Lilypad, a cidade flutuante.
Chamada Lilypad, a sua construção foi inspirada num nenúfar gigante descoberto na Amazónia por Thaddeaus Haenke, no início do século XIX. O botânico alemão baptizou-o de Vitória régia, em homenagem à rainha Vitória de Inglaterra...
Pânico ecológico - Humanidade precisará de dois planetas em 2030.
Com o actual ritmo de consumo dos recursos naturais do nosso planeta, segundo o relatório Planeta Vivo de há dois anos - responsabilidade da organização WWF, Sociedade Zoológica de Londres e da Global Footprint Network - precisaríamos de um segundo planeta por volta do ano 2050...
A China vista dos Céus.
A China não cessa de nos surpreender; a fotografia aérea também, ao revelar-nos formas, cores e texturas improváveis que nos dão uma outra noção do espaço. Este conjunto de fotografias aéreas da China põe em evidência o contraste entre a dimensão humana e a vastidão do imenso território chinês...
O Natal, o Papai Noel e a Coca-Cola.
A lenda do Papai Noel (Pai Natal em Portugal) é inspirada no arcebispo São Nicolau Taumaturgo, que viveu na Turquia no século IV. Ele tinha o costume de ajudar os necessitados depositando um pequeno saco com moedas de ouro, entrando nas casas pela lareira...
Publicidade - Os direitos dos animais.
Criatividade e consciencialização são palavras de ordem na nova campanha publicitária realizada pela agência WCRS, que assina Born Free “Keep wildlife in the Wild”. Qualquer um de nós tem consciência da quantidade de pessoas, que por falta de recursos ou alternativas, vivem nas ruas. A última campanha da Born Free, pega nesta ideia e coloca animais selvagens, sem lar, em cenários urbanos...
15 de jun. de 2010
11 de jun. de 2010
Darwin psicólogo, o lado desconhecido do gênio

Darwin conduziu um dos primeiros estudos sobre como as pessoas reconhecem a emoção nos rostos, de acordo com pesquisa de Peter Snyder, neurocientista da Brown University. Snyder se baseou em documentos biográficos inéditos, agora divulgados na edição de maio do Journal of the History of the Neurosciences.
Lendo cartas de Darwin na University of Cambridge, na Inglaterra, Snyder observou várias referências a uma pequena experiência sobre emoções que o cientista realizara em sua casa. Com a ajuda de bibliotecários, Snyder descobriu notas com caligrafia ilegível das mãos idosas de Darwin e com a letra de sua esposa, Emma. Embora o fascínio de Darwin com a expressão emocional seja bem documentado, ninguém tinha reunido os detalhes de sua experiência caseira. Agora, surge uma narrativa completa.
“Darwin aplicou um método experimental que, na época, era muito raro na Inglaterra vitoriana", disse Snyder. "Ele avançou nas fronteiras de todos os tipos de ciências biológicas, mas suas contribuições para a psicologia são pouco conhecidas."
Em 1872, Darwin publicou o texto "A expressão das emoções no homem e nos animais”, no qual argumentava que todos os seres humanos e até mesmo outros animais expressavam emoções por meio de comportamentos notavelmente similares. Para Darwin, a emoção tinha uma história evolutiva que poderia ser rastreada através de culturas e espécies. Hoje, muitos psicólogos concordam que certas emoções são universais para todos os seres humanos, independentemente da cultura: raiva, medo, surpresa, nojo, alegria e tristeza.
Ao escrever o livro, Darwin correspondeu-se com vários pesquisadores, incluindo o médico francês Guillaume-Benjamin-Amand Duchenne, para quem os rostos humanos poderiam expressar pelo menos 60 emoções distintas, dependendo do grupo específico de músculos faciais. Em contraste, Darwin acreditava que as musculaturas faciais trabalhavam juntas para criar um conjunto de apenas algumas emoções.
Duchenne estudou a emoção através da aplicação de uma corrente elétrica nos rostos. Ao estimular a combinação correta de músculos faciais, Duchenne imitou expressões emocionais genuínas. Ele produziu mais de 60 fotos de suas cobaias humanas, demonstrando o que acreditava ser emoções distintas.
Mas Darwin discordou. "Comecei a olhar para o álbum dos fotogramas que Darwin tinha recebido de Duchenne", disse Snyder. "E Darwin escreveu essas notas críticas nele, dizendo: ‘Eu não acredito nisso. Isso não é verdade’".
Segundo Darwin, apenas alguns slides de Duchenne representariam emoções humanas universais. Para testar essa ideia, ele realizou um estudo duplo-cego em sua casa no condado de Kent, Inglaterra. Darwin escolheu 11 de slides de Duchenne, colocou-os em uma ordem aleatória e apresentou-os um de cada vez para mais de 20 dos seus convidados, sem quaisquer sugestões ou questões de liderança. Então pediu aos amigos que adivinhassem qual emoção cada slide representava. “Esse tipo de controle experimental seria considerado rudimentar atualmente, mas foi avançado no tempo de Darwin”, ressalta Snyder.
