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5 de mai. de 2011

VITAMINAS


A
Atua sobre a pele, a retina dos olhos e as mucosas; aumenta a resistência aos agentes infecciosos
Fortalecimento de dentes, unhas e cabelos; prevenção de doenças respiratórias
Manteiga, leite, gema de ovo, fígado, espinafre, chicória, tomate, mamão, batata, cará, abóbora
B1 ou tiamina
Auxilia no metabolismo dos carboidratos; favorece a absorção de oxigênio pelo cérebro; equilibra o sistema nervoso e assegura o crescimento normal
Alívio de dores musculares e cólicas da menstruação; pele saudável
Carne de porco, cereais integrais, nozes, lentilha, soja, gema de ovo
B2 ou riboflavina
Conserva os tecidos, principalmente os do globo ocular
Benefícios para a visão e diminuição do cansaço ocular; bom estado da pele, unhas, cabelos e mucosas
Fígado, rim, lêvedo de cerveja, espinafre, berinjela
B6 ou piridoxina
Permite a assimilação das proteínas e das gorduras
Melhora de sintomas da tensão pré-menstrual; prevenção de doenças nervosas e de afecções da pele
Carnes de boi e de porco, fígado, cereais integrais, batata, banana
B12 ou cobalamina
Colabora na formação dos glóbulos vermelhos e na síntese do ácido nucléico
Melhora na concentração e memória; alívio da irritabilidade
Fígado e rim de boi, ostra, ovo, peixe, aveia
C ou ácido ascórbico
Conserva os vasos sangüíneos e os tecidos; ajuda na absorção do ferro; aumenta a resistência a infecções; favorece a cicatrização e o crescimento normal dos ossos
Produção de colágeno; redução do efeito de substâncias que causam alergia; previne o resfriado
Limão, laranja, abacaxi, mamão, goiaba, caju, alface, agrião, tomate, cenoura, pimentão, nabo, espinafre
D
fixa o cálcio e o fósforo em dentes e ossos e é muito importante para crianças, gestantes e mães que amamentam
Prevenção da osteoporose
Óleo de fígado de peixes, leite, manteiga, gema de ovo, raios de sol
E
Antioxidante; favorece o metabolismo muscular e auxilia a fertilidade
Alívio da fadiga; retardamento do envelhecimento; prevenção de abortos espontâneos e cãibras nas pernas
Germe de trigo, nozes, carnes, amendoim, óleo, gema de ovo
H ou biotina
Funciona no metabolismo das proteínas e dos carboidratos
Prevenção da calvície; alívio de dores musculares e do eczema e dermatite
Fígado e rim de boi, gema de ovo, batata, banana, amendoim
K
Essencial para que o organismo produza protombrina, uma substância indispensável para a coagulação do sangue
Formação de determinadas proteínas
Fígado, verduras, ovo
Ácido fólico
Atua na formação dos glóbulos vermelhos
Prevenção de defeitos congênitos graves na gravidez; prevenção do câncer
Carnes, fígado, leguminosas, vegetais de folhas escuras, banana, melão
B3, PP ou niacina (ácido nicotínico)
Possibilita o metabolismo das gorduras e carboidratos
Produção de hormônios sexuais; auxílio no processo digestivo
Lêvedo, fígado, rim, coração, ovo, cereais integrais
B5 ou Ácido pantotênico
Auxilia o metabolismo em geral
Prevenção da fadiga; produção do colesterol, gorduras e glóbulos vermelhos
Fígado, rim, carnes, gema de ovo, brócolis, trigo integral, batata
Ácido paramino-benzóico
Estimula o crescimento dos cabelos
Além do crescimento, manutenção da cor e suavidade dos cabelos
Carnes, fígado, leguminosas, vegetais de folhas escuras
B7 ou Colina
Auxilia no crescimento
Diminuição do excesso de gordura no fígado; produção de hormônios
Gema de ovo, soja, miolo, fígado, rim
Inositol
Age no metabolismo do colesterol
Auxílio na remoção de gorduras e redução de colesterol no sangue
Existe em todas as células animais e vegetais
Fonte: Enciclopédia Conhecer 2000, Nova Cultural, 1995
Tabela de Sais Minerais
Sal mineral
Função
Sua presença possibilita
Fontes
Cálcio
Atua na formação de tecidos, ossos e dentes; age na coagulação do sangue e na oxigenação dos tecidos; combate as infecções e mantém o equilíbrio de ferro no organismo
Contração de músculos; absorção e secreção intestinal; liberação de hormônios
Queijo, leite, nozes, uva, cereais integrais, nabo, couve, chicória, feijão, lentilha, amendoim, castanha de caju
Cobalto
Age junto com a vitamina B12, estimulando o crescimento e combatendo as afecções cutâneas
Produção de glóbulos vermelhos e formação da mielina
Está contido na vitamina B12 e no tomate
Fósforo
Atua na formação de ossos e dentes; indispensável para o sistema nervoso e o sistema muscular; junto com o cálcio e a vitamina D, combate o raquitismo
Prevenção de pedras nos rins; tratamento de diabetes
Carnes, miúdos, aves, peixes, ovo, leguminosas, queijo, cereais integrais
Ferro
Indispensável na formação do sangue; atua como veiculador do oxigênio para todo o organismo
Tratamento de anemia e cólicas menstruais
Fígado, rim, coração, gema de ovo, leguminosas, verduras, nozes, frutas secas, azeitona
Iodo
Faz funcionar a glândula tireóide; ativa o funcionamento cerebral; permite que os músculos armazenem oxigênio e evita que a gordura se deposite nos tecidos
Alívio de dores nos seios; redução de risco de câncer de mama
Agrião, alcachofra, alface, alho, cebola, cenoura, ervilha, aspargo, rabanete, tomate, peixes, frutos do mar vegetais
Cloro
Constitui os sucos gástricos e pancreáticos
É difícil haver carência e cloro, pois existe em quase todos os vegetais; o excesso de cloro destrói a vitamina E e reduz a produção de iodo

