or David Biello | ||||||
Nossa sociedade gasta tanto esforço evitando a morte que pode ser quase impossível lidar com essa realidade. Para tentar solucionar o problema, o psiquiatra Charles Grob, da UCLA, acompanhou 12 pacientes com câncer, dos quais 11 eram mulheres, entre junho de 2004 e maio de 2008. Todos sofriam de câncer fatal, de tipos que iam de mama a mieloma múltiplo, assim como transtornos de estresse agudo e de ansiedade generalizada por causa da proximidade da morte. Todos concordaram em tomar uma dose moderada (0,2 miligramas por quilo de peso corporal) de psilocibina para constatar se drogas psicodélicas poderiam oferecer algum alívio do medo da morte e da doença. A decisão incomum do pacientes de aceitar essa terapia deve-se – segundo os autores – à morte iminente. Os pacientes foram levados ao hospital, conectados a um monitor cardíaco em uma sala decorada com cortinas de tecido e flores frescas. Alto-falantes tocavam músicas de sua escolha. Às 10 horas, no dia do tratamento, cada um dos 12 pacientes do estudo tomou a dose adequada de psilocibina por pílula. Os pesquisadores mediram então o funcionamento de vários órgãos vitais, até após a experiência psicodélica acabar, que durou cerca de seis horas. Apesar de a frequência cardíaca e a pressão arterial subirem por causa da substância, nenhum paciente relatou uma "viagem ruim" e vários constataram redução "significativa" da ansiedade. Os pacientes geralmente relataram que a substância ajudou-os a examinar as suas vidas e determinar "como dar uma resposta à expectativa de vida limitada". Infelizmente, a partir de publicação da pesquisa, 10 dos 12 indivíduos morreram. Mas ela sugere que o uso de drogas psicodélicas como a psilocibina pode ajudar a aliviar a ansiedade e o desespero existencial para os quais a medicina moderna, em grande parte, não encontrou outra maneira de tratar. |
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