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13 de fev. de 2016

Em limbo regulatório, mosquito transgênico avança no Brasil

 

   
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Image caption O mosquito OX513A, desenvolvido pela empresa britânica Oxitec, será liberado em larga escala em Piracicaba
O uso de mosquitos transgênicos pode mudar a forma como o Brasil vem combatendo o Aedes aegypti. Mas, apesar das taxas de sucesso alardeadas por autoridades e pela empresa que inventou o novo inseto, o mosquito OX513A, como foi batizado, é polêmico.
Produzida pela empresa britânica Oxitec, a variação genética do Aedes aegypti poderá ser o primeiro inseto do tipo a ser comercializado no mundo, mais provavelmente, no Brasil, onde vem encontrando seu mais amplo campo de testes.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou testes em 2011 e uso comercial em 2014, mas a falta de um parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trava a entrada do mosquito em um mercado que poderá representar milhões em receita para a Oxitec.
 
Um porta-voz da Anvisa disse à BBC Brasil que a agência já informou que "a empresa não poderá comercializar o produto até que conclua essa discussão sobre o enquadramento do mosquito transgênico (em uma categoria que possa ser fiscalizada de acordo com atribuições da agência)".
Diante do limbo regulatório, a Oxitec reparte com a prefeitura de Piracicaba os custos dos testes feitos com o mosquito em um bairro da cidade paulista. Piracicaba poderá se tornar a primeira cidade no país a receber a espécie em larga escala. A prefeitura decidiu ampliar os testes, liberando o OX513A também no centro da cidade, onde vivem 60 mil pessoas - contra 5,5 mil no bairro onde o inseto vinha sendo testado anteriormente.

Conflito

Segundo a prefeitura e a Oxitec, o Aedes aegypti modificado geneticamente tem apresentado altas taxas de performance nos testes, supostamente reduzindo em muito a ocorrência de dengue, mas os resultados são alvos de críticas por parte da comunidade científica que demonstra preocupação com a ampliação dos experimentos.
Esta semana, ativistas e cientistas de Piracicaba levaram à promotora de Justiça de Direitos Humanos e Saúde Pública na cidade, Maria Christina Marton Corrêa Seifarth de Freitas, representação em que, além de voltar a questionar o uso do mosquito, pedem acesso a dados oficiais e detalhados sobre os testes realizados no projeto da Prefeitura batizado de Aedes aegypti do Bem.
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Image caption No ano passado, mais de 150 mil pessoas assinaram uma petição que tentava evitar os testes do OX513A na Flórida
O grupo queria ainda que o Ministério Público de São Paulo barre a ampliação do projeto para o Centro. Mas, ao contrário dos ativistas, a promotora não vê conflito de interesses no fato de a Oxitec ter sido, segundo o grupo, a única a fornecer os dados que atestam a eficiência do OX513A.
"Não vejo conflito de interesse. Os dados da empresa podem ser acompanhados por qualquer cientista, como definido pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de abril de 2015", diz ela. "E, no bairro em que o transgênico foi testado, o número de casos confirmados de dengue passou de 133 em 2014 para 1 em 2015".
O TAC obrigava o município e a empresa a liberarem dados mensalmente sobre os testes em Piracicaba, o que vem sendo feito. Mas cientistas questionam o a imparcialidade dos dados apresentados nos documentos liberados até agora e pedem dados oficiais, não gerados pela empresa.
"Queremos saber a eficácia antes de a prefeitura ampliar o programa. O mosquito é uma nova espécie. A transgenia está fazendo em laboratório o que a natureza levou milhares de anos para fazer. E o desenvolvimento é de uma empresa privada, que tem interesse em vender. Mas, se der errado, não tem volta", alerta Eloah Margoni, vice-presidente da Sociedade para a Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, uma das signatárias da representação.
Os questionamentos sobre o mosquito transgênico - testado na Malásia, no Panamá e nas Ilhas Cayman - não se restringem ao Brasil. No ano passado, mais de 150 mil pessoas assinaram uma petição que tentava evitar os testes do OX513A na Flórida. Como no Brasil, também nos Estados Unidos a tecnologia ainda não tem aprovação para comercialização.
Em janeiro, a Federal Drugs Administration (FDA), o equivalente americano à Anvisa, informou que colocará o pedido da Oxitec para testes na Flórida sob consulta pública, antes de avaliar o impacto ambiental do uso do mosquito transgênico no local, o que, segundo a FDA, não tem data para ocorrer.

'Cobaia'

O mosquito transgênico é modificado geneticamente para, solto no meio ambiente, levar à redução drástica da população local do inseto. Depois de fecundar fêmeas Aedes aegypti selvagens, a maior parte das suas crias morre - no máximo 4% das larvas chegam à vida adulta. De acordo com a empresa que desenvolveu o inseto, ao se reduzir a população do mosquito, caem incidências das doenças transmitidas por ele, como dengue, chikungunya e zika.
Mas diversos cientistas, brasileiros e estrangeiros, afirmam que os estudos feitos pela Oxitec - e aceitos pela CTNBio - não são suficientes para garantir a eficiência no combate às doenças.
"A população não pode ser cobaia", critica o biólogo José Maria Ferraz, conselheiro da CTNBio à época em que o órgão inicialmente examinou o OX513A. "Não somos contra modificações genéticas. Somos contra a forma apressada como a liberação foi feita", diz ele, que também assinou a petição enviada ao Ministério Público em Piracicaba.
Dezoito conselheiros votaram na sessão de 10 de abril de 2014 da CTNBio que liberou o mosquito transgênico - 16 a favor, um contra e uma abstenção.
Pesquisador convidado do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp, Ferraz diz que a liberação do uso comercial do OX513A pelo órgão foi "obscura" e, segundo ele, levou a metade dos 5 anos pelos quais normalmente pedidos como este tramitam.
"Foi um processo totalmente avesso à tradição da CTNBio. O uso do mosquito foi liberado antes de testes conclusivos, de campo e de estatística", diz ele, que não participou da votação final, porque seu mandato já estava encerrado.
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Em nota emitida em fevereiro de 2015, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que congrega instituições de ensino e pesquisa, também questionou - com base nos argumentos de Ferraz e outros cientistas - a tramitação do processo na CTNBio, que classificou de "excepcional".
A Abrasco questiona o "fato de representantes do proponente da tecnologia (Oxitec) terem sido convidados a participar de reunião onde ela estaria sendo avaliada e, mais do que isso, a realizar exposição de mérito que poderia ser confundida com marketing institucional com possibilidade de induzir os membros da CTNBio à aprovação".

