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5 de abr. de 2016

A ciência do prazer: por que gostamos do que gostamos?

O circuito do prazer no cérebro humano não é simples, mas também não é tão complicado. Existem gatilhos quase universais para o prazer. No entanto, há pessoas cujo prazer só é desencadeado por coisas mais específicas.
"Há algumas coisas que gostamos porque somos programados para gostar, como consumir alimentos e tomar água e manter relações sexuais", diz à BBC David Linden, professor de Neurociência na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, nos Estados Unidos, e autor de A Bússola do Prazer.
"Existem outras coisas que aprendemos a desfrutar. Por exemplo: estamos programados para gostar do sabor doce, mas as preferências pessoais são determinadas pela experiência individual, o aprendizado, a família, a cultura, todas as coisas que fazem de nós indivíduos."
"As pessoas gostam das coisas com as quais cresceram. Eu vivo em Baltimore e aqui há pessoas que gostam de pimentas, outras não. Se eu vivesse no México, é muito provavel que quase todas as pessoas gostassem."
A afirmação de Linden leva a outra pergunta: pode-se dizer que o mesmo acontece com animais de estimação? Eles aprendem a gostar das coisas que seus donos comem, apesar de seus instintos?
"Os gatos desenvolvem gosto por pimenta? Nunca. Isto é algo que os humanos fazem, mas outros mamíferos não - e não sabemos a razão", afirma o especialista.
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Nada amargo

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Image caption Por enquanto, ele gosta de chocolate, mas serão necessários mais alguns anos para que ele veja se aguenta o amargo da cerveja

Linden afirma que parece que os humanos estão programados para evitar o sabor amargo. Na natureza, coisas amargas frequentemente são tóxicas.
"Por isso, não é raro que uma criança não saiba ainda muito sobre comida e rejeite coisas amargas. À medida que crescemos e vamos aprendendo o que devemos comer ou não, pode ser que comecemos a gostar de algumas coisas amargas", diz.
A genética também pode exercer um papel sobre nossos gostos. Linden cita o coentro. "Há quem ou ama. E, agora, sabemos que os que odeiam têm uma mutação em um receptor olfativo em particular, no nariz, que detecta uma substância química liberada quando se mastiga coentro."
Mas isto não ocorre com muita frequência. Um estudo com gêmeos que cresceram em lugares diferentes mostra que a maior parte das preferências alimentares é aprendida, não herdada.

Beleza

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Image caption Nem todos os prazeres nascem iguais, mas acabam sendo iguais

Samir Zeki, professor de neuroestética no University College de Londres, no Reino Unido, investiga como a beleza nos dá prazer. "Eu sou especializado no cérebro visual e nas respostas afetivas - como desejo, amor, beleza - desencadeadas por estímulos visuais", explica.
"Quando uma pessoa experimenta a beleza - uma paisagem, peça musical, na matemática, em um rosto, em um corpo - não importa a forma, é ativada a mesma parte do cérebro emocional."
"É o centro do prazer no cérebro, e está associado com satisfação. A beleza é prazer, é gratificante, é parte do mesmo estado afetivo, da relação de satisfação, recompensa", disse.
Mas todos os prazeres são iguais? O prazer que temos com drogas, sexo ou comida, têm o mesmo efeito sobre o cérebro?
"Uma das coisas que descobrimos é que, quando se trata de prazer, parece haver um santuário interno de regiões do cérebro que são unitárias", afirma Morten Kringelbach, neurocientista das universidades de Aarhus, na Dinamarca, e Oxford, no Reino Unido.
"Isto é muito interessante e surpreendente. O prazer que a comida dá é diferente do prazer da música. Mas a informação indica que provavelmente não deveríamos nos guiar por nossas experiências: os sinais elétricos em regiões específicas do cérebro são os mesmos."

A ameaça do prazer

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Image caption As autoridades governamentais e religiosas querem regular mecanismos de prazer que têm a ver com a conduta, como o consumo de drogas

Na base de tudo isso, está algo com um nome muito grande: 3,4-dihidroxifenilalanina, ou dopamina, um neurotransmissor.
"É crucial. Se você aumenta a quantidade, aumenta o prazer. Se a retira, bloqueia a capacidade de sentir prazer. Sabemos que ela atua em lugares específicos do cérebro que, se forem destruídos, impedem a pessoa de sentir prazer."
O prazer ocorre em três fases, de acordo com Kringelbach. Primeiro vem o desejo: a antecipação, o anseio. Depois há um período de gosto: desfrutar a comida, o vinho, o sexo, um filme ou uma droga. Depois, vem a saciedade, o período da satisfação.
Linden afirma ainda que autoridades governamentais ou religiosas querem regular coisas que fazemos guiados pela busca do prazer.
"Estou falando de sexo e drogas. Dizem: 'Não podem ter relações sexuais se não está casado' ou 'Não pode pagar por elas' ou 'Não pode ser homossexual' e 'Não pode consumir drogas que ativem seu centro de prazer, seja nicotina, álcool, maconha etc'. Enquanto outros dizem: 'Pode tomar álcool, mas nada além disso'."
"Neste sentido a regulação de nosso circuito de prazer no cérebro é uma das grandes missões tanto de governos como de religiões", acrescenta. E, para o pesquisador, nosso centro de prazer pode ser uma ameaça.
"Acho que se preocupam muito com nossos prazeres porque são eles que regem nossa conduta. São muito fortes. Para estas instituições, isso representa uma ameaça, pois as coisas que são muito prazerosas podem alterar a ordem estabelecida."

