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24 de mar. de 2012

O que é anemia


Anemia é um dos distúrbios mais frequentes na medicina. Apesar de ser uma condição comum, ela é muitas vezes mal diagnosticada, mal tratada e quase sempre mal explicada aos pacientes. Neste texto vamos explicar o que é anemia, quais são suas causas e sintomas.

O que é anemia?

Popularmente a anemia é conhecida como falta de sangue. Na verdade, este conceito não está de todo errado, mas podemos ser um pouco mais precisos. Anemia é a redução do número de glóbulos vermelhos (também chamados de hemácias ou eritrócitos) no sangue. As hemácias são as células que transportam o oxigênio, levando-o para todos os órgãos e tecidos do corpo.

Para ficar mais fácil de entender, vamos explicar do que é feito o sangue:
Composição do sangue
Composição do sangue
O sangue pode ser dividido didaticamente em duas partes: plasma e células.

O plasma sanguíneo é a parte líquida, correspondendo a 55% do volume total de sangue. O plasma é basicamente água (92%), com alguns nutrientes diluídos, como proteínas, anticorpos, enzimas, glicose, sais minerais, hormônios, etc. 

Os outros 45% do sangue são compostos por células: hemácias, leucócitos e plaquetas. Destas células, 99% são hemácias. 

A anemia surge quando o percentual de hemácias no sangue fica reduzido, deixando-o mais diluído (as causas serão explicados mais à frente).

O diagnóstico da anemia é feito basicamente pela dosagem das hemácias no sangue, realizada através de em um exame de sangue chamado hemograma (leia: ENTENDA OS RESULTADOS DO SEU HEMOGRAMA). Na prática, a dosagem das hemácias é feita através dos valores do hematócrito e da hemoglobina.

Para entender como se diagnostica uma anemia é preciso estar familiarizado com os termos hematócrito e hemoglobina. Vamos a eles, então.

O que são o hematócrito e a hemoglobina?

a.) Hematócrito

O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelas hemácias (glóbulos vermelhos). O hematócrito normal fica ao redor de 40 a 45%, indicando que 40 a 45% do sangue são compostos por hemácias. 

As hemácias são produzidas na medula óssea e têm uma vida de apenas 120 dias. As hemácias velhas são destruídas pelo baço (órgão situado à esquerda na nossa cavidade abdominal). Isso significa que após quatro meses nossas hemácias já foram todas renovadas. A produção e a destruição das hemácias  são constantes, de modo a se manter sempre um número estável de hemácias circulantes no sangue. 

b.) Hemoglobina 

A hemoglobina é uma molécula portadora de ferro que fica dentro da hemácia. A hemoglobina é o componente mais importante da hemácia por ser ela a responsável pelo transporte de oxigênio pelo sangue.

O ferro é um elemento essencial da hemoglobina. Pessoas com carência de ferro não conseguem produzir hemoglobinas, que por sua vez são necessárias para a produção das hemácias. Portanto, uma diminuição das hemoglobinas obrigatoriamente leva a uma diminuição das hemácias, ou seja, à anemia.

Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia, uma vez que o hematócrito pode ser influenciado por uma sangue mais ou menos diluído.

Diagnóstico da anemia 

O diagnóstico de anemia é feito quando os valores da hemoglobina e do hematócrito estão abaixo do valor de referência:

- Hematócrito normal = 41% a 54% nos homens ou 35% a 47% nas mulheres
- Hemoglobina normal = 13 a 17 g/dL nos homens ou 12 a16 g/dL nas mulheres

Portanto, estamos diante de uma anemia quando os valores se encontram abaixo dos fornecido acima. É importante salientar que os valores de referência podem variar de um laboratório para o outro, e resultados um pouco abaixo do normal devem ser interpretados pelo seu médico, uma vez que não necessariamente indicam doença. Mulheres com grande fluxo menstrual podem ter valores menores que estes, sem causar qualquer dano à saúde. Uma leve anemia em mulheres pode não ter relevância clínica.

Bom, explicado o básico, vamos ao que interessa.

Causas de anemia

A anemia tem três causas básicas:

- Pouca produção de hemácias pela medula óssea.
- Elevada destruição de hemácias pelo corpo.
- Perda de hemácias e ferro através de sangramentos.

O CONCEITO MAIS IMPORTANTE QUE DEVE SER APRENDIDO É QUE ANEMIA NÃO É UMA DOENÇA, MAS SIM UM SINAL DE DOENÇA. Ao se deparar com um hemograma evidenciando uma anemia, o médico deve investigar qual das três causas acima é a responsável pelo quadro. Não basta prescrever ferro e achar que está tudo bem. 

