas de tricomas e são denominadas câmara ou cripta subestomática. Elas têm a função de diminuir a perda excessiva de água diminuindo o contato da superfície do estômato com o vento. Mas a maioria das folhas possui estômatos nas duas epidermes (anfiestomáticas).

Entre as duas epidermes, existe o mesofilo (meso = meio; phyllos = folha) que contém o sistema fundamental. O principal papel do mesofilo é realizar a fotossíntese. No mesofilo, estão distribuídos o parênquima lacunoso e paliçádico, o esclerênquima, o colênquima (marginalmente) e os feixes vasculares. Quando o paliçádico está próximo da epiderme adaxial e o lacunoso próximo da epiderme abaxial, a folha é dita dorsiventral. Em algumas espécies, há duas camadas de paliçádico (uma próxima da epiderme abaxial e a outra da epiderme adaxial) e uma camada de lacunoso entre as duas. Neste caso, a folha é chamada de isobilateral, como é o caso de Lavoisiera glandulifera. No lacunoso, existe uma grande quantidade de espaço intercelular, o que acredita-se que seja uma especialização da folha para maximizar as trocas gasosas, fundamentais para a fotossíntese. As nervuras são os locais por onde passam os feixes e as de maior porte vão se ramificando originando nervuras mais finas, de menor porte.

As folhas apresentam uma enorme diversidade de estruturas. As folhas de hidrófitas têm pouco tecido de sustentação e pouco xilema. Por outro lado, as folhas xerófitas, possuem grande quantidade de esclerênquima, cutícula grossa, células com paredes espessadas e lignificadas. Folhas do sol são mais espessas que as de sombra. Possuem mais parênquima paliçádico, maior espessamento das células epidérmicas e maior desenvolvimento do tecido vascular.

Anatomia da flor
A flor é o órgão responsável pela reprodução da planta. Ela se origina a partir de uma gema florífera que pode estar na axila da folha ou no ápice caulinar. Ela se constitui de folhas modificadas chamadas antófilos. Os antófilos se diferenciam dando origem aos quatro verticilos florais: cálice, corola, androceu e gineceu. O perianto se diferencia precocemente, originando as sépalas e pétalas. Estas são recobertas por epiderme e são altamente vascularizadas por vasos de pequeno porte. As pétalas são nutridas a partir de um único feixe vascular, assim como os estames. Isso reforça a hipótese de que elas se originaram de estamos que se tornaram estéreis. Os vacúolos das células das pétalas são preenchidos com metabólitos secundários que conferem a cor característica.

Os estames se iniciam como pequenas protuberâncias (primórdios estaminais) recobertos por epiderme e recebendo apenas um feixe vascular. Na extremidade do primórdio estaminal, inicia-se a formação de pequenas saliências. Estas saliências são divididas por uma camada de células altamente vacuolizadas e cada metada origina uma teca. Dentro de cada teca, ocorre a produção de um tecido esporogênico. Envolvendo este tecido existe um tecido chamado tapete. Duas porções do tapete podem ser reconhecidas: o tapete parietal (pertencente à planta-mãe) e o tapete interno. O tapete tem a função de nutrir o tecido esporogênico e produzir a esporopolenina. Além disso, a auto-incompatibilidade esporofítica ocorre devido à presença de genes incompatíveis no tapete (que é liberado junto ao grão de pólen) e no estigma da flor receptora.

Após ocorrer a microesporogênese e microgametogênese, o grão de pólen está pronto para ser liberado. Ele é revestido por um tecido chamado esporoderme, rico em esporopolenina. A esporopolenina foi uma importante molécula na conquista do ambiente terrestre pelas plantas. Ela impede a dessecação do gametófito. A porção interna da esporoderme é chamada de intina e a externa de exina.

Esporogênese e gametogênese
As plantas (embriófitas) denominadas popularmente de briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas possuem um ciclo de vida com alternância de gerações. Isso quer dizer que durante a vida de uma planta, ela possui duas gerações – o esporófito e o gametófito. O primeiro é a geração diplóide (2n) e forma esporos enquanto o último é haplóide (n) e dá origem aos gametas. A esporogênese (sporo = esporo, gênese = geração) é o processo pelo qual as plantas produzem esporos e a gametogênese é o processo pelo qual as plantas produzem gametas. Nas briófitas, a geração predominante é o gametófito, sendo o esporófito reduzido. Durante a evolução dos vegetais, houve uma tendência de redução do gametófito e dominância do esporófito. Tanto é, que nas plantas mais derivadas – as angiospermas – o gametófito é considerado por alguns autores como um parasita do esporófito, tal é o grau de redução que ele atingiu. Iremos estudar a alternância de gerações principalmente das angiospermas.

