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15 de mar. de 2012

Mentiras que dizemos para nós mesmos Acreditar convictamente em algo que não é verdade ajuda a não deixar escapar pistas que podem desmascarar as pessoas: perceber a falsidade cria a autofalsidade


Na ópera-rock de Andrew Lloyd Webber de 1970, Jesus Cristo Superstar, um Judas Escariotes cético questiona com falsa inocência (“Não me interprete mal, eu só quero saber”) a natureza divina do messias: “Jesus Cristo Superstar/ Você pensa que é o que dizem que você é?”


Embora eu seja cético quanto à origem divina de Jesus, acredito que ele deveria ter respondido a pergunta de Judas afirmativamente. Por quê? Por causa do que o legendário teórico evolucionário Robert Trivers chama de “a lógica da mentira e autofalsidade”, em seu novo livro The Folly of Fools(Basic Books, 2011). Vejam como funciona: um modelo de gene-egoísta da evolução propõe que devemos maximizar nosso sucesso reprodutivo por meio de astúcia e mentira. Embora a dinâmica da teoria do jogo mostre que se você estiver ciente de que outros competidores também utilizarão estratégias similares (você terá que fingir transparência e honestidade e levá-los à benevolência antes de sair e levar o produto do saque), se eles agirem como você, antecipando essa mudança de estratégia, poderão utilizar o mesmo golpe, o que significa que você deve estar completamente atento à falsidade deles e vice-versa. Dessa forma, nossa capacidade de descobrir o engodo evoluiu, o que levou a uma queda de braço entre a falsidade e a percepção da falsidade.


Agir falsamente representa uma ligeira vantagem sobre perceber a falsidade quando as relações interpessoais são raras e entre estranhos. Se você passar tempo suficiente com seus interlocutores, eles poderão deixar transparecer suas verdadeiras intenções por meio de pistas comportamentais. Como observa Trivers, “quando as interações pessoais são anônimas ou pouco frequentes, as pistas comportamentais não podem ser lidas sob a ótica de comportamentos conhecidos, é preciso utilizar características mais gerais da mentira”. Ele identifica três atributos: Nervosismo – devido às consequências negativas de poder ser descoberto, incluindo ser posto em xeque; normalmente as pessoas ficam mais nervosas quando mentem. Controle – em resposta à preocupação de parecer nervoso, as pessoas podem querer se controlar, tentando dominar o comportamento, com possíveis efeitos colaterais detectáveis como uma impressão planejada e ensaiada. Carga cognitiva – mentir pode implicar numa grande demanda cognitiva. É preciso esconder a verdade, construir uma história falsa com ar verossímil, contá-la de forma convincente e se lembrar dela para não cair em contradição.


A carga cognitiva parece desempenhar o papel mais importante. “Na ausência de mentiras bem ensaiadas, os mentirosos precisam pensar muito e isso provoca vários efeitos”, incluindo um controle excessivo que leva a piscar e a gesticular menos, fazer pausas mais longas e elevar o timbre da voz. Como Abraham Lincoln bem recomendou: “Você pode enganar alguns o tempo todo ou todos por algum tempo, mas não pode enganar todos o tempo todo”, a menos que a autofalsidade esteja envolvida. Se acreditar verdadeiramente na mentira provavelmente não deixará escapar pistas que poderão desmascará-lo diante dos outros: a falsidade e a percepção dela criam a autofalsidade.


A teoria de Trivers inclui uma explicação evolucionária ao meu próprio modelo de condicionamento operante para explicar por que sensitivos, médiuns, líderes espirituais e congêneres provavelmente têm consciência de que suas habilidades envolvem certa quantidade de fraude (justificada em nome de uma causa nobre). À medida que seus seguidores reforçam positivamente sua mensagem, eles acabam acreditando nos próprios talentos – “Talvez eu leia mesmo o pensamento das pessoas, preveja o futuro, salve a humanidade”. No entanto, Trivers perde uma oportunidade de adicionar mais um componente positivo na autofalsidade ao abordar a evolução da moralidade. Como discuti em meu livro de 2004, The Science of Good and Evil (Times Books), a verdadeira moralidade evoluiu pelo fato de ela não ser suficiente para uma pessoa fingir ser boa, porque nos ambientes ancestrais, com pequenos grupos de coleta e caça nos quais todos se relacionavam com os demais ou se conheciam intimamente, a falsa moralidade seria desmascarada. É preciso, na verdade, ser uma boa pessoa por acreditar nisso e agir de acordo.