Potássio
Atua associado ao sódio, regularizando as batidas do coração e o sistema muscular; contribui para a formação as células
Aumento da atividade dos rins; armazenamento de carboidratos; manutenção da pressão arterial
Azeitona verde, ameixa seca, ervilha, figo, lentilha, espinafre, banana, laranja, tomate, carnes, vinagre de maçã, arroz integral
Magnésio
Atua na formação dos tecidos, ossos e dentes; ajuda a metabolizar os carboidratos; controla a excitabilidade neuromuscular
Contração e relaxamento muscular; transporte de O2
Frutas cítricas, leguminosas, gema de ovo, salsinha, agrião, espinafre, cebola, tomate, mel
Manganês
Importante para o crescimento; intervém no aproveitamento do cálcio, fósforo e vitamina B1
Desenvolvimento de recém-nascidos; coagulação do sangue; cicatrização de feridas
Cereais integrais, amendoim, nozes, feijão, arroz integral, banana, alface, beterraba, milho
Silício
Age na formação dos vasos e artérias e é responsável pela sua elasticidade; atua na formação da pele, das membranas, das unhas e dos cabelos; combate as doenças da pele e o raquitismo
Prevenção de problemas cardíacos; redução da queda de cabelo; tratamento de unhas quebradiças; aumento da elasticidade da pele
Amora, aveia, escarola, alface, abóbora, azeitona, cebola
Flúor
Forma ossos e dentes; previne dilatação das veias, cálculos da vesícula e paralisia
Prevenção de cáries dentárias e osteoporose
Agrião, alho, aveia, brócolis, beterraba, cebola, couve-flor, maçã, trigo integral
Cobre
Age na formação da hemoglobina (pigmento vermelho do sangue)
Desenvolvimento de ossos e tendões; redução da dor em caso de artrite
Centeio, lentilha, figo eco, banana, damasco, passas, ameixa, batata, espinafre
Sódio
Impede o endurecimento do cálcio e do magnésio, o que pode formar cálculos biliares ou nefríticos; previne a coagulação sangüínea
Alívio de dores e cãibras musculares; auxílio no processo digestivo
Todos os vegetais (principalmente salsão, cenoura, agrião e cebolinha verde), queijo, nozes, aveia
Enxofre
Facilita a digestão; é desinfetante e participa do metabolismo das proteínas
Produção de colágeno; manutenção de pele, unhas e cabelo saudáveis
Nozes, alho, cebola, batata, rabanete, repolho, couve-flor, agrião, laranja, abacaxi
Zinco
Atua no controle cerebral dos músculos; ajuda na respiração dos tecidos; participa no metabolismo das proteínas e carboidratos
Crescimento e desenvolvimento sexual; formação de insulina; alívio de alergias; estímulo para formação de anticorpos
Carnes, fígado, peixe, ovo, leguminosas, nozes
Fonte: Enciclopédia Conhecer 2000, Nova Cultural, 1995