Exemplos de causas de anemia que não se resolvem apenas com reposição de ferro:

1- Um câncer de intestino pode causar sangramentos e perda de hemácias, levando à anemia. Esta anemia é causada por perda de sangue e, apesar do paciente realmente ter carência de ferro, uma simples reposição não irá estancar o sangramento, nem tratar o tumor. Na verdade, repor ferro sem investigar a causa da anemia pode melhorar os valores do hematócrito temporariamente, levando à falsa impressão de resolução do problema, o que só irá atrasar o diagnóstico final. 

2- Uma infecção que atinge a medula óssea impede a produção de hemácias, levando à anemia. Anemia neste caso ocorre por falta de produção de hemácias na medula. Do mesmo modo, repor ferro não irá tratar a causa.

3- Um medicamento que seja tóxico para as hemácias e cause sua destruição antes de 120 dias, também leva à anemia. Anemia por rápida destruição das hemácias também não vai ser tratada com ferro.

Portanto, o simples diagnóstico de anemia não encerra a investigação. Pelo contrário, ele é apenas o primeiro passo para se obter o diagnóstico final. Se o paciente tem uma anemia, existe uma causa por trás.

A reposição de ferro só está indicada nos casos de anemia por carência ferro, chamada de anemia ferropriva. Ainda assim, a reposição não elimina a necessidade de se investigar o que está causando a perda de ferro. O paciente pode perder sangue por úlceras no estômago, tumores no intestino, sangramento vaginal, etc. Para saber mais sobre anemia por carência de ferro, leia: ANEMIA FERROPRIVA | Carência de ferro. 

Abaixo, uma demonstração do número de doenças que podem causar anemia e ficarão sem diagnóstico se não forem investigadas:

- Neoplasias (leia: CÂNCER | Sintomas e tipos).
- Insuficiência renal (leia: INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA).
- Leucemias (leia: LEUCEMIA - Sintomas e Tratamento).
- Linfomas (leia: O QUE É UM LINFOMA ?).
- Mieloma múltiplo (leia: ENTENDA O MIELOMA MÚLTIPLO).
- Doenças do trato gastrointestinal.
- Hipotireoidismo (leia: HIPOTIREOIDISMO (TIREOIDITE DE HASHIMOTO)).
- Deficiências de vitaminas como B12 e ácido fólico (leia: MITOS E VERDADES SOBRE VITAMINAS).
- Toxicidade da medula óssea por drogas.
- Doenças do fígado (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES).
- Infecções.
- Lúpus (leia: LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO).
- Síndrome hemolítica urêmica.
- SIDA (AIDS) (leia: SINTOMAS DO HIV E AIDS (SIDA)).
- Alcoolismo (leia: EFEITOS DO ÁLCOOL | Tratamento do alcoolismo).
- Sangramento digestivo (leia: SANGUE NAS FEZES E HEMORRAGIA DIGESTIVA).

Na verdade, qualquer doença que curse com inflamação crônica pode inibir a função da medula óssea e cursar com queda das hemácias, uma situação que chamamos de anemia de doença crônica. Portanto, qualquer doença mais arrastada pode causar anemia.

Anemias primárias

Na maioria dos casos, a anemia surge devido a alguma doença, como nos exemplos citados acima. Todavia, existem também as anemias primárias, ou seja, causadas por defeitos próprios na produção das hemácias. As anemias primárias são aquelas que não são causadas por outras doenças, elas são a própria doença.

Estas anemias são normalmente doenças de origem genética. As mais comuns são:

- Anemia falciforme (leia: ANEMIA FALCIFORME (DREPANOCÍTICA))
- Talassemia
- Anemia sideroblástica
- Esferocitose
- Hemoglobinúria paroxística noturna
- Deficiência de G6PD

Apenas para reforçar os conceitos: na anemia primária, o paciente tem um defeito genético que o impede de produzir hemácias saudáveis. O paciente nasce com esse problema. Nas anemias secundárias, o paciente passa a apresentar anemia depois de contrair algum problema de saúde ao longo da sua vida.

Anemia vira leucemia? 

NÃO! nenhuma anemia causa leucemia, assim como nenhuma anemia vira leucemia. Na verdade, anemia não só não vira leucemia como nenhum outro tipo de câncer. Entretanto, como já foi explicado, a anemia pode ser um sinal da existência de um câncer, entre eles a própria leucemia. Portanto, a leucemia leva à anemia e não o contrário.

Sintomas da anemia

Como as hemácias são as transportadoras de oxigênio do nosso corpo, a falta delas leva aos sintomas de uma oxigenação deficiente dos nossos tecidos. O principal sintoma da anemia é o cansaço. A anemia pode ser tão grave que tarefas simples como pentear o cabelo ou mudar de roupa tornam-se extenuantes.

