Tecnologia do Blogger.

21 de set. de 2010

Sucesso alheio faz mulheres (e homens gays) quererem emagrecer

Reclamar da magreza das modelos nas passarelas e da cinturinha fina das moças nas capas de revistas (e encorajá-las a engordar) pode não ser o suficiente para evitar a influência que as imagens da mídia têm sobre os índices de bulimia e anorexia por aí. Um estudo norte-americano mostrou que, no fim das contas, ver pessoas bem-sucedidas, independentemente do quão magras elas são, acende em alguns de nós o desejo de emagrecer.

O psicólogo Norman Li, da Singapore Management University, em Cingapura, junto com quatro colegas de universidades dos EUA, mostrou fotos de modelos, acompanhadas de pequenas descrições de personalidade de cada uma (tudo fictício), a 841 voluntários na cidade de Austin, no Texas (EUA).

Em entrevistas posteriores, notaram que as mulheres heterossexuais se diziam menos felizes com os próprios corpos e mais propensas a comer menos depois de ver fotos de mulheres bem-sucedidas e competitivas – descritas no textinho como tendo um superemprego ou como “jogando para ganhar”, por exemplo. E isso apesar de as moças das fotos não serem especialmente magras e serem todas, mais ou menos, do mesmo peso.

Entre os homens heterossexuais, não houve efeito algum. Mas entre os gays, a história se repetiu: a exposição a homens competitivos e bem-sucedidos os levou a comer menos nos dias seguintes. Já entre as mulheres homossexuais, novamente, não houve qualquer efeito.

Segundo o líder do estudo, esse comportamento tem origem evolucionária. Ele sugere que, como as pessoas tendem a ganhar peso conforme envelhecem, passamos a identificar magreza com juventude e atratividade – e, consequentemente, com vantagens competitivas em geral. Mas o porquê disso não afetar os indivíduos atraídos por mulheres… ainda é um mistério.

Passarinho tem metade do cérebro macho e outra, fêmea


Estudo quer provar que cromossomos sexuais desempenham papel importante no desenvolvimento do gênero
por Laura Wright
Cortesia Academia Nacional das Ciências (EUA)

Taeniopygia guttata, o Mandarim: aparência de macho, características de fêmea

No útero, os hormônios sexuais ditam qual será o sexo do feto, se masculino ou feminino. Durante as últimas décadas, cientistas acreditavam que os órgãos sexuais – que controlam esses hormônios – são os únicos responsáveis pelas diferenças resultantes entre os cérebros de um macho e de uma fêmea. Agora, o estudo do cérebro de uma ave incomum promete contestar essa ideia. Pesquisadores descobriram que essa espécie desenvolveu duas metades sexuais geneticamente diferentes em seu cérebro, fornecendo evidências convincentes de que os cromossomos sexuais podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento das diferenças de gênero no cérebro.

Uma equipe de cientistas liderada por Arthur Arnold, da University of California em Los Angeles, estudou um passarinho conhecido como mandarim (Taeniopygia guttata) que era ginandromorfo, o equivalente a um hermafrodita em seres humanos. Aparentemente a ave era do sexo masculino, mostrando claramente o dimorfismo sexual da espécie, pois possuía penas vermelhas ao redor dos olhos e listras em preto e branco, caracterizando-a como macho. A ave tinha tanto gônadas masculinas quanto femininas, com as masculinas atuando também no canto, além da plumagem.

A equipe examinou fatias do cérebro do animal morto com uma sonda de RNA capaz de detectar a presença de cromossomos sexuais no interior das células neurais. (Em aves, os cromossomos sexuais são conhecidos como W e Z. Machos normais têm dois cromossomos Z e as fêmeas têm um W e um Z).

Os cientistas descobriram que a metade direita do cérebro não continha quase nenhum cromossomo W, enquanto que a metade esquerda estava repleta deles e com pouquíssimos Z, indicando metades geneticamente masculinas e femininas do cérebro. "Isso me surpreendeu", diz Arnold. Os dois lados do cérebro foram expostos à mesma combinação de hormônios durante o desenvolvimento, o circuito do canto estava lado masculino do cérebro do individuo. A descoberta, publicada on-line pela Proceedings of National Academy of Sciences, fornece a evidência mais forte até agora de apoio a noção de que os cromossomos sexuais atuam em células individuais e desempenham um papel nas diferenças entre cérebros masculinos e femininos.