Microesporogênese e microgametogênese
Estes processos são referentes à formação de esporos e gametas masculinos, respectivamente. A microesporogênese é o processo que leva à formação do tubo polínico e a microgametogênese leva à formação dos núcleos espermáticos (microgametas). No final destes processos será formado o microgametófito – o grão de pólen.

Nas anteras, existem quatro regiões diferenciadas contendo células esporógenas. Estas regiões são os microsporângios e nas angiospermas são denominadas sacos polínicos. Os sacos polínicos contêm um tipo especial de célula – a célula-mãe do micrósporo ou microsporócito. O microsporócito divide-se, através de uma meiose, em 4 células – os micrósporos, que são haplóides. Após uma divisão mitótica do micrósporo, ocorre a formação de dois núcleos e o microsporócito passa a ser chamado de grão de pólen (microgametófito). O grão de pólen possui dois núcleos, sendo o maior denominado de macronúcleo e exerce função vegetativa, pois realiza as funções metabólicas para a manutenção da célula. Já o menor núcleo é denominado de micronúcleo e tem função reprodutora, já que vai se dividir e dar origem aos dois núcleos espermáticos. Os núcleos espermáticos são os gametas masculinos.

Megaesporogênese e megagametogênese
Estes processos são referentes à formação de esporos e gametas femininos, respectivamente. Também são chamados de macroesporogênese e macrogametogênese (macro = grande). No final destes processos será formado o megagametófito – o saco embrionário.

Dentro do ovário é que vai ocorrer a formação do gameta feminino (oosfera). O óvulo é formado pela nucela (megasporângio), pelos integumentos e pelo saco embrionário. Os integumentos serão responsáveis por nutrir a nucela e revestir a semente quando ela for formada. Há uma fenda chamada micrópila pela qual o tubo polínico penetra antes da fecundação. Ela é uma abertura na nucela e nos integumentos e permite o contato direto com o saco embrionário. A base dos óvulos é chamada calaza e é nesta região que chegam os feixes terminais oriundos da placenta. O óvulo se conecta com a placenta através do funículo.

O saco embrionário (megagametófito) merece atenção especial. A célula-mãe do megásporo ou megasporócito sofre uma meiose dando origem a 4 megásporos. Diferentemente da microesporogênese, 3 dos megásporos vão se degenerar e apenas um sobrevive. Apenas o megásporo que contém a maior parte do citoplasma sobrevive; os outros morrem por falta de nutrientes. Após a degeneração dos outros megásporos, o núcleo do megásporo sobrevivente vai sofrer 3 mitoses consecutivas na maioria das plantas. Então, o megásporo passa a possuir 8 núcleos (2 x 2 x 2). Três destes núcleos vão se posicionar na posição oposta à micrópila. Estes núcleos são chamados de antípodas. Três núcleos se posicionam próximos da micrópila. O núcleo central é a oosfera (megagameta) e os dois núcleos que estão ao lado da oosfera são as sinérgides. Os dois núcleos restantes permanecem no centro do saco embrionário e são chamados de núcleos polares ou mesocisto (quando fundidos).

Fertilização ou fecundação
É o processo que ocorre somente após a polinização e diz respeito à união dos gametas. Lembre-se que nem sempre que ocorrer polinização, a fecundação ocorrerá. Após o estigma ter recebido o pólen, nas condições ideais ele germina e forma o tubo polínico. O tubo polínico vai crescendo e passa pelo estilete até atingir o ovário. Ele vai levando consigo os dois núcleos espermáticos. Os núcleos espermáticos penetram no óvulo através da micrópila e um deles vai se fundir com a oosfera. A oosfera e o núcleo espermático são haplóides (n), e sua fusão origina uma célula diplóide (2n) – o zigoto. O desenvolvimento do zigoto culmina na formação do embrião, que nada mais é do que o esporófito jovem. O outro núcleo espermático se funde com os núcleos polares. Cada núcleo polar é haplóide e sua fusão com o núcleo espermático origina um tecido triplóide (3n). Este tecido é chamado de endosperma e serve de nutrição para o embrião. Devido à ocorrência de duas fecundações, este processo é denominado dupla-fecundação.

