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21 de ago. de 2017

ROTEIRO DE ESTUDOS - PRIMEIRO ANO - CEI MIRASSOL

ROTEIRO DE ESTUDOS PARA A RECUPERAÇÃO – PRIMEIRO ANO

1.      A teoria endossimbiótica, proposta pela bióloga Lynn Margulis, indica que os primeiros eucariontes eram organismos anaeróbios, heterotróficos e que se alimentavam fagocitando bactérias aeróbicas e fotossintetizantes. Essas bactérias fagocitadas pelos eucariontes simples teriam mantido com eles relação simbiótica harmônica e, com o tempo, passaram a constituir um só organismo.

Quais as características da mitocôndrias e cloroplastos relacionadas com essa teoria?
      2.Explique as funções de cada uma das organelas e suas respectivas funções.
      3. Há cerca de quatro décadas, observou-se que algumas células que não possuíam mitocôndrias apresentavam outra organela até então desconhecida. Um dos primeiros relatos científicos sobre essa nova organela eucariota citoplasmática foi apresentado por Lindmark e Müller, em 1973, no Journal of Biological Chemistry. Naquele momento, a nova estrutura recebeu o nome de microcorpos e, a princípio, foi considerada um peroxissomo, dada sua semelhança com este. No entanto, para surpresa dos pesquisadores, estudos bioquímicos não demonstraram a presença de catalase ou de outras oxidases características de peroxissomos. Estudos mais recentes e precisos descreveram detalhadamente esses microcorpos, agora denominados hidrogenossomos, mas identificaram-nos apenas em algumas variedades de organismos protistas de vida livre. Observou-se sobretudo que, dada a ausência de mitocôndrias, os hidrogenossomos são os principais responsáveis pelo desempenho da função dessas organelas, realizando, portanto:

Explique a função dos hidrogenossomos? Sintesese de ATP, assim como mitocôndrias e cloroplastos.

4.Quais as funções do retículo endoplasmático rugoso?Qual organela seria responsável pela síntese de colágeno?
5.Quais as organelas que são responsáveis pela síntese e secreção de hormônios, como a insulina por exemplo?
6. Qual a função do DNA mitocondrial e qual sua origem?
7. A célula animal é desprovida de uma membrana celulósica rígida, como acontece com as células vegetais. Desse modo, no hialoplasma da célula animal, existem vários tipos de fibras proteicas em diversas direções, que lhe conferem consistência e firmeza, compondo o citoesqueleto.
a) A associação de proteínas motoras aos microfilamentos constituídos por tubulina permite que organelas sejam deslocadas pelo interior das células. As proteínas motoras ligam-se, de um lado, aos microfilamentos e do outro, à organela, que será transportada, permitindo seu deslocamento. Sobre os elementos deste e os movimentos de que eles participam, assinale a alternativa correta.

b) Os filamentos intermediários, mais delicados e menos duráveis, encontram-se no citoplasma de células eucarióticas animais, como, por exemplo, nas células que revestem a camada mais externa da pele, conhecidos como filamento intermediário de queratina, cuja função é impedir que essas células se rompam ou se separem, quando submetidas a um esticamento.
c) Os microfilamentos são encontrados apenas no citoplasma periférico de células eucarióticas animais; são constituídos de proteína tubulina, são finos e flexíveis, envolvendo-se, por exemplo, na movimentação das células brancas do sangue e na fagocitose de corpos estranhos, que essas células executam.
d) Os microtúbulos, filamentos grossos, tubulares, rígidos e constituídos de moléculas da proteína contrátil, actina, estão envolvidos na formação do fuso de divisão celular ou c durante a divisão celular.
e) Nas células musculares, os microfilamentos de actina associam-se a filamentos mais grossos e também contráteis de miosina. A interação da actina com a miosina possibilita a contração suave, lenta e rítmica do intestino, denominada de peristaltismo, que possibilita o deslocamento do “bolo alimentar” nele contido.