Um voto

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Image caption Larvas do mosquito transgênico: dispositivo faz inseto morrer antes que possa transmitir doenças
O conselheiro Antônio Inácio Andrioli, único voto contrário ao mosquito transgênico na Comissão, afirma que houve pressões e "lobby da empresa". "Na noite anterior recebemos um e-mail pedindo voto. E a pesquisa do mosquito transgênico envolveu a USP. Vários integrantes da CTNBio eram da USP, inclusive o presidente da comissão na época, que tinha ligações inclusive com a indústria farmacêutica", diz ele.
A CTNBio nega que tenha apressado o processo ou qualquer influência externa. Em nota enviada à BBC Brasil, afirma que "acusação não tem fundamento em fatos".
"As liberações planejadas foram conduzidas com autorização da CTNBio e os dados do processo foram deliberados dentro dos prazos regimentais. Não houve falhas no exame da matéria pela CTNBio e as manifestações da empresa durante a reunião da Comissão foram feitas a pedido da Coordenação da mesa com anuência dos membros presentes sobre a matéria específica objeto da deliberação", diz a nota.
"As pesquisas conduzidas pela equipe do Instituto de Ciências Biomédicas da USP foram examinadas e votadas como todos os processos da comissão, nenhuma questão ética foi apontada como relevante aos procedimentos executados. O pedido de liberação comercial do mosquito GM foi protocolado pela empresa Oxitec e não pela USP, assim não procede a acusação", diz a nota.
Presidente da CTNBio durante a tramitação do processo do OX513A, o professor da USP Flavio Finardi diz que o grupo que questiona "é sempre o mesmo, seja o mosquito transgênico ou uma vacina transgênica para uso veterinário".
"A pessoa (Andrioli) que fez o parecer contra o mosquito transgênico foi também a única que votou contra. Perdeu na democracia, mas também na ciência", diz Finardi, que votou pela liberação do OX513A.
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Finardi foi substituído no comando da CTNBio por Edivaldo Domingues Velini, que assinou a liberação do OX513A.

Temores

José Maria Ferraz e outros pesquisadores insistiram junto ao MP de São Paulo nos argumentos que já haviam apresentado à CTNBio, mencionados no parecer técnico 3964/2014, que liberou a aplicação do mosquito.
Alertam para a possibilidade de proliferação do mosquito OX513A, caso as larvas entre em contato com o antibiótico tetraciclina presente no meio ambiente, que "desliga" o dispositivo genético que impede os insetos de chegarem à vida adulta.
"O Brasil baniu a tetraciclina em ração animal em 2009", rebate Hadyn Parry, chefe-executivo da Oxitec. "A despeito da especulação da mídia devido à pressão de grupos, a presença da tetraciclina no meio ambiente é mínima e, quando ocorre, degrada rapidamente se exposta à luz do sol".
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Image caption Avanço de doenças transmitidas pelo 'Aedes aegypti' aumentou a pressão sobre autoridades para soluções rápidas
Mas o biólogo brasileiro chama a atenção para o fato de haver uso veterinário da tetraciclina, e também em humanos. "Antes de soltar o mosquito, teria sido importante avaliar a presença da tetraciclina e de antibióticos semelhantes no meio ambiente, principalmente no esgoto".
Sem o tal "desligamento", crias do mosquito genético poderiam chegar à idade adulta.
Em resposta, a Oxitec afirma que estudos em Jacobina, na Bahia, nas Ilhas Cayman e no Panamá não sugerem qualquer perda de eficácia (e percentual superior de sobrevivência) do OX513A. E que, se houvesse presença da tetraciclina, a empresa teria identificado em seus monitoramentos.
A empresa britânica menciona, ainda, estudo conduzido em 2013 por pesquisadores da Unicamp e do Imperial College London mostrando que os níveis de tetraciclina nos locais em que o mosquito seria liberado eram insuficientes para "desligar" o dispositivo genético que mata os insetos transgênicos antes da vida adulta.
De acordo com a Oxitec, as primeiras liberações do mosquito no meio ambiente foram feitas antes de tais estudos, em 2011 e 2012, em Juazeiro, Bahia, onde foram conduzidos testes de campo autorizados pela CTNBio.

Efeito colateral

O maior temor dos cientistas críticos ao mosquito é uma espécie de efeito colateral da redução do Aedes aegypti selvagem. Cientistas temem isso que abra caminho para o mosquito Aedes albopictus, mais eficiente na transmissão de doenças como a chikungunya, malária e febre amarela.
"O albopictus já foi o principal fator de transmissão da dengue. E pode voltar. E a natureza ensina que não há vazio. Se um mosquito sai, entra outro", diz o ex-conselheiro da CTNBio Leonardo Melgarejo, professor do mestrado profissional em agroecossistemas da Universidade Federal de Santa Catarina.
"E, o que aconteceria? A empresa criaria um transgênico de outro mosquito para as prefeituras comprarem novamente, num ciclo sem fim?", questiona ele, que também se manifestou contra a liberação do inseto transgênico para comercialização durante seu mandato de conselheiro na CTNBio.
A Oxitec afirma não ter identificado entrada do albopictus no lugar do aegypti. "Isso foi estudado recentemente no Panamá e não houve evidências de substituição. Resultados obtidos em um estudo em andamento em Piracicaba, onde o Aedes albopictus está presente, mostram evidências insuficientes de que o Aedes aegypti será substituído", disse Hadyn Parry, chefe-executivo da Oxitec.
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Image caption Cientistas e ativistas querem mais testes envolvendo o mosquito transgênico e sua relação com natureza
Ferraz diz que "o problema é justamente este, que a empresa está fazendo uma experiência que enriquece a base de dados deles".
"Fizeram testes no semiárido e agora vieram para a região de Mata Atlântica. O ônus da prova não pode ser invertido. A empresa tem que provar que não haverá problemas, e não dizer que não há evidência dos problemas", diz Ferraz.
Em meio ao debate, governos justificam a ampliação de seus programas de uso do inseto transgênico diante da emergência que a dengue e agora o zika impuseram.

Alto desempenho

A secretaria de Saúde do Estado da Bahia e a Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba afirmam que, diante da urgência imposta pelos números alarmantes de dengue, aceitaram adotar em caráter experimental o uso do mosquito transgênico.
No município baiano de Jacobina, a ideia é estender os programas iniciais com o OX513A para mais bairros.
A superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Bahia, Ita de Cácia Aguiar, afirmou que a aplicação teste do inseto transgênico em dois bairros custou ao governo R$ 1,2 milhão.
Ela diz não "ter certeza sobre a eficácia do mosquito transgênico na redução da dengue". Mas houve redução do Aedes aegypti, ela garante. "Não temos notícias de adoecimentos graves em Jacobina".
Em Piracicaba, o uso do mosquito transgênico foi um "projeto de parceria em caráter de pesquisa, com custos compartilhados entre o município e a empresa (Oxitec). Nesse primeiro ano do projeto, que se encerra em 29 de fevereiro, foram investidos R$ 150 mil pelo município", informou a Secretaria Municipal de Saúde da cidade, em nota à BBC Brasil.
De acordo com a prefeitura, os resultados de testes apresentados no dia 19 de janeiro apresentam redução de 82% nas larvas selvagens do Aedes aegypti, "e mostram que a alternativa funciona e pode ser aplicada de forma mais ampla para tratar um importante problema de saúde pública, que se agrava com a chegada do zika vírus em nosso país".
Após examinar a petição de ativistas, a promotora Maria Christina Marton Corrêa Seifarth de Freitas afirmou que pedirá à Prefeitura de Piracicaba e à Oxitec que se manifestem. Mas Maria Cristina não dá muitas esperanças aos ativistas.
"Houve agravamento da situação de saúde pública", diz ela. "E, no bairro onde o mosquito transgênico foi aplicado, o número de casos confirmados da dengue caiu de 133, em 2014, para 1 em 2015", complementou, citando, segundo ela, dados da Prefeitura.
"A empresa está construindo o case dela, com estes testes em larga escala em Piracicaba", diz o ex-conselheiro da CTNBio Leonardo Melgarejo. "Não sabemos qual o impacto ecológico desse mosquito".
Já a Oxitec repele as desconfianças justamente com o fato de ter sido muito criticada: "Suspeito que nossa tecnologia tenha sido examinada em muito mais detalhe e rigor do que a maioria das outras", diz o chefe-executivo, Hadyn Parry.
Por ora, ao que tudo indica, o mosquito transgênico veio para ficar.