Dor

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Image caption Prazer e dor andam de mãos dadas na cama e na mesa

Alguns prazeres são óbvios e comuns entre muitas pessoas: o chocolate ou uma música de Bach, uma cerveja ou um entardecer. Outros parecem estranhos. Um sádico tem prazer causando a dor, e um masoquista, sentindo a dor.
"Não há nada que explique biologicamente por que alguns desenvolvem gosto por certas práticas sexuais e outros não. Mas isso diz alguma coisa sobre o prazer e a dor", afirma Linden.
"Ambos são indicadores de algo que é importante, significativo. Dizem: 'Preste atenção a isto! Guarde na memória, porque isto é algo de que você vai precisar se lembrar mais à frente!'."
"Isto é o que o prazer e a dor têm em comum, assim, é possível que, quando se misturem, seja em alguma prática sexual ou em um prato de comida com pimenta, há pessoas que desfrutem, pois são (experiências) supersignificativas e isto é gratificante de alguma forma", complementa o neurocientista.

BBC BRASIL

Veja o que funciona (e não funciona) contra o vírus H1N1 que já causou mais de 50 mortes no Brasil

   
Osnei RestioImage copyright Osnei Restio
Image caption Infectologista defende que forma mais eficaz de prevenção é vacinar-se

Nos últimos dias, o vírus Zika deu lugar ao H1N1 como principal preocupação dos brasileiros quando o assunto é saúde. Causador da chamada gripe suína e identificado no México há seis anos, ele já havia provocado 46 mortes no país até o último dia 19, a maioria em São Paulo – mais que em todo o ano passado, quando matou 36 pessoas.
O aumento de casos fora do inverno, quando o vírus se aproveita dos ambientes poucos ventilados para se multiplicar, intriga especialistas. A proliferação em locais bastante visitados por brasileiros, como a Flórida (EUA), e mudanças climáticas – a umidade é favorável ao H1N1 – estão entre as hipóteses levantadas.
Diante do surto, as pessoas recorrem ao álcool gel e evitam encostar nas barras do transporte público. Mas quão eficazes são essas medidas? A BBC Brasil conversou com infectologistas para descobrir:

O QUE FUNCIONA:

  • Vacina

Para Jean Carlo Gorinchtein, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, não há dúvida: a forma mais eficaz de se prevenir do H1N1 é a vacina. Ainda que não tenha 100% de eficácia – ela varia de 60% a 90% – Gorinchtein ressalta a importância da medida, especialmente entre o "grupo de risco".
Crianças, idosos, grávidas e pessoas com doenças que comprometam a imunidade podem desenvolver sintomas mais graves, como falta de ar. Em casos extremos, o quadro pode evoluir para pneumonia, tuberculose e até meningite.
Isso não quer dizer que o vírus seja mais agressivo do que outros tipos de Influenza, ressalta o infectologista Esper Kallas. Todos podem levar a complicações. Só que, por ter sido identificado há pouco tempo, muita gente não tem resistência ao H1N1.
Para os que não estão no "grupo de risco", o conselho é vacinar-se, mas sem desespero. É possível esperar até o começo da campanha de vacinação, no dia 30 de abril, diz o infectologista.
Em São Paulo, a Secretaria Estadual de Saúde antecipou o início da vacinação para o começo desta semana. Na semana passada, hospitais e clínicas particulares da capital viram uma corrida frenética: salas de espera lotadas e uma força-tarefa para o atendimento.
"O que as pessoas não têm que ter é pânico. Os lotes estão se esvaindo e quem deixa de tomar é justamente quem mais precisa."
Até quem já teve H1N1 precisa se vacinar. Isso porque os anticorpos contra a gripe duram, em média, 12 meses. Depois disso, o nível de proteção cai e é possível pegar de novo. Não é como a catapora, cujos anticorpos costumam durar toda a vida, explica Gorinchtein.
Hoje, a rede pública oferece para as pessoas com mais chances de adoecer (gestantes, mulheres que acabaram de dar à luz, idosos e crianças de até 5 anos, entre outros), a vacina trivalente, que protege contra dois tipos de gripe A (entre eles o H1N1) e um tipo da B – segundo o Ministério da Saúde, essa é a composição recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Na rede particular, além da trivalente, já é possível encontrar a tetravalente, que adiciona a imunização a um segundo tipo B.

