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6 de out. de 2015

A palavra que contém o segredo do povo mais feliz do mundo

 

  • 5 outubro 2015
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Image caption Assim como 'saudade', hygge é uma palavra de difícil tradução; muitas vezes, é explicada como 'acolhedor'
O chamado "hygge" é um conceito 100% dinamarquês: dizem que ele torna os lares mais quentes e as pessoas mais felizes. Mas o que exatamente é o hygge? E, o mais importante: é possível exportá-lo para outros países?
Se perguntarmos a um dinamarquês o que é o hygge (pronuncia-se "hu-ga"), ele poderia responder que é "sentar em frente a uma lareira em uma noite fria, com um confortável pulôver de lã, uma caneca de vinho quente e fazendo carinho em seu cachorro".
Ou ainda comer biscoitos de canela feitos em casa, assistir TV debaixo de um edredom, tomar chá em uma xícara de porcelana na reunião de família do Natal.
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Hygge muitas vezes é traduzido como "acolhedor" ou "aconchego". Mas os entendidos dizem que hygge é muito mais do que isso: é uma atitude perante a vida, que ajudou a Dinamarca a superar a Suíça e a Islândia no ranking global de felicidade.

Só no inverno?

Susanne Nilsson é professora de dinamarquês no colégio Morley, de Londres, e as aulas incluem o ensino de hygge aos estudantes.
"Na Dinamarca temos inverno frios e longos", diz. "Isso influi nas coisas. Mas hygge não tem que estar relacionado ao inverno, ainda que o clima não seja tão bom durante grande parte do ano."
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Image caption Hygge não precisa estar ligado ao inverno, ainda que tenha a ver com longas e frias noites da estação na Dinamarca
Em pleno inverno, quando os dinamarqueses tem apenas quatro horas de sol por dia e as temperaturas médias giram em torno de 0ºC, as pessoas passam mais tempo dentro de casa, diz Nilsson, e isso significa que as formas de se divertir no lar passam a ser muito importantes.
"Hygge pode ser família e amigos reunidos para jantar à meia luz. Ou pode ser o tempo que você passa sozinho, lendo um bom livro", diz Nilsson.
"Funciona melhor quando não há um espaço vazio grande demais em torno da pessoa ou do grupo", explica.
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A ideia é relaxar e se sentir "em casa" tanto quanto for possível, esquecendo as preocupações da vida.
E o hygge está sendo exportado para outros países - principalmente por meio de restaurantes, cafés e bares de temática escandinava.
São lugares com espaços íntimos, cuja decoração carece de uniformidade e a atenção está concentrada nos alimentos reconfortantes.
Ainda que muitos dos fregueses talvez nunca tenham ouvido falar de hygge, nesses lugares eles podem entender do que se trata.
Nos Estados Unidos, há uma empresa de têxteis e papel de parede chamada Hygge West cujo objetivo principal é canalizar o conceito dinamarquês por meio de desenhos.
E também há uma padaria em Los Angeles chamada Hygge que vende os tradicionais pães e doces dinamarqueses.
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Image caption Ideia é relaxar e se sentir em casa
"O resto do mundo parece estar se dando conta, gradualmente, de algo que os dinamarqueses sabem há gerações: passar um tempo curtindo um aconchego com amigos e família, tomando café com bolo ou cerveja, pode ser bom para a alma", afirma Helen Russell, autora do livro The Year of Living Danishly: Uncovering the Secrets of the World's Happiest Country (O ano em que vivemos como dinamarqueses: descobrindo os segredos do país mais feliz do mundo).
"Para mim, hygge tem a ver com ser bom consigo mesmo: se permitir passar um tempo agradável, não se castigar ou se negar nada", diz.
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É um pouco o oposto do que muitos fazem em vários países logo após as festas de Natal e de fim de ano, quando muitas pessoas reagem aos excessos cometidos nas festas fazendo dietas, se exercitando ou se abstendo de álcool.
"Na Dinamarca não há muitas privações forçadas. O que se tenta é ser generoso consigo mesmo e com os demais. Os dinamarqueses não bebem ou comem em excesso e depois cortam tudo. Nem fazem dietas 'ioiô'."
O adjetivo de hygge é "hyggeligt", palavra que costuma ser usada como elogio a anfitriões depois de uma noite agradável em suas casas.
"Hygge não é só um conceito da classe média. Todos, do o gari ao prefeito, estão incluídos", diz Russell.
"Até agora, minha experiência mais hygge provavelmente foi observar o entardecer em uma banheira com água quente durante uma tempestade de neve em janeiro, com uma cerveja na mão. Mas não precisa ser algo tão dramático. O que faço, em geral, é acender uma vela no escritório de minha casa enquanto trabalho."
Kayleigh Tanner é autora do blog Hello Hygge. Ela diz que, ainda que o hygge seja difícil de descrever por ser tão abstrato, começar a ressoar entre muita gente.
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Image caption Palavra passou a ser usada em dinamarquês no século 19
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A origem do Hygge