Zika: Brasil deve se preparar para chegada de novas doenças, dizem cientistas

 

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Image caption O pernilongo também transmite a febre do Vale de Rift
Órgãos de saúde internacionais vêm emitindo alertas a pessoas viajando para o Brasil por causa da prevalência de doenças como a dengue e, desde o final do ano passado, o vírus zika.
Mas, na opinião de cientistas ouvidos pela BBC Brasil, o surto dessa nova doença revela uma mudança de realidade sanitária: por uma combinação de fatores que causou sua ascensão no cenário internacional na última década, o país está muito mais exposto à chegada de enfermidades do que no passado.
O argumento é que zika é um perfeito exemplo do aumento na vulnerabilidade brasileira para mazelas "desconhecidas".
Apesar de não ser o único país do mundo atingido pelo vírus que durante anos esteve "dormente" na África, o Brasil apresentou, segundo especialistas, um cenário mais favorável para seu alastramento e que vai além de uma prelavência forte do mosquito Aedes aegypti em território nacional.
Nos últimos anos, o crescimento econômico do Brasil foi acompanhado por um aumento na chegada de turistas e imigrantes. O país ficou bem mais inserido no mundo globalizado, cujo ápice se deu com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Mas, com isso, também entrou no caminho de mais doenças.
Estudos da ONU mostram, por exemplo, que o número de viajantes internacionais saltou de 227 milhões de pessoas em 1980 para mais de 1 bilhão em 2012.
Neste sábado acontece a segunda etapa do combate ao mosquito Aedes aegypti com o apoio dos militares. Cerca de 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas farão uma ação de conscientização para orientar a população no combate ao inseto.
Os militares vão distribuir panfletos com um número de telefone local para receber denúncias de locais onde haja proliferação do mosquito. A ação ocorre em 356 municípios, dos quais 115 concentram grande quantidade de casos de microcefalia. Segundo o comando das Forças Armadas, 3 milhões de imóveis residenciais devem ser visitados.

Aves e rebanhos

Além disso, os vírus também podem ser "importados" por acidente.
O Ministério da Saúde, por exemplo, suspeita que o chikungunya chegou ao país, em setembro de 2014, com brasileiros que adquiriram o vírus depois de viajar para áreas endêmicas.
O cenário é mais preocupante no caso de vírus que possam ser transmitidos por mosquitos e que não sejam muito conhecidos por agências sanitárias ou cientistas. Novamente, o zika serve de exemplo: até o ano passado, a possível relação do vírus com a microcefalia sequer tinha sido estudada por pesquisadores de doenças tropicais.
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Image caption Cientistas defendem uma reavaliação dos métodos de erradicação
"O Brasil está, sem dúvida, mais vulnerável agora à chegada de doenças por conta de fatores globais e por já enfrentar um problema sério com a população de mosquitos. Um grande problema é a existência do que chamamos de populações inocentes, que não foram expostas ao vírus o suficiente para criar anticorpos, o que ajuda a explicar a velocidade da proliferação do zika", afirma James Logan, entomologista da London School of Hygiene & Tropical Medicine.
 
 
"Qualquer doença tem potencial de chegar a qualquer país no mundo em que vivemos hoje. A ciência precisa desenvolver melhores métodos de vigilância, mas isso fica ainda mais complicado diante de um vírus como o zika, que é majoritariamente assintomático", acrescenta o especialista.
 
Cientistas citam pelo menos três vírus que, em teoria, poderiam chegar ao Brasil, todos eles transmitidos por mosquitos: o O'nyong'nyong, a febre do Nilo Ocidental, e a febre do Vale de Rift (RVF).
Este último, que também tem como vetor mosquitos da família Aedes, parece hoje em dia confinado ao continente africano ─ onde, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, o CDC, matou mais de 600 pessoas em um surto no Egito, em 1977.
Porém, em 2000, o vírus se manifestou na Arábia Saudita e o no Iêmen, com mais de 1 mil casos e cerca de 160 mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também prevalecente em animais de criação, a RVF causou a morte de pelo menos 40 mil ovelhas e cabras.
Seus sintomas são bem parecidos com os de outras doenças transmitidas pelo Aedes: fraqueza, febre, dores e tonturas, que normalmente desaparecem em até uma semana. Mas uma parcela de até 10% dos casos podem desenvolver sintomas mais graves como lesões oculares, encefalite (inflamação no cérebro) e hemorragias.
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Image caption Mosquito tranmissor da malária, doença tem hoje maior prevalência em áreas rurais
"O RVF também pode ser transmitido por mosquitos Culex (o popular pernilongo) e, na teoria, pode chegar a qualquer lugar do mundo. Assim como o zika, que já ocorreu fora da África, apesar disso ter acontecido há mais de 10 anos", explica o geneticista David Weet, da Liverpool School of Tropical Medicine.
"Teoricamente, pode voltar a se manifestar. O zika mostra como é importante para as autoridades de saúde investirem em programas de diagnósticos, especialmente porque os sintomais mais moderados do RVF são parecidos com o zika", acrescenta Weet.
Leia também: 6 alimentos que um especialista em segurança alimentar diz que nunca comeria
A febre do Nilo Ocidental teve seu primeiro surto no Hemisfério Ocidental em 1999, nos EUA, e em 2012 matou quase 300 pessoas no país. Ele também é transmitido pelo pernilongo. Apenas um caso de contaminação em humanos (o vírus também ataca cavalos) foi descoberto no Brasil até hoje ─ em uma área rural do Piauí, em 2014.
Quando houve o surto nos EUA, temeu-se que o vírus pudesse chegar ao Brasil por meio de aves migratórias. A febre também tem sintomas parecidos com o da dengue, o que dificulta o diagnóstico.
E, assim como o zika, os sintomas se manifestam em apenas um quinto dos casos. Sensações de fraqueza e fadiga podem durar meses. Menos de 1% do infectados pode, porém, desenvolver condições neurológicas sérias como encefalite e meningite.