Esses resultados podem ajudar a determinar se o sexo genético de uma célula influencia em sua susceptibilidade à doença, explica Arnold. Certas condições afetam um sexo mais do que os outros, diz ele. "Se a genética de uma célula afeta o progresso de uma doença, pode sugerir causas ou tratamentos específicos para a doença".

Criação por humanos modificou o cérebro canino


Criação por humanos modificou o cérebro canino
Reprodução seletiva teria alterado a posição cerebral em cães com crânios curtos, diminuindo a capacidade olfativa
por Ferris Jabr
Pomakis Keith/ Wikimedia Commons

Bulbos olfativos mudam de posição em certas raças

Compare o pequeno chihuahua com o assustador dogue alemão, ou com o ágil greyhound. Muitos cientistas concordam que isso mostra a variação morfológica do cão doméstico mais do que qualquer outra espécie conhecida, graças à criação seletiva dos seres humanos. Mas as raças dos cães diferem em mais do que suas aparências. Um novo estudo sugere que as preferências humanas alteraram dramaticamente a estrutura e função do cérebro de certas raças, modificando o sentido do olfato e do comportamento.

Em um estudo publicado em PLoS ONE, o neurocientista Michael Valenzuela, da University of New South Wales na Austrália, investigou um aspecto da anatomia canina que não tem recebido muita atenção em pesquisas anteriores: a posição do cérebro dentro do crânio. Todos os cães, não importa a raça, pertencem à mesma subespécie (Canis lupus familiaris) do lobo cinzento (Canis lupus), do qual foram domesticados. Os lobos cinzentos têm crânios relativamente longos. Em contraste, os crânios de cães domésticos variam de um extremo ao outro: do pastor alemão ou um husky siberiano para um terrier ou um bulldog. Valenzuela e seus colegas queriam determinar se as diferenças artificialmente selecionadas no comprimento do crânio entre as raças dos cães também reorganizaram o cérebro canino.

Os pesquisadores usaram a ressonância magnética para mapear o cérebro de 11 cães. O grupo era constituído por um akita, um maltês, um bullterrier, um shih tzu, um galgo, um Jack Russell terrier, um pit Bull e entre outros. Uma vez que eles adquiriram as imagens cerebrais, os pesquisadores analisaram a posição global do cérebro no crânio e estimaram qual o volume relativo do bulbo olfatório – tecido neural responsável pelo processamento de aromas, que no lobo é aproximadamente 40 vezes maior que nos seres humanos em relação ao tamanho total do cérebro. Os pesquisadores também calcularam o índice cefálico (IC), dividindo a largura do crânio pelo comprimento e multiplicando por 100. Quanto maior o IC, menor o comprimento do crânio e vice-versa.

Os cães com o menor crânio, como o pit bull, akita e shih tzu , demonstraram uma reorganização cerebral significativa. Nos cães de focinho curto, os bulbos olfativos tinham mudado de posição em direção à base do crânio. Em outras palavras, os resultados implicam que, quando a reprodução seletiva por seres humanos determina as raças do cão, também transforma seus cérebros. A criação seletiva pode ter “tirado” dos cães de focinho curto seu sentido olfativo apurado.

A surpreendente inteligência dos tubarões


Evolução desses animais vem ocorrendo significativamente nos últimos anos
por John Pavlus
TOPP

Câmera de vídeo identifica tubarões brancos pelas cicatrizes em seu corpo

Durante 400 milhões de anos os tubarões evoluíram pouco e segundo alguns cientistas a evolução vem ocorrendo significativamente apenas nas últimas décadas. Em 1987, quando a famosa série do Discovery Channel “Shark Week” estreou, os pesquisadores tinham poucos meios de estudar os animais além de gaiolas subaquáticas. Quase um quarto de século depois, biólogos marinhos estudam os elasmobrânquios (subclasse de peixes cartilagíneos como tubarões e raias) com localização por satélite, análise genética e câmeras de alta definição.

A pesquisa está revelando, entre outras coisas, que os tubarões são inteligentes e curiosos com habilidades antes atribuídas a uns poucos animais, entre eles os golfinhos. "Tubarões têm boa capacidade de aprendizagem, uma das formas de se medir o nível de inteligência", avalia Samuel Gruber, biólogo marinho da University of Miami´s Rosenstiel. Ele descobriu em 1975 que os tubarões-limão podem aprender tarefas de condicionamento clássico 80 vezes mais rápido que um gato ou coelho. "Fiquei chocado ao descobrir que eles poderiam aprender tão rapidamente", confessa Gruber.

