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Cientistas criaram
micro-organismos cobertos por semicondutores que, assim como as plantas,
podem gerar energia a partir da luz do sol, dióxido de carbono e água,
mas de forma muito mais eficiente.
As bactérias "ciborgues" produzem ácido acético, que pode ser transformado em combustível e em plástico.
Durante
testes realizados em laboratório, a bactéria se provou muito mais
eficiente em absorver energia do sol do que as plantas.
O estudo foi apresentado em um encontro da Sociedade Americana
de Química (ACS, na sigla em inglês) em Washington, nos Estados Unidos.
Há muitos anos cientistas vinham tentando replicar artificialmente a fotossíntese.
Ciborgues
Na
natureza, a clorofila é a chave para esse processo, ajudando as plantas
a converter gás carbônico e água, usando a energia solar, em oxigênio e
glicose.
Mas cientistas dizem que esse processo, embora funcione, é relativamente ineficiente.
Isso
tem representado um grande problema para a maioria dos sistemas
artificiais desenvolvidos até agora. O experimento busca aprimorar essa
eficiência ao equipar a bactéria com "painéis solares".
Depois de
estudarem a antiga literatura sobre a microbiologia, pesquisadores
perceberam que algumas bactérias têm uma defesa natural contra cádmio,
mercúrio ou chumbo, o que permite a esses micro-organismos transformar
metais pesados em um sulfureto, caracterizado por um minúsculo
semicondutor cristalino em suas superfícies.
"É ridiculamente
simples, aproveitamos uma habilidade natural dessas bactérias que nunca
foi examinada através das lentes dos microscópios", diz Kelsey Sakimoto,
da Universidade de Harvard, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
"Nós
as cultivamos e introduzimos uma pequena quantidade de cádmio, e
organicamente essas bactérias produzem cristais de sulfeto de cádmio que
então se aglomeram no topo de seus corpos", acrescenta.
"Você as
cultiva em um líquido e adiciona pequenas gotas de solução de cádmio.
Após alguns dias, aparecem esses organismos fotossintéticos", explica
Sakimoto.
"É tudo muito simples, é como uma alquimia."
Essas
bactérias "encorpadas" produzem ácido acético, essencialmente vinagre, a
partir do gás carbônico, água e luz. A eficiência do processo é de 80%,
quatro vezes maior do que o nível de painéis solares comerciais e mais
do que seis vezes o nível da clorofila.
Luz solar
Sakimoto
diz acreditar que essas bactérias podem ser mais eficientes do que
outras iniciativas de gerar combustível verde a partir de fontes
biológicas.
Atualmente, outras técnicas de fotossíntese artificial exigem eletrodos sólidos e caros.
Já
o processo que usa a bactéria "ciborgue" só exige vasos grandes cheios
de líquido expostos ao sol - a partir daí, as bactérias se autorreplicam
e se autorregeneram.
Trata-se,
portanto, de uma tecnologia de baixo resíduo e que deve gerar mais
resultados em áreas rurais ou em países em desenvolvimento.
As pesquisas foram realizadas na Universidade da Califórnia em Berkeley, no laboratório de Peidong Yang.
"O
objetivo da pesquisa no meu laboratório é essencialmente
'superalimentar' bactérias não fotossintéticas ao fornecer a elas
energia na forma de elétrons de semicondutores, como sulfureto de
cádmio, que absorvem a luz de forma mais eficiente", diz Yang.
"Agora
estamos buscando absorvedores de luz mais benignos do que o sulfureto
de cádmio para fornecer à bactéria a energia que vem da luz",
acrescenta.
Os pesquisadores dizem acreditar que o processo,
embora constitua um passo novo e importante, pode não ser a tecnologia
que prevalecerá.
"Há tantos sistemas surgindo e realmente só
começamos a explorar as diferentes formas de combinar química e
biologia", explica Sakimoto.
"Há uma possibilidade real de que há alguma tecnologia que vai surgir e melhorar nosso sistema", conclui.
http://www.bbc.com/portuguese/geral-41017577
Para a maioria dos animais - inclusive os seres humanos -, a falta de oxigênio é fatal em questão de minutos.