Empregando a lógica da falsidade e da autofalsidade, podemos construir uma teoria de baixo para cima para a evolução das emoções que controlam o comportamento julgado bom ou mau por nossos parentes primatas. Nessa compreensão baseiam-se as fundações de uma sociedade civil secular. 

Consumo de carne vermelha aumenta risco de morte prematura


por Katherine Harmon

©Luiz Rocha/ Shutterstock
Há anos o consumo exagerado de hambúrgueres, costeletas de porco ou outros tipos de carne vermelha está associado a doenças cardíacas, diabetes e alguns cânceres. Especialmente carne vermelha processada como bacon, salsicha ou mortadela, tem forte relação com doenças crônicas.

Um estudo recente sobre o assunto traz uma notícia ainda mais terrível para os carnívoros inveterados. Além de aumentar a propensão a doenças, a carne vermelha, processada ou não, pode realmente aumentar o risco de morte prematura em geral. A conclusão foi publicada on-line em 12 de março no Archives of Internal Medicine.

Pesquisadores liderados por An Pan, da Harvard School of Public Health, analisaram informações de saúde e de hábitos alimentares de mais de 121 mil homens e mulheres americanos que participaram de dois estudos de longo prazo sobre bem estar. Todos os pesquisados, no início dos estudos, estavam livres de doenças cardíacas e câncer.

No decorrer da longa observação de até 28 anos, mais de 13.900 pessoas faleceram, cerca de 9.460 de câncer e quase 6 mil de doença cardiovascular. Após ajustar outros fatores, descobriu-se que cada porção diária de carne aumentou o risco de morte prematura em cerca de 12%. O consumo de carne processada, em especial, aumentou essas chances ainda mais. Salsichas e bacon pareciam ser os mais suscetíveis a conduzirem a uma morte precoce.

Segundo estimativas, caso todos os participantes do estudo se limitassem a 42 gramas ou menos de carne vermelha por dia (cerca de meia porção padrão), mais de 9.860 mortes prematuras relacionadas à dieta poderiam ter sido evitadas.

Portanto, se deixamos de fora o cordeiro e presunto, além do bife nosso de cada dia, muitos se perguntarão se não estaríamos ingerindo proteína insuficiente a cada refeição. Não temam, asseguram muitos especialistas em saúde, existem outras maneiras mais seguras de ingerir proteínas. Peito de frango tem realmente mais gramas de proteína que um pedaço equivalente de carne vermelha – e o peixe não fica muito atrás. Cientistas descobriram também que o feijão, as nozes e castanhas, leite magro e grãos integrais são substituições saudáveis para uma porção de carne vermelha.
Para os que se preocupam em ter quantidade suficiente de ferro, cientistas advertem que, na verdade, seu excesso está associado a ataques e doenças cardíacas fatais, além de, provavelmente, câncer. Chegar a um nível saudável de consumo de carne vermelha pode ser uma batalha difícil. Nos Estados Unidos, apenas cerca de 9,6% das mulheres e 22,8% dos homens estudados se encaixaram na categoria de baixo risco (de meia-porção ou menos por dia) para o consumo de carne vermelha. Ao contrário do pensamento popular, uma boa dieta inclui tanto o que ingerimos, quanto o que deixamos de fora do cardápio.

O estudo mostra que a troca de uma porção de carne vermelha por peixe ou frango não só elimina o risco como aumenta a chance de longevidade. A substituição diária de uma porção de carne vermelha por peixe reduz o risco de mortalidade prematura em 7%; para as aves, a redução foi duas vezes maior, 14%.