Países mais 'felizes' têm maiores taxas de suicídio, diz estudo


Países em que as pessoas se sentem mais felizes tendem a apresentar índices mais altos de suicídio, segundo pesquisadores britânicos e americanos.
Os especialistas sugerem que a explicação para o fenômeno estaria na tendência dos seres humanos de se comparar uns aos outros.
Sentir-se infeliz em um ambiente onde a maioria das pessoas se sente feliz aumenta a sensação de infelicidade e a probabilidade de que a pessoa infeliz recorra ao suicídio, a equipe concluiu.
O estudo foi feito por especialistas da University of Warwick, na Grã-Bretanha, Hamilton College, em Nova York e do Federal Reserve Bank em San Francisco, Califórnia, e será publicado na revista científica Journal of Economic Behavior & Organization.
Ele se baseia em dados internacionais e em informações coletadas nos Estados Unidos.
Nos EUA, os pesquisadores compararam dados obtidos a partir de depoimentos de 1,3 milhão de americanos selecionados de forma aleatória com depoimentos sobre suicídio obtidos a partir de uma outra amostra, também aleatória, com um milhão de americanos.
Paradoxo
Os resultados foram desconcertantes: muitos países com altos índices de felicidade felizes têm índices de suicídio altos.
Isso já foi observado anteriormente, mas em estudos feitos de forma isolada, como, por exemplo, na Dinamarca.
A nova pesquisa concluiu que várias nações - entre elas, Canadá, Estados Unidos, Islândia, Irlanda e Suíça - apresentam índices de felicidade relativamente altos e, também, altos índices de suicídio.
Variações culturais e na forma como as sociedades registram casos de suicídio dificultam a comparação de dados entre países diferentes.
Levando isso em conta, os cientistas optaram por comparar dados dentro de uma região geográfica: os Estados Unidos.
Do ponto de vista científico, segundo os pesquisadores, a vantagem de se comparar felicidade e índices de suicídio entre os diferentes Estados americanos é que fatores como formação cultural, instituições nacionais, linguagem e religião são relativamente constantes dentro de um único país.
A equipe disse que, embora haja diferenças entre os Estados, a população americana é mais homogênea do que amostras de nações diferentes.
Utah e Nova York
Os resultados observados nas comparações mais amplas entre os países se repetiram nas comparações entre diferentes Estados americanos.
Estados onde a população se declarou mais satisfeita com a vida apresentaram maior tendência a registrar índices mais altos de suicídio do que aqueles com médias menores de satisfação com a vida.
Por exemplo, os dados mostraram que Utah é o primeiro colocado no ranking dos Estados americanos em que as pessoas estão mais satisfeitos com a vida. Porém, ocupa o nono lugar na lista de Estados com maior índice de suicídios.
Já Nova York ficou em 45º no ranking da satisfação, mas tem o menor índice de suicídios no país.
Ajustes
Para tornar mais justas e homogêneas as comparações entre os Estados, os pesquisadores levaram em consideração fatores como idade, sexo, raça, nível educacional, renda, estado civil e situação profissional.
Após esses ajustes, a relação entre índice de felicidade e de suicídios se manteve, embora as posições de alguns países tenham se alterado levemente.
O Havaí, por exemplo, ficou em segundo lugar no ranking ajustado de satisfação com a vida, mas possui o quinto maior índice de suicídios no país.
Nova Jersey, por outro lado, ocupa a posição 47 no ranking de satisfação com a vida e tem um dos índices mais baixos de suicídio - coincidentemente, ocupa a posição 47 na lista.
"Pessoas descontentes em um lugar feliz podem sentir-se particularmente maltratadas pela vida", disse Andrew Oswald, da University of Warwick, um dos responsáveis pelo estudo.
"Esses contrastes sombrios podem aumentar o risco de suicídio. Se seres humanos sofrem mudanças de humor, os períodos de depressão podem ser mais toleráveis em um ambiente no qual outros humanos estão infelizes".
Outro autor do estudo, Stephen Wu, do Hamilton College, acrescentou:
"Este resultado é consistente com outras pesquisas que mostram que as pessoas julgam seu bem estar em comparação com outras à sua volta".
"Esse mesmo efeito foi demonstrado em relação a renda, desemprego, crime e obesidade".