Mas a maior mudança na pesquisa com tubarões tem sido o abastecimento de dados para os esforços da conservação. O primeiro estudo em grande escala para documentar populações de tubarões no Oceano Atlântico revelou, em 2003, que os tubarões-touro e os tubarões-martelo caíram até 99% nas últimas três décadas. Os tubarões-baleia (o maior peixe do mundo, inofensivo para os seres humanos) estão particularmente em risco. Mais de 80 outras espécies estão listadas como vulneráveis ou ameaçadas na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza e Recursos Naturais. Já os grandes tubarões-brancos podem ser mais raros que tigres, com menos de 3.500 na natureza de acordo com dados divulgados por uma equipe de pesquisa da Stanford University no começo desse ano.

A sobrepesca, resultado da pressão do mercado asiático para a sopa de barbatana, é a principal ameaça para as populações em escala global. Consumidores dessa sopa tendem a achar que para conseguir as barbatanas os tubarões são apenas feridos e depois de algum tempo suas nadadeiras voltam a crescer.

Hawking e a evidência de Deus

O novo livro do físico inglês Stephen Hawking (The Grand Design) tem tudo para dar sequência a uma discussão sem sentido e que, por isso mesmo, tende a levar a lugar algum: a idéia de que a criação do Universo dispensa a necessidade de Deus, ou de um deus, qualquer que seja ele.

Devidamente considerada, a idéia da existência ou não de Deus, sempre intrigou os humanos e, fundamentalmente, os dividiu em dois blocos: os que acreditam e os que não acreditam Nele.

Na sociedade de massas em que vivemos neste início do século 21, no entanto, uma discussão como essa é mais aborrecida que propaganda eleitoral, com seu sonolento desfile de lugares-comuns.

Com alguma frequencia as pessoas querem saber se acreditamos em Deus.

Qual o significado de uma pergunta como esta?

O que o interlocutor imagina que seja Deus? Um velhote vestindo bata-branca, de barbas longas, sentado em um trono tendo ao lado seu indefectível cajado?

Essa é uma idéia possível de Deus?

Aparentemente sim, para boa parte das pessoas.

Evidentemente que se trata de uma imagem infantil ou infantilizada, capaz de revelar conteúdos de natureza psicanalítica, mas incapaz de trazer qualquer contribuição a uma discussão que exige, acima de tudo, refinamento intelectual.

E isso tanto para aceitar quanto negar a existência de uma divindade máxima.

Acreditar que cientistas sejam capazes de resolver questões dessa magnitude é, antes de tudo, falta de informação sobre a natureza da ciência.

A ciência existe para, fundamentalmente, diminuir o sofrimento humano. A ciência é capaz de construir um relato inteligível sobre a natureza das coisas, incluindo a origem do Universo e da nossa surpreendente presença nele.

Mas isso não tem qualquer relação com afirmar ou negar, por exemplo, a existência de Deus. Ainda que uma confusão primária neste caso induza a equívocos como dar sequência a uma conversa sem fim e sem finalidade alguma.

Cientistas, de modo geral, conhecem profundamente (até o ponto que se possa considerar profundo) seus campos específicos de pesquisa. Mas costumam ser igualmente ignorante em outros.

Não muitos homens da ciência transcenderam o conhecimento a ponto de articular considerações promissoras numa ponte capaz de conduzir a conexões com um território tão possivelmente surpreende quanto ao de divindades.

Ou o equivalente disso.

Gênios como Erwin Schrödinger (1887-1961), físico austríaco, foi um deles. Seus escritos relacionados à transcendência de um cotidiano restrito, na direção de planos mais refinados de consciência e possibilidades, são, acima de tudo, experiências de profunda satisfação intelectual.

Mas, aqui, as considerações são de natureza incomparável ao que pensa, entre outros, o biólogo inglês Richard Dawkins (no livro, Deus, um Delírio) vítima do que um psicanalista diagnosticaria como “mania de grandeza”.

A batalha a que Dawkins se entregou, no passado recente, não é outra senão a de acuar e destruir o que ele chama de “Deus”.