8. O desenho representa origem e ação de organela celular presente em muitos seres vivos.
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Qual organela realiza o processo acima e qual sua função?
9. As figuras representam algumas células do nosso corpo. Analise-as e escolha a alternativa que descreve corretamente o tipo de célula, suas características e função.
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a) A figura A representa um linfócito, célula agranulocítica do sangue, responsável pela produção de anticorpos.
b) A figura B representa um neutrófilo, célula de núcleo geralmente trilobulado e citoplasma rico em granulações finas, cuja principal função é fagocitar microrganismos que eventualmente invadam nosso corpo.
c) A figura C representa um fibroblasto, célula abundante no tecido epitelial, responsável pela produção de fibras proteicas e da substância fundamental amorfa.
d) A figura D representa um neurônio, célula nervosa, rica em prolongamentos citoplasmáticos, que participa do processo de cicatrização do tecido nervoso.
e) A figura E representa o mastócito, célula conjuntiva, com grande capacidade de fagocitose, importante no mecanismo de defesa, combatendo elementos estranhos ao nosso corpo.
10. Estudar as células sanguíneas e suas funções.
11. O tecido conjuntivo possui três fibras colágenas, reticulares e elásticas. Sobre elas, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
a) As fibras colágenas são constituídas da proteína colágeno, polimerizada fora das células, a partir do tropocolágeno sintetizado pelos macrófagos.
b) Quanto maior a quantidade de colágeno nos tecidos, maior a elasticidade, como por exemplo, nos tendões, o colágeno distribui-se em uma só direção, enquanto, no cordão umbilical, formam uma malha difusa entre as células do tecido.
c) Os pulmões são órgãos facilmente sujeitos a expansões de volume, pois são ricos em fibras elásticas, constituídas por elastina, proteína cuja principal função é dar elasticidade aos locais onde se encontram.
d) As células de certos órgãos como o baço e os rins são envolvidas por uma trama de sustentação constituída de fibras reticulares cujo principal componente é a elastina, uma escleroproteína.
e) As fibras colágenas assim como as elásticas são constituídas de microfibrilas de colágeno que se unem formando as fibrilas de colágeno, e estas se unem, formando as fibras de colágeno.
12. Em uma aula de microscopia, um aluno recebeu cinco lâminas para descrição e identificação do tecido correspondente a cada material. Posteriormente, fez suas anotações em cinco fichas que são transcritas abaixo.
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Analise a alternativa que descreve corretamente o tecido da lâmina.
a) I – Camada única de células achatadas e delgadas, revestindo o interior dos vasos sanguíneos: endotélio.
b) II – Fibras de colágeno orientadas em uma direção (derme) ou em várias direções (tendões e ligamentos): tecido conjuntivo denso.
c) III – Quantidade abundante de fibras colágenas, presentes nos discos intervertebrais: cartilagem elástica.
d) IV – Uma única camada de células, apresentando alturas diferentes, revestindo a bexiga urinária: músculo liso.
e) V – Células com vários núcleos periféricos e com estrias transversais: tecido muscular estriado cardíaco.
13. Os tecidos epiteliais são classificados, tomando-se como base a estrutura e a organização celular e suas funções. Sobre isso, analise o quadro a seguir:
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Assinale a alternativa que contém a classificação correta dos tecidos.
a) I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio estratificado de transição; III – Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio simples prismático; V – Epitélio simples pavimentoso; VI – Epitélio estratificado pavimentoso.
b) I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio pseudoestratificado; III – Epitélio estratificado pavimentoso; IV – Epitélio simples pavimentoso; V – Epitélio simples prismático; VI – Epitélio estratificado de transição.
c) I – Epitélio simples pavimentoso; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III – Epitélio estratificado de transição; IV – Epitélio simples prismático; V – Epitélio cúbico simples; VI – Epitélio pseudoestratificado.
d) I – Epitélio cúbico simples; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III – Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio simples prismático; V – Epitélio simples pavimentoso; VI – Epitélio estratificado de transição.
e) I – Epitélio simples pavimentoso; II – Epitélio estratificado pavimentoso; III – Epitélio pseudoestratificado; IV – Epitélio cúbico simples; V – Epitélio simples prismático; VI – Epitélio estratificado de transição.
14.Estudar os tipos de epitélios.
15.Estudar as células sanguíneas e suas funções

16.No citoplasma das células são encontradas diversas organelas, cada uma com funções específicas, mas interagindo e dependendo das outras para o funcionamento celular completo. Assim, por exemplo, os lisossomos estão relacionados ao complexo de Golgi e ao retículo endoplasmático rugoso, e todos às mitocôndrias.
 a) Explique que relação existe entre lisossomos e complexo de Golgi.




 b) Qual a função dos lisossomos?


17.Explique o modelo do mosaico fluido e os tipos de transporte de membrana.




