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7 de mai. de 2016

Exercício pode anular efeito nocivo da poluição do ar, diz estudo

Um estudo da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, sugere que os benefícios para saúde de atividades ao ar livre, como andar de bicicleta ou caminhar, são maiores do que os danos causados pela eventual exposição à poluição durante o exercício.
Mais de 5,5 milhões de pessoas morrem de forma prematura no mundo todo ano como resultado da poluição do ar, segundo levantamento de uma outra pesquisa. Os dados foram reunidos como parte do projeto chamado Global Burden of Disease ("Peso Global das Doenças", em tradução livre).
Por outro lado, a prática regular de exercícios reduz o risco de doenças como diabetes, problemas cardíacos e vários tipos de câncer.
O estudo britânico mostrou que mesmo em cidades com altos níveis de poluição, o benefício dos exercícios ainda supera os riscos de se respirar o ar poluído.
Os pesquisadores usaram simulações em computador para comparar dados sobre tipos diferentes de atividades físicas e níveis diferentes de poluição do ar em lugares espalhados pelo mundo.
Eles descobriram que, pra a média de concentração de poluição em áreas urbanas, o ponto de virada - quando os riscos dos exercícios começam a superar os benefícios - acontece depois de 7 horas de ciclismo ou 16 horas de caminhada por dia.

Viagem ativa

Uma forma de as pessoas incorporarem a atividade física em seu dia a dia é por meio de "viagens ativas": caminhar ou andar de bicicleta ao transitar pela cidade.
Essas práticas também podem ajudar a reduzir as emissões causadas por carros e outros meios de transporte - principais fontes de poluição nas cidades.
O problema é que muitos dos "viajantes ativos" temem inalar poluentes durante a prática de exercício e prejudicar sua saúde - e é justamente isso o que é estudado pela pesquisa de Cambridge.
Já se sabia que as vantagens superam os malefícios em áreas de baixa poluição do ar, mas o cenário ainda é mais relativo em cidades extremamente poluídas.
"Nosso modelo indica que, em Londres, os benefícios para saúde da viagem ativa sempre superam os riscos da poluição. Mesmo em Nova Déli (na Índia), uma das cidades mais poluídas do mundo - com níveis de poluição dez vezes maiores que os de Londres -, as pessoas precisariam andar de bicicleta mais de cinco horas por semana antes de os riscos da poluição superarem dos benefícios para saúde", disse Marko Tanio, da Unidade de Epidemiologia da Universidade de Cambridge.
"Mas devemos lembrar que uma pequena minoria de trabalhadores nas cidades mais poluídas, como entregadores que usam bicicletas, podem estar expostos a níveis de poluição do ar altos o bastante para anular os benefícios à saúde da atividade física", acrescentou.

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Image captionCientista afirma que mesmo em cidades poluídas da Índia, as pessoas precisariam andar de bicicleta por mais de cinco horas para os riscos à saúde serem maiores do que os benefícios

Método

Os pesquisadores pertencem ao CEDAR, uma parceria entre as Universidades de Cambridge e East Anglia, ambas na Grã-Bretanha, e o Conselho de Pesquisa Médica britânico. Eles usaram simulações de computador para comparar os riscos e benefícios para diferentes níveis de intensidade e duração da viagem ativa e de poluição do ar em lugares diferentes no mundo todo, compilando estudos epidemiológicos e meta-análises.
A partir desses dados, os pesquisadores calcularam que, em termos práticos, os riscos representados pela poluição do ar não vão anular os benefícios para saúde de quem pratica viagens ativas na grande maioria das áreas urbanas do mundo todo.
Apenas 1% das cidades que estão no banco de dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre poluição atmosférica tinham níveis de poluição altos o bastante para começar a anular os benefícios das atividades físicas depois de meia hora de bicicleta por dia, todo dia.

Combate à poluição

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Image captionCientistas afirmam que a pesquisa não deve ser uma desculpa para não combater a poluiçao do ar
A média do nível de poluição para cidades no mundo inteiro é de 22 microgramas por metro cúbico, de acordo com a OMS.
"Ainda que esta pesquisa demonstre os benefícios da atividade física apesar da qualidade do ar, isso não pode justificar a inação no combate à poluição", ressaltou James Woodcock, membro do CEDAR e participante da pesquisa.
Para ele, a pesquisa reforça a necessidade de "investimento em infraestrutura para tirar as pessoas de dentro de seus carros e colocá-las para caminhar ou andar de bicicleta - o que já pode reduzir os níveis de poluição e, ao mesmo tempo, dar apoio à atividade física".
BBC BRASIL

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