Assim, entre homens como Schrödinger e Dawkins, para comparar dois cientistas, há uma separação de bilhões de anos luz.

A exploração da pretensa existência de Deus (seja lá o que isso signifique nos mais diferentes contextos considerados) produziu e continua produzindo, torturas, guerras e destruição ceifando vidas de homens, mulheres, velhos e crianças ao longo de milênios de história.

E a descarada exploração da fé por farsantes que deveriam ser processados com base em leis que caracterizam o estelionato, torna tudo isso pior a cada dia.

A TV está repleta de bispos, pastores e outros impostores de todos os credos baseados numa pretensa e razoável concepção de liberdade religiosa.

Mas fundamentalismo científico não é nem um pouco melhor que tudo isso.

O que dá consistência a uma das frases de efeito de G. K. Chesterton (1874-1934), escritor e poeta inglês para quem, “quando deixamos de acreditar em Deus, passamos a acreditar em qualquer besteira”.

Claro que isso não significa tentar provar o que quer que seja.

Esta é apenas uma frase inteligente.

Conteúdo que sempre falta neste tipo de discussão.

Sequenciado o genoma do cacau


A versão pública do genoma está 92% concluída e já identificou cerca de 35 mil genes
por Katherine Harmon
Wikimedia Commons

Cacau: um dos dez maiores cultivos do mundo

Os fabricantes do M&Ms decodificaram uma receita para alguns dos seus produtos mais populares: o genoma da árvore do cacau (Theobroma cacao).

A sequência, publicada on-line no dia 15 de setembro e disponível gratuitamente para o público, foi montada pela Mars Inc. em parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA.

A árvore de cacau (cujas sementes são usadas para fazer o chocolate) se une a outras culturas amplamente consumidas, como milho, trigo e arroz, que já tiveram seu genoma sequenciado. Muitos países produtores de cacau são relativamente pobres e não dispõem dos recursos necessários para o estudo genético avançado. A cultura está entre as 10 colheitas mais negociadas no mundo. A planta do cacau é cultivada em cerca de 17 milhões de hectares em todo o globo e o maior produtor, a Costa do Marfim, exportou cerca de 1,3 milhão de toneladas de sementes de cacau em 2005.

Os pesquisadores estão refinando os dados antes de submetê-los à revisão por colegas. Mas a versão on-line é "plenamente funcional", segundo Howard-Yana Shapiro, botânico da Mars e professor-adjunto na University of California. A versão pública do genoma está 92% concluída e já identificou cerca de 35 mil genes, segundo pesquisadores que trabalham no projeto.

Os cientistas admitem que o mapeamento do genoma do cacau realizado pela Mars "era de nosso interesse", diz Juan Carlos Motamayor, pesquisador e geneticista. Mas, observa ele, os dados também poderiam ajudar a impulsionar a subsistência dos trabalhadores que cultivam cacau e do processo, muitos dos quais vivem na pobreza e trabalham em pequenas propriedades.

Os criadores de cacau poderão começar a utilizar os dados da sequência para selecionar características, como produtividade e resistência, bem como melhorar defesas das plantas contra pragas, dizem os pesquisadores. Os cacaueiros levam vários anos para amadurecer e podem produzir os frutos por décadas. Com esperança de que a nova informação irá eventualmente ajudar os produtores a dobrar ou triplicar seus rendimentos, o genoma pode percorrer um longo caminho para a criação de "um modelo econômico que seja sustentável", observa Shapiro.

Mais resistentes, as culturas com melhor produção também poderiam “adoçar” os preços dos chocolates.

Por que não vivemos para sempre?


Ao envelhecer, as células começam a nos trair. Desvendando os segredos do envelhecimento, cientistas podem tornar a vida mais longa e saudável
por Thomas Kirkwood
SE VOCÊ PUDESSE PLANEJAR como sua vida terminará – suas últimas semanas, dias, horas e minutos –, o que escolheria? Iria, por exemplo, fi car em boa forma até o último momento, para então ir rapidamente? Muitas pessoas dizem que escolheriam essa opção, mas vejo um detalhe importante. Se você se sente bem em um momento, a última coisa que deseja é cair morto na sequência. E para sua família e seus amigos, que sofreriam a perda, sua morte seria um golpe cruel. Mas lidar com uma doença terminal longa e arrastada também não é muito bom, assim como o pesadelo de perder um ente querido na escuridão da demência.