15 de jul. de 2017

5 ideias sobre como conversar com seu filho pequeno para 'construir' seu cérebro Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta Da BBC Brasil em São Paulo 14 julho 2017 Estes são links externos e abrirão numa nova janela Compartilhe este post com Facebook Compartilhe este post com Twitter Compartilhe este post com Messenger Compartilhe este post com Email Compartilhar Pai e filhoDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Crianças com mais acesso a linguagem chegam a ouvir 30 milhões de palavras a mais até os 4 anos do que crianças em situação desfavorável Como o acesso à linguagem afeta o desenvolvimento e o aprendizado de bebês e crianças pequenas? A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou a investigar a fundo essa questão ao operar bebês com problemas auditivos. Ela percebeu que, entre os bebês que recebiam implantes cocleares (implantes para casos de surdez profunda), os que melhor desenvolviam a habilidade de se comunicar eram os que moravam em lares onde havia mais diálogo, mais interação e mais variedade de vocabulário. Suas percepções foram reforçadas por um estudo de 1995 que havia identificado que crianças com menos acesso à linguagem (muitas delas em situações de pobreza) chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade em comparação a outras em situação mais favorável - e essas últimas se mostravam mais preparadas ao entrar na escola, tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e, por consequência, conseguiam notas mais altas. Como uma grande parte do crescimento do cérebro é concluída justamente aos quatro anos, "as crianças que largavam na frente (em termos de linguagem) continuavam à frente; as que começavam com defasagens ficavam para trás", apontou o estudo. 'Despacito' não sai da sua cabeça? Ciência explica o sucesso das músicas-chiclete 'As crianças estão vivendo como ratos': a dramática situação dos sobreviventes de Mossul após a expulsão do Estado Islâmico Para diminuir essas disparidades de linguagem em crianças de famílias carentes, Suskind criou em Chicago, nos Estados Unidos, a Iniciativa Trinta Milhões de Palavras, programa que, desde a maternidade e nas visitas pediátricas, ensina pais e mães a respeito da importância de conversar e interagir com os bebês desde seu primeiro dia de vida, para estimular a construção de novas conexões neurais no pequeno cérebro que se forma. "Temos aprendido que os cérebros podem ser construídos - ele se alimenta de linguagem e de um ambiente enriquecedor provido pelos adultos nos primeiros anos de vida", explica Suskind à BBC Brasil. "Mesmo que o bebê não entenda o que está sendo falado, a linguagem estará formando a arquitetura do cérebro para o pensamento e a aprendizagem. Pais e cuidadores são a força mais poderosa em construir o cérebro das crianças e prepará-las para a escola", acrescenta. Mãe e filho brincandoDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Uma das sugestões da especialista é sintonizar-se com o que seu filho está fazendo e aproveitar isso para conversar O programa agora tem sido expandido para outras áreas dos Estados Unidos, e Suskind - que também é professora da Universidade de Chicago - escreveu um livro com base na experiência: Thirty Million Words - Building a Child's Brain (Trinta milhões de palavras - construindo o cérebro infantil, em tradução livre). Em entrevista à BBC Brasil, ela ensina ideias sobre como usar a linguagem de forma produtiva para estimular o cérebro infantil. 1. Ter seu filho como um 'parceiro de conversas' Uma das primeiras lições do Trinta Milhões de Palavras é algo já intuitivo para os pais: reagir aos sons, olhares e gestos do bebê desde o nascimento, de forma natural e integrada ao cotidiano. "Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence." Suskind cita pesquisas que mostram que ir além da conversa básica - "vem cá", "coloque seus sapatos", "coma sua comida" - é um ponto crucial para desenvolver a linguagem das crianças. É o que ela chama de "conversa extra", ou seja, dialogar com a criança e o ambiente ao seu redor e estimular as conversas: "que árvore grande!"; "quem é o menino que está com a fralda suja?"; "qual é o gosto dessa comida?"; "o que você acha que aconteceu com o personagem daquele livro?" "A quantidade (de palavras) é apenas uma parte da equação. A qualidade da conversa é tão ou mais importante - a riqueza do vocabulário, as idas e vindas da conversa, a forma como você fala", enumera ela à BBC Brasil. "É importante enxergar o seu bebê como um parceiro de conversas desde seu primeiro dia de vida", completa. 2. Ajudar a desenvolver habilidades matemáticas Pais podem ajudar a desenvolver o senso espacial dos filhos e suas habilidades matemáticas simplesmente ao falarem a respeito disso. "Se você usar conceitos matemáticos e espaciais - ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos - ajudará a preparar as crianças para aprender matemática", explica Suskind. Mãe trocando fralda de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Atividades cotidianas, como trocas de fralda, contribuem para enriquecer o vocabulário infantil Senado aprova reforma trabalhista: saiba o que pode mudar para os trabalhadores Um estudo da Universidade de Chicago pediu a crianças de quatro anos que pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E descobriu que as crianças que haviam sido expostas a mais vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiram fazer mais correspondências corretas. Além disso, argumenta Suskind, é justamente nas "conversas matemáticas" que uma importante disparidade de gênero ocorre. "Um estudo com mães de classe média e alta mostrou que filhas de até dois anos ouviam a metade das conversas matemáticas do que os filhos", escreve a cirurgiã. "Isso pode afastar as meninas de campos que podem interessá-las. (...) Meninas que escutam que a matemática 'não é seu forte' muitas vezes não vão bem em matemática." 3. Falar positivamente, mas elogiar mais o esforço do que a criança Segundo Suskind, crianças em famílias carentes chegam a ouvir mais do dobro de comentários negativos - "você está sendo malcriado"; "você está errado" - por hora do que crianças em famílias em melhor situação socioeconômica. Também ouvem menos elogios. E, como essas crianças já tendem a escutar menos palavras em geral, essas expressões negativas acabam tendo um peso maior no desenvolvimento cognitivo delas. "Como será escutar, repetidamente, que você nunca faz nada certo? É um ambiente infantil difícil de ser superado", diz Suskind. "É grande a diferença entre palavras de proibição ('não faça isso', 'pare') e de encorajamento ("muito bem'). Causa estresse no cérebro ouvi-las repetidamente. É importante tentar mudar ordens para uma conversa mais produtiva." Mas se a linguagem negativa e proibitiva pode ser uma barreira ao desenvolvimento e ao aprendizado, será que a resposta é elogiar sempre - e dizer constantemente que seu filho é incrível e inteligente? "Não", explica Suskind. Em seu livro, a médica cita pesquisas mostrando que esse tipo de elogio pode, em vez de fortalecer futuros adultos, apenas deixá-los passivos e dependentes da opinião alheia. "O que buscamos não são os olhos (das crianças) voltados para si, felizes de autossatisfação, mas sim crianças que vejam uma tarefa e, independentemente de quão desafiadora ela seja, consigam quase imediatamente pensar em como ela pode ser cumprida", diz a autora. "É o que os pais desejam: adultos estáveis, construtivos, motivados", acrescenta. O caminho para isso, segundo os estudos analisados por Suskind, é reconhecer e elogiar não só a criança, mas o esforço e o empenho dela em suas atividades diárias. Ou seja, em vez de apenas dizer "você é muito esperta" a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: "vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!" Suskind sugere buscar no dia a dia momentos em que a criança tenha se destacado. "A criança ainda está aprendendo o que é se comportar bem. Apontar esses momentos a ela reforça a ideia de o que isso significa", explica. Pai com filho bebêDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Criança deve ser 'parceiro de conversa desde o primeiro dia de vida' 4. Estimular a autonomia, em vez de apenas a obediência Suskind cita duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto: "Agora guarde seus brinquedos." "O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?" "A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (...) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação" - que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta. "Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole", diz a médica. Além disso, ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são, segundo Suskind, "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem". Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas "coloque seus sapatos", explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: "É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los". 5. Sintonizar-se com a criança - e entregar-se à "vozinha de bebê" Suskind recomenda prestar atenção ao que está despertando o interesse da criança - uma brincadeira, um objeto - e transformar isso em tema de conversa. Mais um exemplo: O pai ou a mãe, com as melhores das intenções, senta no chão ao lado da criança com um livro infantil nas mãos. Mas a criança não presta atenção e continua a brincar com seu brinquedo, esnobando o adulto. Pai e filhaDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem", diz Suskind Que tal então, em vez de impor a leitura do livro, entrar na brincadeira da criança e conversar a respeito dela? "Os pais aprendem a tomar consciência do que o que os filhos estão fazendo e se tornam parte disso, ajudando a desenvolver a habilidade praticada na brincadeira e, por meio da interação verbal, o cérebro infantil", escreve a médica. Entrar em sintonia também envolve, segundo ela, aproveitar todas as oportunidades para ler e cantar com a criança - ou mesmo falar com aquela voz infantilizada que muitos de nós usamos com bebês. "Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê, porque ajuda-o a entender os sons das palavras", explica Suskind. Aqui, mais um alerta: um jeito fácil de perder essa sintonia com crianças e bebês é deixar-se distrair pelo celular durante a brincadeira. "Smartphones estão tomando o lugar da interação pessoal com os bebês e as crianças", critica a médica. "Só quando a criança é o foco principal dos pais que ocorrerá a atenção necessária para o desenvolvimento cerebral ideal", conclui Tópicos relacionados EducaçãoSaúde Compartilhar Sobre compartilhar Email Facebook Messenger Twitter Google+ LinkedIn Voltar ao topo Notícias relacionadas O país onde os professores podem se transformar em celebridades milionárias 29 janeiro 2017 Pisa: Brasil aumenta investimento em educação mas continua no grupo dos 'lanternas' 6 dezembro 2016 Principais notícias Estudo aponta que clientelismo pode melhorar certas políticas públicas - e piorar outras Pesquisa analisou impacto de troca de favores por votos no bem-estar dos brasileiros, e encontrou tendências que ajudam a explicar problemas persistentes da democracia. 15 julho 2017 Parte da aliança que afastou Dilma quer derrubar Temer, diz ex-ministro 14 julho 2017 Voo JJ 3054: as lições da maior tragédia da aviação brasileira 14 julho 2017 Destaques e Análises Cobra Os animais que conseguem escapar vivos após serem devorados Rose Flower VÍDEO Mãe britânica luta pelo direito da filha de morrer Relógio do Apocalipse O que é o Relógio do Apocalipse, e por que ele indica que desde 1953 nunca estivemos tão perto de uma catástrofe global Horse - Muybridge Cientistas transformam DNA de bactérias em 'HD natural' para armazenar informações Jupiter As imagens de 'close' inédito da Grande Mancha Vermelha de Júpiter enviadas pela sonda Juno Iceberg Para onde está indo o iceberg gigante que acaba de se separar da Antártida? 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5 ideias sobre como conversar com seu filho pequeno para 'construir' seu cérebro