Após a fecundação vai ocorrer a formação da semente, que é constituída pelo embrião (formado pela união do núcleo espermático e oosfera), endosperma (formado pela união do núcleo espermático e núcleos polares) e tegumento (desenvolvimento dos integumentos). O tegumento é a casca ou revestimento da semente, que a protege contra a dessecação, predadores e parasitas. Fica fácil perceber que o óvulo origina sementes, mas de onde vêm os frutos? Se recordarmos que o óvulo está imerso dentro do ovário, poderemos perceber que é o desenvolvimento do ovário que vai gerar o fruto. Por isso, todas as sementes estão envolvidas por frutos.

Referências bibliográficas
Raven, P.H., Evert, R.F., Eicchorn, S.E. Biologia Vegetal. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 928p. Vidal, M.R.R. & Vidal, W.N. Botânica- Organografia. 4.ed. Viçosa: UFV, 2000. 144p. Appezato-da-Gloria, B. & Carmelo-Guerreiro, S.M. (eds). 2003. Anatomia vegetal. UFV, Viçosa. 438p. Larcher, W. 2000. Ecofisiologia vegetal. RIMA, São Carlos. 531p. Mendonça, M.P. & Lins, L.V. (org.). 2000. Lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, Belo Horizonte

Fernando A. O. Silveira

anatomia vegetal





A Anatomia Vegetal trata de temas relacionados à morfologia externa e principalmente interna. Ela pode ser utilizada como ferramenta para estudos ecológicos, econômicos e outras áreas tanto da Botânica quanto de outra ciência. A anatomia da planta reflete a situação ambiental, e pode ser algumas vezes um bioindicador. Para ter todas essas ferramentas à mão é necessário conhecimento básico da estrutura interna e externa do vegetal.

Essas descrições estão listadas abaixo:

Anatomia da Raiz
A raiz faz parte do eixo da planta. É em geral subterrânea e exerce funções de fixação da planta ao substrato e de absorção de sais minerais (FERRI, 1990). Duas outras funções associadas às raízes são as de armazenamento e condução (RAVEN et al., 2007). A primeira raiz de uma planta com sementes desenvolve-se a partir do promeristema da raiz (meristema apical) do embrião, a qual desenvolverá a raiz pivotante, em geral denominada raiz primária. Nas gimnospermas e angiospermas eudicotiledôneas a raiz pivotante e suas raízes laterais, várias vezes ramificadas, constituem o sistema radicular. Nas monocotiledôneas, a primeira raiz vive por apenas um curto período de tempo e o sistema radicular da planta é formado por raízes adventícias que se originam do caule (ESAU, 1974).

O ápice da raiz é recoberto pela coifa, que reveste e protege o meristema apical e ajuda a raiz a penetrar no solo. A coifa é coberta por uma bainha viscosa ou mucilagem, que lubrifica a raiz durante sua penetração no solo (RAVEN et al., 2007). Algumas regiões da epiderme das raízes são especializadas para a função de absorção: são os pelos absorventes, expansões tubulares das células epidérmicas da zona pelífera, sendo esta mais desenvolvida nas raízes mais jovens (ESAU, 1974).

O córtex ocupa a maior parte da área no crescimento primário (figura abaixo) em muitas raízes e é formado basicamente por células parenquimáticas. As células corticais geralmente armazenam amido (ESAU, 1974). A camada mais interna dessa região é formada por células compactamente arranjadas, constituindo a endoderme. Tais células apresentam poderosos reforços de suberina e/ou lignina, os quais dificultam as trocas metabólicas entre o córtex e o cilindro central, podendo ser arranjados em estrias de Caspary ou reforços em “U” e “O” (GLORIA & GUERREIRO, 2003). Algumas células não apresentam tais reforços (células de passagem), permitindo a permuta de substâncias nutritivas (FERRI, 1990). O cilindro vascular da raiz é constituído de periciclo – que desempenha funções importantes, como a formação de raízes laterais –, câmbio vascular nas plantas com crescimento secundário, tecidos vasculares primários (xilema e floema) e células não-vasculares. O centro do órgão pode ser ainda preenchido por células parenquimáticas, denominadas de parênquima medular (RAVEN et al., 2007).