SPLImage copyright SPL
Image caption Vírus se aproveita de ambientes pouco ventilados para se multiplicar

  • Álcool gel e lavar as mãos

Há algumas teorias sobre o tempo de vida do vírus.
Segundo o NHS, serviço público de saúde do Reino Unido, os vírus contidos nas microscópicas gotículas que expelimos ao tossir ou espirrar alcançam cerca de um metro. Eles podem ficar suspensos no ar, onde podem viver por horas (principalmente em temperaturas baixas), e atingir superfícies e objetos. Em superfícies duras, o H1N1 sobreviveria por até 24 horas.
Logo, explica o órgão, qualquer um que tocar mesas, maçanetas ou mesmo dinheiro atingidos por essas gotículas pode se contaminar e espalhar o vírus ao tocar outras superfícies e pessoas.
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Já de acordo com Gorinchtein, o vírus H1N1 vive normalmente menos de um minuto fora do corpo ao ser expelido junto com as gotículas de saliva ou secreções. Quando alguém espirra na barra do metrô é preciso que outra encoste ali logo e leve a mão, com vírus, à boca, olhos ou nariz para que se infecte, diz.
Independente de quem está certo, o álcool gel e a água com sabão são a melhor alternativa para reduzir as chances de contaminação. Apesar de não ser uma medida infalível – uma pessoa sempre pode tossir próximo a seu rosto –, ajuda bastante, pois mata os vírus que ficam nas mãos.
O infectologista Esper Kallas lembra a popularização do álcool gel no Brasil foi fruto da primeira epidemia de gripe suína, em 2009.
(Foto: Thinkstock)Image copyright Thinkstock

  • Tapar a boca ao tossir/espirrar

Quanto mais rápido os vírus expelidos chegaram às mucosas (boca, nariz e olhos) de uma pessoa, mais provável será a contaminação.
Por isso, proteja sua boca ao tossir ou espirrar. A infectologista Angela Rocha, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, explica que, nos três primeiros dias da doença, quando o vírus está se multiplicando intensamente, a carga viral em cada espirro é maior.
Nesse período, é preciso atenção redobrada. Normalmente, o ciclo da gripe dura uma semana.
Segundo o serviço de saúde britânico, caso as mãos sejam usadas para tapar a tosse, espirro e limpar o nariz, é preciso lavá-las para evitar espalhar o vírus – a concentração na pele pode ficar alta por até cinco minutos.
O ideal, afirma o NHS, é usar lenços de papel para cobrir a boca e o nariz e jogá-los no lixo o mais rápido possível – o vírus pode sobreviver neles por cerca de 15 minutos, ou seja, nada de reaproveitar.

O QUE NÃO FUNCIONA:

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  • Pronto-socorro

Começou a tossir? A garganta está arranhando? Não vá ao pronto-socorro. "O melhor lugar de se pegar a gripe é o pronto-socorro. Você fica seis horas na sala de espera. Acha que é alguma coisa, acaba não sendo nada. E dois dias depois está com gripe", explica o infectologista Esper Kallas.
Ele ressalta que ao ser infectado pelo H1N1 é preciso deixar a doença seguir seu curso natural e ir acompanhando os sintomas. Caso eles piorem, haja falta de ar ou secreções avermelhadas e com pus, é hora de procurar um médico.
"O problema não é pegar (a gripe), é saber lidar com ela. Se o filho pegou, vai construir imunidade. As pessoas precisam estar atentas na identificação dos casos mais graves."
Diferentemente dos especialistas, o Ministério da Saúde recomenda que a pessoa com suspeita da doença procure atendimento médico "imediatamente".
AFPImage copyright AFP
Image caption Eficácia de máscaras é bastante limitada, explica infectologista

  • Máscara

Comprou uma máscara na farmácia e acha que está protegido? Não é bem assim. O infectologista Esper Kallas estima que máscaras feitas de feltro e tecido têm vida útil de quinze minutos.
"Depois disso, elas já não têm mais eficácia. Ficam úmidas com a respiração e os poros do material vão abrindo. É como se não estivesse usando uma."
Segundo Kallas, as que funcionam tem "um sistema bem mais complexo" e são mais difíceis de encontrar, além de mais desconfortáveis.
Angela Rocha, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, diz que elas podem ser eficientes para contatos rápidos: "já ajuda".
  • Ficar só um dia em casa