Sintomas

Entidades de saúde como a Fiocruz não descartam sua chegada a áreas mais populosas do país, mas uma das teorias que explicaria a ausência de casos dessa doença é efeito de uma "proteção cruzada", promovida pela grande circulação de vírus similares ao do Oeste do Nilo no Brasil, como os causadores da dengue e da febre amarela.
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Image caption Diagnósticos mais rápidos é considerada passo fundamental por cientistas
"Nos Estados Unidos, a febre do Nilo Ocidental já faz parte das campanhas de saúde pública para os meses de verão, quando aumenta o número de mosquitos, e já houve casos em todo o país. Possibilidades de chegada sempre há, mas a ciência ainda precisa de muito mais pesquisas sobre essas doenças e isso não é uma tarefa fácil, mesmo quando ocorrem mais casos", completa Weet.
Já o'nyong'nyong chamou a atenção no Brasil depois de autoridades de saúde do Mato Grosso terem dito que a chegada deste vírus africano ao Brasil "era apenas uma questão de tempo".
No entanto, ele não faz parte da lista de mazelas que pode ser carregada pelos mosquitos da família Aedes. O vetor deste vírus é a família anophelina, o que inclui o Anopheles gambiae, transmissor da malária. Este mosquito tem prevalência em áreas rurais, o que marcou epidemias já ocorridas da doença, sempre na África ─ sem mortes registradas, segundo o CDC.
Os sintomas do o'nyong'nyong combinam irritações na pele, dores pelo corpo, sobretudo nas juntas e febre alto.
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Image caption Aumento no número de turistas e imigrantes deixa país mais exposto, dizem especialistas
Os especialistas alertam ainda para outro fator complicador nos esforços de vigilância: o risco de mutações. O chikungunya novamente é um exemplo ─ em 2006, cientistas detectaram uma mutação que tornou mais fácil a transmissão do vírus pelos mosquitos da família Aedes e fez com que ele deixasse de ser restrito a países africanos e do Sudeste Asiático, chegando ao continente americano.
"É extremamente complicado mapear doenças, especialmente as que não oferecem perigo imediato e que ficam por muito tempo confinadas a determinadas regiões. Há um problema extra que é o fato de que doenças assintomáticas tornam bastante complicada, por exemplo, a tarefa de controlar pontos de entradas no país, como aeroportos, por exemplo", explica Logan.
Leia também: O que é falso e o que é verdadeiro nos boatos sobre zika
O entomologista, porém, argumenta que novas ameaças teóricas não podem ofuscar as já existentes. Logan diz que mais importante é cuidar da prevenção, sobretudo repensando as políticas atuais de combate a mosquitos.
"Não adianta pensar em outras doenças quando já é preciso lidar,por exemplo, com um problema sério de dengue. Será muito difícil atingir uma erradicação total do mosquito sem esforços coordenados e que vão além do que temos hj.

Como a Ilha de Páscoa conseguiu conviver com o Aedes e evitar o zika

 

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BBC
Image caption Na Ilha de Páscoa há um plano de saneamento permanente contra o mosquito, segundo o prefeito
Das ilhas habitadas no mundo, a Ilha de Páscoa, no Chile, é uma das mais remotas.
Mais de 5 mil pessoas vivem no local, onde ficam as monumentais estátuas de pedra conhecidas como moais.
Há 18 anos, os habitantes convivem com o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus zika, que causa a doença que se espalhou pelo Brasil e vários outros países das Américas, e levou a Organização Mundial da Saúde a emitir um alerta de emergência global.
Segundo o prefeito da ilha, Pedro Edmunds, apesar de um caso de zika ter sido registrado entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, junto com outros 173 casos suspeitos no mesmo período, o território continua livre da doença.
"Sabemos conviver com o mosquito Aedes aegypti, que é o verdadeiro vilão deste filme", disse Edmunds à BBC Mundo.
Edmunds estava em Hanga Roa, a zona urbana da ilha. Diferente do Chile continental, a ilha tem um clima subtropical, com verões quentes e úmidos.
"Entendemos deste vetor porque é o transmissor de outras doenças graves como a dengue, dengue hemorrágica, chikungunya, que deixa sequelas."
As medidas para evitar a proliferação do mosquito já estão em vigor há anos na ilha.

Dengue

A principal preocupação na Ilha de Páscoa não é o zika vírus, é o da dengue.
Na internet, a página da ilha informa sobre esta doença.
"Todos contra a dengue: vamos eliminar os criadouros", é a frase que se lê acompanhada de instruções sobre como evitar o acúmulo de água parada.
"Temos um plano de saneamento permanente que é minha recomendação para o mundo", afirmou Edmunds, que governa o município quase sem interrupção desde 1994.
"Aqui, da mesma forma que uma pessoa acorda de manhã e precisa escovar os dentes, cada um precisa limpar seu ambiente e preocupar-se também se o vizinho está fazendo isto. Uma parte é convencer as pessoas e, depois, com ferramentas jurídicas que os obriguem", acrescentou.
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Image caption Governo da ilha afirma que o Aedes aegypti está controlado
O governo central do Chile afirma que o gerenciamento na ilha é diferente do que ocorre no continente.
"Em termos sanitários (a ilha) é pequena. Ali existe um gerenciamento ambiental dos vetores. Há educação permanente sobre os lugares que poderiam ser criadouros, como água parada, vasos, potes onde se dá água aos animais, pneus, restos de automóveis etc...", disse María Graciela Astudillo, representante do Ministério da Saúde chileno para a região de Valparaíso, que administra a ilha.
"Há o controle de todos os lugares onde (o mosquito) poderia proliferar, a grama é cortada, os quintais arrumados. Trabalhamos com a comunidade."
"Estamos fazendo a vigilância e não há crianças com microcefalia na ilha", acrescentou Astudillo.

Imunidade?

Autoridades de saúde em Santiago afirmam ser provável que grande parte da população da ilha tenha imunidade contra o vírus zika.
"Esta é apenas uma teoria", disse o prefeito.
A população da Ilha de Páscoa, cujo nome original é Rapa Nui, se concentra em um único lugar, Hanga Roa.
Os outros três quartos do território, conhecidos por abrigarem os monumentais moais, estão livres do mosquito, segundo a prefeitura.
"A ilha tem um setor muito limitado, onde vive a sociedade. O resto são sítios arqueológicos que não têm o vetor porque não há humanos vivendo nestes setores. Os sítios sagrados estão livres do mosquito", afirmou Edmunds.
O prefeito se refere a locais como Ahu Tongariki, onde estão 15 moais olhando para o oceano Pacífico, ou o vulcão Rano Raraku, em cujas encostas foram esculpidas as estátuas.
Reuters
Image caption A Ilha de Páscoa recebe quase 80 mil visitantes por ano
E este é um dado importante: os turistas da Ilha de Páscoa, um local considerado patrimônio da humanidade pela Unesco, chegam a um total de 80 mil por ano. Boa parte da renda da ilha, que também é um parque nacional, depende deles.
Mas os voos que trazem os turistas também representam uma das vulnerabilidades de Rapa Nui.
Chegam à Ilha de Páscoa voos vindos do Chile, a mais de 3,5 mil quilômetros de distância, e do Taiti, a mais de 4,3 mil quilômetros.
"Há voos que vem do Taiti e do Pacífico. Também somos porta de entrada desde a América do Sul, com voos diretos que poderiam vir do Brasil via Santiago. Poderia ser que nestes voos viajam pessoas no período de incubação da doença", afirmou o prefeito.
O prefeito afirma que todos estão atentos para casos de turistas com febre. E María Graciela Astudillo acrescenta que todos os casos são acompanhados.
"Em caso de febre, se (o turista) vem de uma zona onde há o surto, fazemos o acompanhamento. Estamos coordenados para detectar (a doença) no hospital de Hanga Roa", afirmou Astudillo.
Os voos que saem da ilha são fumegados, mas os voos que chegam não são. Algo que as autoridades afirmam não ser suficiente.
"O controle de voos não é suficiente. Me alegro com o fato de declararem emergência mundial pois os países deveriam tomar medidas mais sérias. O vetor chegou à ilha vindo do Taiti, por isso estamos infectados. O Chile deveria ter uma aproximação amigável de trabalho com eles para ajudá-los a resolver seu problema lá", afirmou o prefeito.