Pai e filhoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCrianças com mais acesso a linguagem chegam a ouvir 30 milhões de palavras a mais até os 4 anos do que crianças em situação desfavorável
Como o acesso à linguagem afeta o desenvolvimento e o aprendizado de bebês e crianças pequenas? A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou a investigar a fundo essa questão ao operar bebês com problemas auditivos.
Ela percebeu que, entre os bebês que recebiam implantes cocleares (implantes para casos de surdez profunda), os que melhor desenvolviam a habilidade de se comunicar eram os que moravam em lares onde havia mais diálogo, mais interação e mais variedade de vocabulário.
Suas percepções foram reforçadas por um estudo de 1995 que havia identificado que crianças com menos acesso à linguagem (muitas delas em situações de pobreza) chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade em comparação a outras em situação mais favorável - e essas últimas se mostravam mais preparadas ao entrar na escola, tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e, por consequência, conseguiam notas mais altas.
Como uma grande parte do crescimento do cérebro é concluída justamente aos quatro anos, "as crianças que largavam na frente (em termos de linguagem) continuavam à frente; as que começavam com defasagens ficavam para trás", apontou o estudo.
Para diminuir essas disparidades de linguagem em crianças de famílias carentes, Suskind criou em Chicago, nos Estados Unidos, a Iniciativa Trinta Milhões de Palavras, programa que, desde a maternidade e nas visitas pediátricas, ensina pais e mães a respeito da importância de conversar e interagir com os bebês desde seu primeiro dia de vida, para estimular a construção de novas conexões neurais no pequeno cérebro que se forma.
"Temos aprendido que os cérebros podem ser construídos - ele se alimenta de linguagem e de um ambiente enriquecedor provido pelos adultos nos primeiros anos de vida", explica Suskind à BBC Brasil.
"Mesmo que o bebê não entenda o que está sendo falado, a linguagem estará formando a arquitetura do cérebro para o pensamento e a aprendizagem. Pais e cuidadores são a força mais poderosa em construir o cérebro das crianças e prepará-las para a escola", acrescenta.
Mãe e filho brincandoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUma das sugestões da especialista é sintonizar-se com o que seu filho está fazendo e aproveitar isso para conversar
O programa agora tem sido expandido para outras áreas dos Estados Unidos, e Suskind - que também é professora da Universidade de Chicago - escreveu um livro com base na experiência: Thirty Million Words - Building a Child's Brain (Trinta milhões de palavras - construindo o cérebro infantil, em tradução livre).
Em entrevista à BBC Brasil, ela ensina ideias sobre como usar a linguagem de forma produtiva para estimular o cérebro infantil.

1. Ter seu filho como um 'parceiro de conversas'

Uma das primeiras lições do Trinta Milhões de Palavras é algo já intuitivo para os pais: reagir aos sons, olhares e gestos do bebê desde o nascimento, de forma natural e integrada ao cotidiano.
"Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence."
Suskind cita pesquisas que mostram que ir além da conversa básica - "vem cá", "coloque seus sapatos", "coma sua comida" - é um ponto crucial para desenvolver a linguagem das crianças.
É o que ela chama de "conversa extra", ou seja, dialogar com a criança e o ambiente ao seu redor e estimular as conversas: "que árvore grande!"; "quem é o menino que está com a fralda suja?"; "qual é o gosto dessa comida?"; "o que você acha que aconteceu com o personagem daquele livro?"
"A quantidade (de palavras) é apenas uma parte da equação. A qualidade da conversa é tão ou mais importante - a riqueza do vocabulário, as idas e vindas da conversa, a forma como você fala", enumera ela à BBC Brasil.
"É importante enxergar o seu bebê como um parceiro de conversas desde seu primeiro dia de vida", completa.

2. Ajudar a desenvolver habilidades matemáticas

Pais podem ajudar a desenvolver o senso espacial dos filhos e suas habilidades matemáticas simplesmente ao falarem a respeito disso.
"Se você usar conceitos matemáticos e espaciais - ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos - ajudará a preparar as crianças para aprender matemática", explica Suskind.
Mãe trocando fralda de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAtividades cotidianas, como trocas de fralda, contribuem para enriquecer o vocabulário infantil
Um estudo da Universidade de Chicago pediu a crianças de quatro anos que pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E descobriu que as crianças que haviam sido expostas a mais vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiram fazer mais correspondências corretas.
Além disso, argumenta Suskind, é justamente nas "conversas matemáticas" que uma importante disparidade de gênero ocorre.
"Um estudo com mães de classe média e alta mostrou que filhas de até dois anos ouviam a metade das conversas matemáticas do que os filhos", escreve a cirurgiã. "Isso pode afastar as meninas de campos que podem interessá-las. (...) Meninas que escutam que a matemática 'não é seu forte' muitas vezes não vão bem em matemática."