O NHS, serviço público de saúde britânico, recomenda que a pessoa infectada fique longe do trabalho ou escola até se sentir melhor, o que deve ocorrer em cerca de uma semana.
Isso porque o período mais contagioso, geralmente iniciado quando os sintomas aparecem, pode durar até sete dias – crianças e pessoas com baixa imunidade podem precisar de uma folga ainda maior, já que nelas o vírus permanece ativo por mais tempo.
Ou seja: não dá para mascarar os sintomas com antitérmico e, por exemplo, mandar os filhos para a escola.
As dicas também valem para outros tipos de gripe.
  • Se entupir de remédios

Especialistas afirmam que, via de regra, a gripe causada pelo H1N1 vai embora depois de alguns dias, assim como as outras.
Por isso, recomenda o serviço britânico, o melhor é ficar em casa e beber bastante água para evitar a desidratação. Remédios para febre e dor podem ser usados para amenizar os sintomas.
Segundo o Ministério da Saúde, há a oferta, em todo o país, do medicamento oseltamivir (o Tamiflu), receitado de acordo com a avaliação médica.
A pasta afirma ser importante que o remédio seja administrado nas primeiras 48 horas dos sintomas.



BBC BRASIL

Por que bebês de várias partes do mundo estão dormindo em caixas de papelão?

   

Baby BoxImage copyright Finish Baby Box Company
Image caption Há 75 anos, grávidas recebem gratuitamente caixas do governo finlandês

Uma tradição que remonta à década de 1930 é considerada crucial para que a Finlândia tenha uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo: cada mãe, independentemente de sua origem, recebe gratuitamente uma caixa de papelão com presentes para seu bebê.
Ela contém produtos muito úteis para as primeiras semanas de vida do recém-nascido. Há roupas, inclusive um pijama para protegê-lo do inclemente frio do inverno, um gorro, alguns sapatinhos (tudo em cores neutras), além de fraldas, babadores, produtos de banho, toalhas e um álbum fotográfico - e a própria caixa pode ser usado como o primeiro berço, pois vem com um pequeno colchão.
Há três anos, uma reportagem da BBC sobre as caixas de papelão foi lida por milhões de pessoas e tornou-se viral na internet. E, agora, a ideia finlandesa está se disseminando no mundo, do México ao sul da Ásia, passando por países como África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.
Em 2014, três pais finlandeses criaram uma empresa para distribuir estas caixas para clientes em diferentes países. Duas americanas fizeram o mesmo. E existe uma empresa similar no Reino Unido.
E, em agosto do ano passado, o governo da Cidade do México colocou em prática o projeto "Cunas CDMX" (cunas significa "berço" em espanhol), inspirado no modelo finlandês. Seu objetivo era atingir 10 mil mães e acompanhar a gravidez daquelas com menos recursos financeiros para combater a mortalidade infantil.
"Buscamos gerar uma maior proteção para os bebês na Cidade do México, principalmente os que vivem na pobreza", diz Gamaliel Martínez Pachecho, diretor-geral dos Sistema para Desenvolvimento Integral da Família da capital mexicana, departamento encarregado do projeto.

Controle pré-natal

Image caption Em 2014, três pais finlandeses criaram a empresa Finnish Baby Box Company

Como a ideia é bastante simples e aparentemente eficaz, muitos outros profissionais de saúde e empreendedores sociais também querem desenvolvê-la e adaptá-la.
Com frequência, os produtos incluídos na caixa e a forma como ela é distribuída são adequados para problemas locais: desde prevenir infecções até tirar a criança da cama dos pais, onde há um risco de sofrerem asfixia.
Dois empreendedores sul-africanos - Ernst Hertzog, da organização Action Hero Ventures, e o executivo de marketing Frans de Villiers - concluíram, por exemplo, que uma caixa de plástico, que pudesse ser usada como banheira e não tanto como cama, era mais útil para as mães de seu país.
Mas seu objetivo principal ainda é, inclusive na Finlândia, incentivar as mães a comparecer às consultas de controle pré-natal.
De fato, um projeto-piloto realizado pela Universidade de Stellenbosch no ano passado descobriu que, na África do Sul, a caixa Thula Baba aumentava a frequência das mães nos exames pré-natais.
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Thula BabaImage copyright Thula Baba Box
Image caption Caixa foi adaptada para a realidade da África do Sul

Esses controles reduzem, por exemplo, o risco de que uma mãe com HIV morra durante o parto e reduz as possibilidades de que o vírus seja transmitido para o bebê. De Villiers e Hertzog querem agora que o projeto seja ampliado e que um dia se torne um programa nacional.
"A caixa finlandesa foi um exemplo de design que mudou um país. Esperamos que, fazendo alguns ajustes, nosso produto tenha o mesmo impacto", diz Hertzog.
Por sua vez, uma estudante de doutorado da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, teve a ideia de adotar a caixa finlandesa para o sul da Ásia.
Karima Ladhani desenvolveu o projeto "Barakat Bundle" (barakat significa "benção" em alguns idiomas da região), que entrou em vigor em um hospital rural da Índia. A caixa tem ferramentas para prevenir infecções durante o parto ou pouco depois de se dar à luz e também inclui um mosquiteiro para proteger os bebês da malária.
"Queremos oferecer às novas mães soluções de baixo custo para salvar vidas ao combater as causas evitáveis de mortalidade infantil e materna", afirma Ladhani.
BBC
Image caption Programa na Ìndia incluiu mosquiteiro dentre os itens da caixa