Embora possamos metabolizar carboidratos sem oxigênio, esse processo produz o ácido lático, que se acumula rapidamente no corpo.
Já
o peixinho dourado - um dos peixes de aquário mais comuns - e a carpa
são capazes de sobreviver por até cinco meses sem oxigênio em lagoas e
lagos gelados do norte da Europa. E agora, os pesquisadores descobriram
como eles conseguem.
Na maioria dos animais, há um tipo de proteína que leva os
carboidratos para a mitocôndria, que gera energia para as células. Na
ausência de oxigênio, o consumo de carboidratos gera ácido lático, do
qual os peixes não conseguem se livrar e que pode matá-los rapidamente.
Mas,
egundo uma equipe de cientistas europeus, carpas e peixinhos dourados
têm um segundo conjunto de enzimas que, no momento em que os níveis de
oxigênio caem, transformam os carboidratos em álcool, que pode ser
liberado facilmente por meio de suas brânquias, os órgãos de respiração
dos peixes.
"Essa segunda via só é ativada na falta de oxigênio",
explica à BBC Michael Berenbrink, cientista da Universidade de
Liverpool, no Reino Unido, e membro da equipe de pesquisa.
"A
camada de gelo (na superfície dos lagos) os separa do ar. Por isso,
quando o lago está coberto de gelo, o peixe consome todo o oxigênio e
depois passa a produzir álcool." 'Bêbados'
Quanto mais tempo estes peixes ficam sob o gelo e sem ar, maiores são os níveis de álcool em seu corpo.
"Se você mede esses níveis quando eles estão no
lago, o álcool no sangue dos peixes supera 50 mg por 100 mililitros,
acima do nível que é permitido para dirigir na Escócia e em outros
países do norte da Europa", afirma Berenbrink.
"Assim, podemos dizer que eles estão realmente sob efeito de álcool", diz.
Mas, e os peixes estejam repletos de álcoool, não é isso que provoca sua morte.
Se o inverno for muito prolongado, eles consomem toda a energia que têm acumulada no fígado e morrem.
Reposição
Segundo
os pesquisadores, é possível tirar algumas lições importantes da
adaptação evolutiva que produz esse conjunto duplicado de genes, que
permitiu a estas duas espécies manter o funcionamento original do
organismo, mas também ter um "plano B" para conseguir energia.
"A
produção de etanol (álcool) permite que a carpa, por exemplo, a seja a
única espécie que sobrevive e explora ambientes hostis. Isso evita
também a competição e a ameaça de outras espécies de peixes que
normalmente interagem com ela em águas com melhor oxigenação", diz
Cathrine Elisabeth Fagemes, da Universidade de Oslo, na Noruega,
principal autora do estudo.
"Por isso, não é estranho que o primo
da carpa, o peixinho dourado, seja um dos animais de estimação mais
resilientes que os humanos podem ter."
Os cientistas calcularam
ainda - embora apenas por diversão - quanto tempo seria necessário para
produzir uma bebida alcoólica a partir das secreções de um desse peixes.
"Se você colocá-lo em um copo de cerveja e tapá-lo, levaria 200 dias para atingir um nível de álcool de 4%", conta Berenbrink.
ROTEIRO
DE ESTUDOS PARA A RECUPERAÇÃO – PRIMEIRO ANO
1.A teoria endossimbiótica, proposta pela
bióloga Lynn Margulis, indica que os primeiros eucariontes eram organismos
anaeróbios, heterotróficos e que se alimentavam fagocitando bactérias aeróbicas
e fotossintetizantes. Essas bactérias fagocitadas pelos eucariontes simples
teriam mantido com eles relação simbiótica harmônica e, com o tempo, passaram a
constituir um só organismo.
Quais as características da mitocôndrias e
cloroplastos relacionadas com essa teoria?
2.Explique as funções de cada uma das
organelas e suas respectivas funções.