3. Falar positivamente, mas elogiar mais o esforço do que a criança

Segundo Suskind, crianças em famílias carentes chegam a ouvir mais do dobro de comentários negativos - "você está sendo malcriado"; "você está errado" - por hora do que crianças em famílias em melhor situação socioeconômica.
Também ouvem menos elogios. E, como essas crianças já tendem a escutar menos palavras em geral, essas expressões negativas acabam tendo um peso maior no desenvolvimento cognitivo delas.
"Como será escutar, repetidamente, que você nunca faz nada certo? É um ambiente infantil difícil de ser superado", diz Suskind.
"É grande a diferença entre palavras de proibição ('não faça isso', 'pare') e de encorajamento ("muito bem'). Causa estresse no cérebro ouvi-las repetidamente. É importante tentar mudar ordens para uma conversa mais produtiva."
Mas se a linguagem negativa e proibitiva pode ser uma barreira ao desenvolvimento e ao aprendizado, será que a resposta é elogiar sempre - e dizer constantemente que seu filho é incrível e inteligente?
"Não", explica Suskind.
Em seu livro, a médica cita pesquisas mostrando que esse tipo de elogio pode, em vez de fortalecer futuros adultos, apenas deixá-los passivos e dependentes da opinião alheia.
"O que buscamos não são os olhos (das crianças) voltados para si, felizes de autossatisfação, mas sim crianças que vejam uma tarefa e, independentemente de quão desafiadora ela seja, consigam quase imediatamente pensar em como ela pode ser cumprida", diz a autora.
"É o que os pais desejam: adultos estáveis, construtivos, motivados", acrescenta.
O caminho para isso, segundo os estudos analisados por Suskind, é reconhecer e elogiar não só a criança, mas o esforço e o empenho dela em suas atividades diárias.
Ou seja, em vez de apenas dizer "você é muito esperta" a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: "vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!"
Suskind sugere buscar no dia a dia momentos em que a criança tenha se destacado.
"A criança ainda está aprendendo o que é se comportar bem. Apontar esses momentos a ela reforça a ideia de o que isso significa", explica.
Pai com filho bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCriança deve ser 'parceiro de conversa desde o primeiro dia de vida'

4. Estimular a autonomia, em vez de apenas a obediência

Suskind cita duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto:
"Agora guarde seus brinquedos."
"O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?"
"A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (...) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação" - que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta.
"Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole", diz a médica.
Além disso, ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são, segundo Suskind, "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem".
Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas "coloque seus sapatos", explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: "É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los".

5. Sintonizar-se com a criança - e entregar-se à "vozinha de bebê"

Suskind recomenda prestar atenção ao que está despertando o interesse da criança - uma brincadeira, um objeto - e transformar isso em tema de conversa.
Mais um exemplo: O pai ou a mãe, com as melhores das intenções, senta no chão ao lado da criança com um livro infantil nas mãos. Mas a criança não presta atenção e continua a brincar com seu brinquedo, esnobando o adulto.
Pai e filhaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOrdens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem", diz Suskind
Que tal então, em vez de impor a leitura do livro, entrar na brincadeira da criança e conversar a respeito dela?
"Os pais aprendem a tomar consciência do que o que os filhos estão fazendo e se tornam parte disso, ajudando a desenvolver a habilidade praticada na brincadeira e, por meio da interação verbal, o cérebro infantil", escreve a médica.
Entrar em sintonia também envolve, segundo ela, aproveitar todas as oportunidades para ler e cantar com a criança - ou mesmo falar com aquela voz infantilizada que muitos de nós usamos com bebês.
"Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê, porque ajuda-o a entender os sons das palavras", explica Suskind.
Aqui, mais um alerta: um jeito fácil de perder essa sintonia com crianças e bebês é deixar-se distrair pelo celular durante a brincadeira.
"Smartphones estão tomando o lugar da interação pessoal com os bebês e as crianças", critica a médica.
"Só quando a criança é o foco principal dos pais que ocorrerá a atenção necessária para o desenvolvimento cerebral ideal", conclui