Cientistas criam 'nariz eletrônico' que pode ajudar a diagnosticar câncer



Pesquisadores israelenses dizem ter desenvolvido um “nariz eletrônico” que foi capaz de identificar sinais químicos de câncer no hálito de pacientes que sofrem de tumores no pulmão e em regiões do pescoço e da cabeça.
A expectativa é de que o aparelho seja desenvolvido para, no futuro, ajudar a diagnosticar a doença, por meio de testes semelhantes aos de bafômetros, segundo um estudo preliminar publicado no periódico British Journal of Cancer.
No entanto, uma organização britânica de estudos do câncer afirma que ainda serão necessários anos de estudo até que a novidade possa ser usada em clínicas.
O estudo israelense envolvendo o “nariz eletrônico”, chamado de Nano Artificial NOSE, contou com cerca de 80 voluntários, dos quais 22 sofriam de câncer nas áreas da cabeça e do pescoço (incluindo nos olhos e na boca) e 24 tinham câncer no pulmão – todos esses tipos de câncer geralmente são identificados tarde, em estágio avançado.
Também participaram 36 voluntários saudáveis. Um protótipo do “teste do bafômetro” usou um método químico para identificar resíduos do câncer presentes no hálito dos pacientes.
Segundo o estudo, o aparelho conseguiu distinguir as moléculas encontradas nos hálitos de pessoas saudáveis das presentes no hálito de pacientes com tumores.
‘Necessidade urgente’
O líder da equipe de pesquisas, professor Hossam Haick, do Technion – Israel Institute of Technology, disse que há “uma necessidade urgente de desenvolver novas formas de identificar cânceres na região da cabeça e do pescoço porque seu diagnóstico é complicado e requer exames especializados”.
“Em um estudo pequeno e preliminar, mostramos que simples testes de hálito podem perceber padrões de moléculas que são encontradas em pacientes com certos cânceres”, agregou Haick. “Agora, precisamos testar esses resultados em estudos maiores, para descobrir se isso pode levar para um potencial método de diagnóstico.”
A médica Lesley Walker, do grupo de pesquisa Cancer Research UK, disse que é extremamente importante o esforço de identificar tumores o mais cedo possível, quando as chances de tratamento são maiores.
“Esses resultados iniciais interessantes (do estudo israelense) mostram potencial para o desenvolvimento de um teste de hálito capaz de detectar cânceres geralmente percebidos em um estágio avançado”, agregou.
“Mas é importante deixar claro que esse é um estudo pequeno, em um estágio inicial, e que muitos anos de pesquisa serão necessários para descobrir se um teste de hálito poderá ser usado em clínicas.”