No mesmo quarto

A caixa finlandesa não foi replicada apenas em países em desenvolvimento, onde a mortalidade infantil é preocupante. Um projeto-piloto está sendo lançado no hospital Queen Charlotte's and Chelsea, em Londres, no Reino Unido, em colaboração com a empresa americana Baby Box.
Cerca de 600 caixas serão dadas a mulheres que derem à luz neste hospital nos próximos meses. "Partimos do pressuposto de que as pessoas têm dinheiro para comprar um moisés ou um berço, mas nem sempre é o caso", diz a ginecologista Karen Joash, conselheira obstetrícia do programa.
Ela considera que a caixa também fará com que mães e bebês fiquem no mesmo quarto, já que elas são fáceis de carregar. "Isso é bom para estreitar sua ligação."
Image copyright Baby Box Co
Image caption Criada em 2015, empresa britânica foi inspirada em matéria da BBC

Há dezenas de projetos sendo desenvolvidos nos Estados Unidos. O maior será lançado neste ano em Fort Worth, no Estado do Texas, quando quatro hospitais da cidade começarão a entregar as caixas para reduzir a alta taxa de mortalidade local, de 71 a cada 1 mil nascimentos em 2013, acima da média nacional de 59 a cada 1 mil.
A previsão é que sejam entregues cerca de 36 mil caixas nos próximos dois anos. O objetivo é incentivar os pais a não dormir com os bebês na mesma cama.
"A comunidade não estava consciente de que a mortalidade infantil era um grande problema aqui", afirma Dyann Daley, porta-voz do hospital Cook Children's. "Ao entregar uma caixa a cada nascimento, damos aos bebês um lugar seguro para dormir, algo crucial para evitar a morte por asfixia."

Apoio familiar

Há projetos em curso também no Estado australiano de Victoria e na província canadense de Alberta.
Karen Benzies, professora de Enfermagem da Universidade de Calgary, destaca que a intenção original era ajudar as famílias mais vulneráveis, mas seus organizadores se deram conta que "a ideia de vulnerabilidade para a maioria das pessoas se refere a alguém com uma renda baixa, algo que não se aplica necessariamente à realidade de Alberta".
É uma região que se beneficia da indústria petrolífera, e, por isso, quando os homens vão trabalhar nas plataformas, surge um novo tipo de problema: as mães criam seus bebês sozinhas. "O objetivo é dar apoio às famílias na transição da gravidez para a maternidade", diz Benzies.
Um elemento-chave para isso é a mentoria dada aos pais, em que uma pessoa os auxilia, por telefone ou pessoalmente, a partir das 32 semanas de gestação até seis meses após o parto.
"No Canadá, quando alguém da família ou um amigo vê algo de errado, às vezes prefere não dizer nada, é comum que não interfira. Queremos mudar isso", afirma Benzie.
Image copyright Baby Box Co
Image caption Um centro de saúde americano lançou sua versão do projeto no início deste ano

'Assistente de berço'

Outra inovação incorporada pelos canadenses é um "assistente de berço", uma espécie de folheto criado para os homens tenham uma relação mais próxima com seus bebês. Com um estilo parecido com o de um manual de um automóvel, o texto oferece um guia prático.
"Sabia que faz bem para o bebê arrotar algumas vezes?", diz o texto, que ressalta a importância do "combustível", o leite materno, e explica como "checar debaixo do capô", as fraldas no caso, porque "manter seu modelo novo limpo e cômodo é importante".
O governo finlandês destacou estar consciente do interesse global em seu projeto e que com frequência oferece assessoria a outros países. De fato, realiza apresentações em embaixadas. Mas nem todo mundo está convencido de que a caixa é a melhor forma de ajudar.
Colin Pritchard, professor da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, estuda mortalidade infantil e acredita que o sistema tem "sentido teoricamente", por dar ao bebê um local para dormir além da cama dos pais e poder reduzir os casos de morte súbita por asfixia. No entanto, acredita que o efeito é pequeno.
Ele argumenta ser mais importante criar mecanismos para reduzir a pobreza, fazer com que os pais deixem de fumar e melhorar a educação dos pais e os cuidados que eles terão com os filhos para frear a mortalidade infantil.