5 ideias sobre como conversar com seu filho pequeno para 'construir' seu cérebro Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta Da BBC Brasil em São Paulo 14 julho 2017 Estes são links externos e abrirão numa nova janela Compartilhe este post com Facebook Compartilhe este post com Twitter Compartilhe este post com Messenger Compartilhe este post com Email Compartilhar Pai e filhoDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Crianças com mais acesso a linguagem chegam a ouvir 30 milhões de palavras a mais até os 4 anos do que crianças em situação desfavorável Como o acesso à linguagem afeta o desenvolvimento e o aprendizado de bebês e crianças pequenas? A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou a investigar a fundo essa questão ao operar bebês com problemas auditivos. Ela percebeu que, entre os bebês que recebiam implantes cocleares (implantes para casos de surdez profunda), os que melhor desenvolviam a habilidade de se comunicar eram os que moravam em lares onde havia mais diálogo, mais interação e mais variedade de vocabulário. Suas percepções foram reforçadas por um estudo de 1995 que havia identificado que crianças com menos acesso à linguagem (muitas delas em situações de pobreza) chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade em comparação a outras em situação mais favorável - e essas últimas se mostravam mais preparadas ao entrar na escola, tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e, por consequência, conseguiam notas mais altas. Como uma grande parte do crescimento do cérebro é concluída justamente aos quatro anos, "as crianças que largavam na frente (em termos de linguagem) continuavam à frente; as que começavam com defasagens ficavam para trás", apontou o estudo. 'Despacito' não sai da sua cabeça? Ciência explica o sucesso das músicas-chiclete 'As crianças estão vivendo como ratos': a dramática situação dos sobreviventes de Mossul após a expulsão do Estado Islâmico Para diminuir essas disparidades de linguagem em crianças de famílias carentes, Suskind criou em Chicago, nos Estados Unidos, a Iniciativa Trinta Milhões de Palavras, programa que, desde a maternidade e nas visitas pediátricas, ensina pais e mães a respeito da importância de conversar e interagir com os bebês desde seu primeiro dia de vida, para estimular a construção de novas conexões neurais no pequeno cérebro que se forma. "Temos aprendido que os cérebros podem ser construídos - ele se alimenta de linguagem e de um ambiente enriquecedor provido pelos adultos nos primeiros anos de vida", explica Suskind à BBC Brasil. "Mesmo que o bebê não entenda o que está sendo falado, a linguagem estará formando a arquitetura do cérebro para o pensamento e a aprendizagem. Pais e cuidadores são a força mais poderosa em construir o cérebro das crianças e prepará-las para a escola", acrescenta. Mãe e filho brincandoDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Uma das sugestões da especialista é sintonizar-se com o que seu filho está fazendo e aproveitar isso para conversar O programa agora tem sido expandido para outras áreas dos Estados Unidos, e Suskind - que também é professora da Universidade de Chicago - escreveu um livro com base na experiência: Thirty Million Words - Building a Child's Brain (Trinta milhões de palavras - construindo o cérebro infantil, em tradução livre). Em entrevista à BBC Brasil, ela ensina ideias sobre como usar a linguagem de forma produtiva para estimular o cérebro infantil. 1. Ter seu filho como um 'parceiro de conversas' Uma das primeiras lições do Trinta Milhões de Palavras é algo já intuitivo para os pais: reagir aos sons, olhares e gestos do bebê desde o nascimento, de forma natural e integrada ao cotidiano. "Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence." Suskind cita pesquisas que mostram que ir além da conversa básica - "vem cá", "coloque seus sapatos", "coma sua comida" - é um ponto crucial para desenvolver a linguagem das crianças. É o que ela chama de "conversa extra", ou seja, dialogar com a criança e o ambiente ao seu redor e estimular as conversas: "que árvore grande!"; "quem é o menino que está com a fralda suja?"; "qual é o gosto dessa comida?"; "o que você acha que aconteceu com o personagem daquele livro?" "A quantidade (de palavras) é apenas uma parte da equação. A qualidade da conversa é tão ou mais importante - a riqueza do vocabulário, as idas e vindas da conversa, a forma como você fala", enumera ela à BBC Brasil. "É importante enxergar o seu bebê como um parceiro de conversas desde seu primeiro dia de vida", completa. 2. Ajudar a desenvolver habilidades matemáticas Pais podem ajudar a desenvolver o senso espacial dos filhos e suas habilidades matemáticas simplesmente ao falarem a respeito disso. "Se você usar conceitos matemáticos e espaciais - ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos - ajudará a preparar as crianças para aprender matemática", explica Suskind. Mãe trocando fralda de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Atividades cotidianas, como trocas de fralda, contribuem para enriquecer o vocabulário infantil Senado aprova reforma trabalhista: saiba o que pode mudar para os trabalhadores Um estudo da Universidade de Chicago pediu a crianças de quatro anos que pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E descobriu que as crianças que haviam sido expostas a mais vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiram fazer mais correspondências corretas. Além disso, argumenta Suskind, é justamente nas "conversas matemáticas" que uma importante disparidade de gênero ocorre. "Um estudo com mães de classe média e alta mostrou que filhas de até dois anos ouviam a metade das conversas matemáticas do que os filhos", escreve a cirurgiã. "Isso pode afastar as meninas de campos que podem interessá-las. (...) Meninas que escutam que a matemática 'não é seu forte' muitas vezes não vão bem em matemática." 3. Falar positivamente, mas elogiar mais o esforço do que a criança Segundo Suskind, crianças em famílias carentes chegam a ouvir mais do dobro de comentários negativos - "você está sendo malcriado"; "você está errado" - por hora do que crianças em famílias em melhor situação socioeconômica. Também ouvem menos elogios. E, como essas crianças já tendem a escutar menos palavras em geral, essas expressões negativas acabam tendo um peso maior no desenvolvimento cognitivo delas. "Como será escutar, repetidamente, que você nunca faz nada certo? É um ambiente infantil difícil de ser superado", diz Suskind. "É grande a diferença entre palavras de proibição ('não faça isso', 'pare') e de encorajamento ("muito bem'). Causa estresse no cérebro ouvi-las repetidamente. É importante tentar mudar ordens para uma conversa mais produtiva." Mas se a linguagem negativa e proibitiva pode ser uma barreira ao desenvolvimento e ao aprendizado, será que a resposta é elogiar sempre - e dizer constantemente que seu filho é incrível e inteligente? "Não", explica Suskind. Em seu livro, a médica cita pesquisas mostrando que esse tipo de elogio pode, em vez de fortalecer futuros adultos, apenas deixá-los passivos e dependentes da opinião alheia. "O que buscamos não são os olhos (das crianças) voltados para si, felizes de autossatisfação, mas sim crianças que vejam uma tarefa e, independentemente de quão desafiadora ela seja, consigam quase imediatamente pensar em como ela pode ser cumprida", diz a autora. "É o que os pais desejam: adultos estáveis, construtivos, motivados", acrescenta. O caminho para isso, segundo os estudos analisados por Suskind, é reconhecer e elogiar não só a criança, mas o esforço e o empenho dela em suas atividades diárias. Ou seja, em vez de apenas dizer "você é muito esperta" a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: "vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!" Suskind sugere buscar no dia a dia momentos em que a criança tenha se destacado. "A criança ainda está aprendendo o que é se comportar bem. Apontar esses momentos a ela reforça a ideia de o que isso significa", explica. Pai com filho bebêDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Criança deve ser 'parceiro de conversa desde o primeiro dia de vida' 4. Estimular a autonomia, em vez de apenas a obediência Suskind cita duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto: "Agora guarde seus brinquedos." "O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?" "A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (...) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação" - que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta. "Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole", diz a médica. Além disso, ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são, segundo Suskind, "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem". Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas "coloque seus sapatos", explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: "É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los". 5. Sintonizar-se com a criança - e entregar-se à "vozinha de bebê" Suskind recomenda prestar atenção ao que está despertando o interesse da criança - uma brincadeira, um objeto - e transformar isso em tema de conversa. Mais um exemplo: O pai ou a mãe, com as melhores das intenções, senta no chão ao lado da criança com um livro infantil nas mãos. Mas a criança não presta atenção e continua a brincar com seu brinquedo, esnobando o adulto. Pai e filhaDireito de imagemGETTY IMAGES Image caption Ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem", diz Suskind Que tal então, em vez de impor a leitura do livro, entrar na brincadeira da criança e conversar a respeito dela? "Os pais aprendem a tomar consciência do que o que os filhos estão fazendo e se tornam parte disso, ajudando a desenvolver a habilidade praticada na brincadeira e, por meio da interação verbal, o cérebro infantil", escreve a médica. Entrar em sintonia também envolve, segundo ela, aproveitar todas as oportunidades para ler e cantar com a criança - ou mesmo falar com aquela voz infantilizada que muitos de nós usamos com bebês. "Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê, porque ajuda-o a entender os sons das palavras", explica Suskind. Aqui, mais um alerta: um jeito fácil de perder essa sintonia com crianças e bebês é deixar-se distrair pelo celular durante a brincadeira. "Smartphones estão tomando o lugar da interação pessoal com os bebês e as crianças", critica a médica. "Só quando a criança é o foco principal dos pais que ocorrerá a atenção necessária para o desenvolvimento cerebral ideal", conclui Tópicos relacionados EducaçãoSaúde Compartilhar Sobre compartilhar Email Facebook Messenger Twitter Google+ LinkedIn Voltar ao topo Notícias relacionadas O país onde os professores podem se transformar em celebridades milionárias 29 janeiro 2017 Pisa: Brasil aumenta investimento em educação mas continua no grupo dos 'lanternas' 6 dezembro 2016 Principais notícias Estudo aponta que clientelismo pode melhorar certas políticas públicas - e piorar outras Pesquisa analisou impacto de troca de favores por votos no bem-estar dos brasileiros, e encontrou tendências que ajudam a explicar problemas persistentes da democracia. 15 julho 2017 Parte da aliança que afastou Dilma quer derrubar Temer, diz ex-ministro 14 julho 2017 Voo JJ 3054: as lições da maior tragédia da aviação brasileira 14 julho 2017 Destaques e Análises Cobra Os animais que conseguem escapar vivos após serem devorados Rose Flower VÍDEO Mãe britânica luta pelo direito da filha de morrer Relógio do Apocalipse O que é o Relógio do Apocalipse, e por que ele indica que desde 1953 nunca estivemos tão perto de uma catástrofe global Horse - Muybridge Cientistas transformam DNA de bactérias em 'HD natural' para armazenar informações Jupiter As imagens de 'close' inédito da Grande Mancha Vermelha de Júpiter enviadas pela sonda Juno Iceberg Para onde está indo o iceberg gigante que acaba de se separar da Antártida? 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5 ideias sobre como conversar com seu filho pequeno para 'construir' seu cérebro