Preferimos evitar pensar sobre o fi m da vida. Mesmo assim, é saudável fazer essas perguntas, ao menos de vez em quando, e defi nir corretamente os objetivos da política e pesquisa médicas. Também é importante perguntar até onde a ciência pode ajudar os esforços para enganar a morte.

Costuma-se dizer que nossos ancestrais lidavam melhor com a morte, ao menos porque a viam com muito mais frequência. Há 100 anos, a expectativa de vida no Ocidente era 25 anos mais curta que hoje, resultado de muitas crianças e jovens adultos morrerem prematuramente por várias causas. Um quarto das crianças morria de infecções antes do quinto aniversário; mulheres jovens sucumbiam às complicações do parto; e mesmo um jovem jardineiro, ferindo a mão em um espinho, poderia ser vítima de envenenamento.

Durante o último século, o saneamento e a medicina reduziram as taxas de mortalidade nos primeiros anos da vida tão drasticamente que a maior parte das pessoas está morrendo muito mais tarde, e a população como um todo é mais velha que antes. A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo. Nos países mais ricos, cresce cinco horas ou mais por dia e, em muitos países em desenvolvimento que estão se livrando do atraso, aumenta ainda mais. A principal causa de morte hoje é o processo de envelhecimento e os vários desastres que ele provoca: o câncer, que leva as células a proliferar fora de controle, ou a doença de Alzheimer, no polo oposto, pela morte prematura dos neurônios.

Até a década de 90, demógrafos previam com confi ança que a tendência histórica de aumento da expectativa de vida logo cessaria. Muitos pesquisadores acreditavam que o envelhecimento era prefi xado – um processo programado em nossa biologia que resultava em um momento predeterminado para morrer.

17 de set. de 2010

Drogas psicodélicas para pacientes terminais?

or David Biello
iStockphoto.com © / Laurie Knight

Pode o princípio ativo dos "cogumelos mágicos" ajudar pessoas com câncer em estado terminal a enfrentar seu destino? Essa foi a pergunta de pesquisadores, que publicaram os resultados em 6 de setembro no Archives of General Psychiatry.

Nossa sociedade gasta tanto esforço evitando a morte que pode ser quase impossível lidar com essa realidade. Para tentar solucionar o problema, o psiquiatra Charles Grob, da UCLA, acompanhou 12 pacientes com câncer, dos quais 11 eram mulheres, entre junho de 2004 e maio de 2008. Todos sofriam de câncer fatal, de tipos que iam de mama a mieloma múltiplo, assim como transtornos de estresse agudo e de ansiedade generalizada por causa da proximidade da morte. Todos concordaram em tomar uma dose moderada (0,2 miligramas por quilo de peso corporal) de psilocibina para constatar se drogas psicodélicas poderiam oferecer algum alívio do medo da morte e da doença.

A decisão incomum do pacientes de aceitar essa terapia deve-se – segundo os autores – à morte iminente. Os pacientes foram levados ao hospital, conectados a um monitor cardíaco em uma sala decorada com cortinas de tecido e flores frescas. Alto-falantes tocavam músicas de sua escolha. Às 10 horas, no dia do tratamento, cada um dos 12 pacientes do estudo tomou a dose adequada de psilocibina por pílula. Os pesquisadores mediram então o funcionamento de vários órgãos vitais, até após a experiência psicodélica acabar, que durou cerca de seis horas.

Apesar de a frequência cardíaca e a pressão arterial subirem por causa da substância, nenhum paciente relatou uma "viagem ruim" e vários constataram redução "significativa" da ansiedade.

Os pacientes geralmente relataram que a substância ajudou-os a examinar as suas vidas e determinar "como dar uma resposta à expectativa de vida limitada". Infelizmente, a partir de publicação da pesquisa, 10 dos 12 indivíduos morreram. Mas ela sugere que o uso de drogas psicodélicas como a psilocibina pode ajudar a aliviar a ansiedade e o desespero existencial para os quais a medicina moderna, em grande parte, não encontrou outra maneira de tratar.

Menor cavalo-marinho do mundo está ameaçado de extinção


O vazamento de petróleo em um poço da BP ocorrido este ano no Golfo do México pode levar o menor cavalo-marinho do mundo à extinção, alerta a Sociedade Zoológica de Londres e a organização de conservação marinha chamada Project Seahorse.