Quanto mais rápido se instala a anemia, mais cansaço e fraqueza o paciente sente. Anemias que se instalam lentamente dão tempo ao paciente se adaptar e podem só causar sintomas em fases bem avançadas. Apenas como exemplo, se o paciente perde sangue rapidamente e sua hemoglobina cai de 13 para 9,0 g/dL em dois ou três dias, o paciente sentirá um cansaço grande. Se por outro lado houver um sangramento pequeno mas constante, fazendo com que a hemoglobina caia de 13 para 8,0 g/dL em três ou quatro meses, o paciente pode não notar muito cansaço a não ser que tente fazer esforços mais intensos.

Anemia - Conjuntiva
Anemia
Outro sinal de anemia é a palidez cutânea, muitas vezes identificadas até por leigos. Em pacientes de pele negra, a palidez cutânea é difícil de ser identificada.

Um jeito simples de identificar a anemia é olhar a conjuntiva, a membrana que recobre o olho e a região de dentro da pálpebra. Em pessoas normais ela é bem vermelhinha. Já em anêmicos ela é quase da cor da pele.

Além do cansaço e da palidez cutânea, outros sintomas da anemia incluem palpitações, falta de ar, dor no peito, sonolência, tonturas e hipotensão. Nos idosos pode haver algum grau de perda da atenção e dificuldades no raciocínio.

Conclusão

Como se pôde notar, a anemia é uma situação complexa que pode indicar dezenas de doenças diferentes. 
O importante é procurar ajuda médica sempre que houver suspeita de anemia.

Não se satisfaça apenas com o diagnóstico de anemia e a prescrição de ferro para tratamento. Pergunte ao seu médico qual é a causa da sua anemia e o que está sendo feito para diagnosticá-la e tratá-la.

Leia o texto original no site MD.Saúde: ANEMIA | Sintomas e causas http://www.mdsaude.com/2008/09/anemia.html#ixzz1q4VxYl8t

Sintomas do câncer


câncer não é uma doença única, e sim um conjunto de doenças. Entenda melhor o que é um câncer e descubra os principais sintomas.

O câncer (para brasileiros) ou cancro (para os resto dos países lusófonos) é o termo usado para designar mais de 100 doenças diferentes, que apresentam em comum, o crescimento desordenado de células anormais que possuem capacidade de invadir tecidos e se espalhar para outras regiões do corpo através dos vasos.

COMO SURGE UM CÂNCER?

É um processo complicado, mas vou tentar escrever do jeito mais simples possível. Mais uma vez a descrição não será 100% exata, já que esse texto não é voltado para estudantes da área de saúde.

O ciclo básico de vida de uma célula é se multiplicar quando necessário e morrer quando se torna velha ou quando sofre alguma lesão na sua estrutura.

As nossas células são programas para se autodestruírem em caso de alteração da sua conformação original, principalmente se houver lesão no DNA (código genético da célula, que determina suas características), não passível de reparo. Esta autodestruição se chama apoptose. Este mecanismo evita que lesões no DNA possam ser perpetuadas através da multiplicação de células anômalas.

CâncerLesões celulares ocorrem diariamente em nosso organismo e são amplificadas pelo cigarro, radiação e produtos químicos, todas substâncias com alto potencial de lesão do DNA (carcinógenos). Só o cigarro possui mais de 4000 substâncias comprovadamente carcinógenas.

Graças a apoptose, não desenvolvemos câncer a todo momento.

O processo de multiplicação celular e apoptose é controlado por um grupo de genes chamado de protooncogenes. São os genes supressores de tumor. O câncer começa a surgir quando ocorrem mutações nesses protooncogenes, fazendo com que suas funções sejam abolidas. Os genes alterados passam a se chamar oncogenes, e em vez de impedir a formação de tumores, passam a estimulá-los.

A partir desse momento as células com alterações estruturais não só conseguem se multiplicar, como estão protegidas da apoptose. Portanto, são células se proliferam rapidamente e não morrem. Estas são as células cancerígenas.

Existem vários tipos de protooncogenes, cada tipo de câncer está relacionado a um ou mais desses. Os diferentes tipos de oncogenes explicam porque algumas famílias apresentam tendência a desenvolverem alguns tipos de câncer e porque o cigarro causa câncer de pulmão em alguns, de boca em outros, de bexiga, rins etc... A ausência de ativação de oncogenes específicos também explica porque alguns fumantes nunca desenvolvem câncer.

POR QUE O CÂNCER LEVA À MORTE ?