Os vegetarianos ficam melhor ainda. “Alimentos de origem vegetal são ricos em fitoquímicos, bioflavonóides e outras substâncias protetoras”, escreveu Dean Ornish, defensor da dieta integral em um ensaio relacionado, também publicado segunda-feira no Archives of Internal Medicine. “Assim, substituir carne vermelha por alimentos mais saudáveis traz benefícios em dobro para a saúde.”

Ornish observou que o foco para uma dieta saudável deve estar na qualidade, mais que na quantidade: “porções menores de alimentos bons são mais satisfatórios que porções maiores de alimentos pouco saudáveis”. Além disso, ele destaca sugestões atuais, baseadas em pesquisa, para uma dieta mais saudável:

• Consumir pouca ou nenhuma carne vermelha; obter proteína de aves, peixe, legumes, nozes ou outros produtos.

• Comer muitos carboidratos integrais saudáveis, como cereais integrais, feijão, frutas e legumes.

• Evitar carboidratos pouco processados ou refinados, como farinha branca, açúcar ou glicose de milho.

• Procurar ingerir algumas gorduras saudáveis, como ácidos graxos ômega três, contidos em linhaça e óleo de peixe.

• Limitar as poucas gorduras ruins, como hidrogenadas, gorduras saturadas ou trans.

Outro benefício para a redução do consumo de carne vermelha: diminuição das despesas médicas descontroladas, acrescentou Ornish. Evitar doenças crônicas relacionadas ao excesso de consumo de carne vermelha pode diminuir seriamente os gastos médicos.

Teoria científica para quê? Talvez seja hora de reavivar conceitos que, de tão comuns, não são devidamente trabalhados com as novas gerações que chegam às salas de aula e aos laboratórios de pesquisas


por Dimas A. M. Zaia, Rogério F. de Souza, Tiemi Matsuo, Cássia Thaïs B. V. Zaia e Silvia Ponzoni

© Images.com/Corbis Latinstock
Há algum tempo iniciamos uma pesquisa visando detectar o grau de aceitação/rejeição de teorias como origem da vida, do Universo e evolução entre alunos de graduação da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. Embora não tenhamos o mesmo nível de conflito frequentemente observado em países como os Estados Unidos, marcados pelo criacionismo, acreditamos que esse problema seja pouco dimensionado no Brasil, considerando a carência de informações a esse respeito na literatura especializada.

Originalmente nosso grupo de análise selecionou alunos de licenciatura e bacharelado de diferentes cursos. Os resultados mostraram um grau relativamente baixo de rejeição a esse tema: por volta de 8,9%. Assim como em outros países, os mais refratários ao darwinismo estão concentrados entre o que classificamos em nossa pesquisa
como “cristãos não católicos”. E aqui fizemos uma constatação: há uma íntima relação entre o grau de instrução dos pais e a aceitação ou não da teoria evolutiva por parte dos entrevistados. Filhos de pais mais instruídos aceitam o darwinismo. 

Em contraposição nos chamou a atenção a frequência de comentários como “evolução é somente uma teoria” ou “teorias podem ser mudadas com o tempo” nos questionários devolvidos por diferentes estudantes. Em alguns casos foi possível perceber nas entrelinhas que, para muitos deles, o conceito de teoria científica está estrito a um conjunto de ideias ainda sem comprovação. Isso nos estimulou a desenvolver um novo projeto que permitisse compreender minimamente como nossos estudantes interpretam a expressão “teoria científica” e alguns de seus componentes mais básicos. Os resultados que apresentamos foram extraídos de 621 alunos entrevistados — do primeiro ao quarto ano dos cursos de história, filosofia, química, física, geografia, biomedicina, ciências biológicas e medicina. Para facilitar a análise dos dados esses estudantes foram agrupados em três grandes áreas: ciências humanas, exatas e biológicas.