Da Polinésia Francesa

Alguns cientistas acompanham a preocupação local: eles acreditam que a zika chegou à Ilha de Páscoa vinda da Polinésia Francesa.
A ilha não registrou casos em 2015 e em 2016. Mas o único caso registrado em 2014 foi de um morador da ilha que tinha viajado ao Taiti.
Ao voltar, ele apresentou um quadro de febre e foi atendido no hospital da ilha que, seguindo o protocolo, mandou as informações sobre o paciente para Santiago, onde o diagnóstico foi confirmado.
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Mas de acordo com um estudo de outubro de 2015, publicado pelo virologista Didier Musso, do Centro para a Informação Biotecnológica dos Estados Unidos, o vírus zika chegou à Ilha de Páscoa vindo do Taiti, mas provavelmente durante a festa cultural anual da ilha, o Tapati.
"O vírus foi transmitido provavelmente em Nova Caledônia, nas Ilhas Cook e na Ilha de Páscoa, quando viajantes vindos da Polinésia Francesa e infectados com o vírus zika foram picados por vetores enquanto estavam nas ilhas", escreveu o professor do Instituto Louis Malardé, no Taiti.
Nesses casos, o contágio coincide com o surto do vírus registrado entre 2013 e 2014 na Polinésia Francesa.
Musso também acredita que essa mesma variante do vírus é a que chegou ao Brasil.
O artigo afirma que o vírus não teria chegado ao Brasil durante a Copa de 2014, como se acreditava, já que nenhum país com registro endêmico de zika participou do torneio.
O cientista sugere que o vírus pode ter sido transmitido por competidores do Mundial de Canoagem Va'a realizado no Rio de Janeiro em agosto de 2014.
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Image caption A ministra da Saúde do Chile, Carmen Castillo, mostra um repelente durante uma campanha contra o zika vírus
"Quatro nações do Pacífico (Polinésia Francesa, Nova Caledônia, Ilhas Cook e Ilha de Páscoa) em que o vírus circulou em 2014 tiveram equipes que participaram do torneio em várias categorias", diz o estudo.
O que se tem certeza no momento é que não se sabe a origem do surto de zika vírus que afeta o Brasil e outros países da América Latina.
O Chile se juntou aos esforços globais para conter a doença e representantes do país assistiram à reunião de cúpula regional realizada no Uruguai para tratar deste tema. Mesmo com a OMS estimando que o Chile, junto com o Canadá, era um dos poucos países que poderia se livrar do surto.
O clima temperado do país serviria como uma barreira natural.
Mesmo assim, as autoridades são cautelosas.
"Hoje estamos livres. Mas o mosquito poderia se aclimatar. As condições climáticas mudam. Não é possível garantir que nunca vamos ter (a doença)", disse María Graciela Astudillo.

7 de fev. de 2016

Zika pode ser transmitido pelo sexo? Os três casos que intrigam cientistas

 

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Image caption OMS admite que ainda pouco se sabe sobre outras formas de transmissão do vírus da zika
O risco de transmissão sexual do vírus da zika ainda não foi comprovado cientificamente, mas três casos de possível contágio intrigam cientistas e já levaram médicos a recomendar que grávidas usem proteção durante relações sexuais.
O mais recente ocorreu no estado do Texas. Em entrevista à BBC, a vice-diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Anne Schuchat, disse que “o laboratório confirmou o primeiro caso de zika vírus em um não-viajante. Nós não acreditamos que o contágio tenha ocorrido por meio de picadas de mosquito, mas sim por contato sexual”.
Questionada sobre a confirmação, Schuchat explicou que, até o momento, não há outras formas plausíveis que possam dar conta da transmissão, já que uma pessoa esteve na Venezuela, voltou aos EUA, apresentou sintomas de zika, e teve contato sexual com o parceiro.
O caso no Texas soma-se a outros dois que, embora não comprovados, são amplamente citados na literatura científica. Em um deles, o vírus foi detectado no sêmen de um paciente e, no outro, um cientista que havia estado em uma área de contaminação por zika voltou aos EUA onde teria contaminado a esposa.
 
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Image caption Casos de zika em locais onde não há mosquitos Aedes aegypti intrigam cientistas
Em 2013, durante um surto de zika na Polinésia Francesa, o vírus foi detectado no sêmen de um homem de 44 anos. Ele havia apresentado sintomas típicos da infecção por zika: febre, dores de cabeça e nas articulações. Após alguns dias, o paciente notou vestígios de sangue no sêmen e procurou atendimento médico. Exames detectaram o vírus no material coletado.
Neste caso, não houve a comprovação de infecção de uma segunda pessoa pela via sexual, mas, sim, da contaminação do sêmen pelo chamado vírus replicante, ou seja, capaz de gerar a propagação da doença. "Nossas descobertas apoiam a hipótese de que o Zika pode ser transmitido por via sexual", conclui artigo de fevereiro de 2015, disponível no site do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
No segundo caso de possível contaminação sexual, o sêmen do paciente com zika não foi examinado. No entanto, a esposa deste paciente teve a zika diagnosticada e a única explicação plausível seria o contágio sexual.
Foi o caso do cientista americano Brian Foy, em 2008. Ele havia visitado uma região do Senegal afetada por zika e, ao retornar para casa, no Colorado, Estados Unidos, teria infectado sua esposa durante uma relação sexual um dia após seu retorno.
"Vivemos no Colorado, um Estado americano onde não há mosquitos na época do ano em que minha mulher contraiu o vírus. E onde não há ocorrência do Aedes aegypti (o mosquito transmissor do vírus). O mais provável é que minha mulher tenha sido infectada quanto tivemos relações, antes de eu me sentir doente, mas a ciência ainda não está nem perto de provar a possibilidade desse tipo de contágio", conta Foy, em entrevista por telefone à BBC Brasil.
 