BBC BRASIL

7 de mar. de 2016

EXCELENTE VÍDEO AULA SOBRE GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS


Queridos alunos, essa vídeo aula está muito boa e didática. Val muito a pena assistir. Bons estudos.




shttps://www.youtube.com/watch?v=s_MhmsJwKPs

4 de mar. de 2016

#SalaSocial Por que milhares de mulheres estão usando as redes sociais para abandonar a pílula

Erick DauImage copyrightErick Dau
Image captionGiovanna Raquel, 17, parou de tomar os comprimidos depois que teve uma embolia pulmonar
"Pare de tomar a pílula/ porque ela não deixa nosso filho nascer." Era 1970 e Odair José cantava sobre os comprimidos que enfim separavam sexo e gravidez. Depois da revolução sexual da década anterior, a pílula significava liberdade para muitas mulheres.
Mais de quarenta anos depois, porém, brasileiras se dizem presas à pílula. Elas fazem parte de um movimento que vem crescendo nas redes sociais e discute como parar de tomar esse anticoncepcional e quais são os métodos alternativos a ele, incluindo a tabelinha. No Facebook, grupos sobre o assunto chegam a ter 25 mil participantes.
Uma página, com 80 mil curtidas, ajuda a explicar o motivo: em "Vítimas de Anticoncepcionais, unidas pela vida", mulheres contam as experiências negativas que tiveram ao tomar os contraceptivos orais.
Os relatos vão de mudanças de humor a enxaquecas diárias e casos de trombose (formação de coágulo dentro de vaso sanguíneo). Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), contraceptivos com drospirenona, gestodeno ou desogestrel levam a um risco 4 a 6 vezes maior de desenvolver tromboembolismo venoso em um ano.
Os laboratórios que produzem as pílulas mais populares no país, Bayer (Diane 35, Yaz), Eurofarma (Selene) e Libbs (Elani Ciclo), afirmam que os benefícios para o corpo superam os problemas. Dizem também que os efeitos estão descritos na bula e, com orientação médica, o uso é seguro. Mesmo assim, as participantes dos grupos reclamam que o acompanhamento é insuficiente.
Image copyrightReproducao Facebook
Image captionPáginas no Facebook reúnem mulheres que desistiram ou pretendem desistir da pílula
"Nem todos os efeitos colaterais são falados pelo médico", diz a designer Gabriela, 28, que faz parte de grupos de discussão online. Usuária dos comprimidos desde os 19 anos, ela diz que tinha enxaquecas que duravam semanas.
"Quando as crises pioraram, eu vomitava. No meu aniversário, foi tão forte que, durante uma hora, perdi a visão completa de um olho."
Gabriela foi a vários neurologistas, que a aconselharam a parar com o anticoncepcional oral. Ela poderia ter uma trombose nos olhos. A recomendação é seguida há dez meses.

Mudanças de humor

Outra queixa recorrente são as mudanças de humor, também descritas nas bulas. Distúrbios psiquiátricos e estados depressivos estão nas contraindicações de vários medicamentos.
A relações públicas Carla Costa, 31, tem depressão e diz que, enquanto tomava a pílula, seu quadro piorava. "Em dois períodos do ciclo menstrual ficava muito deprimida, encolhida na cama, chorando sem motivo por horas. Isso parou de acontecer."
Na última cartela de comprimidos, a publicitária Maíra de Azevedo, 27, diz que decidiu parar com os hormônios porque seu emocional é como "um trem desgovernado". "Tenho todos os sintomas: dor de cabeça, enjoo e uma perda total da libido. Nunca quero saber de ninguém."
A ação do estrogênio e progesterona sintéticos - presentes na maioria dos anticoncepcionais hormonais - sobre o cérebro feminino é pouco conhecida.
Image copyrightarquivo pessoal
Image caption'Meninas de 14, 15 anos começam (a ingerir) hormônios e nem entendem como o seu corpo funciona', diz Débora
No ano passado, um trabalho da Universidade da Califórnia em Los Angeles indicou que esses hormônios podem encolher certas regiões do cérebro ligadas ao controle emocional e alterar seu funcionamento.
Uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Nicole Petersen diz que "o mecanismo pelo qual isso pode ocorrer é completamente desconhecido neste momento". Apesar do potencial dano das pílulas, a pesquisadora pondera que algumas mulheres se beneficiam do uso e têm variações positivas de humor.
Professora do departamento de ginecologia da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, Carolina Sales também destaca os benefícios do medicamento, como a redução das possibilidades de câncer de ovário e de intestino. Ela atenta que o uso deve ser acompanhado de um ginecologista. Mas ressalta que nem sempre o profissional tem informações para a paciente.
"Na formação (do médico), há contato com poucos métodos. E as consultas são muitos curtas, o que diminui o tempo de orientação. A pílula é o mais fácil."
Para Sales, a falta de informação vale também para quem está do outro lado da mesa: "há um desconhecimento sobre as classes diferentes de hormônios. Elas colocam tudo no mesmo balaio."