O cavalo-marinho (Hippocampus zosterae), de no máximo 2,5 cm, pode ser encontrado apenas nas águas do oceano da costa do golfo. "Todas as populações de cavalo-marinho da região estão ou serão afetadas, mas o cavalo-marinho-anão tem o maior risco de extinção, pois grande parte do seu hábitat tem sido devastado pelo desastre", conta Amanda Vincent diretora do Project Seahorse.

De acordo com o Project Seahorse, o cavalo-marinho-anão é particularmente vulnerável, devido ao seu pequeno tamanho, hábitat limitado, dificuldade para migrar grandes distâncias e baixa taxa de natalidade.

Esses peixes ficam com seus companheiros durante a vida inteira, por isso mesmo a perda de um pai é duplamente perigosa para a saúde das espécies no longo prazo reprodutivo. E o derrame de petróleo em águas profundas ocorreu durante o tempo reprodutivo desses cavalos-marinhos.

Outro problema é que o cavalo-marinho-anão, ao contrário de outros, muitas vezes vive perto da superfície do oceano em tapetes flutuantes de algas marinhas. Além de o petróleo ter acumulado nesses tapetes, a BP queimou muitos deles para impedir que o óleo chegasse as praias. De acordo com o Project Seahorse, "a queima das esteiras já matou muitos animais marinhos, enquanto privam outros de seu hábitat e os expõe à toxicidade. A ‘grama’ do mar é vital para a saúde em longo prazo dos ecossistemas costeiros, abrigando animais marinhos como um viveiro de peixes, melhorando a qualidade da água”.

Os cavalos-marinhos-anões, também conhecidos como "duendes", são aquisições caras para os aquaristas. Um site os vende por US$ 75 cada e avisa aos clientes que são "muito delicados" e "só para especialistas."

13 de set. de 2010

Vermes marinhos compartilham gene cerebral com humanos

Algumas estruturas cerebrais de anelídeos marinhos se desenvolveram a partir de um ancestral comum
por Katherine Harmon
Cortesia do EMBL / R. Tomer
Imagem do cérebro do verme com da expressão do gene mapeado
Vermes marinhos podem parecer criaturas de raciocínio lento. O mapeamento genético dessas criaturas, porém, mostra que podemos compartilhar um gene cerebral com eles.

A cognição humana é amplamente enraizada no córtex cerebral, parte do cérebro que permite a consciência, linguagem e outras funções de nível superior. Partilhamos fundamentos básicos evolutivos de nosso grande cérebro com outros vertebrados que possuem uma estrutura conhecida como pálio.

A equipe examinou padrões de expressão genética no cérebro desses vermes nos primeiros dias do desenvolvimento larval, usando uma nova técnica chamada de “Perfis de registro de imagens” (PrImR).

"Comparando as impressões digitais moleculares dos órgãos desses poliquetas, ficou claro que são muito semelhantes aos nossos", Detlev Arendt, da Unidade de Biologia do Desenvolvimento no Laboratório de Biologia Molecular em Heidelberg e co-autor do novo estudo.

Baseados na comparação “gene-por-gene”, os pesquisadores descobriram que algumas estruturas cerebrais dos vermes se desenvolveram a partir de um ancestral comum nosso. A sobreposição de fatores de transcrição compartilhada também apoiam a conclusão de que essas estruturas "devem compartilhar um precursor evolutivo comum", conclui Arendt.

Embora esses vermes não sejam nenhum Einstein, o ancestral comum provavelmente foi capaz de usar sua estrutura cerebral basal para integrar a maioria dos sinais sensoriais, provavelmente para encontrar comida.

8 de set. de 2010

ALGAS

Reino protista

1 de set. de 2010

Lago na Argentina 'reproduz condições primitivas da Terra'


Em um lago remoto, a 4,5 mil metros acima do nível do mar e em um hábitat com pouco oxigênio, vivem as "superbactéras".

Esses milhões de organismos resistentes a extremos, descobertos por uma equipe de investigadores da Argentina, poderiam ajudar a revelar como começou a vida na Terra e como seria possível sobreviver em outros planetas.

A descoberta se deu no lago Diamante, na província de Catamarca, no noroeste da Argentina - um espelho de água no meio de uma cratera vulcânica que, segundo os especialistas, é o mais próximo do ambiente primitivo da Terra que existia há 3,4 bilhões de anos atrás.