De acordo com as notas nos manuscritos e nas tabelas de dados estudados por Snyder, os convidados de Darwin concordaram quase unanimemente sobre a felicidade, tristeza, medo e surpresa, mas discordaram sobre outras emoções. Para Darwin, apenas os slides fotográficos de emoções básicas eram relevantes.
Darwin utilizou os resultados de seu experimento do século 19 para melhorar a própria compreensão da emoção e da expressão. Mas seus métodos pioneiros continuam a ser relevantes para psicólogos atuais.
"Hoje usamos quase a mesma técnica, e até mesmo os estímulos, para avaliar o reconhecimento emocional de uma variedade de doenças psiquiátricas, como o autismo e a esquizofrenia", disse Snyder. "Os métodos de abordagem de Darwin não estão presos no tempo.”
Quem não escova os dentes duas vezes por dia tem mais risco de doença cardíaca

iStockphoto/Diego Cervo
Nunca minta para o seu dentista. E seu cardiologista pode pedir que você escove os dentes com mais frequência.
Segundo um novo estudo com base populacional, escovar os dentes menos de duas vezes por dia pode levar a um aumento de 70% do risco de uma doença cardiovascular.
Os pesquisadores examinaram relato de hábitos de higiene oral e de doenças coronárias em 11.869 adultos com idade entre 35 e 50 anos, baseados no Scottish Health Survey. A equipe liderada por César de Oliveira, pesquisador de epidemiologia e saúde pública da University College London, acompanhou indivíduos após uma média de oito anos para ver se sofreriam ataques cardíacos ou doenças coronarianas.
E descobriram que quem não escovava os dentes pelo menos de duas vezes por dia tinha maior probabilidade de ser do sexo masculino, idoso, fumante e com outros problemas de saúde (como diabetes, hipertensão e obesidade).
Muitos estudos precedentes encontraram relação semelhante, embora outros dados mostrem aumento mais modesto no risco. Um estudo de 2000, no entanto, não conseguiu estabelecer uma relação convincente entre periodontite e doença coronariana crônica em um estudo com mais de 8 mil pessoas durante 20 anos. Porém, os autores do novo estudo observaram que a doença periodontal aumenta o risco de contrair um problema cardiovascular em 19% (esse número salta para 44% para as pessoas com doença periodontal antes dos 65 anos). “Esse nível de risco pode aumentar e tem um profundo impacto na saúde pública", observaram os autores.
Embora o estudo não seja uma prova de nexo de causalidade, os pesquisadores destacam a inflamação como um possível mecanismo por trás da relação entre a doença periodontal e a cardíaca.
A inflamação crônica e a resposta do organismo podem ser a um fator importante para a doença cardíaca e, como observaram os autores, a doença periodontal é uma das infecções crônicas mais comuns e está associada a uma resposta inflamatória sistêmica moderada.
Como parte do estudo, Oliveira e seus colegas testaram amostras de sangue de 4.830 indivíduos do estudo por dois principais marcadores inflamatórios (proteína C reativa e fibrinogênio). Encontraram forte associação entre maus hábitos de higiene oral e os níveis elevados desses marcadores, sugerindo a inflamação como uma possível ligação entre a saúde oral e a do coração. A possibilidade deve ser suficiente, segundo os autores, para os médicos ficarem alertas sobre uma possível fonte oral de um aumento de cargas inflamatórias. E isso poderia ser apenas mais um motivo para as pessoas a escovarem com mais frequência
A vida secreta das trufas

por James M. Trappe e Andrew W. Claridge
É um dia frio de novembro perto de Bolonha, Itália. Caminhamos pelo bosque com o trufeiro Mirko Illice e seu cãozinho, Clinto, que corre para a frente e para trás, em meio aos carvalhos. Ele cheira a terra, para, depois corre de novo. De repente, começa a escavar furiosamente com as duas patas. “Ah, encontrou uma trufa branca italiana”, Mirko explica. “Ele usa as duas patas quando depara com uma delas.” Com jeito, Mirko afasta o cachorro agitado do local e enfi a a mão na terra. Extrai uma pelota marrom- amarelada, do tamanho de uma bola de golfe e a cheira. “Benissimo, Clinto”, Mirko exclama. Embora não seja o exemplar mais sofi sticado da espécie, o Tuber magnatum – que cresce apenas no norte da Itália, na Sérvia e na Croácia – descoberto por Clinto atingirá o belo preço aproximado de US$ 50 no mercado de sábado. No decorrer da história, as trufas se impuseram no cardápio e no folclore. O faraó Quéops as servia em sua mesa real. Beduínos, bosquímanos do Kalahari e aborígines australianos procuravam-nas por incontáveis gerações no deserto. Romanos as saboreavam, acreditando serem produzidas pelos trovões. Gastrônomos modernos valorizam as trufas pelo seu sabor e aroma de terra, sempre dispostos a pagar preços altos no mercado: recentemente, mais de US$ 3 mil por quilo da variedade branca italiana. No entanto, apesar do interesse duradouro pelos fungos, grande parte de sua biologia ainda permanece envolta em mistério. Mas, nas últimas duas décadas, análises genéticas e observações de campo esclareceram origens e funções desses organismos, revelando que desempenham papel essencial em vários ecossistemas. Essas descobertas sugerem estratégias para preservar algumas espécies ameaçadas, que ainda permanecem entre esses seres alienígenas do subterrâneo.