Sem explicações

Todas as mulheres ouvidas pela BBC Brasil disseram procurar os grupos online - atitude geralmente pouco recomendada pelos médicos - porque seus ginecologistas não deram muitas explicações sobre outros métodos ou se recusaram a falar. Lá, trocam experiências sobre deixar a pílula (o que muitas vezes leva aumento de acne, oleosidade da pele e cabelos) e aprendem como funciona o DIU (dispositivo intrauterino), a tabelinha e a camisinha feminina.
"Na última vez, quando tentei largar o anticoncepcional, acabei trocando de pílula. Fui a vários médicos e sempre tenho a percepção de que queriam empurrar outra marca", diz Carla Costa, que abandonou o medicamento em novembro.
Image copyrightarquivo pessoal
Image captionGiovanna Raquel, 17 anos, ficou dois meses internada por causa de uma embolia pulmonar, que começou com uma dor nas pernas após início de consumo da pílula
A ginecologista Halana Faria, do Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade, diz que os médicos temem correr riscos, já que métodos como o DIU exigem mais tempo e cuidado. Se não for bem colocado, pode haver perfuração do útero. Além disso, se a mulher não se proteger nas relações, há chances de infecção.
"O médico presume que as mulheres não são capazes de manejar isso nas suas vidas. O discurso é moldado por aquilo que ele considera ser mais confortável. Já ouvi: 'não coloco mais DIU, por que vou me complicar?'".
As comunidades na internet também reúnem muitas reclamações sobre ginecologistas que não pedem exames antes de receitar os comprimidos. As queixas vêm acompanhadas de relatos sobre problemas sérios de saúde.
Um dos depoimentos é da estudante Giovanna Raquel, de 17 anos. Ela ficou dois meses internada por causa de uma embolia pulmonar. Tudo começou com uma forte dor nas pernas, meses após começar com a pílula. Muitas consultas com ortopedistas depois, ela descobriu que tinha trombose.
"Um médico imaginou que fosse uma entorse (lesão nos ligamentos). Outro chegou a me chamar de manhosa. Disse que a dor não existia."
A entrevista com Giovanna foi feita por Facebook, já que ela estava de volta ao hospital. Suspeitava-se que o problema tivesse voltado.
Segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), a obrigatoriedade de exames de rotina para rastreamento de trombofilias não é adequada, por causa da raridade das condições e do custo dos exames.
A BBC Brasil procurou o Conselho Federal de Medicina e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) para saber como os profissionais deveriam proceder nesses casos, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.

Tabu

Quando conseguem informações e decidem parar a pílula, as mulheres têm que explicar sua decisão para médicos, amigos e família. E esclarecer que isso não significa um bebê a caminho.
Em uma consulta, a estudante de relações públicas Nathalia Lira, 21, ouviu de sua médica que, sem os comprimidos, "logo logo engravidaria".
"Quando eu dizia que estava satisfeita só com o preservativo, ela pedia um exame Beta hCG, porque aparentemente eu poderia estar grávida a qualquer momento."
Image copyrightarquivo pessoal
Image captionNathalia desistiu dos comprimidos, mas ouviu da médica que logo engravidaria
As amigas da assistente administrativa Renata Peixer, 25, ficaram apavoradas. "Elas perguntaram: 'Como você faz com seu namorado?' Você fala de DIU e elas não conhecem."
Prevendo as perguntas que viriam, a designer Gabriela preferiu não falar. "As pessoas te julgam muito. Na minha família ninguém sabe, nem na do meu namorado. Elas acham que vou engravidar e aí a responsabilidade vai ser minha."
Para quem escolhe os chamados métodos comportamentais, como a tabelinha (abstinência durante o período fértil) e a observação do muco vaginal (que vai mudando a cada fase do ciclo), a discussão é ainda maior.
Isso porque, segundo Febrasgo, OMS e Ministério da Saúde, esses métodos têm porcentagem de falha entre 1% a 25%. O da pílula vai de 0,1 a 8%.
Por isso, a ginecologista Halana Faria recomenda o uso combinado com a camisinha ou o DIU.
É o que faz a funcionária pública Debora Londero, 26. Apesar de conhecer os aplicativos para celular lançados com o mesmo propósito, ela é adepta de riscar as folhas do calendário.
"Notei esses pequenas mudanças no corpo, que nunca tinha percebido. As meninas de 14, 15 anos começam (a ingerir) hormônios e nem entendem como o seu corpo funciona."
Halana Faria vê que a discussão cresceu nos últimos anos, num ambiente mais aberto às questões feministas e ao controle do próprio corpo.
"Os médicos dizem 'você está louca, sua mãe usava isso, você é moderna'. Mas não somos as mulheres que éramos antes. Estamos usando aplicativos para melhorar as coisas que as nossas avós já faziam."