O crescimento secundário (figura abaixo) em raízes, bem como nos caules, consiste na formação de tecidos vasculares secundários a partir do câmbio vascular e de uma periderme originada no felogênio (câmbio de casca). O câmbio vascular se inicia por divisões das células do procâmbio, que permanecem meristemáticas e estão localizadas entre o xilema e floema primários. Logo a seguir, as células do periciclo também se dividem e as células-irmãs internas, resultantes desta divisão, contribuem para formar o câmbio vascular. Um cilindro completo de câmbio da casca (felogênio), que surge na parte externa do periciclo proliferado, produz súber para o lado externo e felogênio para o lado interno. Estes três tecidos formados: súber, felogênio e feloderme constituem a periderme (RAVEN et al., 2007).






Anatomia do Caule
A associação do caule com a folha constitui o sistema caulinar, originado a partir do desenvolvimento do embrião (RAVEN et al., 2007). Diferente da raiz o caule divide-se em nós e entrenós, com uma ou mais folhas em cada nó. Dependendo do grau de desenvolvimento dos entrenós, o caule pode assumir aspectos diferentes (ESAU, 1974).

As duas principais funções ligadas ao caule são suporte e condução. As folhas, os principais órgãos fotossintetizantes da planta, são sustentadas pelo caule, que as coloca em posições favoráveis para a exposição à luz. As substâncias produzidas nas folhas são transportadas para baixo pelo floema do caule para os sítios onde são necessárias, tais como regiões em desenvolvimento de caules e raízes. Ao mesmo tempo, a água e os nutrientes minerais são transportados de forma ascendente (para cima) das raízes para as folhas através do xilema do caule (RAVEN et al., 2007).

O meristema apical do sistema caulinar origina meristemas primários como os encontrados na raiz: protoderme, procâmbio e meristema fundamental, que se desenvolvem no corpo primário (figura abaixo) da planta originando: epiderme, tecidos vasculares (xilema primário e floema primário) e tecido fundamental, respectivamente (RAVEN et al., 2007).

O córtex do caule geralmente contém parênquima com cloroplastos. Os espaços intercelulares são amplos, mas às vezes limitados à parte média do córtex. A parte periférica deste frequentemente contém colênquima, disposto em cordões ou em camadas mais ou menos contínuas. Em algumas plantas, é o esclerênquima e não o colênquima que se desenvolve como tecido de sustentação. A parte mais interna do tecido fundamental, a medula, é composta de parênquima, que pode conter cloroplastos (ESAU, 1974).

O crescimento secundário (crescimento em espessura) (figura abaixo) resulta da atividade de dois meristemas laterais: o câmbio vascular e o câmbio da casca, originados a partir dos meristemas primários, procâmbio e meristema fundamental de forma respectiva. O câmbio vascular será responsável pela produção de xilema e floema secundários no caule, resultando na formação de um cilindro de tecidos vasculares, dispostos radialmente. Comumente, muito mais xilema secundário do que floema secundário é produzido no caule, como acontece na raiz (RAVEN et al., 2007), causando a destruição da região medular (ESAU, 1974). Com o crescimento secundário o floema é empurrado para fora e suas células de parede fina são destruídas. Somente as fibras de parede espessa permanecem intactas. Como na maioria das raízes lenhosas, a formação da periderme ocorre após o inicio da produção de xilema e floema secundário. Substituindo a epiderme como revestimento de proteção, a periderme consiste em: feloderme, felogênio (câmbio da casca) e súber (felema) (RAVEN et al., 2007).


Os caules podem apresentar diversas modificações e desempenhar funções distintas de acordo com suas necessidades adaptativas, como os aéreos a exemplo das gavinhas (auxiliam no suporte), os subterrâneos no caso dos tubérculos e bulbos (armazenamento de nutrientes) e os suculentos (armazenamento de água) (RAVEN et al., 2007).

Anatomia da Folha
A palavra folha deriva do latim folia e refere-se a expansões laterais do caule. As folhas são em geral clorofiladas e com crescimento limitado (OLIVEIRA & AKISUE, 2003).