Uma informação que tentamos obter foi se eles teriam tido, em algum momento da sua educação formal, a informação explícita sobre como as teorias científicas são estabelecidas e/ou fundamentadas. Neste caso, 30% dos entrevistados responderam que nunca haviam tido qualquer explicação a esse respeito. Dos que responderam positivamente, 46% afirmaram que haviam aprendido esses conceitos na universidade e/ou em outras situações, como no ensino fundamental e médio, ou nos cursinhos pré-vestibular. Em seguida, perguntamos onde o termo teoria científica seria aplicado, dando a eles três opções de escolha. Em média, 56% dos entrevistados optaram pela definição de que, em ciência, a expressão “teoria científica” seria aplicada nas situações onde existiriam “muitos dados experimentais disponíveis para explicar determinado fenômeno natural”; 20% escolheram a opção “poucos dados experimentais” e 24% preferiram a opção “ainda não existiriam dados experimentais suficientes”.

No último caso, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os três grupos de entrevistados (humanas, biológicas, exatas). Esse resultado é uma surpresa,
pois seria de esperar que os alunos das áreas biológicas e exatas, em princípio, devessem estar mais familiarizados com o significado da expressão que os alunos agrupados na área de ciências humanas, com maior conhecimento a esse respeito. 

Também procuramos estabelecer o grau de conhecimento dos estudantes quanto a alguns termos utilizados em ciência. Nesse caso, perguntamos se eles concordariam ou discordariam de três afirmativas. Para a opção “Uma hipótese que não possa ser submetida a testes ou ser refutada não pode ser considerada uma hipótese científica”, houve diferenças estatisticamente significativas entre os entrevistados das três grandes áreas.

Diferença entre áreas

Os alunos das áreas biológicas e exatas foram os que mais concordaram com essa afirmação, com 58% e 60% de resposta afirmativa, respectivamente, contra 47% da área de humanas. Essa discrepância entre alunos das áreas exatas e biológicas e os de humanas pode dever-se ao fato de que os primeiros acabam desenvolvendo a percepção que algo só pode ser verdade se puder ser testado, já que a experimentação é uma atividade comum a eles.

Para as afirmativas “Uma hipótese científica, quando devidamente comprovada, acaba por se tornar uma lei científica” e “Uma lei científica é uma explicação para determinado fenômeno natural que se repete diante de condições bastante específicas”, não houve discordância estatisticamente significativa entre os três grupos de estudantes. O grau médio de concordância em relação a essas duas afirmativas foi de 63% e 80%, respectivamente. Esses índices podem resultar do fato de que, durante sua formação, os estudantes aprendem sobre diferentes leis, como a lei de Lavoisier, Newton e Mendel, entre outras. Mas, a partir das experiências envolvendo a discussão desse tema em aula, percebemos que, para muitos deles, parece claro que uma hipótese científica é algo que, quando comprovado naturalmente, se transforma em lei.

O passo seguinte foi tentar descobrir que ideias científicas os estudantes consideram explicadas ou sustentadas por teorias científicas. Três concepções, a evolução dos seres vivos (74%), a estrutura atômica (73%) e a origem do Universo (70%), foram as mais escolhidas pelos entrevistados. As outras quatro, a transmissão da herança pelos genes (56%), a movimentação dos continentes (54%), a mecânica quântica (53%) e a gravitação (52%), foram escolhidas com menor frequência. 

Dessas sete opções, três, descritas a seguir, apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. A movimentação dos continentes, por exemplo, foi escolhida por 62% dos alunos das áreas biológicas, 52% das exatas e 45% das humanas. Para a evolução dos seres vivos a escolha foi de 81% das biológicas, 71% das exatas e 69% das humanas. E, por fim, a mecânica quântica teve 58% das exatas, 57% das humanas e 44% das biológicas. No geral, podemos dizer que a escolha de determinado fenômeno pode estar relacionada à área em que o aluno está inserido. Mas, em alguns casos, como a estrutura atômica, é difícil haver contestação em uma sociedade habituada a situações como eletricidade, televisores, computadores, bombas atômicas, usinas nucleares etc. Porém, não devemos descartar o papel da mídia nestes casos. Afinal, dos três fenômenos mais escolhidos, dois deles – a origem do Universo e a evolução dos seres vivos – são constantemente abordados pelos meios de comunicação. 