Mito ou verdade: transtornos mentais melhoram a criatividade?

  • 3 março 2016
Image copyrightiStock
Image captionApesar de casos famosos nas artes, cientistas ainda tentam ligar criatividade a transtornos mentais
Todos nós somos capazes de citar pessoas famosas que, como Vincent Van Gogh, Virginia Woolf ou Robin Williams, são excepcionalmente criativas mas também sofrem de distúrbios mentais.
São tantos os exemplos que parece óbvio existir uma relação entre as duas características. Mas será que a ciência comprova isso?
Bem, a realidade é que existem pouquíssimos bons estudos sobre o assunto. Uma revisão de 29 pesquisas realizadas antes de 1998 mostrou que 15 delas não encontraram nenhuma ligação entre os distúrbios mentais e a criatividade, enquanto nove encontraram uma ligeira relação e outros cinco foram inconclusivas.
E algumas dessas análises eram apenas estudos de caso, e não um experiência aprofundada.

Procurando a ligação

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Image captionSegundo alguns cientistas, distúrbios como a depressão podem inibir a motivação
Uma das dificuldades é que ainda não é fácil definir ou medir a criatividade de um indivíduo. Por isso, pesquisadores geralmente usam recursos como a profissão de voluntários para catalogá-los em níveis de criatividade.
Um estudo de 2011 na Suécia descobriu que pessoas com transtorno bipolar tinham 1,35 mais chances de trabalharem em áreas mais “criativas”, como as artes, a fotografia, o design e a ciência. Mas a mesma pesquisa indicou que não havia diferenças quando se tratava de casos de ansiedade, depressão ou esquizofrenia.
Como a gama de profissões incluída no estudo era bastante restrita, a realidade é que suas conclusões não nos revelam se profissionais das áreas mais criativas têm mais chances ou não de desenvolver o transtorno bipolar do que aqueles que atuam em campos mais exatos.
Entre as pesquisas mais citadas quando se tenta estabelecer uma relação entre criatividade e distúrbios mentais está uma realizada pela Universidade de Iowa, nos anos 80. O estudo comparou 30 escritores com o mesmo número de profissionais que não escreviam, durante um período de 15 anos. O primeiro grupo apresentou mais propensão ao transtorno bipolar do que o segundo. Mas, apesar de popular, essa análise sempre foi bastante criticada no meio científico.
Mas mesmo que os resultados não sejam precisos, há um importante elemento de causalidade. Será que os supostos benefícios criativos do transtorno bipolar tornaram os escritores mais propensos a escolher essa profissão, ou será que os sintomas os impediram de seguir carreiras mais “convencionais”? É difícil saber a resposta.
Estudar pessoas famosas ou personalidades de destaque em suas áreas de atuação é um recurso muito usado por pesquisadores que tentam encontrar a relação entre transtornos mentais e a criatividade. Há registros de análises feitas no início do século 20 – e que não conseguiram estabelecer essa ligação.

Em que acreditamos?

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Image captionO principal problema da ciência é encontrar uma maneira de medir a criatividade
Então, se os indícios são tão duvidosos ou sequer existem, por que temos a percepção de que a genialidade está atrelada a algum distúrbio mental?
Um dos motivos é, na realidade, uma intuição de que pensar de maneira diferente ou vivenciar a energia e a determinação durante um episódio de mania podem ajudar a aumentar a criatividade.
Alguns cientistas argumentam que essa relação é ainda mais complexa, e que esses transtornos permitem que os pacientes pensem de uma maneira mais criativa, mas que fases mais agudas de um distúrbio na realidade até inibem a criatividade. A depressão, por exemplo, é algo que pode “sugar” a motivação.
Muitos estudiosos, no entanto, argumentam que a ligação entre criatividade e doenças mentais é algo muito evidente quando ocorre. Histórias como a de Van Gogh decepando a própria orelha em um momento de loucura (e décadas de especulação sobre se isso realmente aconteceu) tornam o caso vívido em nossas mentes. Não somos alimentados com imagens de artistas criando obras geniais e sendo felizes ao mesmo tempo.
E mais: existem até potenciais desvantagens em se acreditar que uma mente atormentada é mais criativa. Alguns indivíduos que acreditam que seus distúrbios mentais os tornam mais produtivos deixam de tomar seus medicamentos, por exemplo. Há ainda o risco de essas pessoas creditarem seu sucesso a alguma doença e não a seu próprio talento.
E aquelas que sofrem de algum transtorno e não encontram um talento excepcional? Será que não suportam uma pressão maior do que deveriam?
Certamente, a ideia de que um problema mental tem um lado positivo é bastante reconfortante. Mas talvez essa noção persista no imaginário coletivo simplesmente porque é o que queremos acreditar.

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