As células cancerígenas além de se multiplicarem, conseguem produzir seus próprios vasos sanguíneos, o que permite a elas receberem nutrientes e formarem as massas de células chamada de tumores. Outro fator determinante é a capacidade dessas células anômalas de alcançarem a circulação sanguínea e viajarem pelo corpo.

Quanto mais lesão tiver sofrido o DNA da célula, mais diferente ela será da célula que lhe deu origem. E se ela é diferente, não consegue despenhar as funções vitais que a original exerce. Então, passamos a ter um quadro onde células que não desempenham nenhuma função se multiplicam de modo muito mais rápido que o normal e passam não só a competir por alimento, como invadem e tomam o lugar das células normais.

Câncer - metástaseDepois de um tempo passamos a ter um pulmão em que a maioria das células não consegue captar oxigênio, um intestino que não absorve nutrientes, um rim que não produz urina... Além disso, temos uma massa tumoral que cresce tanto que começa a esmagar e obstruir outros tecidos e vasos importantes. Um tumor do pescoço pode comprimir a traqueia e causar asfixia, um tumor de intestino obstrui a passagem das fezes, um tumor cerebral pode comprimir o cérebro contra o crânio etc...

A célula cancerígena tem a capacidade de invadir tecidos próximos e alcançar vasos sanguíneos, podendo viajar pela circulação e acometer outros órgãos distantes. Este processo se chama metástase. Os tumores benignos são aqueles que não tem capacidade de metastizar.

Alguns termos para melhor compreensão:
  • Câncer - São células anômalas com capacidade de multiplicação, invasão a distância e de destruição. O câncer é sempre maligno.
  • Tumor - É o aumento anormal de um tecido, pode ser maligno ser for criado por células cancerígenas, mas pode ser benigno se for por células sem características de câncer.
  • Neoplasia - Semelhante a tumor.
  • Carcinoma - Câncer originado das células epiteliais (tipo de células que recobre a pele e a maioria da superfície dos órgãos).
  • Sarcoma - Câncer originado de células de músculos, gordura, osso e cartilagem.
  • Mesotelioma - Câncer originado de células do mesotélio, tecido que envolve alguns de nossos órgãos como a pleura, pericárdio e peritônio.
  • Leucemia - Câncer que se origina de células do sangue na medula óssea.
  • Linfoma - Câncer que se origina das células de defesa do organismo

Sintomas de câncer

Como eu já disse, existem vários tipos de câncer e cada um tem sua apresentação clínica distinta. Um tumor cerebral tem sintomas completamente diferentes de um tumor de próstata.

Todavia, os cânceres apresentam um grupo de sinais e sintomas que são mais ou menos comuns a todos.

DOR

É conhecido de todos que doentes com câncer sofrem de dores crônicas. Mas por que isso acontece?A maioria das dores do cânceres são de origem óssea, principalmente pelas metástases. Qualquer tumor pode metastizar para os ossos, e doentes em fases terminais podem apresentar várias fraturas espontâneas pelo corpo. A cefaléia (dor de cabeça) também é um sintoma comum e pode ocorrer por metástases para o crânio, compressão do cérebro pelo tumor, lesões hemorrágicas ou compressão dos nervos faciais. A compressão de nervos periféricos pela massa tumoral pode ser causa de dor em qualquer local do corpo. A dor também pode ser um efeito colateral da quimioterapia e da radioterapia.

CAQUEXIA

A caquexia é uma diminuição do apetite associado a rápida perda de peso e massa muscular. Diferente da desnutrição comum, a caquexia se caracteriza por uma perda de peso desproporcional a falta de ingestão calórica, que normalmente não é corrigida mesmo com uma alimentação forçada.As células tumorais produzem substâncias que agem diretamente no tecido muscular e adiposo (gorduroso), levando ao seu consumo. Por isso, doentes com câncer apresentam tanta dificuldade em ganhar peso.

FADIGA

O cansaço crônico do doente neoplásico pode ser causado pela própria caquexia, por anemia, por dificuldade em dormir (normalmente pela dor), e pela ação direta de substâncias produzidas pelo tumor.Também pode ser um efeito secundário do tratamento.

ANEMIA

A anemia é um achado quase universal nos cânceres. Qualquer doença crônica pode causar uma inibição na produção de hemácias pela medula óssea, e o câncer não é diferente. A anemia pode ser também por sangramentos do tumor, por inibição da absorção de ferro, por invasão tumoral da medula óssea ou por ação direta da quimioterapia e da radioterapia.