O embrião, em especial a gêmula do embrião, é o ponto de origem das primeiras folhas do vegetal. As folhas subsequentes originam-se como expansões laterais exógenas dos caules. Caule e folha possuem origem comum, diferindo estruturalmente na disposição relativa dos tecidos. Além disso, a folha difere-se do caule em seu desenvolvimento devido as suas funções (OLIVEIRA & AKISUE, 2003).

A folha completa possui limbo (lâmina), pecíolo e uma base que pode ser provida de estípulas e/ou bainha (OLIVEIRA & AKISUE, 2003). Folhas sem pecíolo são chamadas de sésseis. As folhas podem ser simples (limbo completo) ou compostas (limbo dividido) (RAVEN et al., 2007). São constituídas pelos seguintes tecidos: epiderme, parênquimas e tecidos vasculares (OLIVEIRA & AKISUE, 2003).

As células epidérmicas da folha estão muito justapostas e cobertas pela cutícula, uma camada lipídica que reduz a perda de água. Os estômatos podem ocorrer em ambos os lados da folha ou somente em um lado, comumente o inferior. Os tricomas são anexos epidérmicos presentes em muitas folhas. Podem ser glandulares, produzindo compostos químicos de defesa e atração de polinizadores ou ainda tectores, promovendo defesa física do vegetal (OLIVEIRA & AKISUE, 2003). Coberturas espessas de tricomas e resinas secretadas por alguns deles, podem diminuir a perda de água pela folha (RAVEN et al., 2007).

Existem ainda células epidérmicas diferenciadas em folhas de algumas espécies vegetais, as células buliformes, responsáveis pela movimentação destes órgãos como enrolamento, fechamento etc. (RAVEN et al., 2007).

O mesofilo é composto basicamente por células parenquimáticas, sendo permeado por numerosas nervuras (feixes vasculares), que são contínuas com o sistema vascular do caule (RAVEN et al., 2007). Ele pode ser homogêneo (células parenquimáticas indiferenciadas) ou diferenciado em paliçádico e lacunoso (OLIVEIRA & AKISUE, 2003), como pode ser visto na Figura abaixo:

As folhas podem ser muito diferenciadas em formas e funções no vegetal (RAVEN et al., 2007).

Exemplos:

Catáfilos ou Escamas: folhas suculentas que ocorrem em caules subterrâneos e armazenam substâncias nutritivas.

Brácteas: folhas com cores diferenciadas que atraem polinizadores exercendo importante papel na reprodução.

Antófilos ou folhas florais: sépalas e pétalas.

Espinhos: folhas modificadas que protegem o vegetal contra herbivoria e diminuem a superfície de contato com o ambiente, reduzindo assim a perda de água por transpiração.

Gavinhas: folhas muito finas que se enrolam em algum suporte para fixação do vegetal ou maior absorção de luz.

Fatores ambientais, especialmente a luz, podem ter efeitos sobre as folhas. Espécies que crescem sob alta intensidade luminosa podem ter folhas mais espessas e menores que as que crescem na sombra (RAVEN et al., 2007).

Referências

ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo: Edgard Blucher, 1974/200. 293 p.

FERRI, M. G. Botânica: Morfologia nterna das Plantas (Anatomia). São Paulo: Edições Melhoramentos, 1970.

GLORIA, B. A.; GUERREIRO, S. M. C. Anatomia Vegetal. Viçosa: UFV, 2003. 438 p.

OLIVEIRA F.; AKISUE G. Fundamentos de Farmacobotânica. 2ª ed., Atheneu, 2003.

RAVEN P. H.; EVERT R. F.; EICHHORN S. E. Biologia Vegetal. 7th ed. Editora Guanabara Koogan S. A., Rio de Janeiro, 2007.

Fonte: www.cb.ufrn.br

Condução da seiva

Fisiologia da Condução de Seiva
O sistema de condução de materiais pelos corpos dos seres vivos deve garantir a distribuição de nutrientes e retirada de substâncias tóxicas das células dos tecidos de todo organismo.

Nos vegetais a condução de seiva, isto é, soluções salinas e soluções açucaradas, é realizada através dos sistemas de vasos, que se distribuem ao longo do corpo das traqueófitas.

A distribuição de seiva bruta ou inorgânica (água e sais minerais) é realizada pelos vasos de xilema ou lenho. A distribuição de seiva elaborada ou orgânica (água e açúcares) é realizada pelos vasos de floema ou líber.

