A prevalência de baixo peso varia conforme a idade e atinge aproximadamente 1/4 dos brasileiros jovens (18-24 anos) (MS/INAN, 1991). Esta faixa de idade coincide com um dos períodos de maiores mudanças ao longo da vida, quando homens e mulheres assumem novos papéis de maior responsabilidade na sociedade e estas mudanças estão reconhecidamente associadas a maior stress, como por exemplo: maternidade, inserção no mercado de trabalho, constituição de família etc (PNSN, 1989). Em estudo anterior ((28)PNSN), ficou evidenciado o grande déficit de estatura apresentado pelos nossos jovens, consequência do crescimento deficiente ao longo de todo o período de crescimento. Neste estudo, verificou-se que uma importante parcela dos jovens brasileiros são também excessivamente magros.
A frequência do baixo peso diminui com a idade e tende a assumir os menores valores para a faixa etária dos 35 aos 44 anos. Para a população com 45 anos ou mais estas frequências voltam a subir apresentando um salto importante a partir dos 65 anos, para os dois sexos ) (MS/INAN, 1991).
A frequência do baixo peso entre homens se eleva a 20,7% no grupo dos idosos e, entre as mulheres, a prevalência chega a 17,0%. Em números absolutos, o País tem 1 milhão e 300 mil idosos com baixo peso (MS/INAN, 1991).
Consequências da carência de Ferro
A carência de ferro é denominada Anemia Ferropriva ou Anemia por Carência de Ferro. É uma deficiência nutricional grave que afeta grande parcela da população mundial de praticamente todos os estratos sociais. Crianças, gestantes, lactantes (mulheres que estão amamentando), meninas adolescentes e mulheres adultas em fase de reprodução são os grupos mais afetados pela doença, muito embora homens -adolescentes e adultos- e os idosos também possam ser afetados por ela.
A Anemia Ferropriva está associada a maior mortalidade entre mulheres parturientes e ao aumento do risco de nascimento de crianças prematuras e de crianças de baixo peso ao nascer. Alguns estudos relatam a queda de produtividade dos trabalhadores como estando associada a Anemia Ferropriva.
A Anemia Ferropriva e a deficiência de ferro influenciam a resistência dos indivíduos às infecções. Existe uma maior propensão às infecções e maior mortalidade entre crianças com deficiência de Ferro. Além de alguns estudos revelarem atrasos no crescimento.
Baixo Peso - Segundo a Renda
Entre os jovens, a renda parece não atuar de forma muito significativa como determinante do baixo peso. As frequências encontradas diminuem com aumento da renda, mas de forma pouco marcante. Entre os jovens com renda domiciliar mensal per capita inferior a 0,5 salário-mínimo, aproximadamente um em cada 4 apresenta baixo peso. Essa relação é de 1 para 5 quando a renda domiciliar mensal excede a 2 salários-mínimos per capita.
Já entre os mais idosos, a análise dos dados da PNSN evidencia a influência deletéria da baixa renda no seu estado nutricional. A discrepância na prevalência de baixo peso segundo a renda se acentua com a idade, apresentando, o grupo de idosos de menor renda, mais que o dobro da prevalência de baixo peso, quando comparado àqueles grupos cuja renda excede a 2 salários-minímos mensal per capita. Mais de 1/4 dos idosos com renda domiciliar mensal per capita inferior a 0,5 salário-mínimo apresentam baixo peso em comparação com cerca de 10% de idosos cuja renda excede 2,0 SM/capita (MS/INAN, 1991).
Baixo Peso - Segundo Região e Situação de Residência
A maior prevalência de baixo peso, entre a população adulta, é encontrada no Nordeste, atingindo 20% da população maior de 18 anos. A região Sul é aquela com a menor frequência, tendo 10% de sua população adulta e idosa afetadas. Quando analisadas em números absolutos, é na Região Sudeste que a situação é mais grave: nesta, cerca de 6 milhões de pessoas com 18 anos ou mais apresentam baixo peso, seguida da Região Nordeste com 4,5 milhões de adultos atingidos (MS/INAN, 1991).