  • O termo surgiu de uma palavra norueguesa que significa "bem-estar".
  • Apareceu pela primeira vez escrita em dinamarquês no século 19 e, desde então, evoluiu para a ideia cultural que se conhece hoje em dia na Dinamarca.
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"São muito interessantes as palavras que não podem ser traduzidas para outros idiomas", diz Tanner.
"Mas se o hygge não está restrito à Dinamarca, por que é tão difícil descrevê-lo sem pegar emprestada a palavra dinamarquesa?"
Alguns dinamarquesas de gerações mais velhas sentem que o hygge já não é mais o que era, que a ênfase na socialização se reduziu porque agora se considera que assistir TV ou um DVD sozinho é "hyggeligt".
Outros países e culturas têm expressões semelhantes.
BBC
Image caption Para alguns, hygge é 'bom para a alma'
Em alemão, há a Gemuetlichkeit: o sentimento de bem-estar baseado em boa comida, companhia e talvez uma bebida.
Mas os dinamarqueses insistem que o hygge é único.
A blogueira Anna Lea West propõe como definição de hygge "a intimidade da alma".
Patrick Kingsley, autor do livro de viagens How to Be Danish (Como ser dinamarquês), afirma que o hygge é uma ideia tão arraigada no sentimento de união dos dinamarqueses que para estrangeiros é muito difícil entender sua importância histórica e social.
Por sua vez, a tradutora dinamarquesa ToveMaren Stakkestad escreve: "Hygge não é para ser traduzido. É para ser sentido".

Cada pessoa tem 'nuvem' particular de micróbios, diz pesquisa

Cada pessoa tem 'nuvem' particular de micróbios, diz pesquisa

Neste exato momento, você está envolto por uma "nuvem" única, formada por milhares de bactérias, suas próprias bactérias, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos.
Ao entrar na nuvem de uma outra pessoa, você é atingido por uma "chuva" de bactérias em sua pele e vai respirá-las, até chegarem ao seu pulmão.
Essa descrição está em um estudo, divulgado na publicação científica PeerJ, que analisou 11 pessoas e concluiu que é possível identificá-las pelos micróbios.
Outras pesquisas já haviam mostrado a extensão do nosso microbioma – conjunto de bactérias, vírus e fungos no nosso corpo.
Essa grupo pode ser transmitido por meio de contato direto, pelo ar ou por células mortas presentes na poeira.

Você pode dar uma passo para trás, por favor?

Os participantes do estudo permaneceram em uma câmara fechada por quatro horas, onde o ar era bombardeado para dentro por meio de um filtro, para evitar contaminação.
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Já os filtros dentro do cômodo coletavam amostras da "nuvem" das pessoas. E cientistas então analisaram as bactérias coletadas.
"Acreditamos que vamos ser capazes de detectar o microbioma humano no ar que rodeia uma pessoa, mas ficamos surpresos em descobrir que podíamos identificar a maioria das pessoas do grupo apenas pelas amostras da nuvem de micróbios", disse um dos pesquisadores, Dr. James Meadow.
O microbiólogo Ben Neuman, da Universidade de Reading, disse à BBC: "Você pode sentir o cecê ('cheiro' de corpo) de uma pessoa e ainda sabe que todas aquelas coisas estão rastejando em você – que maravilha!"
Segundo ele, essa "descoberta nojenta" faz sentido, já que há uma crescente percepção do microbioma, e mostra que, ao trocarmos bactérias, "estamos mudando um ao outro".
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Para Neuman, seria útil saber quais bactérias podem "voar" pelo ar. Mas ele deixa claro que não há com o que se preocupar.