24 de abr. de 2011

Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias, dizem especialistas



A incidência de infecções resistentes a drogas atingiu níveis sem precedentes e supera nossa capacidade atual de combatê-las com as drogas existentes, alertam especialistas europeus.
A cada ano, mais de 25 mil pessoas morrem na União Europeia em decorrência de infecções de bactérias que driblam até mesmo antibióticos recém-lançados.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação chegou a um ponto crítico e é necessário um esforço conjunto urgente para produzir novos medicamentos.
Sem esse esforço, a humanidade pode ter que enfrentar um “cenário de pesadelo” global, de proliferação de infecções incuráveis, de acordo com a OMS.
Um exemplo é a superbactéria NDM-1, que chegou à Grã-Bretanha vinda de Nova Délhi em meados de 2010, trazida por britânicos que fizeram tratamentos médicos na Índia ou no Paquistão.
Em outubro passado, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o controle sobre receitas médicas de antibióticos, na tentativa de conter o avanço da superbactéria KPC, que atacou principalmente em hospitais.
Água contaminada
A resistência das superbactérias a antibióticos mais fortes causa preocupação entre os especialistas. Pesquisadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales, que identificaram a NDM-1 no ano passado, dizem que as bactérias resistentes contaminaram reservatórios de água de Nova Délhi, o que significa que milhões de pessoas podem ter se tornado portadoras do micro-organismo.
A equipe do médico Timothy Walsh coletou 171 amostras de água filtrada e 50 de água de torneiras em um raio de 12 km do centro de Nova Déli, entre setembro e outubro de 2010.
O gene da NDM-1 foi encontrado em duas das amostras de torneira e em 51 das amostras de água filtrada.
Isso se torna mais preocupante porque, segundo a equipe de Walsh, o gene se espalhou para bactérias que causam diarreia e cólera, doenças facilmente transmissíveis através de água contaminada.
“A transmissão oral-fecal de bactérias é um problema global, mas seu risco potencial varia de acordo com os padrões sanitários”, disseram os pesquisadores em artigo no periódico científico Lancet Infectious Diseases. “Na Índia, essa transmissão representa um problema sério (porque) 650 milhões de cidadãos não têm acesso a vasos sanitários, e um número provavelmente maior não tem acesso a água limpa.”
Descoberta ‘preciosa’
Os cientistas pedem ação urgente das autoridades globais para atacar as novas variedades de bactérias e para prevenir epidemias globais.
A diretora regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab, disse que “os antibióticos são uma descoberta preciosa, mas não lhes damos valor, os usamos em excesso e os usamos mal. (Por isso), agora há superbactérias que não respondem a nenhuma droga”.
Segundo ela, ante o crescimento no número de viagens internacionais e de trocas comerciais no mundo, “as pessoas precisam estar cientes de que, até que todos os países enfrentem (o problema das superbactérias), nenhum país por si só estará seguro”.
Autoridades sanitárias britânicas dizem estar monitorando a NDM-1, que, segundo registros oficiais, já contaminou 70 pessoas no país.