TROMBOSE

Pacientes com tumores malignos tendem a apresentar um estado de hipercoagulabilidade, ou seja, o sangue inapropriadamente coagula dentro do próprio vaso, formando trombos (leia sobre trombos no texto sobre AVC).Pode haver trombose de artérias e veias, assim como uma síndrome gravíssima chamada de "coagulação intravascular disseminada" (CIVD), onde a cascata da coagulação começa a ser ativada no corpo todo ao mesmo tempo, levando a formação simultânea de trombos e hemorragias difusas.

A ocorrência de trombose pode ser o primeiro sinal de uma neoplasia, e às vezes, antecede o diagnóstico de câncer em vários meses.

Sintomas específicos dos principais tipos de câncer

Além dos sintomas inespecíficos, listados acima, comuns a quase todos os tipos de cânceres, cada um apresenta ainda um conjunto de sintomas específicos relacionado ao órgão acometido.

1) Sintomas do câncer de pele (leia: Câncer de pele (Cancro de pele))

O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil. Ocorre principalmente em pessoas com mais de 40 anos e é muito raro em crianças e negros.

Existem vários tipos diferentes de câncer de pele, sendo o carcinoma basocelular,o carcinoma epidermóide e o melanoma, os mais comuns.

Os sintomas mais comuns do câncer de pele são manchas na pele, que podem ser muito parecidos com novos sinais ou pintas, porém, que mudam de forma, tamanho e cor. O câncer também pode se manifestar como feridas que não cicatrizam após 4 semanas.

2) Sintomas do câncer de próstata (leia: CÂNCER DE PRÓSTATA)

O câncer de próstata é o mais comum no sexo masculino, porém, apresenta mortalidade menor que os cânceres de pulmão e melanoma. É um câncer que apresenta crescimento lento, podendo levar vários anos até causar sintomas. Atualmente a maioria dos cânceres de próstata são detectados antes de existirem sintomas clínicos da doença

Quando há sintomas do câncer de próstata, estes são dificuldade para urinar, com redução da força do jato urinário, dor para urinar, vontade frequente de urinar e, mais raramente, hematúria (leia: HEMATÚRIA (URINA COM SANGUE )). Dores ósseas podem ocorrer em fases avançadas, quando já há metástases para os ossos.

3) Sintomas do câncer de mama (leia: CÂNCER DE MAMA - Sintomas e diagnóstico)

O câncer de mama é o câncer mais comum nas mulheres. É raro antes dos 35 anos e é mais comum em pacientes com história familiar positiva.

Os sintomas mais comuns do câncer de mama são o aparecimento de nódulos ou tumorações nas mamas, alterações na textura da pele, retrações do mamilo e linfonodos nas axilas.

4) Sintomas do câncer de pulmão 

O câncer de pulmão é segundo tumor maligno mais comum quando se leva em conta homens e mulheres, e é o que apresenta maior mortalidade. Mais de 90% dos casos ocorrem em fumantes (leia: MALEFÍCIOS DO CIGARRO | Tratamento do tabagismo). Existem 4 tipos de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células, carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e o carcinoma de grandes células.

Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são a tosse crônica, escarro com sangue (leia: TOSSE E ESCARRO COM SANGUE), dor torácica, falta de ar (leia: FALTA DE AR (DISPNEIA)) e infecções pulmonares de repetição.

Sobre o câncer de pulmão, leia: CÂNCER DE PULMÃO | Cigarro e outros fatores de risco 

5) Sintomas do câncer de cólon

O câncer colo-retal abrange os tumores que acometem o intestino grosso e o reto. É dos cânceres mais comuns em homens e mulheres acima dos 50 anos.

Os principais sintomas do câncer de cólon são a anemia por perda crônica de sangue nas fezes, que pode ser perceptível ou não, dores abdominais, massas palpáveis no abdômen, constipação intestinal, diarréia crônica (leia: DIARRÉIA. SINAIS DE GRAVIDADE E TRATAMENTO ) e dor ao evacuar.

6) Sintomas do câncer de colo do útero (leia: HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO | Sintomas e vacina)

O câncer de colo uterino está intimamente relacionado a infecção pelo vírus HPV, transmitido por via sexual.

Os principais sintomas do câncer de colo de útero são sagramentos vaginais e dor pélvica, porém, só ocorrem em fases tardias da doença. 


Leia o texto original no site MD.Saúde: 
CÂNCER | Sintomas e tipos http://www.mdsaude.com/2009/02/cancer-cancro-sintomas.html#ixzz1q4VEzOln

exame de urina


O exame de urina é usado como método diagnóstico complementar desde o século II. Trata-se de um exame indolor e de simples coleta, o que o torna muito menos penoso para os pacientes do que as análises de sangue, que só podem ser colhidas através de punção da veia com agulha.

O exame sumário da urina pode nos fornecer pistas importantes sobre doenças sistêmicas, principalmente as doenças dos rins.