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Image caption O cientista Brian Foy contraiu zika durante visita a Senegal, em 2008
O professor-assistente da Universidade Estadual do Colorado é um dos autores de um estudo que sugere a possibilidade de transmissão do zika por contato sexual. Inicialmente, Foy foi diagnosticado com dengue e médicos não conseguiram descobrir o que tinha se passado com sua esposa. Passou-se um ano até que eles descobrissem que se tratava de zika.
O americano acredita que a repercussão causada pela epidemia no Brasil incentive o financiamento de pesquisas buscando investigar o assunto. Foy afirma não haver dúvidas de que a picada do Aedes aegypti é a forma principal pela qual se pode contrair o vírus, mas defende a importância de que ao menos se descubra mais sobre a via sexual.
"Para atingir uma área de contágio tão extensa de forma tão rápida, o mosquito é a grande explicação. Pode ser até que o contágio sexual represente uma ocorrência rara e, diante dos problemas enfrentados pelas autoridades de saúde dos países afetados, como o Brasil, não esteja no alto da lista de prioridades. Como cientista, porém, sempre acredito na importância de se investigar outras possibilidades", completa.
Em uma entrevista a uma rede de TV americana, Foy relatou ter sido constantemente picado por mosquitos enquanto fazia seu trabalho de campo no vilarejo senegalês de Bandafassi. Voltou para os EUA no final de agosto de 2008 e, dias depois, começou a se sentir mal, com sintomas que variavam de fadiga a dores no momento de urinar, além de inflamações na pele – a esposa teria notado o que parecia ser sangue no sêmen do marido.
Foy pediu ajuda a colegas do CDC, a principal agência voltada para a proteção da saúde pública dos EUA, para identificar a patologia com que tinha sido infectado. O diagnóstico de dengue não o deixou convencido, e muito menos a indefinição sobre o que teria acontecido com a mulher.
 
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Image caption Recomendação é que grávidas usem preservativo nas relações sexuais
Um ano depois, um dos auxiliares do cientista na viagem à África, Kevin Kobylinski, que também ficou doente, estava conversando em um jantar com o entomologista Andrew Haddon, da Universidade do Texas, quando tocou no assunto.
Haddow, por uma grande ironia do destino, é neto de Alexander Haddow, um dos três cientistas que isolaram o zika pela primeira vez, em 1947, quando o extraíram de um macaco na Floresta de Zika, em Uganda. Quando soube que amostras de sangue de Kobylinski e dos Foy ainda estavam preservadas em um laboratório, o entomologista sugeriu que elas fossem enviadas para o virologista Robert Tesh. As três amostras testaram positivo para zika.
Em seu estudo, Foy apresenta outros argumentos para defender a hipótese de contato sexual. Joy, sua mulher, jamais visitou a África ou a Ásia e, na época da publicação do documento, já fazia quatro anos que não deixava os EUA. Antes da epidemia no Brasil e que começa a chegar a outros países da América do Sul, o zika jamais tinha sido reportado no hemisfério Ocidental.
Outros estudos envolvendo doenças transmissíveis por mosquitos há haviam sugerido a possibilidade de contágio sexual. Haddow, por exemplo, aponta para o fato de que a epidemia de zika na Micronésia (Oceania), em 2007, deu margem para especulações sobre este tipo de contágio.
Isso porque a proporção de mulheres infectadas foi 50% maior que a de homens – na maioria das doenças sexualmente transmissíveis, o sexo vaginal oferece riscos de contágio muito maior para as mulheres.
"É a explicação mais lógica. Outra possibilidade é que tivesse sido passado pela saliva ou outros fluidos corporais, mas temos quatro filhos, e eles não ficaram doentes.
 

6 de fev. de 2016

slides sobre Ecologia - CEI MIRASSOL

http://pt.slideshare.net/profkatiaqueiroz/desequilibrios-ambientais-minicurso



Amados alunos do CEI MIRASSOL, aqui estão os slides da aula dessa semana. Forte abraço, bons estudos

Katia Queiroz

Parabéns amados alunos!!












De zika a rubéola: as doenças que podem causar más-formações em fetos

 