"Estas lagoas e as bactérias que sobrevivem nelas guardam o segredo de mecanismos de resistência a condições extremas que podem ter muitas aplicações biotecnológicas", disse à BBC Mundo a microbióloga María Eugenia Farías, do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet, na sigla em espanhol).

Se as bactérias são capazes de sobreviver neste ambiente inóspito, sugerem os pesquisadores, talvez pudessem também sobreviver em um hábitat como o do planeta Marte.

A pesquisa se insere na chamada ciência da astrobiologia, que investiga possíveis formas de vida extraterrestre.

Janela para o passado e o futuro

Há uma década, Farías e sua equipe se dedicam a estudar lagoas andinas localizadas entre 3,5 mil e 4,6 mil metros acima do nível do mar.

Na composição das águas dessas lagoas, muitas variáveis são extremas. No lago Diamante, por exemplo, a salinidade é cinco vezes maior do que no oceano e o arsênio, 20 mil vezes mais concentrado que na água considerada potável.


Um tapete bacteriano, associação de algas e bactérias: 'fossil vivo'
A alcalinidade é altíssima, a pressão do oxigênio é muito baixa e a radiação ultravioleta, elevada. As variações da temperatura também são extremas, com oscilações de até 40ºC entre o dia e a noite.

"Essas condições são muito semelhantes às da Terra primitiva, quando não havia camada de ozônio, e às de Marte, onde tampouco (a camada) existe. Nós sabemos que em Marte há água, ou houve água em outros momentos, e na Terra primitiva também havia água, porque foi daí que a vida evoluiu", disse Faría.

Assim, em plena Puna argentina, os cientistas encontraram esses organismos formando os chamados "tapetes microbianos" ou estromatólitos. Essas associações microbianas de algas e bactérias são os primeiros registros conhecidos fósseis – só que agora foram encontrados vivos.

"É como um fóssil vivo: estamos encontrando o ecossistema mais antigo da Terra, vivo e se desenvolvendo nas condições mais semelhantes possível à da Terra primitiva."

O que é particular em relação a estas superbactérias é que elas são capazes de prosperar em ambientes com múltiplas condições extremas – daí seu nome poliextremófilas.

"Agora queremos estudar o DNA completo de todas estas comunidades de bactérias e estudar os genes que lhes ajudam a viver nestas condições. Isto pode nos dizer muito sobre nosso passado", disse Farías.

É como um fóssil vivo: estamos encontrando o ecossistema mais antigo da Terra, vivo e se desenvolvendo nas condições mais parecidas com a da Terra primitiva possível.

María Eugenia de Farías, pesquisadora
Sobre a vida extraterrena, diz a cientista, em teoria não há melhor laboratório que a Puna andina – com suas condições extremas de radiação ultravioleta, água e oxigênio rarefeito – para estudar como seria a sobrevivência de organismos em Marte.

Outros usos

Além disso, a descoberta, única no mundo, também permite antecipar outros usos para as bactérias poliextremófilas – por exemplo, na área de biocombustíveis.

"Se quisermos usar algas para produzir biocombustível, estas podem ser criadas em águas com altos níveis de arsênio, que não são utilizáveis para o consumo humano ou irrigação de colheitas", diz Farías.

Para ela, a alga como matéria-prima para biocombustíveis tem também a vantagem de "não competir por áreas que poderiam ser usadas em outros cultivos", especialmente na produção de alimentos.

Segundo ela, as bactérias também poderiam ser aplicadas em processos de "biorremediação", que se refere ao uso de organismos para restaurar ecossistemas degradados.

Um exemplo seria a recuperação de hábitats em zonas extremas, como a Antártida ou zonas de alta salinidade, nas quais os organismos seriam capazes de sobreviver.

Até a indústria farmacêutica poderia se beneficiar: os mecanismos de resistência desses organismos podem servir para produzir antioxidantes, antibióticos anti-tumorais e até cremes de proteção solar.

Pílula barata pode evitar milhares de mortes por falência cardíaca, diz estudo


Um tratamento com uma pílula tomada diariamente, a um custo inferior a R$ 4 por dia, poderia salvar as vidas de milhares de pacientes com problemas no coração, segundo pesquisadores britânicos.

A droga, chamada ivabradina, já é usada para o tratamento de pessoas com angina (dor no peito).