As três análises de urina mais comuns são:

- EAS (elementos anormais do sedimento) ou urina tipo I.
- Urina de 24 horas (leia: URINA 24 HORAS | Como colher e para que serve).
- Urinocultura (urocultura) (leia: EXAME UROCULTURA | Indicações e como colher).

Neste texto falaremos apenas do exame simples de urina (EAS ou urina tipo I). As informações contidas aqui têm como objetivo ajudar na compreensão dos resultados das análises de urina. De modo algum o paciente deve usar este texto para interpretar exames sem a orientação de um médico.

EAS | urina tipo I

O EAS é o exame de urina mais simples, feito através da coleta de 40-50 ml de urina em um pequeno pote de plástico. Normalmente solicitamos que se use a primeira urina da manhã, desprezando o primeiro jato. Esta pequena quantidade de urina desprezada serve para eliminar as impurezas que possam estar na uretra (canal urinário que traz a urina da bexiga). Após a eliminação do primeiro jato, enche-se o recipiente com o resto da urina.

A primeira urina da manhã é a mais usada, mas não é obrigatório. A urina pode ser coletada em qualquer período do dia.

Exame de urina
EAS - Urina I
A amostra de urina deve ser colhida idealmente no próprio laboratório, pois quanto mais fresca estiver, mais confiáveis são os seus resultados. Um intervalo de mais de duas horas entre a coleta e a avaliação pode invalidar o resultado, principalmente se a urina não tiver sido mantida sob refrigeração.

O EAS é divido em duas partes. A primeira é feita através de reações químicas e a segunda por visualização de gotas da urina pelo microscópio.

Na primeira parte mergulha-se  uma fita na urina, chamada de dipstick, como as que estão nas fotos ao lado. Cada fita possuiu vários quadradinhos coloridos compostos por substâncias químicas que reagem com determinados elementos da urina. Esta parte é tão simples que pode ser feita no próprio consultório médico. Após 1 minuto, compara-se a cores dos quadradinhos com uma tabela de referência que costuma vir na embalagem das próprias fitas do EAS.

Exame de urina
EAS - Urina I
Através destas reações e com o complemento do exame microscópico, podemos detectar a presença e a quantidade dos seguintes dados da urina:

- Densidade
- pH
- Glicose
- Proteínas
- Hemácias (sangue)
- Leucócitos
- Cetonas
- Urobilinogênio e bilirrubina
- Nitrito
- Cristais
- Células epiteliais e cilindros

Os resultados do dipstick são qualitativos e não quantitativos, isto é, a fita identifica a presença dessas substâncias citadas acima, mas a quantificação é apenas aproximada. O resultado é normalmente fornecido em uma graduação de cruzes de 1 a 4. Por exemplo: uma urina com "proteínas 4+" apresenta grande quantidade de proteínas; uma urina com "proteínas 1+" apresenta pequena quantidade de proteínas. Quando a concentração é muito pequena, alguns laboratórios fornecem o resultado como "traços de proteínas".

Vamos, então, aos valores de referência:

a) Densidade:

A densidade da água pura é igual a 1000. Quanto mais próximo deste valor, mais diluída está a urina. Os valores normais variam de 1005 a 1035. Urinas com densidade próximas de 1005 estão bem diluídas; próximas de 1035 estão muito concentradas, indicando desidratação. Urinas com densidade próxima de 1035 costumam ser muito amareladas e normalmente possuem odor forte (leia: URINA COM CHEIRO FORTE E MAL CHEIROSA).

A densidade indica a concentração das substâncias sólidas diluídas na urina, sais minerais na sua maioria. Quanto menos água houver na urina, maior será sua densidade.

b) pH:

A urina é naturalmente ácida, já que o rim é o principal meio de eliminação dos ácidos do organismo. Enquanto o pH do sangue costuma estar em torno de 7,4, o pH da urina varia entre 5,5 e 7,0, ou seja, bem mais ácida.

Valores de pH maiores ou igual 7 podem indicar a presença de bactérias que alcalinizam a urina. Valores menores que 5,5 podem indicar acidose no sangue ou doença nos túbulos renais.

O valor mais comum é um pH por volta de 5,5-6, porém, mesmo valores acima ou abaixo dos descritos podem não necessariamente indicar alguma doença. Este resultado deve ser interpretado pelo seu médico.

c) Glicose:

Toda a glicose que é filtrada nos rins é reabsorvida de volta para o sangue pelo túbulos renais. Deste modo, o normal é não apresentar evidências de glicose na urina.