O Mecanismo da Condução de Seiva Bruta ou Inorgânica
O transporte da seiva bruta ou inorgânica é realizado em duas etapas, apresentando um transporte horizontal e um transporte vertical de ascensão de seiva.

O transporte horizontal de seiva ocorre desde os pêlos absorventes da epiderme, até os vasos de xilema. A ascensão da seiva ocorre até as folhas, onde ocorrem os fenômenos da fotossíntese e da transpiração.

A melhor explicação para a ascensão de seiva bruta nos vegetais é a teoria da coesão tensão transpiração ou teoria de Dixon, que está baseada no fato de as folhas exercerem uma força de sucção que garante a ascensão de uma coluna de água pelo corpo do vegetal, conforme ocorre a transpiração.

Nos vasos condutores de xilema, existe uma coluna contínua de água, formada por moléculas de água, fortemente coesas, ligadas por pontes de hidrogênio.

Além da força de coesão e ntre as moléculas de água, estas estão fortemente aderidas às paredes dos vasos de xilema.
Conforme ocorre a saída de água na forma de vapor através das folhas, existe um movimento da coluna de água através dos vasos, desde as raízes até as folhas, pois estão coesas e submetidas a uma força de tensão que movimenta a coluna de água através do xilema.

À medida que a água é perdida pela transpiração ou usada na fotossíntese, ela é removida do caule e retirada da raiz, sendo absorvida pelo solo. Para este movimento de água no corpo do vegetal é imprescindível a força de sucção exercida pelas folhas.

Para ocorrer a ascensão da seiva bruta nos vasos de xilema, não deve ocorrer a formação de bolhas de ar nos vasos condutores, pois estas romperiam a coesão entre as moléculas de água, obstruindo a ascensão da coluna de água através do xilema.

O Mecanismo da Condução de Seiva Elaborada ou Orgânica
A seiva elaborada ou orgânica formada nas células dos parênquimas clorofilianos das folhas através da fotossíntese é distribuída por todo o corpo do vegetal através dos vasos de floema ou líber, que estão localizados próximos à casca dos vegetais.
Apesar de a força da gravidade ser favorável a este transporte, existe um fluxo sob pressão das folhas em direção às raízes conforme o modelo físico de Münch.

No vegetal deve ser mantida a diferença de concentração de açúcar entre o órgão produtor, que são as folhas onde ocorre a fotossíntese; e o órgão consumidor, que é a raiz, onde ocorre apenas a respiração. Mantido este gradiente de concentração entre folhas e o resto do corpo do vegetal, ocorrerá o fluxo sob pressão de seiva elaborada através do floema.

Se retiramos um anel completo da casca (anel de Malpighi) que envolve o vegetal, interrompemos a distribuição de seiva elaborada em direção à raiz, pois os vasos liberianos são lesados, levando à morte das raízes depois de certo tempo. Com a morte das raízes, não ocorre absorção de água e sais minerais do solo e, conseqüentemente, ocorrerá a morte do vegetal, pois as folhas não receberão mais água.

Fisiologia do Crescimento e Desenvolvimento
Muitas atividades dos vegetais são comandadas pela ação de hormônios ou fitormônios, que determinam o crescimento e o desenvolvimento dos vegetais.

O crescimento do vegetal corresponde ao aumento do número de células, aumento do volume celular e da própria massa do vegetal. Alguns tipos de movimentos dos vegetais estão relacionados com seu crescimento.

O desenvolvimento do vegetal está relacionado com o aparecimento de novas características e de estruturas que desempenham funções específicas como raiz, caule, folhas, flores, sementes e frutos.

Os Hormônios Vegetais
Os hormônios são substâncias produzidas em uma parte específica do organismo, que atua em baixas concentrações, sobre células específicas, situadas em locais diferentes de onde os hormônios foram produzidos.

Existe uma grande diversidade de hormônios como as auxinas, giberilinas, citocininas (cinetina e zeatina) e o etileno.

Auxinas
As auxinas são produzidas no ápice do vegetal, sendo distribuídas por um transporte polarizado do ápice para o resto do corpo do vegetal.

Um dos efeitos das auxinas está relacionado com o crescimento do vegetal, pois atuam sobre a parede celular do vegetal, provocando sua elongação ou distensão e, conseqüentemente, o crescimento do vegetal.