Um Fungo Entre Nós
As trufas, assim como os cogumelos, são os frutos dos fungos. Esses órgãos carnudos, estruturas reprodutivas temporárias que produzem esporos, por fim germinarão, dando origem a novos descendentes. A diferença entre trufas e cogumelos é que os frutos das primeiras, repletos de esporos, se formam abaixo do solo e não acima. Tecnicamente, as trufas verdadeiras são os fungos que pertencem ao filo Ascomycota, vendidas como alimento. Porém há fungos parecidos com as trufas ou as “trufas falsas” do filo Basidiomycota que funcionam como as verdadeiras. Por causa dessas semelhanças, referimo-nos a todos os cogumelos carnudos que frutificam debaixo da terra como trufas. Os esforços científi cos para revelar os segredos das trufas datam do século 19, quando potenciais trufeiros pediram ao botânico Albert Bernhard Frank que descobrisse como essas iguarias se propagavam. Os estudos de Frank revelaram que os fungos crescem sobre e dentro das minúsculas raízes nutridoras usadas pelas árvores para absorver água e nutrientes do solo. Com base nessas observações, propôs que os organismos mantêm uma relação simbiótica, na qual cada um fornece nutrientes ao outro. Ele ainda postulou que essa relação entre fungos subterrâneos e plantas é generalizada e modela o crescimento e a saúde de muitas comunidades botânicas. As teorias de Frank contradiziam o senso comum sobre trufas e outros cogumelos, ou seja, que introduziriam doenças e podridão nas plantas – e atraíram considerável oposição de seus colegas. Porém, embora quase um século se passasse antes que os acadêmicos tivessem evidências definitivas, Frank estava certo. Todas as trufas e cogumelos produzem uma rede de filamentos, ou hifas, que crescem entre as raízes das plantas, formando um órgão compartilhado de absorção conhecido como micorrizas. Assim juntos,o fungo fornece nutrientes preciosos e água às plantas, e suas minúsculas hifas conseguem alcançar bolsões de solo inacessíveis às raízes muito maiores das plantas.
A estranha visão dos cegos

O vídeo que meus colegas e eu gravamos é incrível. Um homem cego caminha por um longo corredor repleto de caixas, cadeiras e artigos de escritório espalhados. Conhecido no mundo médico como TN, ele não sabe que os obstáculos estão lá, mas mesmo assim se desvia de todos, esgueirando-se cuidadosamente entre uma lixeira e a parede aqui, circundando um tripé de câmera ali; tudo isso sem se dar conta de que fez manobras especiais. TN pode não enxergar, mas ele tem a visão cega – a notável capacidade de responder ao que seus olhos detectam sem saber que pode ver alguma coisa. (O filme do experimento está em www.scientifiamerican.com/ may2010 / blindsight.)
A cegueira de TN é de um tipo extremamente raro, causada por dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs) sofridos em 2003. Danificou-se uma área na parte traseira de seu cérebro chamada córtex visual primário, primeiro no hemisfério esquerdo e, cinco semanas depois, no direito. Seus olhos continuam perfeitamente saudáveis, mas, como seu córtex visual não recebe mais os sinais enviados, TN ficou completamente cego.
Esse estudo sobre TN circulando no corredor é provavelmente a demonstração mais dramática sobre a visão cega já feita. Outros pacientes que perderam a visão por causa de danos nessa região exibiram casos menos espetaculares, mas igualmente misteriosos, do fenômeno, respondendo a coisas que eles não podiam enxergar conscientemente, desde formas geométricas simples até a imagem complexa do rosto de uma pessoa expressando uma emoção. Cientistas também induziram efeitos similares em pessoas saudáveis, “desligando” temporariamente o córtex visual ou contornando-o de outras formas.
A pesquisa atual sobre a visão cega busca entender a gama de habilidades de percepção que possam ser retidas por quem sofre de cegueira cortical e determinar quais regiões do cérebro e caminhos neuronais são responsáveis. O conhecimento obtido diz algo sobre todos nós, porque, mesmo que nunca venhamos a sofrer um dano catastrófico como o de TN, as mesmas funções cerebrais inconscientes que se manifestam nele, como a surpreendente capacidade de ver sem saber, são, certamente, uma parte constante e invisível da nossa própria existência diária.