A presença de glicose na urina é um forte indício de que os níveis sanguíneos estão altos. É muito comum pessoas com diabetes mellitus apresentarem perda de glicose pela urina. Isto ocorre porque a quantidade de açúcar no sangue está tão alta, que parte deste acaba saindo pela urina. Quando os níveis de glicose no sangue estão acima de 200 mg/dl, geralmente há perda na urina (leia: DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO DIABETES MELLITUS ).

A presença de glicose na urina sem que o indivíduo tenha diabetes costuma ser um sinal de doença nos túbulos renais. Isso significa que apesar de não haver excesso de glicose na urina, os rins não conseguem impedir sua perda.

Basicamente, a presença de glicose na urina indica excesso de glicose no sangue ou doença dos rins.

d) Proteínas:

A maioria das proteínas não são filtradas pelo rim, por isso, em situações normais, não devem estar presentes na urina. Na verdade, existe apenas uma pequena quantidade de proteínas na urina, mas são tão poucas que não costumam ser detectadas pelo teste da fita. Portanto, uma urina normal não possui proteínas.

Existem 2 maneiras de se apresentar o resultado das proteínas na urina: em cruzes ou uma estimativa em mg/dL:

Ausência = menos que 10 mg/dL (valor normal)
Traços = entre 10 e 30 mg/dL
1+ = 30 mg/dl
2+ = 40 a 100 mg/dL
3+ = 150 a 350 mg/dL
4+ = Maior que 500 mg/dL

A presença de proteínas na urina se chama proteinúria, pode indicar doença renal e deve ser sempre investigada (leia: PROTEINÚRIA, URINA ESPUMOSA E SÍNDROME NEFRÓTICA). O exame da urina de 24h é normalmente feito para se quantificar com exatidão a quantidade de proteínas que se está perdendo na urina (leia: URINA 24 HORAS | Como colher e para que serve).

e) Hemácias na urina / hemoglobina na urina / sangue na urina:

Assim como nas proteínas, a quantidade de hemácias (glóbulos vermelhos) na urina é desprezível e não consegue ser detectada pelo exame da fita. Mais uma vez, os resultados costumam ser fornecidos em cruzes. O normal é haver ausência de hemácias (hemoglobina).

Como as hemácias são células, elas podem ser vistas com um microscópio. Deste modo, além do teste da fita, também podemos procurar por hemácias diretamente pelo exame microscópico, uma técnica chamada de sedimentoscopia. Através do microscópio consegue-se detectar qualquer presença de sangue, mesmo quantidades mínimas não detectadas pela fita.

Neste caso, os valores normais são descritos de duas maneiras:  
- Menos que 3 a 5 hemácias por campo ou menos que 10.000 células por mL

A presença de sangue na urina chama-se hematúria e pode ocorrer por diversas doenças, como infecções, pedras nos rins e doenças renais graves (para saber mais detalhes sobre a hematúria, leia: HEMATÚRIA (URINA COM SANGUE)). Um resultado falso positivo pode acontecer nas mulheres que colhem urina enquanto estão na período menstrual.

Uma vez detectada a hematúria, o próximo passo é avaliar a forma das hemácias em um exame chamado "pesquisa de dismorfismo eritrocitário". As hemácias dismórficas são hemácias com morfologia alterada, comum em algumas doenças como a glomerulonefrite (leia: O QUE É UMA GLOMERULONEFRITE?). É possível haver pequenas quantidades de hemácias dismórficas na urina sem que isso tenha relevância clínica. Apenas valores acima de 40 a 50% costumam ser considerados relevantes.

Não é todo laboratório que possui gente capacitada para executar esse exame. Por isso, muitas vezes ele não é feito automaticamente. É preciso o médico solicitar especificamente essa avaliação.

f) Leucócitos ou piócitos

Os leucócitos, também chamados de piócitos, são os glóbulos brancos, nossas células de defesa. A presença de leucócitos na urina costuma indicar que há alguma inflamação nas vias urinárias. Em geral, sugere infecção urinária, mas pode estar presente em várias outras situações, como traumas, uso de substâncias irritantes ou qualquer outra inflamação não causada por um agente infeccioso. Podemos simplificar e dizer que leucócitos na urina significa pus na urina.

