Tecnologia do Blogger.

2 de ago. de 2016

Depressão

 

POR STELLA GALVÃO


Um estudo apresentado durante o recente Encontro Anual da Associação Americana de Psiquiatria reforçou uma certeza já corroborada por outros levantamentos feitos nas últimas décadas: a de que existe, sim, um componente genético na ocorrência da depressão. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, em conjunto com a área de neurociências de uma indústria farmacêutica fabricante de antidepressivos, e avaliou, ao longo de 23 anos, um grupo de 424 pais deprimidos e 143 filhos destes, comparando-o com igual número de pais sem depressão (grupo controle) e seus 197 filhos.
Os resultados mostraram que os filhos adultos de pais que iniciaram tratamento para depressão apresentam maior probabilidade de manifestar sintomas depressivos, se comparados aos filhos adultos dos pais do grupo controle, especialmente se o pai teve um histórico grave da doença. Eles também demonstraram ter mais dores e limitação para atividades comuns, devido a problemas físicos ou emocionais. Mais de 70% dos adultos com pais depressivos relataram que alguém na família sofre de depressão - enquanto apenas 45% informou o mesmo no grupo controle.
"Os dados demonstram, portanto, não só a existência de um componente genético, mas a influência e o peso do convívio com pais depressivos", ressalta José Alberto Del Porto, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Estudos intensificados a partir da década de 80, aliás, têm demonstrado que a ocorrência de depressão em um membro da família aumenta muito a possibilidade de um parente próximo ou de primeiro grau ser afetado pela doença. O operador de sistemas Ricardo (nome fictício), 44 anos, por exemplo, separou-se há dois anos depois de um casamento de 18 anos marcado pelas crises de depressão da mulher. Ela só aceitou consultar um psiquiatra no último ano de convivência do casal, quando ele fixou um prazo para sair de casa. Abalado com a vida familiar turbulenta, Ricardo ainda fez um ano de psicoterapia.
Hoje, teme que a filha, adolescente, esteja manifestando o quadro depressivo, que também acomete o avô materno. A garota reagiu mal à separação, recusou passar por avaliação psicoterapêutica e piorou quando soube que o pai já havia constituído nova família, meses depois. Aos poucos, a garota distanciou-se a ponto de evitar um contato mais estreito com o pai, que começa a imaginar meios de vencer a resistência da filha.

0 comentários:

Postar um comentário

Total de visualizações de página

 
Desenvolvido por Othon Fagundes