Um banho extra?

O microbiólogo argumenta que não é o caso de se tomar mais banhos por dia.
"Não ajudaria. Precisamos apenas superar isso e seguir adiante."
Na nuvem, há grupos de bactérias como a Streptococcus, que é comum em bocas, e outras que são encontradas em peles, como a Propionibacterium e Corynebacterium.
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Os pesquisadores afirmam que essa combinação pode ter uma "aplicação forense", para se detectar se alguém passou por um determinado local.
No entanto, ainda não está claro o quanto o microbioma de cada um pode mudar ao longo do tempo.
Adam Altrichter, um dos pesquisadores do projeto disse à BBC: "Precisamos entender que não somos seres assépticos e isso é algo completamente natural e saudável".
Segundo ele, o tamanho das nuvens ainda não foi medido, mas é estimado que ela se estenda por 30 centímetros.

Por que alguns homens desenvolvem sintomas de gravidez

Por que alguns homens desenvolvem sintomas de gravidez

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Image caption O caso de Harry Ashby não é único; síndrome de Couvade aparece em homens que estão perto da paternidade
Há cerca de um ano, Harry Ashby, que tem 29 anos e trabalha como segurança na Inglaterra, figurou nas manchetes de vários jornais britânicos por estar sofrendo uma série de sintomas atípicos para um homem: náuseas, enjoos, aumento de peso e até crescimento da barriga.
Curiosamente, esses eram os mesmos sintomas que sua namorada, grávida, sentia. Ashby foi ao médico e obteve o diagnóstico: ele estava com síndrome de Couvade.
Não é uma doença, mas um conjunto de sintomas de uma "gravidez fantasma", uma espécie de gravidez psicológica ou "gravidez por empatia".
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O caso de Harry Ashby pode até parecer estranho, mas não é o único, nem o primeiro.

Antecedentes antropológicos

O nome da síndrome vem da palavra francesa "couver", que significa incubar. Ela designa um conjunto de sintomas involuntários associados à gestação, que não têm nenhuma causa física aparente – e que aparecem em alguns homens que vão ser pais.
Foi um antropólogo francês que utilizou esse nome pela primeira vez em 1865 para descrever os hábitos que observou em comunidades primitivas, como na antiga Grécia, diante da espera de um bebê.
Essas comunidades passavam por rituais "imitando" o que acontecia com as mulheres grávidas. O homem imitava as dores do parto, deixava de fazer suas coisas e de ter qualquer esforço físico e, quando o bebê nascia, ele o colocava no peito e simulava a amamentação.

Sintomas

Além dos sintomas sentidos por Harry Ashby, outros comuns a quem desenvolve a síndrome de Couvade moderna são vômito, tontura, dores abdominais e dentárias, mudança de apetite, fadiga, insônia, problemas intestinais, alteração de peso, entre outros.
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Image caption Falar com a esposa, com os amigos ou participar de grupos de pais onde o homem possa expressar suas inquietações podem ajudar a diminuir os sintomas
Em 2013, uma equipe de pesquisadores poloneses observou 143 homens que estavam para ser pais e concluiu que 72% deles apresentaram pelo menos um dos 16 sintomas da síndrome de Couvade durante a gravidez de suas esposas. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Medical Science Monitor.
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Antes disso, outro estudo realizado em 2007 por pesquisadores da Universidade St. George, de Londres, analisou 282 futuros pais que acompanhavam suas mulheres grávidas ao hospital e constatou que 11 deles relataram sintomas similares aos de Ashby.
Um dos líderes da pesquisa, Arthur Brennan, disse à época que, apesar de parecer fingimento, esses sintomas dos homens são reais.
"Algumas pessoas podem pensar que esses homens estão fingindo, mas eles não estão querendo chamar a atenção. Esses sintomas são involuntários."