Como também são células, os leucócitos podem ser contados na sedimentoscopia. Valores normais estão abaixo dos 10.000 células por mL ou 5 células por campo

Alguns dipsticks apresentam um quadradinho para detecção de leucócitos, normalmente o resultado vem descrito como "esterase leucocitária". O normal é estar negativo.

g) Cetonas ou corpos cetônicos:

Os corpos cetônicos são produtos da metabolização das gorduras. Normalmente não estão presentes na urina. A sua detecção pelo dipstik pode indicar diabetes mellitus mal controlado ou jejum prolongado.

h) Urobilinogênio e bilirrubina

Também normalmente ausentes na urina, podem indicar doença hepática (fígado) ou hemólise (destruição anormal das hemácias). A bilirrubina só costuma aparecer na urina quando os seus níveis sanguíneos ultrapassam 1,5 mg/dL. O urobilinogênio pode estar presente em pequenas quantidades sem que isso tenha relevância clínica.

i) Nitritos

A urina é rica em nitratos. A presença de bactérias na urina transforma esses nitratos em nitritos. Portanto, fita com nitrito positivos é um sinal indireto da presença de bactérias. Nem todas as bactérias tem a capacidade de metabolizar o nitrato, por isso, exame de urina com nitrito negativo de forma alguma descarta infecção urinária.

Na verdade, o EAS apenas sugere infecção. A presença de hemácias, associado a leucócitos e nitritos positivos, fala muito a favor de infecção urinária, porém, o exame de certeza é a urocultura (leia: EXAME UROCULTURA | Indicações e como colher).

A pesquisa do nitrito é feita através da reação de Griess, que é o nome dado a reação do nitrito com um meio ácido. Por isso, alguns laboratórios fornecem o resultado como Griess positivo ou Griess negativo, que é igual a nitrito positivo e nitrito negativo, respectivamente.

j) Cristais

Esse é talvez o resultado mais mal interpretado, tanto por pacientes como por alguns médicos. A presença de cristais na urina, principalmente de oxalato de cálcio, não tem nenhuma importância clínica. Ao contrário do que se possa imaginar, a presença de cristais não indica uma maior propensão à formação de cálculos renais.

Os únicos cristais com relevância clínica são:
- Cristais de cistina
- Cristais de magnésio-amônio-fosfato (estruvita)
- Cristais de tirosina
- Cristais de bilirrubina
- Cristais de colesterol

A presença de cristais de ácido úrico, se em grande quantidade, também deve ser valorizada.

k) Células epiteliais e cilindros

A presença de células epiteliais é normal. São as próprias células do trato urinário que descamam. Elas só têm valor quando se agrupam em forma de cilindro, recebendo o nome de cilindros epiteliais.

Como os túbulos renais são cilíndricos, toda vez que temos alguma substância (proteínas, células, sangue...) em grande quantidade na urina, elas se agrupam em forma de um cilindro. A presença de cilindros indica que esta substância veio dos túbulos renais e não de outros pontos do trato urinário como a bexiga, ureter, próstata, etc. Isto é muito relevante, por exemplo, nos casos de sangramento, onde um cilindro hemático indica o glomérulo como origem, e não a bexiga, por exemplo.

Os cilindros que podem indicar algum problema são:

- Cilindros hemáticos (sangue) = Indica glomerulonefrite
- Cilindros leucocitários = Indicam inflamação dos rins
- Cilindros epiteliais = indicam lesão dos túbulos
- Cilindros gordurosos = indicam proteinúria

Cilindros hialinos não indicam doença, mas pode ser um sinal de desidratação.

A presença de muco na urina é inespecífica e normalmente ocorre pelo acúmulo de células epiteliais com cristais e leucócitos. Tem pouquíssima utilidade clínica. É mais uma obervação.

Em relação ao EAS (urina tipo I) é importante salientar que esta é uma análise que deve ser sempre interpretada. Os falsos positivos e negativos são muito comuns e não dá para se fechar qualquer diagnóstico apenas comparando os resultados com os valores de referência.

EAS (urina tipo I) normal 

Apenas como exemplo, o que segue abaixo é um modelo de como os laboratórios apresentam os resultados do exame sumário de urina. Este exame está normal.

COR ---- amarelo citrino 
ASPECTO ---- limpido
DENSIDADE ---- 1.015 (normal varia entre 1005 e 1030) 
PH ---- 5,0 (normal varia entre 5,5 a 7.5)

EXAME QUÍMICO

Glicose ---- ausente
Proteínas ---- ausente
Cetona ---- ausente
Bilirrubina ---- ausente
Urobilinogênio ---- ausente
Leucócitos ---- ausente
Hemoglobina ---- ausente
Nitrito ---- negativo

MICROSCOPIA DO SEDIMENTO (sedimentoscopia)

Células epiteliais ---- algumas
Leucócitos ---- 5 por campo 
Hemácias ---- 3 por campo
Muco ---- ausente
Bactérias  ---- ausentes
Cristais ---- ausentes
Cilindros ---- ausentes

Leia o texto original no site MD.Saúde: EXAME DE URINA | Leucócitos, nitritos, hemoglobina... http://www.mdsaude.com/2009/08/exame-de-urina.html#ixzz1q4Twxgae

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