Para finalizar a pesquisa, perguntamos se os estudantes consideravam haver um grau elevado, intermediário ou baixo de sustentação científica para esses mesmos fenômenos. Em média, o fenômeno mais escolhido como portador de um grau elevado de sustentação científica foi a transmissão da herança pelos genes, com média de 77%, e o menor, a origem do Universo, com apenas 16%. Os dois fenômenos mais indicados como apresentando pouca sustentação científica foram a origem do Universo (51%) e a evolução dos seres vivos (17%).

Em pesquisa anteriormente publicada verificamos que esses dois fenômenos são considerados como os menos estabelecidos pela ciência, na visão dos entrevistados. E que essa escolha está relacionada tanto a fatores religiosos como ao nível educacional dos pais.

Em relação à origem do Universo convém destacar que tem havido questionamentos sobre as múltiplas possibilidades do Big Bang, e alguns fenômenos ligados a essa área ainda não são muito bem compreendidos. Os únicos fenômenos que apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre as áreas foram a transmissão da herança pelos genes e o deslocamento dos continentes. Neste caso, os alunos das áreas biológicas os definiram como apresentando um grau mais elevado de sustentação científica que os estudantes das áreas de exatas e humanas. Novamente podemos verificar que essa escolha está relacionada à área em que os estudantes foram agrupados. Ainda assim, algumas questões ficam sem respostas como: por que os estudantes das áreas de exatas não se diferenciaram dos outros em temas como a estrutura atômica, mecânica quântica e gravitação? 

Que tipo de informação esses dados fornecem? De modo geral, os estudantes concordam que as leis científicas são dotadas de maior credibilidade. O que parece gerar dúvidas em muitos deles são justamente os termos “hipótese” e “teoria científica”. Na verdade, as palavras “teoria” e “evolução” parecem trazer em seu cerne um problema relacionado a um significado mais usual. Teoria pode significar especulação, suposição, mas também pode se referir à compreensão de um fenômeno a partir da sua observação. A palavra evolução, num contexto geral, também significa progresso. Em biologia, no entanto, quer dizer modificação ao longo das gerações na composição genética das populações. Embora essa questão de significação pareça trivial, a oportunidade de garantir uma formação mais completa e adequada a uma porção considerável 
dos estudantes pode estar sendo perdida quando esse assunto deixa de ser discutido em sala de aula.

Vamos entender melhor esse raciocínio utilizando como exemplo um curso como o de ciências biológicas. De modo geral, na formação de alunos nessa área são abordados
assuntos como botânica, zoologia, ecologia e biologia molecular. Em meio a tantas disciplinas, há a exigência de trabalhar o conceito de evolução biológica. Normalmente isso é feito ao longo do curso (ou pelo menos se espera que isso aconteça), mas também existe uma disciplina específica para tratar desse tema. Trabalhar com a disciplina de evolução biológica pode ser um desafio interessante, uma vez que, para muitos estudantes, ela parece ser a única do currículo pela qual vão aprender sobre “algo que ainda não foi bem estabelecido”. É interessante notar que, ao utilizar as primeiras aulas da disciplina para o esclarecimento de conceitos como o de que nem todas as hipóteses científicas terão de se transformar em leis para serem aceitas, ou de que todo o conhecimento científico – da sistemática usada na botânica e zoologia, à genética empregada na produção de transgênicos – é sustentado por teorias científicas, as apreensões e dúvidas dos estudantes e até mesmo as suas possíveis defesas contra os diferentes temas trabalhados são consideravelmente reduzidas.

Nessa pesquisa, os alunos foram entrevistados antes do início das aulas de evolução e cerca de dois meses após a conclusão desse estágio. E, para a afirmativa “o termo teoria científica seria aplicado nas situações nas quais existiriam muitos dados experimentais disponíveis para explicar um determinado fenômeno natural”, as diferenças observadas entre as respostas iniciais e finais foram de 65% contra 82%. Ou seja, explicar adequadamente o método científico pode fazer uma grande diferença.