Causas

Segundo especialistas, não está claro por que alguns homens desenvolvem esses sintomas típicos da gravidez. Mas alguns deles sugerem que isso pode estar relacionado com a ansiedade sobre a gestação e a paternidade.
O ginecologista e psiquiatra Alfonso Gil Sánchez diz que, tradicionalmente, toda pesquisa sobre saúde mental pré-natal tem se concentrado na mulher, mas agora há evidências concretas de que o homem também sofre mudanças - juntamente com a mulher.
Gil Sánchez, que também é membro da Sociedade Internacional de Saúde Mental Pré-Natal, afirma que há provas de que o homem passa por mudanças no cérebro para poder se relacionar e se apegar com o bebê, além de mudanças psicológicas e sociais relacionadas com as expectativas culturais sobre o que significa ser pai.
O médico destaca que a síndrome de Couvade não é uma doença psiquiátrica, nem um delírio: o homem não acredita que está efetivamente grávido.
É, na realidade, a "soma de um conflito psicológico que não se pode resolver racionalmente", disse à BBC Mundo. E, portanto, é algo que se manifesta por meio de sintomas físicos sem uma explicação aparente.
No entanto, Gil Sánchez acredita que a síndrome de Couvade "é uma manifestação absolutamente normal", que não tem nada de patológico e que reúne todos esses conflitos que surgem da mudança vital que a paternidade traz: medos, inseguranças e ansiedade.
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Image caption Em algumas culturas, é muito difícil o homem conseguir expressar seu medo ou sua ansiedade pela paternidade
"Não é necessariamente algo negativo", diz.
Por outro lado, o médico ressalta que, em algumas culturas, é muito difícil para um homem expressar ansiedade - admitir, por exemplo, que tem medo de ser pai e que não sabe o que fazer. E tudo isso se reflete nos sintomas do corpo.
"É o corpo expressando esses sentimentos por meio do sintomas."
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Tratamento

Como não é considerada uma doença, não há um tratamento específico para a síndrome de Couvade.
Mas Gil Sánchez sugere que colocar para fora as emoções e as preocupações que os homens sentem nessa situação pode ajudar a diminuir os sintomas.
De qualquer forma, segundo os estudos realizados sobre o tema, a maioria dos sintomas relatados pelos homens desaparece depois do parto de suas esposas.

Outras teorias

Há outras teorias psicológicas, porém, que tentam explicar a origem dessa síndrome.
Uma teoria psicoanalítica sugere que tudo começa por causa de uma inveja que o homem tem da capacidade da mulher para a gestação.
Outra teoria diz que alguns futuros pais veem o filho que ainda nem nasceu como um rival na disputa pela atenção da mãe, e o surgimento involuntário da síndrome de Couvade o ajuda a se identificar com a esposa e a desenvolver o instinto protetor com relação ao bebê.
Há também uma teoria psicossocial, que diz que durante a gestação da mulher, os homens podem se sentir relegados a um papel secundário ou "inúteis" – e para contestar esse sentimento, o homem desenvolve involuntariamente a síndrome de Couvade.
E de uma perspectiva totalmente diferente, há outra teoria que diz que é justamente a proximidade do homem com o feto que desencadeia a síndrome. Assim, os sintomas que aparecem no homem refletem o nível de "apego" que ele já tem com a criança que ainda não nasceu e sua empatia pela esposa na gravidez.
Por outro lado, há estudos mais recentes que explicam a síndrome de um ponto de vista hormonal. Essas pesquisas descobriram que os homens têm aumento do nível hormonal de prolactina e estrógeno durante o primeiro e o terceiro trimestre de gravidez de suas esposas.
Ainda segundo esses estudos, as mudanças hormonais estariam associadas à demonstração de um comportamento paternal.

Olhar o Facebook dos outros pode nos deixar mais tristes?