3. Há cerca de quatro décadas,
observou-se que algumas células que não possuíam mitocôndrias apresentavam
outra organela até então desconhecida. Um dos primeiros relatos científicos
sobre essa nova organela eucariota citoplasmática foi apresentado por Lindmark
e Müller, em 1973, no Journal of Biological Chemistry. Naquele momento, a nova
estrutura recebeu o nome de microcorpos e, a princípio, foi considerada um
peroxissomo, dada sua semelhança com este. No entanto, para surpresa dos
pesquisadores, estudos bioquímicos não demonstraram a presença de catalase ou
de outras oxidases características de peroxissomos. Estudos mais recentes e
precisos descreveram detalhadamente esses microcorpos, agora denominados
hidrogenossomos, mas identificaram-nos apenas em algumas variedades de
organismos protistas de vida livre. Observou-se sobretudo que, dada a ausência
de mitocôndrias, os hidrogenossomos são os principais responsáveis pelo
desempenho da função dessas organelas, realizando, portanto:
Explique
a função dos hidrogenossomos? Sintesese de ATP, assim como mitocôndrias e
cloroplastos.
4.Quais
as funções do retículo endoplasmático rugoso?Qual organela seria responsável
pela síntese de colágeno?
5.Quais
as organelas que são responsáveis pela síntese e secreção de hormônios, como a
insulina por exemplo?
6.
Qual a função do DNA mitocondrial e qual sua origem?
7.
A célula animal é desprovida de uma membrana celulósica rígida, como acontece
com as células vegetais. Desse modo, no hialoplasma da célula animal, existem
vários tipos de fibras proteicas em diversas direções, que lhe conferem
consistência e firmeza, compondo o citoesqueleto.
a)
A associação de proteínas motoras aos microfilamentos constituídos por tubulina
permite que organelas sejam deslocadas pelo interior das células. As proteínas
motoras ligam-se, de um lado, aos microfilamentos e do outro, à organela, que
será transportada, permitindo seu deslocamento. Sobre os elementos deste e os
movimentos de que eles participam, assinale a alternativa correta.
b)
Os filamentos intermediários, mais delicados e menos duráveis, encontram-se no
citoplasma de células eucarióticas animais, como, por exemplo, nas células que
revestem a camada mais externa da pele, conhecidos como filamento intermediário
de queratina, cuja função é impedir que essas células se rompam ou se separem,
quando submetidas a um esticamento.
c)
Os microfilamentos são encontrados apenas no citoplasma periférico de células
eucarióticas animais; são constituídos de proteína tubulina, são finos e
flexíveis, envolvendo-se, por exemplo, na movimentação das células brancas do
sangue e na fagocitose de corpos estranhos, que essas células executam.
d)
Os microtúbulos, filamentos grossos, tubulares, rígidos e constituídos de
moléculas da proteína contrátil, actina, estão envolvidos na formação do fuso
de divisão celular ou c durante a divisão celular.
e) Nas células musculares, os microfilamentos de actina associam-se
a filamentos mais grossos e também contráteis de miosina. A interação da actina
com a miosina possibilita a contração suave, lenta e rítmica do intestino,
denominada de peristaltismo, que possibilita o deslocamento do “bolo alimentar”
nele contido.
8.
O desenho representa origem e ação de organela celular presente em muitos seres
vivos.
Qual
organela realiza o processo acima e qual sua função?
9.
As figuras representam algumas células do nosso corpo. Analise-as e escolha a alternativa
que descreve corretamente o tipo de célula, suas características e função.
a)
A figura A representa um linfócito, célula agranulocítica do sangue,
responsável pela produção de anticorpos.
b) A figura B representa um neutrófilo, célula de núcleo geralmente
trilobulado e citoplasma rico em granulações finas, cuja principal função é
fagocitar microrganismos que eventualmente invadam nosso corpo.
c)
A figura C representa um fibroblasto, célula abundante no tecido epitelial,
responsável pela produção de fibras proteicas e da substância fundamental
amorfa.
d)
A figura D representa um neurônio, célula nervosa, rica em prolongamentos
citoplasmáticos, que participa do processo de cicatrização do tecido nervoso.
e)
A figura E representa o mastócito, célula conjuntiva, com grande capacidade de
fagocitose, importante no mecanismo de defesa, combatendo elementos estranhos
ao nosso corpo.