Na verdade os efeitos das auxinas sobre os vegetais é muito diversificado, dependendo do local de atuação e concentração, podem apresentar efeitos completamente antagônicos.

Foi na segunda década deste século que os conhecimentos sobre a ação das auxinas nos vegetais explicaram de modo mais esclarecedor como as auxinas atuam sobre os vegetais, a partir das experiências de Went em 1928.
Went trabalhou com coleóptiles de gramíneas, blocos de ágar, observando o comportamento do crescimento do vegetal após a retirada do ápice do vegetal.

Went cortou o ápice do coleóptile, colocando-o em contato com um bloco de ágar. Depois de certo tempo, o bloco de ágar era colocado sobre o coleóptile decapitado.

O resultado obtido com este procedimento foi o mesmo que seria obtido se o ápice do coleóptile estivesse presente no vegetal.

Quando o bloco de ágar, que estivera em contato com o ápice do coleóptile, era colocado de modo a cobrir apenas metade da extremidade do ápice do vegetal, verificava-se um crescimento maior do lado em contato com o bloco de ágar, resultando numa curvatura do coleóptile no sentido contrário da posição do bloco de ágar.

Os Efeitos das Auxinas sobre os Vegetais
As auxinas e a dominância apical
As auxinas, além de promoverem a distensão celular, quando distribuídas caule abaixo, inibem a atividade das gemas laterais, localizadas nas axilas das folhas, que ficam em dormência.

Quando a gema apical do vegetal é retirada, as gemas laterais saem da dormência, isto é, da dominância apical, e ramos laterais desenvolvem-se.

Esta eliminação das gemas apicais é chamada de poda e tem como conseqüência o aumento da copa do vegetal com formação de novos ramos laterais.

As auxinas e a formação de frutos partenocárpicos
Após a fecundação, nas angiospermas, o embrião no interior da semente produz auxinas que agem sobre as células das paredes do ovário, promovendo sua transformação em frutos.

Se não ocorrer fecundação, os óvulos não são transformados em sementes e, conseqüentemente, ocorre a abscisão da flor com a queda do ramo floral.

Se as flores de um vegetal forem pulverizadas com auxinas (AIA), ocorre o desenvolvimento de um fruto partenocárpico a partir da parede do ovário, que não possui sementes no seu interior.

Pode-se induzir a floração em abacaxi, por exemplo, com o uso do ácido naftaleno acético (ANA), que é um tipo de auxina.

As auxinas de efeito herbicida
O efeito herbicida é dado por uma auxina sintética conhecida como 2,4 D (ácido 2,4 diclorofenoxiacético).

Em altas concentrações esta auxina é tóxica para plantas de folhas largas (dicotiledôneas), em áreas de campo ou de agricultura intensiva , eliminando as plantas chamadas de ervas daninhas nestas áreas.

A figura a seguir mostra a ação do 2,4 D sobre a vegetação. Note que esta substância é seletiva sobre as dicotiledôneas.

O 2,4 - D aplicado sobre uma planta de picão (Bidens pilosus) e uma gramínea (Poa annua) age seletivamente, matando apenas o exemplar da primeira espécie.

Movimentos Vegetais
Os movimentos dos vegetais respondem à ação de hormônios ou de fatores ambientais como substâncias químicas, luz solar ou choques mecânicos. Estes movimentos podem ser do tipo crescimento e curvatura e do tipo locomoção.

Movimentos de Crescimento e Curvatura
Estes movimentos podem ser do tipo tropismos e nastismos.

Os tropismos são movimentos orientados em relação à fonte de estímulo. Estão relacionados com a ação das auxinas.

Fototropismo
Movimento orientado pela direção da luz. Existe uma curvatura do vegetal em relação à luz, podendo ser em direção ou contrária a ela, dependendo do órgão vegetal e da concentração do hormônio auxina.

O caule apresenta um fototropismo positivo, enquanto que a raiz apresenta fototropismo negativo.

Geotropismo
Movimento orientado pela força da gravidade. O caule responde com geotropismo negativo e a raiz com geotropismo positivo, dependendo da concentração de auxina nestes órgãos.