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Image caption Microcefalia pode ser provocada por outras doenças infecciosas
Não é só o vírus zika que pode trazer complicações para o bebê se a mãe for infectada durante a gravidez. Outras doenças podem provocar problemas na formação do feto, sobretudo se adquiridas pela mulher nos três primeiros meses de gestação.
Rubéola, toxoplasmose, sífilis e infecções causadas pelo citomegalovírus são as principais causas conhecidas de más-formações fetais – entre elas a microcefalia, quando o bebê nasce com o diâmetro da cabeça igual ou inferior a 32 centímetros.
A rigor, no entanto, muitas infecções consideradas banais, como a gripe, podem, ainda que raramente, acarretar problemas para o embrião. Sem falar em outras condições, como o uso de drogas e o consumo excessivo de álcool, ou mesmo a exposição à radiação. E há também as causas genéticas: alterações no cromossomo que podem provocar danos cerebrais.
"A microcefalia pode ocorrer sempre que houver uma lesão cerebral significativa na fase de crescimento acelerado do cérebro, não é um problema específico de uma doença ou condição", explica o chefe da neuropediatria da Unifesp, Luiz Celso Vilanova. "Essa fase de crescimento é crucial nos primeiros três meses de gestação, mas se estende ainda por meses após o parto."
Até a constatação da relação entre o zika e o nascimento de bebês com microcefalia, o grande temor das grávidas sempre foi a rubéola. A infecção durante a gravidez pode causar diferentes tipos de má-formação fetal. Problemas de audição, de visão, doenças ósseas, alterações cardíacas e microcefalia são algumas das complicações decorrentes da infecção na gestante.
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Image caption Vacina fez diminuir ocorrência de rubéola e, consequentemente, casos de microcefalia associados a ela
Mas a vacina existe e já está, inclusive, disponível no calendário regular de vacinação, o que vem fazendo diminuir muito a ocorrência da doença. O problema tende a se tornar cada vez mais raro, como aconteceu com o sarampo.
"Houve uma época em que havia enfermarias só para casos de sarampo", lembra o pediatra e infectologista Paulo Cesar Guimarães, diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis. "Hoje, isso não existe mais."
O sarampo também era uma das doenças que causava problemas aos fetos, mas, agora, com a vacinação em massa da população, deixou de ser uma ameaça. Eventualmente, com a interrupção da vacinação por algum motivo, o risco pode retornar – daí a importância de se seguir à risca o calendário de vacinas, alertam os especialistas.
Uma infecção para a qual não há vacina e com a qual as grávidas devem tomar cuidados é a toxoplasmose. A doença é causada por um protozoário que pode estar presente nas fezes de felinos e também em carnes malpassadas. Em geral se trata de uma febre branda.
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Image caption Fezes de felinos podem transmitir toxoplasmose
"Normalmente é uma doença simples, que passa despercebida", explica o obstetra e ginecologista Alex Sandro Rolland de Souza, especialista em medicina fetal do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), um dos centros de referência para microcefalia de Recife. "Na gravidez, no entanto, pode causar más-formações cerebrais no feto, entre elas a microcefalia."
Existe tratamento para a toxoplasmose e, se a doença for diagnosticada rapidamente, o risco de acarretar problemas para o feto diminui muito.
Outras infecções que podem causar problemas são aquelas causadas por citomegalovírus. Embora a infecção em si não seja grave, em geral apenas uma febre branda, as consequências para o feto podem ser sérias, sobretudo porque não há tratamento para a doença. No feto em formação essas infecções podem causar alterações no sangue, problemas de audição, microcefalia.
A sífilis é um outro problema para o qual as grávidas devem estar alertas. A doença, causada por uma bactéria, é sexualmente transmissível. Antigamente, quando não havia penicilina, representava um grande problema de saúde. Hoje, continua sendo considerada uma doença grave, porém tratável. No entanto, se acometer grávidas, pode trazer complicações de formação fetal, sobretudo anomalias ósseas.
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Image caption Segundo especialistas, período crítico da gestação é o primeiro trimestre
De acordo com os médicos, cada uma dessas doenças ou condições que podem acometer as grávidas promovem alterações de formação relativamente similares.
Mas há particularidades dependendo de cada caso. Por exemplo, a rubéola é a única a provocar complicações cardíacas, enquanto que no caso da toxoplasmose, as complicações costumam ser mais oculares. A má-formação do crânio pode ocorrer em decorrência de todas elas, também com algumas peculiaridades.
"As infecções pelo citomegalovírus costumam provocar os danos mais extensos, mas isso pode variar muito", afirma Vilanova. "E sempre há casos de apresentações não usuais."
Para o chefe da neuropediatria da Unifesp, ainda é cedo para falar de características específicas dos casos de microcefalia relacionados ao vírus zika.
"Temos ainda poucos casos comprovados cientificamente da relação entre o zika e a microcefalia para tirarmos um padrão conclusivo", diz ele. "Por enquanto, há muitos casos inferidos (em que a mãe relata ter tido um problema cujos sintomas são similares aos do zika, mas sem comprovação por teste). Estamos na fase inicial do problema e querer tirar conclusões definitivas é muito precoce."
Um fator que conta muito para a extensão da lesão, no entanto, é o momento em que a gestante contrai a doença. Os especialistas concordam que o período mais crítico da gestação é o primeiro trimestre. Os primeiros três meses da gravidez equivalem ao período em que os principais órgãos e sistemas do embrião estão se formando e qualquer agente externo pode ter um impacto grave neste processo.               
"De maneira geral, podemos dizer que quanto mais precoce (na gravidez) for a ocorrência da doença, mais graves são as repercussões que podem ser causadas no feto", explicou Rolland de Souza.
Em estágios mais avançados da gravidez – e, sobretudo, no final –, a repercussão tende a ser muito branda ou mesmo nula.
A prevenção desses problemas, obviamente, varia. A mulher deve sempre estar vacinada para as doenças cujos imunizantes estão disponíveis. Deve se prevenir de picadas de mosquitos, usando repelente ou andando mais coberta. Deve evitar a ingestão de carne malpassada e o contato com fezes de gato, no caso da toxoplasmose. E deve evitar locais fechados com muita aglomeração de pessoas – ambiente propício para o citomegalovírus e outros vírus mais comuns.
"Mas, claro, sempre existe um risco", diz Luiz Celso Vilanova.
Rolland de Souza lembra ainda que embora a dengue e a chikungunya sejam também febres causadas por um arbovírus, como a zika, nunca se estabeleceu nenhuma relação entre a infecção por essas doenças e o nascimento de bebês com problemas de formação.
"E a dengue, como é uma doença mais grave, que pode levar à morte, é muito mais estudada, há muito mais tempo, e em várias partes do mundo", acrescenta Paulo Cesar Guimarães. "E nunca nada neste sentido foi constatado."
Rolland de Souza lembra, no entanto, que entre as gestantes que contraíram dengue ou chikungunya se nota uma taxa maior de partos prematuros. E, portanto, as gestantes devem estar atentas ao problema.

Transmissão de zika por beijo não está comprovada, diz infectologista

 

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As recentes descobertas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre a presença do zika vírus em estado ativo em saliva e urina, deixa ainda grandes dúvidas, mas atestam a importância da prevenção, diz o infectologista Edmilson Migowski, da UFRJ.
Na sexta-feira, a Fiocruz levantou, com sua descoberta, a possibilidade de transmissão via oral do vírus, mas ressaltou que ainda são necessárias mais pesquisas para saber se há de fato possibilidade de infecção.
A BBC Brasil conversou com Migowski a respeito dessas novas descobertas e do que elas significam na prática:
BBC Brasil - O que significa exatamente “atestar a presença de vírus zika na saliva e na urina”, que é o que comunicou a Fiocruz?
Edmilson Migowski - A Fiocruz nos deu uma certeza e uma dúvida enorme. A certeza é que o vírus está presente na saliva e na urina. Mas daí a afirmar que este vírus pode transmitir a doença é complicado. E essa é a enorme dúvida que fica.
BBC Brasil - Por quê?
Migowski - Porque a transmissão de um vírus não é uma coisa matemática, depende de vários fatores. Por exemplo, o tubo digestivo tem um Ph muito diferente, muito mais ácido, e é repleto de enzimas que podem destruir o vírus.
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O vírus só infecta se entrar na célula. E ele não entra em qualquer célula, só naquelas que têm receptores para ele. O vírus da caxumba, por exemplo, infecta as glândulas. O da hepatite B, o fígado. O fato de ter um vírus na saliva não quer dizer, necessariamente, que ele vai aderir a uma célula da mucosa da boca, como acontece com o vírus do herpes.
BBC Brasil - Mas diante da dúvida, é importante se prevenir, não?
Migowski - Sim, diante da dúvida e tendo em vista que é uma doença grave para gestantes, eu diria que as grávidas devem ter um cuidado redobrado para não se expor ao vírus, não manipular objetos de pessoas infectadas, por exemplo, não beijá-las na boca. Neste momento é o mais prudente.
BBC Brasil - A dengue tipo 4 levou cinco anos para sair de Manaus e chegar ao Rio. Já o vírus zika se espalhou rapidamente pelo país todo e também para outros países. Isso é um indicativo de que ele é transmitido de outras maneiras e não só por meio do Aedes?
Migowski - Não necessariamente. O zika se disseminou mais rapidamente do que a dengue porque pegou uma população 100% vulnerável a ele, que nunca tinha tido contato com esse vírus. A situação é diferente, não dá para comparar com a dengue. Qualquer vírus novo que entra causa um estrago muito maior.
BBC Brasil - Se ficar comprovado que a transmissão é possível pela saliva e pela urina, o que pode acontecer do ponto de vista epidemiológico?
Migowski - O zika é transmitido pelo mosquito e também por via sexual (segundo os estudos científicos mais recentes). Se ficar comprovado que pode ser transmitido também pela saliva e pela urina, ele tem um potencial muito maior de disseminação e o controle também fica mais difícil. Qualquer doença infecciosa com várias formas de transmissão tem potencial de disseminação muito maior.
BBC Brasil - Entre a saliva e a urina, qual o maior risco?
Migowski - O risco é muito maior pelo beijo, bem menos que pela urina (não é comum termos contato com a urina dos outros). Se for comprovado que é transmitido pela saliva será mais um infectante por via oral. Então teremos mais uma doença transmitida pelo beijo, como a mononucleose, a herpes
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BBC Brasil - Já se pode considerar comprovada também a ligação do zika com o aumento de casos da síndrome de Guillain-Barré (uma doença rara que provoca fraqueza muscular e que, se não for tratada precocemente, pode levar à paralisia)?
Migowski - Houve aumento de casos no local onde o vírus circulou. Um estudo feito no Sudeste Asiático cita a ocorrência em 1% dos infectados, o que é um percentual alto. Se isso ficar comprovado no Brasil, serão muitos casos e vamos ter um caos nos centros de terapia intensiva.
BBC Brasil - As consequências para a saúde do indivíduo são graves?
Migowski - O quadro é reversível diante de uma abordagem precoce e não deixa sequelas. E ele é causado não só pelo vírus zika, mas também por outros, como dengue, mononucleose.
Mas, de qualquer forma, era uma doença que, inicialmente, parecia boba, inofensiva, e que está se revelando muito pior...
Costumo brincar dizendo que se eu fosse julgar e condenar todos os vírus transmitidos pelo aedes nove meses atrás, o zika pegaria a menor pena. E hoje, num novo julgamento, ele desbancaria os demais e ficaria com a maior pena.
Porque a dengue pode matar o paciente, sim, mas se o médico for habilidoso, ele não morre. E hoje eu não disponho de nenhuma ferramenta para impedir que uma mulher tenha um bebê com microcefalia, tenho que deixar ao acaso.
BBC Brasil - E o remédio que está sendo desenvolvido na UFRJ?
Migowski - Eu e o Davis Ferreira, do Instituto de Microbiologia, estamos em fase avançada de teste com um produto derivado de uma planta que pode ser uma boa ferramenta a curto prazo para reduzir a carga viral e até como prevenção.
É um extrato de planta, um suplemento alimentar, não um remédio. Não é tóxico e se revelou 100% eficaz contra dengue, febre amarela e Mayara (um primo-irmão do chikungunya). Agora vamos testar contra o chikungunya e contra o zika. Eu estou muito otimista.