10.
Estudar as células sanguíneas e suas funções.
11.
O tecido conjuntivo possui três fibras colágenas, reticulares e elásticas.
Sobre elas, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
a)
As fibras colágenas são constituídas da proteína colágeno, polimerizada fora
das células, a partir do tropocolágeno sintetizado pelos macrófagos.
b)
Quanto maior a quantidade de colágeno nos tecidos, maior a elasticidade, como
por exemplo, nos tendões, o colágeno distribui-se em uma só direção, enquanto,
no cordão umbilical, formam uma malha difusa entre as células do tecido.
c) Os pulmões são órgãos facilmente sujeitos a expansões de volume,
pois são ricos em fibras elásticas, constituídas por elastina, proteína cuja
principal função é dar elasticidade aos locais onde se encontram.
d)
As células de certos órgãos como o baço e os rins são envolvidas por uma trama
de sustentação constituída de fibras reticulares cujo principal componente é a
elastina, uma escleroproteína.
e)
As fibras colágenas assim como as elásticas são constituídas de microfibrilas
de colágeno que se unem formando as fibrilas de colágeno, e estas se unem, formando
as fibras de colágeno.
12.
Em uma aula de microscopia, um aluno recebeu cinco lâminas para descrição e
identificação do tecido correspondente a cada material. Posteriormente, fez
suas anotações em cinco fichas que são transcritas abaixo.
Analise
a alternativa que descreve corretamente o tecido da lâmina.
a) I – Camada única de células achatadas e delgadas, revestindo o
interior dos vasos sanguíneos: endotélio.
b)
II – Fibras de colágeno orientadas em uma direção (derme) ou em várias direções
(tendões e ligamentos): tecido conjuntivo denso.
c)
III – Quantidade abundante de fibras colágenas, presentes nos discos
intervertebrais: cartilagem elástica.
d)
IV – Uma única camada de células, apresentando alturas diferentes, revestindo a
bexiga urinária: músculo liso.
e)
V – Células com vários núcleos periféricos e com estrias transversais: tecido
muscular estriado cardíaco.
13.
Os tecidos epiteliais são classificados, tomando-se como base a estrutura e a
organização celular e suas funções. Sobre isso, analise o quadro a seguir:
Assinale
a alternativa que contém a classificação correta dos tecidos.
a)
I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio estratificado de transição; III –
Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio simples prismático; V – Epitélio
simples pavimentoso; VI – Epitélio estratificado pavimentoso.
b)
I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio pseudoestratificado; III – Epitélio
estratificado pavimentoso; IV – Epitélio simples pavimentoso; V – Epitélio
simples prismático; VI – Epitélio estratificado de transição.
c)
I – Epitélio simples pavimentoso; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III
– Epitélio estratificado de transição; IV – Epitélio simples prismático; V –
Epitélio cúbico simples; VI – Epitélio pseudoestratificado.
d)
I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III –
Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio simples prismático; V – Epitélio
simples pavimentoso; VI – Epitélio estratificado de transição.
e)
I – Epitélio simples pavimentoso; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III
– Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio cúbico simples; V – Epitélio
simples prismático; VI – Epitélio estratificado de transição.
14.Estudar
os tipos de epitélios.
15.Estudar
as células sanguíneas e suas funções
16.No
citoplasma das células são encontradas diversas organelas, cada uma com funções
específicas, mas interagindo e dependendo das outras para o funcionamento
celular completo. Assim, por exemplo, os lisossomos estão relacionados ao
complexo de Golgi e ao retículo endoplasmático rugoso, e todos às mitocôndrias.
a) Explique que relação existe entre
lisossomos e complexo de Golgi.
b) Qual a função dos lisossomos?
17.Explique
o modelo do mosaico fluido e os tipos de transporte de membrana.
Como o acesso à linguagem afeta o desenvolvimento e o aprendizado de bebês e crianças pequenas? A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou a investigar a fundo essa questão ao operar bebês com problemas auditivos.