Quimiotropismo
Movimento orientado em relação a substâncias qu'micas do meio

Tigmotropismo
Movimento orientado por um choqe mecânico ou suporte mecânico, como acontece com as gavinhas de chuchu e maracujá que se enrolam quando entram em contato com algum suporte mecânico.

Nastismos
São movimentos que não são orientados em relação à fonte de estímulo. Dependem da simetria interna do órgão, que devem ter disposição dorso - ventral como as folhas dos vegetais.

Fotonastismo
Movimento das pétalas das flores que fazem movimento de curvatura para a base da corola. Este movimento não é orientado pela direção da luz, sendo sempre para a base da flor.

Existem as flores que abrem durante o dia, fechando-se à noite como a "onze horas" e aquelas que fazem o contrário como a "dama da noite".

Tigmonastismo e Quimionastismo
Movimentos que ocorrem em plantas insetívoras ou mais comumente plantas carnívoras, que, em contato com um inseto, fecham suas folhas com tentáculos ou com pêlos urticantes, e logo em seguida liberam secreções digestivas que atacam o inseto. Às vezes substâncias químicas liberadas pelo inseto é que provocam esta reação.

Seismonastia
Movimento verificado nos folíolos das folhas de plantas do tipo sensitiva ou mimosa, que, ao sofrerem um abalo com a mão de uma pessoa ou com o vento, fecham seus folíolos. Este movimento é explicado pela diferença de turgescência entre as células de parênquima aquoso que estas folhas apresentam.

Movimentos de Locomoção ou Deslocamento
Movimentos de deslocamento de células ou organismos que são orientados em relação à fonte de estímulo, podendo ser positivos ou negativos, sendo definidos como tactismos.

Quimiotactismo
Movimento orientado em relação a substâncias químicas como ocorre com o anterozóide em direção ao arquegônio.

Aerotactismo
Movimento orientado em relação à fonte de oxigênio, como ocorre de modo positivo com bactérias aeróbicas.

Fototactismo
Movimento orientado em relação à luz, coo ocorre com os cloroplastos na célula vegetal.

Fotoperiodismo
O fotoperiodismo é a capacidade do organismo em responder a determinado fotoperíodo, isto é, a períodos de exposição à iluminação.

Nos vegetais o fotoperiodismo influi no fenômeno da floração e, conseqüentemente, no processo reprodutivo e formação dos frutos.
O florescimento do vegetal é controlado em muitas plantas pelo comprimento dos dias (período de exposição à luz) em relação aos períodos de noites (períodos de escuro).

Ao longo do ano, em regiões onde as estações (outono, inverno, primavera e verão) são bem definidas, existe variação do comprimento dos dias em relação às noites, e muitas plantas são sensíveis a estas variações, respondendo com diferentes fotoperíodos em relação à floração.

Classificação das Plantas quanto ao Fotoperíodo
Plantas de dia longo
São as plantas que florescem quando expostas a um fotoperíodo acima de um valor crítico, que é chamado de fotoperíodo crítico. Quando esta planta estiver exposta a um fotoperíodo menor que o seu fotoperíodo crítico, ela cresce mas não floresce.

Algumas plantas que respondem deste modo são espinafre, aveia, rabanete, entre outras. Observe a resposta de uma planta de dia longo em relação à exposição à luz.

Plantas de dia curto
São as plantas que florescem quando submetidas a fotoperíodos abaixo do seu fotoperíodo crítico. Quando expostas a fotoperíodos maiores que o seu fotoperíodo crítico, estas plantas crescem mas não florescem.

Algumas plantas que respondem deste modo são morangueiro, crisântemo, café e orquídea.

A figura a seguir mostra o comportamento de uma planta de dia curto quando exposta à luz.

Plantas neutras ou indiferentes
São as plantas que florescem independentemente do fotoperíodo ou que não respondem a um determinado fotoperíodo, como o tomateiro e o milho.

Pesquisas sobre as respostas das plantas a fotoperíodos mostraram que os períodos de escuro que a planta fica exosta deve ser contínuo, ao contrário dos períodos de iluminação que não precisam ser contínuos, pois a interrupção dos períodos de escuro leva a inibição da floração do vegetal.

A resposta do vegetal a floração está relacionada com a ação de um pigmento chamado fitocromo, que é sensível à variação do comprimento do dia de iluminação desencadeando uma resposta fisiológica do vegetal para a floração.

Fonte: www.biomania.com.br

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