A pesquisa envolveu mais de 6,5 mil pessoas em 37 países que já usavam outros tratamentos tradicionais como drogas beta-bloqueadoras, que ajudam a regular o batimento cardíaco.

Ao contrário dos beta-bloqueadores, a ivabradina reduz o ritmo do batimento cardíaco sem reduzir também a pressão sanguínea.

Em um período de dois anos, a droga reduziu o risco de morte por falência cardíaca em 26%.

O medicamento teve impacto semelhante sobre pacientes internados com problemas cardíacos agudos.

Os resultados da pesquisa foram apresentados no encontro anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Estocolmo, na Suécia.

Segundo o pesquisador Martin Cowie, a droga não é recomendada para qualquer um, mas apenas para os pacientes que já sofrem com condições cardíacas graves.

Vitamina D pode proteger contra câncer, diabetes e artrite, indica pesquisa


A vitamina D pode proteger o corpo humano contra uma série de doenças ligadas a condições genéticas, incluindo câncer, diabetes, artrite e esclerose múltipla, segundo uma pesquisa britânica recém-publicada.

Os cientistas mapearam os pontos de interação entre a vitamina D e o DNA e identificaram mais de 200 genes influenciados pela substância.

A vitamina D é produzida naturalmente pelo corpo pela exposição ao sol, mas a substância está presente também em peixes e crustáceos e, em menor quantidade, em ovos e leite.

Mas acredita-se que até um bilhão de pessoas em todo o mundo sofram de deficiência de vitamina D pela pouca exposição ao sol.

Já se sabia que a falta de vitamina D podia levar ao raquitismo e havia várias sugestões de ligações com doenças, mas a nova pesquisa, publicada pela revista especializada Genome Research, é a primeira que traz evidências diretas de que a substância controla uma rede de genes ligados com doenças.

Receptores

Os pesquisadores, da Universidade de Oxford, usaram uma nova tecnologia para o sequenciamento do DNA para criar um mapa de receptores de vitamina D ao longo do genoma humano.

O receptor de vitamina D é uma proteína ativada pela substância, que se liga ao DNA e assim determina quais proteínas são produzidas pelo corpo a partir do código genético.

Os pesquisadores identificaram 2.776 pontos de ligação com receptores de vitamina D ao longo do genoma, concentrados principalmente perto de alguns genes ligados a condições como esclerose múltipla, doença de Crohn, lupus, artrite reumatoide e alguns tipos de câncer como leucemia linfática crônica e câncer colo-retal.

Eles também mostraram que a vitamina D tinha um efeito significativo sobre a atividade de 229 genes incluindo o IRF8, associado com a esclerose múltipla, e o PTPN2, ligado à doença de Crohn e ao diabetes do tipo 1.

“Nossa pesquisa mostra de forma dramática a ampla influência que a vitamina D exerce sobre nossa saúde”, afirma um dos coordenadores da pesquisa, Andreas Heger.

Seleção

Os autores afirmam que o consumo de suplementos de vitamina D durante a gravidez e nos primeiros anos de vida podem ter um efeito benéfico sobre a saúde da criança em sua vida no futuro.

Outras pesquisas anteriores já haviam indicado que a pele e os cabelos mais claros entre as populações de partes da Terra com menos incidência de raios solares teriam sido uma consequência da evolução para melhorar a produção de vitamina D.

Segundo os pesquisadores da Universidade de Oxford, isso poderia explicar a razão de seu estudo ter identificado um número significativo de receptores de vitamina D em regiões do genoma com mutações genéticas mais comumente encontradas em pessoas de ascendência europeia ou asiática.

A deficiência de vitamina D em mulheres grávidas pode provocar contrações pélvicas, aumentando o risco de morte da mãe e do feto. Segundo os pesquisadores, essa situação pode ter levado ao fim de linhagens maternais de pessoas incapazes de aumentar sua disponibilidade de vitamina D.

“A situação em relação à vitamina D é potencialmente uma das pressões seletivas mais poderosas no genoma em tempos recentes”, afirma outro coordenador da pesquisa, George Ebers. “Nosso estudo parece apoiar essa interpretação e pode ser que não tivemos tempo suficiente para fazer todas as adaptações de que precisávamos para suportar nossas circunstâncias”, disse.

Total de visualizações de página

 
Desenvolvido por Othon Fagundes