Pai e filhoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCrianças com mais acesso a linguagem chegam a ouvir 30 milhões de palavras a mais até os 4 anos do que crianças em situação desfavorável
Como o acesso à linguagem afeta o desenvolvimento e o aprendizado de bebês e crianças pequenas? A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou a investigar a fundo essa questão ao operar bebês com problemas auditivos.
Ela percebeu que, entre os bebês que recebiam implantes cocleares (implantes para casos de surdez profunda), os que melhor desenvolviam a habilidade de se comunicar eram os que moravam em lares onde havia mais diálogo, mais interação e mais variedade de vocabulário.
Suas percepções foram reforçadas por um estudo de 1995 que havia identificado que crianças com menos acesso à linguagem (muitas delas em situações de pobreza) chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade em comparação a outras em situação mais favorável - e essas últimas se mostravam mais preparadas ao entrar na escola, tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e, por consequência, conseguiam notas mais altas.
Como uma grande parte do crescimento do cérebro é concluída justamente aos quatro anos, "as crianças que largavam na frente (em termos de linguagem) continuavam à frente; as que começavam com defasagens ficavam para trás", apontou o estudo.
Para diminuir essas disparidades de linguagem em crianças de famílias carentes, Suskind criou em Chicago, nos Estados Unidos, a Iniciativa Trinta Milhões de Palavras, programa que, desde a maternidade e nas visitas pediátricas, ensina pais e mães a respeito da importância de conversar e interagir com os bebês desde seu primeiro dia de vida, para estimular a construção de novas conexões neurais no pequeno cérebro que se forma.
"Temos aprendido que os cérebros podem ser construídos - ele se alimenta de linguagem e de um ambiente enriquecedor provido pelos adultos nos primeiros anos de vida", explica Suskind à BBC Brasil.
"Mesmo que o bebê não entenda o que está sendo falado, a linguagem estará formando a arquitetura do cérebro para o pensamento e a aprendizagem. Pais e cuidadores são a força mais poderosa em construir o cérebro das crianças e prepará-las para a escola", acrescenta.
Mãe e filho brincandoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUma das sugestões da especialista é sintonizar-se com o que seu filho está fazendo e aproveitar isso para conversar
O programa agora tem sido expandido para outras áreas dos Estados Unidos, e Suskind - que também é professora da Universidade de Chicago - escreveu um livro com base na experiência: Thirty Million Words - Building a Child's Brain (Trinta milhões de palavras - construindo o cérebro infantil, em tradução livre).
Em entrevista à BBC Brasil, ela ensina ideias sobre como usar a linguagem de forma produtiva para estimular o cérebro infantil.