Ela percebeu que, entre os bebês que recebiam implantes cocleares (implantes para casos de surdez profunda), os que melhor desenvolviam a habilidade de se comunicar eram os que moravam em lares onde havia mais diálogo, mais interação e mais variedade de vocabulário.
Suas percepções foram reforçadas por um estudo de 1995 que havia identificado que crianças com menos acesso à linguagem (muitas delas em situações de pobreza) chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade em comparação a outras em situação mais favorável - e essas últimas se mostravam mais preparadas ao entrar na escola, tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e, por consequência, conseguiam notas mais altas.
Como uma grande parte do crescimento do cérebro é concluída justamente aos quatro anos, "as crianças que largavam na frente (em termos de linguagem) continuavam à frente; as que começavam com defasagens ficavam para trás", apontou o estudo.
Para diminuir essas disparidades de linguagem em crianças de famílias carentes, Suskind criou em Chicago, nos Estados Unidos, a Iniciativa Trinta Milhões de Palavras, programa que, desde a maternidade e nas visitas pediátricas, ensina pais e mães a respeito da importância de conversar e interagir com os bebês desde seu primeiro dia de vida, para estimular a construção de novas conexões neurais no pequeno cérebro que se forma.
"Temos aprendido que os cérebros podem ser construídos - ele se alimenta de linguagem e de um ambiente enriquecedor provido pelos adultos nos primeiros anos de vida", explica Suskind à BBC Brasil.
"Mesmo que o bebê não entenda o que está sendo falado, a linguagem estará formando a arquitetura do cérebro para o pensamento e a aprendizagem. Pais e cuidadores são a força mais poderosa em construir o cérebro das crianças e prepará-las para a escola", acrescenta.
O programa agora tem sido expandido para outras áreas dos Estados Unidos, e Suskind - que também é professora da Universidade de Chicago - escreveu um livro com base na experiência: Thirty Million Words - Building a Child's Brain (Trinta milhões de palavras - construindo o cérebro infantil, em tradução livre).
Em entrevista à BBC Brasil, ela ensina ideias sobre como usar a linguagem de forma produtiva para estimular o cérebro infantil.
1. Ter seu filho como um 'parceiro de conversas'
Uma das primeiras lições do Trinta Milhões de Palavras é algo já intuitivo para os pais: reagir aos sons, olhares e gestos do bebê desde o nascimento, de forma natural e integrada ao cotidiano.
"Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence."
Suskind cita pesquisas que mostram que ir além da conversa básica - "vem cá", "coloque seus sapatos", "coma sua comida" - é um ponto crucial para desenvolver a linguagem das crianças.
É o que ela chama de "conversa extra", ou seja, dialogar com a criança e o ambiente ao seu redor e estimular as conversas: "que árvore grande!"; "quem é o menino que está com a fralda suja?"; "qual é o gosto dessa comida?"; "o que você acha que aconteceu com o personagem daquele livro?"
"A quantidade (de palavras) é apenas uma parte da equação. A qualidade da conversa é tão ou mais importante - a riqueza do vocabulário, as idas e vindas da conversa, a forma como você fala", enumera ela à BBC Brasil.
"É importante enxergar o seu bebê como um parceiro de conversas desde seu primeiro dia de vida", completa.
2. Ajudar a desenvolver habilidades matemáticas
Pais podem ajudar a desenvolver o senso espacial dos filhos e suas habilidades matemáticas simplesmente ao falarem a respeito disso.
"Se você usar conceitos matemáticos e espaciais - ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos - ajudará a preparar as crianças para aprender matemática", explica Suskind.
Um estudo da Universidade de Chicago pediu a crianças de quatro anos que pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E descobriu que as crianças que haviam sido expostas a mais vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiram fazer mais correspondências corretas.
Além disso, argumenta Suskind, é justamente nas "conversas matemáticas" que uma importante disparidade de gênero ocorre.
"Um estudo com mães de classe média e alta mostrou que filhas de até dois anos ouviam a metade das conversas matemáticas do que os filhos", escreve a cirurgiã. "Isso pode afastar as meninas de campos que podem interessá-las. (...) Meninas que escutam que a matemática 'não é seu forte' muitas vezes não vão bem em matemática."