migos postando fofocas de festas animadas das quais você não participou; conhecidos registrando em fotos uma viagem para algum destino paradisíaco; celebridades mostrando seu cotidiano de luxo e agito. Se você passa seu tempo observando, passivamente, esse tipo de conteúdo no Facebook talvez já tenha experimentado uma sensação de tristeza.
E não está sozinho. Alguns estudos têm mostrado como a rede social pode afetar negativamente nosso bem-estar e provocar sentimentos como inveja.
Uma recente pesquisa da Universidade de Michigan (EUA) com a Universidade de Leuven (Bélgica), publicada no Journal of Experimental Psychology: General, analisou 84 estudantes universitários, que foram instruídos a usar o Facebook por dez minutos dentro de um laboratório e, em seguida, responder um questionário a respeito de suas emoções.
E os que usaram o Facebook passivamente, meramente observando as atividades e fotos de seus conhecidos ou pessoas famosas, se sentiam significativamente mais tristes e mais invejosos ao longo do tempo.
"Sabemos que a vida nos traz dificuldades; nos sentimos bem e nos sentimos mal. Se você está constantemente vendo como a vida das outras pessoas vai bem, vai se sentir pior quanto a sua vida (porque), em comparação, ela parece não ir tão bem", explica à BBC Brasil o professor associado de psicologia Ethan Kross, coautor do estudo na Universidade de Michigan.
O jornal The New York Times chamou atenção para o fenômeno no recém-terminado verão americano, em meio às milhares de postagens de celebridades nas redes sociais exibindo suas glamourosas rotinas, em fotos de corpos perfeitos, cenários deslumbrantes e companhias igualmente famosas.
A ponto de ter sido popularizada a hashtag "medo de estar perdendo" ("fear of missing out" em inglês, ou #FOMO), usada nas redes sociais por pessoas chateadas por não estarem aproveitando as férias com a mesma aparente intensidade.
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Image caption Deprimido em ver o 'feed' com notícias e fotos incríveis dos seus conhecidos? Você não está sozinho

Versão 'editada'

Mas a verdade é que poucos estão. É preciso lembrar que as redes sociais mostram uma versão "editada" de nossas vidas.
"Quando as pessoas postam no Facebook e redes sociais, tendem a postar coisas boas, como fotos bonitas delas em férias. Se você está usando passivamente o Facebook, o que você vê constantemente são esses acontecimentos positivos das vidas dos outros que não são um retrato fiel de suas vidas nem de suas rotinas", explica Kross.
"Todos fazem de tudo para mostrar o seu melhor (na rede social). Quem teve um dia absolutamente banal não vai contar no Facebook", agrega Luli Radfahrer, professor-doutor em Comunicação Digital da ECA-USP e consultor em inovação digital no Brasil.
Para ele, o Facebook substituiu a TV em termos de consumo passivo e pode fazer as pessoas perderem seu referencial.
"Se você vê sempre todas as pessoas muito felizes enquanto você está se sentindo frágil por qualquer motivo, aquilo vai deixá-lo triste - é instintivo. É como se você estivesse constantemente cercado por um grupo de pressão, que só te mostra o que faz de melhor", diz.
As conclusões de Kross e sua equipe têm algumas semelhanças com uma pesquisa de 2012, da Universidade Utah Valley (EUA), com 425 estudantes universitários, que indicava que usuários de Facebook por períodos mais prolongados acreditavam que as outras pessoas eram mais felizes e tinham uma vida melhor do que a deles.

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Image caption É bom lembrar que as pessoas postam online uma versão 'editada' de suas vidas, explicam estudiosos

Uso ativo

O pesquisador americano acredita que efeitos similares possam ser observados no Instagram, ainda que não necessariamente nas demais redes sociais, como o Twitter.
E, de volta ao Facebook, a pesquisa de Kross não identificou queda no bem-estar das pessoas que usavam a rede social de forma mais ativa, ou seja, produzindo informações, conversando com outras pessoas, postando links e interagindo com os demais usuários.
Basicamente, o nível de bem-estar dos usuários ativos se manteve estável.
Agora, Kross e seus colegas querem estudar que tipo de uso da rede social melhoraria o humor e a autoestima dos internautas.
"O uso ativo - além de não impactar seu humor - pode ter outros efeitos positivos, como manter as pessoas informadas sobre o que está acontecendo em sua vida social e manter contato com as pessoas, o que traz vantagens para famílias, carreiras. Quanto a como ampliar as emoções positivas (no Facebook), vamos investigar", diz.
Sua pesquisa aponta, também, que quanto mais as pessoas interagiam diretamente umas com as outras "offline", mais seu humor melhorava ao longo do tempo.
Para Luli Radfahrer, uma forma de se proteger da tristeza causada pelas redes sociais é tentar ao máximo tomar consciência dos efeitos que elas provocam.
"O Facebook é algo novo e intenso. Primeiro, precisamos aprender a relativizá-lo em relação a seu ambiente social e seu conteúdo. Como muita gente moveu seu grupo social para dentro dele, o perigo é que passem a acreditar que o que acontece ali seja um retrato fiel do que acontece na vida real", opina.
"E se você se sente mal (com os estímulos recebidos das redes sociais), uma sugestão é largá-las por um tempo, tirar um período sabático."

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