As perguntas ainda sem resposta sobre o surto de zika e microcefalia

As perguntas ainda sem resposta sobre o surto de zika e microcefalia

  •     SPL
Esta imagem sem muita definição é uma das poucas fotos do zika vírus.
O surto levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar emergência internacional devido à ligação entre a infecção e milhares de casos suspeitos de bebês nascidos com microcefalia no Brasil.
Mas ainda existem muitas perguntas sem respostas. Por exemplo, quantas pessoas foram realmente infectadas nas Américas?
A melhor estimativa da infecção pelo zika vírus está entre 500 mil e 1,5 milhão, o que mostra uma grande margem de erro. Qual a porcentagem de pessoas em uma área afetada que realmente estão sendo infectadas pelo vírus? Todas elas? Ainda não sabemos.
Abaixo algumas das perguntas sem respostas sobre a doença.

Por que o surto é tão explosivo?

Uma teoria é que o vírus passou por uma mutação e ficou mais infeccioso.
Outros especialistas afirmam que pode ser simplesmente o caso do vírus chegando a áreas que são muito povoadas e próximas umas das outras e onde há uma população enorme de mosquitos.

Quem pode transmitir a doença?

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Cerca de 80% das pessoas não apresentam sintomas - apesar de este número precisar ser mais investigado.
Não se sabe se estas pessoas também podem espalhar o vírus e nem mesmo a razão de elas não apresentarem os sintomas da doença.

O zika vírus causa microcefalia?

É o maior medo em relação ao surto. A ligação entre o zika vírus e a má-formação ainda é uma "forte suspeita".
Houve um aumento no número de casos de microcefalia nas regiões do Brasil que registraram casos de zika.
No entanto os exames para provar a ligação entre o vírus e a má-formação ainda não foram finalizados.

Quais são os riscos da doença?

Aqui as perguntas relativas à mulheres grávidas se multiplicam: se o vírus causa a microcefalia, qual a frequência que isto acontece? Toda infecção leva a má-formações? Ou é apenas algo em torno de um em cada cem casos? Ou talves um em cada 10 mil?
Por enquanto não se sabe o quanto as mulheres grávidas precisam se preocupar com o surto.

Existe um período mais arriscado durante a gravidez?

Se o zika vírus realmente causa microcefalia, é importante saber quando a mulher foi infectada?
Foram feitas algumas sugestões de que o primeiro trimestre (as primeiras 12 semanas) é um período muito importante, mas outros médicos sugeriram que pode haver risco até a 29ª semana.
E estes riscos podem mudar com o tempo.

Como a doença pode afetar o cérebro?

Algumas infecções, como a rubéola, podem prejudicar o cérebro de bebês durante a gravidez.
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Mas não se sabe como o zika vírus pode atravessar a placenta e prejudicar o crescimento do cérebro.

Apresentar os sintomas da doença muda o nível de risco?

Cerca de quatro em cada cinco pessoas infectadas não vão desenvolver os sintomas.
Estes casos, de pessoas que não desenvolvem os sintomas, têm os mesmos riscos de microcefalia que os casos onde a pessoa doente apresenta os sintomas como febre e manchas vermelhas na pele?
Também há o problema da síndrome de Guillain-Barre, que já foi ligada ao zika vírus e ainda não se sabe quais pacientes correm o risco maior.

O que está acontecendo na África e na Ásia?

O vírus foi detectado pela primeira vez na África e então em partes da Ásia até chegar ao Brasil e se espalhar.
Então estes continentes têm populações gigantescas suscetíveis a surtos do zika? Ou o zika já estava nestes lugares há anos sem ser detectado e, sendo assim, a maior parte destas populações já é imune?
É difícil estabelecer o tamanho da ameaça global sem saber esta resposta.

Qual é o número real do aumento dos casos de microcefalia?

Existem grandes questionamentos a respeito da qualidade dos dados coletados tanto antes do surto de zika como depois.
Os números dos anos anteriores aos registros da doença podem ter sido subestimados. E o número de casos suspeitos podem ser superestimados.

A doença pode ser transmitida por outros mosquitos?

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O zika vírus é transmitido pelo Aedes aegypti mas existe o temor de que possa ser transmitido por também por outros mosquitos como o tigre asiático.
E este mosquito prefere climas mais temperados, como o de algumas partes da Europa.

Qual é o risco da transmissão através de relação sexual?

Parece que a grande maioria dos casos de transmissão ocorrem por picadas do mosquito Aedes aegypti. O mosquito pica uma pessoa infectada e passa o vírus para a próxima pessoa que picar.
Mas a transmissão por relação sexual já foi ligada a alguns casos da doença. Mas não se sabe o quanto este tipo de transmissão é comum.

Uma pessoa pode ficar imune à doença?

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Se a pessoa é infectada com o zika vírus uma vez ela fica protegida pelo resto da vida, como se fosse sarampo?
Ou é preciso ter a doença várias vezes para ficar imune? Quanto tempo dura a imunidade?
A resposta para estas perguntas pode nos dizer quanto tempo o surto pode durar e indicar se uma vacina pode realmente ser eficaz.

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