Será que esse tipo de problema é pontual, mais relacionado à formação dos alunos da nossa instituição, ou ele se repete país afora? De modo geral, consideramos que o ensino formal nas escolas ou universidades prepara os alunos para compreender como se dá a construção do conhecimento científico. Ou seja, pelo menos nas disciplinas das áreas biológicas e exatas, esperamos que a escola esclareça o que é e como funciona o método científico.

Na universidade recebemos os alunos e fazemos um esforço considerável (bolsas, horas-atividade, certificados) para levá-los aos laboratórios a fim de introduzi-los no
processo de construção do conhecimento científico (ou apenas procuramos mão de obra barata para as nossas pesquisas?), sem termos em mente que, muitas vezes,
eles não foram devidamente iniciados nesse processo. Quer dizer, mesmo com a melhor das intenções, podemos estar contribuindo para a formação de ótimos repetidores
de procedimentos metodológicos de ponta que não sabem muito bem o que estão fazendo.

Por que não ensinar evolucionismo e criacionismo nas escolas? Ou que tal abrirmos espaço para falarmos de astronomia e astrologia nas aulas de física?

Esse é um tipo de risco que precisamos e devemos minimizar. Por considerarmos esses conhecimentos tão básicos, acreditamos que alguém, em algum momento passado, cumpriu essa tarefa de falar formalmente com os alunos sobre o método científico. Como ninguém aparentemente se preocupa em detectar se isso realmente aconteceu, o
assunto fica no dito pelo não dito. 

Talvez seja hora de reavivarmos conceitos que de tão comuns não são devidamente trabalhados junto às novas gerações que chegam às salas de aula e aos laboratórios. 


WWW.SCIAM.COM

11 de mar. de 2012


Nestlé elimina ingredientes artificiais de todos os seus doces na Grã-Bretanha


O braço da Nestlé no Reino Unido anunciou ter removido totalmente cores, sabores e preservativos artificiais de seus doces, entre os quais barras de chocolate e balas.
Em comunicado, a empresa anunciou que promoverá a mesma mudança em países europeus e no Canadá, mas não menciona o Brasil.

A companhia, que produz marcas populares no Brasil como Nescau, Chokito e Tostines, eliminou mais de 80 ingredientes não naturais das receitas de 79 produtos vendidos no Reino Unido.
Segundo jornais britânicos, a Nestlé seria a primeira grande empresa de produtos alimentícios a retirar todos os componentes artificiais de toda sua linha de doces.
Os químicos foram substituídos por alternativas naturais vindas de concentrados de frutas, legumes e plantas comestíveis, como cenoura, hibisco, cártamo, rabanete e limão.
A barra de chocolate Crunch foi o último dos itens da companhia a ter a fórmula modificada. Há seis anos a empresa vem promovendo as mudanças.
A Food Standards Agency, que cuida da qualidade dos alimentos no país, havia recomendado fabricantes de alimentos a eliminarem ingredientes químicos.
Um estudo da ONG britânica Grupo de Apoio a Crianças Hiperativas mostra que de um total de 357 crianças hiperativas examinadas 87% apresentaram agravamento do seu quadro devido a colorantes artificiais na comida, enquanto 72% reagiram a preservantes.
De acordo com comunicado da Nestlé, as mudanças foram feitas em resposta a pesquisa da empresa Health Focus International que mostra que 74% dos consumidores buscam produtos naturais nas prateleiras de supermercados.
A Health Focus International tem entre seus clientes grandes empresas do ramo de alimentação, incluindo a própria Nestlé.

BBC

Bebês nascidos poucas semanas antes do normal 'têm maior risco de doenças'


s bebês que nascem prematuros por apenas algumas semanas têm um risco ligeiramente maior de ter problemas de saúde na infância, indica uma pesquisa.
Os autores do estudo dizem que ele desafia visões estabelecidas de que os bebês nascidos depois de 37 semanas têm um desenvolvimento de longo prazo semelhante àqueles nascidos no período normal de 40 semanas de gestação.