BBC

13 de abr. de 2011

Entenda os desafios para alimentar a população mundial


José Renato Salatiel* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Qualquer dona-de-casa sabe que os alimentos estão mais caros. Mas o que os gastos do brasileiro no supermercado têm a ver com protestos no Oriente Médio, a indústria de biocombustível nos Estados Unidos e o aquecimento global? Direto ao ponto: Ficha-resumo Todos estes fatores estão ligados à crise dos alimentos, um fenômeno mundial que foi parar no topo da lista de preocupações dos países desenvolvidos. O motivo é que, neste começo de 2011, o preço dos gêneros alimentícios atingiu o pico pela segunda vez em menos de quatro anos. Na outra vez, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria. Houve protestos em países da África e da Ásia. As causas foram praticamente as mesmas da crise atual: aumento do número de consumidores, alta do barril de petróleo, queda do dólar (os alimentos são cotados no mercado internacional em dólar) e mudanças climáticas. Na verdade, a crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na relação econômica entre oferta e procura. Há uma diminuição na oferta de produtos e uma maior procura, o que encarece a mercadoria. Imagine que uma safra de tomates seja perdida devido a enchentes. E que a demanda pelo produto tenha crescido. Com menos tomates no mercado e mais gente querendo comprar, os comerciantes irão cobrar mais caro pelos estoques. Mas quais são as causas desse desequilíbrio na economia mundial dos alimentos? Carros x pessoas Do lado da demanda, há um constante aumento do consumo de alimentos. Isso ocorre por dois fatores principais. Primeiro, o crescimento da população mundial, que hoje é de 6,9 bilhões. Apesar do número de habitantes do planeta ter registrado uma queda de 1,2% no ano passado, ele quase dobrou desde os anos 1970. E, para as próximas quatro décadas, estima-se 80 milhões de bocas a mais para alimentar a cada ano. Em segundo lugar, aumentou também o consumo de alimentos – grãos, carnes, leite e ovos – em países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil. Na China, por exemplo, o consumo de carne é quase o dobro dos Estados Unidos. E, para produzir carne, são necessários grãos (oito quilos de grãos para cada quilo de carne bovina). Além disso, a elevação do preço do barril de petróleo estimulou os investimentos em biocombustíveis. Nos Estados Unidos, da colheita de 416 milhões de toneladas grãos em 2009, 119 milhões de toneladas foram destinados a destilarias de etanol, para produzir combustível para carros. A quantia seria o suficiente para alimentar 350 milhões de pessoas durante um ano. No Brasil, o etanol é produzido com cana-de-açúcar. Com isso, aumentaram os preços do milho e da ração e, consequentemente, dos produtos bovinos e suínos, uma vez que os animais também comem ração a base de milho. E o efeito dominó atinge outros alimentos, como a soja, já que os agricultores plantam milho no lugar da soja, para atender as indústrias. A demanda por combustível alternativo, a base de milho ou vegetais, vem ainda reduzindo ano após ano as terras destinadas à plantação de alimentos na Europa, além de incentivar a devastação de florestas tropicais na Ásia. Oriente Médio No lado da oferta, há duas razões principais para a crise: os limites dos recursos naturais e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Estima-se que até um terço da área cultivável da Terra esteja sendo perdida pela erosão do solo, que não consegue se recuperar naturalmente a tempo da próxima colheita. Por isso, países como o Haiti e Coreia do Norte, com problemas sérios de erosão de solo cultivável, dependem de ajuda externa para alimentar a população. Por outro lado, há o esgotamento dos recursos hídricos do planeta. A situação é crítica no Oriente Médio, cuja escassez de fontes de água deve levar, nos próximos anos, à dependência da importação de grãos em países como a Arábia Saudita. A água mais escassa e mais cara vai aumentar os custos da produção de alimentos. Por último, as mudanças no clima no planeta acarretaram ondas de calor, seca e inundações que prejudicaram a colheita em países como Rússia, Ucrânia, Austrália e Paquistão em 2010. Agora, a seca ameaça destruir a safra de trigo da China, a maior do mundo. Nove bilhões As consequências do aumento do preço dos alimentos já são sentidas em todo o mundo. Segundo o Banco Mundial, no segundo semestre do ano passado 44 milhões de pessoas caíram abaixo do limite da pobreza (pessoas que vivem com US$ 1,25 dólar por dia). A crise afeta principalmente países pobres e dependentes da exportação de alimentos. Mas também está por trás da maior onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio, que derrubou ditadores da Tunísia e Egito e que agora, ameaça o regime na Líbia. O fim da comida barata vai coincidir com a explosão populacional. Entre 2011 e 2012, a população mundial deve atingir 7 bilhões. Para 2050, serão 9 bilhões de pessoas na Terra. Por conta disso, as potências incluíram a alta dos alimentos na lista de suas preocupações, junto com as finanças mundiais. O assunto foi parar no topo da agenda do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias mais a União Europeia). Os líderes discutem medidas como pacotes de estímulo à agricultura. O desafio de alimentar a população nas próximas quatro décadas vai exigir política, tecnologia e, sobretudo, mudanças de hábitos das sociedades modernas. Direto ao ponto Neste começo de 2011, os preços dos gêneros alimentícios atingiram o pico pela segunda vez em menos de quatro anos. Na outra crise, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria. A crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na relação econômica entre oferta e procura. Há uma redução na oferta de produtos e uma maior procura, o que encarece as mercadorias. Os principais fatores que geraram este desequilíbrio, do lado da demanda, são: --Crescimento da população mundial, que hoje é de 6,9 bilhões. --Aumento do consumo de alimentos em países em desenvolvimento. --Elevação do preço do barril de petróleo, que estimulou os investimentos em biocombustíveis a base de grãos. E, no lado da oferta: --Limites de recursos naturais (terra e água). --Mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Como consequência, a crise dos alimentos provocou: --A queda de 44 milhões de pessoas abaixo do limite da pobreza (US$ 1,25 dólar por dia). --Protestos no Oriente Médio e Norte da África, que já derrubaram dois ditadores. Por isso, as potências mundiais discutem soluções como pacotes de estímulo à agricultura e implementação tecnológica.

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