Em todas as Regiões, a população rural apresenta maior prevalência de baixo peso que a população urbana. Esta diferença se mantém para as 3 faixas de renda estudadas. Em geral, para um mesmo nível de renda domiciliar mensal per capita, residir na zona rural aumenta o risco de apresentar um peso corporal abaixo do limites considerados normais. Isto sugere o nível de atividade física como um dos possíveis determinantes do problema (MS/INAN, 1991).
Desnutrição entre jovens, adultos e idosos
A situação nutricional da criança influencia a suscetibilidade da mesma em contrair doenças, contribuindo para o agravamento de infecções crônicas recorrentes e é reflexo de práticas inadequadas de amamentação e alimentação. Além do efeito mais desfavorável, ou seja, a mortalidade, a Desnutrição Energética Protéica (DEP), prolonga o tempo de internação hospitalar e resulta em seqüelas para o desenvolvimento mental (PNDS, 1997; PNAN, 1999).
Dados oriundos da PNDS, realizada em 1996 - estudo de base populacional mais recentes para o Brasil - , indicam que 11% das crianças menores de 5 anos estão abaixo de -2DP (desvio-padrão) para o indicador Altura por Idade (A/I), que reflete o déficit estatural do indivíduo. A prevalência do déficit de estatura entre as crianças menores de 5 anos de idade variava notavelmente nas regiões brasileiras: entre 5,1% no Sul e 17,9% no Nordeste (PNDS, 1997).
Adicionalmente, duas em cada dez crianças com déficit estatural (desnutrição crônica) no Brasil têm baixo peso constitucional, isto é, estão situadas abaixo de -3DP e padeceriam de nanismo nutricional grave. Ao se considerar o sexo da criança, nota-se maior presença da desnutrição entre meninos (PNDS, 1997).
Com relação a idade, a menor prevalência de Desnutrição corresponde às crianças menores de seis meses, havendo, a partir dessa idade, um aumento brusco na prevalência da DEP. O maior percentual de Desnutrição ocorre na faixa etária de um a dois anos de idade (15,1%). A partir dessa idade, a prevalência tende a diminuir. Similar tendência verifica-se entre as crianças com nanismo nutricional grave (A/I -3dp), quando a maior prevalência de nanismo coincide com o período do desmame (PNDS, 1997).
Segundo indicador peso por altura (P/A), apenas 2,3% das crianças padecem de desnutrição aguda. Os casos mais graves, crianças abaixo de -3DP, apresentam prevalências inferiores a 1% em todos as idades, denotando assim a menor prevalência de desnutrição aguda (atual/recente) no País. (PNDS, 1997).
Considerando-se o indicador peso por idade (P/I), cerca de 6% das crianças estão abaixo de -2DP (PNDS, 1997).
Desnutrição Infantil - Segundo a Região Geográfica e a Situação de Residência
Segundo as Regiões, o Norte e o Nordeste, apresentam as maiores proporções de Desnutrição Infantil . No Nordeste, a proporção de desnutrição crônica é de 18%. Se, por um lado, este é o maior percentual entre as Regiões, salienta-se que, uma década atrás, esta Região apresentava proporções na ordem de 28% (PNSMIPF-86), isto é, houve uma diminuição de mais de um terço na prevalência de DEP no Nordeste, segundo o indicador A/I (PNSMIPF-86 in PNDS,1997).
Com relação à situação de residência , existe claramente maior prevalência de Desnutrição Crônica na área rural, correspondendo a uma prevalência de DEP duas vezes maior, comparada à área urbana. Já a prevalência de Desnutrição Crônica(A/I) revela percentuais similares entre as duas áreas de residência (urbana e rural) (PNDS, 1997).
Indicadores de Desnutrição Infantil por Características Demográficas e Sócio-Econômicas Selecionadas - PNDS, 1996
Entre as crianças menores de cinco anos, porcentagem classificada como desnutrida de acordo com três índices antropométricos: altura para a idade, peso para a idade e peso para a altura, segundo características demográficas e sócio-econômicas selecionadas. Brasil, PNDS 1996.
Indicadores de desnutrição infantil por características demográficas e sócio-econômicas selecionadas entre as crianças menores de cinco anos, porcentagem classificada como desnutrida de acordo com três índices antropométricos: altura para idade, peso para a idade e peso para a altura, segundo caracterísitcas demográficas e sócio-econômicas selecionadas.
Fonte: portalweb01.saude.gov.br