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Cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido encontraram uma possível relação entre a morte súbita de bebês e uma mutação genética rara que afeta os músculos respiratórios.
O fenômeno, também conhecido como "morte do berço", ocorre quando um recém-nascido aparentemente saudável morre sem explicação. Em geral, esses casos acontecem durante o sono, e os médicos ainda não encontraram uma causa científica que explique o óbito.
Em um novo estudo publicado na revista científica The Lancet, os cientistas demonstram uma relação genética que pode ajudar a esclarecer essa questão.
Segundo eles, a descoberta pode mudar o rumo das pesquisas que buscam estratégias para evitar esse tipo de morte - que até agora tinham se concentrado apenas em estudos sobre as células do coração e do cérebro que controlam a respiração.
"Nosso estudo é o primeiro que vincula a morte súbita dos bebês a uma fraqueza dos músculos respiratórios que seria causada por questões genéticas", afirmou Michael Hanna, neurologista do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia em Londres e autor do estudo.
Hanna acredita que ainda é cedo para conclusões, mas é preciso continuar a pesquisa nessa direção para confirmar e entender mais detalhes sobre como seria essa relação.
A morte súbita de bebês em geral atinge recém-nascidos de dois a quatro meses de idade.
Músculos mais frágeis
A pesquisa liderada por Hanna se concentrou em uma mutação rara do gene SCN4A, responsável por codificar um receptor superficial importante das células. Receptores são proteínas que permitem a interação de algumas substâncias com os mecanismos do metabolismo celular.
A expressão desse receptor nos músculos respiratórios é fraca nos primeiros meses de vida, mas aumenta ao longo dos dois primeiros anos.
Depois de analisar amostras de tecido de 278 bebês que morreram sem causa aparente (e que foram classificados como vítimas da síndrome da morte súbida) e compará-los com o material genético de 729 adultos saudáveis, os cientistas encontraram quatro casos dessa mutação nos bebês e nenhuma nos adultos.
Ainda que apenas quatro possam parecer pouco, neste caso o número é significativo: normalmente, encontram-se apenas cinco casos dessa mutação rara a cada 100 mil indivíduos.
A mutação está relacionada a uma série de problemas neuromusculares genéticos e a dificuldades respiratórias.
No caso dos bebês, os cientistas acreditam que a mutação também enfraquece os músculos respiratórios que, por conta disso, eles ficam mais vulneráveis a outros fatores externos, a uma posição inadequada durante o sono no berço, ao fumo ou qualquer outra doença menor.
Se um fator externo tiver impacto negativo na respiração do bebê que tem esta mutação, ele terá uma capacidade menor para se recuperar rapidamente, explicam os pesquisadores.
Ainda sem maiores conclusões, os autores do estudo reforçam a importância de seguir as recomendações médicas para reduzir o risco do bebê sofrer uma morte súbida.
Como prevenir a 'morte do berço'
- Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;
- Colocá-lo no berço com os pés perto da borda;
- Utilizar um colchão firme, plano e impermeável - e em boas condições;
- Não fumar durante a gravidez, durante a amamentação, nem no mesmo cômodo que o bebê;
- Não compartilhar a cama com o bebê se tiver consumido drogas ou se estiver muito cansado(a);
- Nunca dormir com o bebê nos braços na poltrona ou no sofá;
- Não cobrir a cabeça da criança quando ela estiver dormindo (cobrir somente até a altura dos ombros).
Como muitos pais, a escocesa Gemma Fraser nunca imaginou que um fio de cabelo pudesse se enroscar e impedir a circulação de sangue nos dedos do pé de sua filha. Depois do susto de ver o bebê quase perder dois dedinhos por conta disso, a mãe agora está buscando alertar outros pais sobre os riscos da chamada síndrome do torniquete - quando algo obstrui a circulação nos membros, principalmente em extremidades como os dedos.
Em junho do ano passado, Fraser percebeu que um fio de cabelo seu estava enrolado em dois dedos da filha, então com três meses - deixando-os roxos e inchados.
Segundo Bruno Naves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, a síndrome tem ocorrências eventuais, mas não muito frequentes. Ainda assim, é recomendado que os pais monitorem a presença de fios de cabelo ou de outra natureza (como de tecidos) nas extremidades do corpo dos bebês - principalmente aqueles com poucos meses de idade
"A melhor forma de prevenção é dar uma examinada cuidadosa nos dedos das mãos, dos pés e até nos calçados dos bebês", explicou Naves em entrevista à BBC Brasil. "Crianças com até 3 meses são mais vulneráveis, pois não se movimentam muito e não têm os dedos suficientemente grossos. A manifestação da síndrome costuma começar com uma irritabilidade, um choro que ninguém dá conta. O local danificado fica vermelho, quente e inchado.
Sintomas como estes foram percebidos por Gemma Fraser ao trocar a fralda da filha, Orla. A mãe lembrou-se do susto em uma entrevista ao programa de Kaye Adams na rádio da BBC na Escócia.
O fio de cabelo estava preso de tal maneira que Fraser não conseguiu removê-lo sozinha, precisando chamar uma ambulância. Um paramédico precisou de 45 minutos para conseguir realizar a tarefa.
A bebê foi encaminhada então para um hospital em Edimburgo, capital da Escócia.
Depois de ser atendida, a menina foi enviada para casa com a recomendação de usar um creme antibiótico. Um dos dedos sarou depois de algumas semanas, mas outro, não.
Síndrome do torniquete
"A ferida ainda estava aberta e muito inchada. E então começou a sair pus", contou Fraser.
Depois de várias outras consultas com médicos, Orla foi encaminhada para um cirurgião plástico.
"A pele estava saindo, dava para ver as partes internas do dedo dela. Uma das enfermeiras disse que possivelmente havia ainda um fio de cabelo dentro da ferida".
Por ser muito nova, Orla precisou ser operada sem anestesia geral. Segurada pela mãe às lágrimas, a bebê finalmente teve a ferida higienizada pelo cirurgião.
Segundo a mãe, o tempo entre a percepção do problema e a cirurgia foi de cinco meses.
'Fiquei chocada'
"Uma das enfermeiras me falou da síndrome do torniquete e fiquei chocada quando vi imagens de crianças que não tiveram a sorte de Orla, tendo que ter os dedos amputados", lembra a mãe.
"Quando olho para trás, Orla definitivamente estava diferente naquela semana. Eu só queria que eu soubesse disso (da síndrome do torniquete) como uma possível causa".
Falando no mesmo programa, a parteira Cass McNamara explicou: "As pessoas devem ficar cientes disso, devem monitorar o bebê todo dia. O cabelo é incrivelmente forte e pode atuar como um fio de pesca. Isso leva bebês a terem seus dedos amputados. O pênis também pode ser afetado".
"Se o seu bebê está mais irritado do que o normal, dê uma boa checada se está tudo certo. Se você notar algum fio de cabelo, deveria ser fácil de tirá-lo, mas se não for, procure assistência médica imediatamente".
Segundo o angiologista Bruno Naves, a síndrome do torniquete pode afetar adultos também. Ele destaca que, por ser chamada de "síndrome", trata-se de um conjunto de sintomas, e não uma doença; já o "torniquete" remete a qualquer objeto que circunde e aperte alguma parte do corpo, como anéis em adultos. Assim, a circulação do sangue fica obstruída.
Bióloga, apaixonada por ensino. Fascinada por ciências forenses, meio ambiente ,leis, design, psicologia e medicina legal. Cada dia aprendendo um pouco e compartilhando com você.
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