1. Ter seu filho como um 'parceiro de conversas'

Uma das primeiras lições do Trinta Milhões de Palavras é algo já intuitivo para os pais: reagir aos sons, olhares e gestos do bebê desde o nascimento, de forma natural e integrada ao cotidiano.
"Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence."
Suskind cita pesquisas que mostram que ir além da conversa básica - "vem cá", "coloque seus sapatos", "coma sua comida" - é um ponto crucial para desenvolver a linguagem das crianças.
É o que ela chama de "conversa extra", ou seja, dialogar com a criança e o ambiente ao seu redor e estimular as conversas: "que árvore grande!"; "quem é o menino que está com a fralda suja?"; "qual é o gosto dessa comida?"; "o que você acha que aconteceu com o personagem daquele livro?"
"A quantidade (de palavras) é apenas uma parte da equação. A qualidade da conversa é tão ou mais importante - a riqueza do vocabulário, as idas e vindas da conversa, a forma como você fala", enumera ela à BBC Brasil.
"É importante enxergar o seu bebê como um parceiro de conversas desde seu primeiro dia de vida", completa.

2. Ajudar a desenvolver habilidades matemáticas

Pais podem ajudar a desenvolver o senso espacial dos filhos e suas habilidades matemáticas simplesmente ao falarem a respeito disso.
"Se você usar conceitos matemáticos e espaciais - ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos - ajudará a preparar as crianças para aprender matemática", explica Suskind.
Mãe trocando fralda de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAtividades cotidianas, como trocas de fralda, contribuem para enriquecer o vocabulário infantil
Um estudo da Universidade de Chicago pediu a crianças de quatro anos que pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E descobriu que as crianças que haviam sido expostas a mais vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiram fazer mais correspondências corretas.
Além disso, argumenta Suskind, é justamente nas "conversas matemáticas" que uma importante disparidade de gênero ocorre.
"Um estudo com mães de classe média e alta mostrou que filhas de até dois anos ouviam a metade das conversas matemáticas do que os filhos", escreve a cirurgiã. "Isso pode afastar as meninas de campos que podem interessá-las. (...) Meninas que escutam que a matemática 'não é seu forte' muitas vezes não vão bem em matemática."

3. Falar positivamente, mas elogiar mais o esforço do que a criança

Segundo Suskind, crianças em famílias carentes chegam a ouvir mais do dobro de comentários negativos - "você está sendo malcriado"; "você está errado" - por hora do que crianças em famílias em melhor situação socioeconômica.
Também ouvem menos elogios. E, como essas crianças já tendem a escutar menos palavras em geral, essas expressões negativas acabam tendo um peso maior no desenvolvimento cognitivo delas.
"Como será escutar, repetidamente, que você nunca faz nada certo? É um ambiente infantil difícil de ser superado", diz Suskind.
"É grande a diferença entre palavras de proibição ('não faça isso', 'pare') e de encorajamento ("muito bem'). Causa estresse no cérebro ouvi-las repetidamente. É importante tentar mudar ordens para uma conversa mais produtiva."
Mas se a linguagem negativa e proibitiva pode ser uma barreira ao desenvolvimento e ao aprendizado, será que a resposta é elogiar sempre - e dizer constantemente que seu filho é incrível e inteligente?
"Não", explica Suskind.
Em seu livro, a médica cita pesquisas mostrando que esse tipo de elogio pode, em vez de fortalecer futuros adultos, apenas deixá-los passivos e dependentes da opinião alheia.
"O que buscamos não são os olhos (das crianças) voltados para si, felizes de autossatisfação, mas sim crianças que vejam uma tarefa e, independentemente de quão desafiadora ela seja, consigam quase imediatamente pensar em como ela pode ser cumprida", diz a autora.
"É o que os pais desejam: adultos estáveis, construtivos, motivados", acrescenta.
O caminho para isso, segundo os estudos analisados por Suskind, é reconhecer e elogiar não só a criança, mas o esforço e o empenho dela em suas atividades diárias.
Ou seja, em vez de apenas dizer "você é muito esperta" a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: "vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!"
Suskind sugere buscar no dia a dia momentos em que a criança tenha se destacado.
"A criança ainda está aprendendo o que é se comportar bem. Apontar esses momentos a ela reforça a ideia de o que isso significa", explica.
Pai com filho bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCriança deve ser 'parceiro de conversa desde o primeiro dia de vida'

4. Estimular a autonomia, em vez de apenas a obediência

Suskind cita duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto:
"Agora guarde seus brinquedos."
"O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?"
"A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (...) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação" - que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta.
"Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole", diz a médica.
Além disso, ordens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são, segundo Suskind, "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem".
Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas "coloque seus sapatos", explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: "É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los".

5. Sintonizar-se com a criança - e entregar-se à "vozinha de bebê"

Suskind recomenda prestar atenção ao que está despertando o interesse da criança - uma brincadeira, um objeto - e transformar isso em tema de conversa.
Mais um exemplo: O pai ou a mãe, com as melhores das intenções, senta no chão ao lado da criança com um livro infantil nas mãos. Mas a criança não presta atenção e continua a brincar com seu brinquedo, esnobando o adulto.
Pai e filhaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOrdens diretas e curtas como "sente", "fique quieto" e "não faça isso" são "o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem", diz Suskind
Que tal então, em vez de impor a leitura do livro, entrar na brincadeira da criança e conversar a respeito dela?
"Os pais aprendem a tomar consciência do que o que os filhos estão fazendo e se tornam parte disso, ajudando a desenvolver a habilidade praticada na brincadeira e, por meio da interação verbal, o cérebro infantil", escreve a médica.
Entrar em sintonia também envolve, segundo ela, aproveitar todas as oportunidades para ler e cantar com a criança - ou mesmo falar com aquela voz infantilizada que muitos de nós usamos com bebês.
"Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê, porque ajuda-o a entender os sons das palavras", explica Suskind.
Aqui, mais um alerta: um jeito fácil de perder essa sintonia com crianças e bebês é deixar-se distrair pelo celular durante a brincadeira.
"Smartphones estão tomando o lugar da interação pessoal com os bebês e as crianças", critica a médica.
"Só quando a criança é o foco principal dos pais que ocorrerá a atenção necessária para o desenvolvimento cerebral ideal", conclui

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