3. Falar positivamente, mas elogiar mais o esforço do que a criança
Segundo Suskind, crianças em famílias carentes chegam a ouvir mais do dobro de comentários negativos - "você está sendo malcriado"; "você está errado" - por hora do que crianças em famílias em melhor situação socioeconômica.
Também ouvem menos elogios. E, como essas crianças já tendem a escutar menos palavras em geral, essas expressões negativas acabam tendo um peso maior no desenvolvimento cognitivo delas.
"Como será escutar, repetidamente, que você nunca faz nada certo? É um ambiente infantil difícil de ser superado", diz Suskind.
"É grande a diferença entre palavras de proibição ('não faça isso', 'pare') e de encorajamento ("muito bem'). Causa estresse no cérebro ouvi-las repetidamente. É importante tentar mudar ordens para uma conversa mais produtiva."
Mas se a linguagem negativa e proibitiva pode ser uma barreira ao desenvolvimento e ao aprendizado, será que a resposta é elogiar sempre - e dizer constantemente que seu filho é incrível e inteligente?
"Não", explica Suskind.
Em seu livro, a médica cita pesquisas mostrando que esse tipo de elogio pode, em vez de fortalecer futuros adultos, apenas deixá-los passivos e dependentes da opinião alheia.
"O que buscamos não são os olhos (das crianças) voltados para si, felizes de autossatisfação, mas sim crianças que vejam uma tarefa e, independentemente de quão desafiadora ela seja, consigam quase imediatamente pensar em como ela pode ser cumprida", diz a autora.
"É o que os pais desejam: adultos estáveis, construtivos, motivados", acrescenta.
O caminho para isso, segundo os estudos analisados por Suskind, é reconhecer e elogiar não só a criança, mas o esforço e o empenho dela em suas atividades diárias.
Ou seja, em vez de apenas dizer "você é muito esperta" a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: "vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!"
Suskind sugere buscar no dia a dia momentos em que a criança tenha se destacado.
"A criança ainda está aprendendo o que é se comportar bem. Apontar esses momentos a ela reforça a ideia de o que isso significa", explica.
4. Estimular a autonomia, em vez de apenas a obediência
Suskind cita duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto:
"Agora guarde seus brinquedos."
"O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?"
"A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (...) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação" - que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta.
"Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole", diz a médica.
Além disso, ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são, segundo Suskind, "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem".
Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas "coloque seus sapatos", explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: "É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los".
5. Sintonizar-se com a criança - e entregar-se à "vozinha de bebê"
Suskind recomenda prestar atenção ao que está despertando o interesse da criança - uma brincadeira, um objeto - e transformar isso em tema de conversa.
Mais um exemplo: O pai ou a mãe, com as melhores das intenções, senta no chão ao lado da criança com um livro infantil nas mãos. Mas a criança não presta atenção e continua a brincar com seu brinquedo, esnobando o adulto.
Que tal então, em vez de impor a leitura do livro, entrar na brincadeira da criança e conversar a respeito dela?
"Os pais aprendem a tomar consciência do que o que os filhos estão fazendo e se tornam parte disso, ajudando a desenvolver a habilidade praticada na brincadeira e, por meio da interação verbal, o cérebro infantil", escreve a médica.
Entrar em sintonia também envolve, segundo ela, aproveitar todas as oportunidades para ler e cantar com a criança - ou mesmo falar com aquela voz infantilizada que muitos de nós usamos com bebês.
"Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê, porque ajuda-o a entender os sons das palavras", explica Suskind.
Aqui, mais um alerta: um jeito fácil de perder essa sintonia com crianças e bebês é deixar-se distrair pelo celular durante a brincadeira.
"Smartphones estão tomando o lugar da interação pessoal com os bebês e as crianças", critica a médica.
"Só quando a criança é o foco principal dos pais que ocorrerá a atenção necessária para o desenvolvimento cerebral ideal", conclui
Bióloga, apaixonada por ensino. Fascinada por ciências forenses, meio ambiente ,leis, design, psicologia e medicina legal. Cada dia aprendendo um pouco e compartilhando com você.
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