O estudo verificou as condições de saúde dos bebês, incluindo internações hospitalares e doenças como asma.
A pesquisa, publicada na revista científicaBritish Medical Journal, foi realizada junto a 14 mil crianças, nascidas há dez anos, até atingirem 5 anos de idade.
Trabalhos anteriores se concentraram em bebês nascidos muito prematuramente, antes de 32 semanas de gestação.
Mas este estudo indica que a maioria dos prematuros, composta por crianças nascidas com poucas semanas de antecedência, também precisa de uma atenção extra.
A pesquisa aponta que os bebês nascidos antes de 39 semanas têm um risco ligeiramente maior de ter problemas de saúde até os 5 anos. Quanto mais cedo o bebê nasce, segundo o estudo, maior é o risco.
Por exemplo, enquanto 15% dos bebês nascidos após uma gestação completa apresentaram asma ou chiado no peito, o número sobe para 17% para aqueles nascidos prematuros de algumas semanas.
Além disso, estes bebês desenvolveram uma tendência levemente maior de parar no hospital.
Os autores do estudo, no entanto, afirmam que os pais não devem ser preocupar com o que consideram uma chance modestamente maior de seus filhos prematuros contraírem doenças.
Para os cientistas, o trabalho deve ser usado para questionar o nível de cuidado dado a essas famílias.

'Gradiente de risco'

A pesquisa foi realizada pelas universidades de Leicester, Liverpool, Oxford e Warwick, além da Unidade Nacional de Epidemiologia Perinatal da Grã-Bretanha.
"Nós descobrimos que não é mais apropriado, como fizemos anteriormente, considerar os bebês como ou nascidos no tempo certo ou prematuros", diz a médica Elaine Boyle, da Universidade de Leicester.
"O que nós descobrimos é que existe um gradiente de risco crescente para a saúde com a crescente prematuridade, mas o risco se estende até pouco antes do tempo em que o bebê deveria ter nascido."
O executivo-chefe da instituição de caridade britânica Bliss, Andy Cole, recebeu bem a pesquisa.
"Este estudo lança luz sobre a necessidade de dar o melhor cuidado possível a todos os bebês prematuros", disse.
"Os bebês nascidos antes do tempo estão sob maior risco de contrair doenças como asma na infância, e devem ser submetidos a exames regulares para garantir que continuem saudáveis."
BBC

Revoltante


27 de fev. de 2012

Regra das oito horas de sono pode ser 'mito'




Historiadores descobriram que sono era dividido em dois períodos
Dados científicos e históricos sugerem que a recomendação de oito horas ininterruptas de sono por dia pode ser baseada em um mito. Segundo especialistas, o processo biológico natural prevê um sono segmentado em duas partes, mas o padrão foi aos poucos sendo alterado por transformações sócio-culturais.
No início da década de 90, o psiquiatra Thomas Wehr realizou uma experiência na qual um grupo de pessoas ficou em um ambiente escuro durante 14 horas por dia em um período de um mês.
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Os voluntários precisaram de um tempo para regular o sono mas, na quarta semana, eles apresentaram um padrão de sono muito diferente: eles dormiam por quatro horas, acordavam durante uma ou duas horas e depois dormiam por mais quatro horas.
Além desta pesquisa, em 2001 o historiador Roger Ekirch, da Universidade Virginia Tech, publicou um estudo depois de 16 anos de pesquisa que revelou várias provas históricas de que o sono humano é dividido em dois períodos.
Quatro anos depois, Ekirch publicou o livro At Day's Close: Night in Times Past ("No Fim do Dia: A Noite no Passado", em tradução livre), que mostra mais de 500 referências a um padrão de sono segmentado, em diários, registros jurídicos, livros médicos e literatura, desde a Odisseia, de Homero, até um relato antropológico a respeito de tribos modernas da Nigéria.
Estas referências descrevem um primeiro período de sono que começava cerca de duas horas depois do anoitecer, seguido de um período em que a pessoa ficava acordada por uma ou duas horas e então um segundo período de sono.
"Não é apenas um número de referências, é a forma como é relatado, como se fosse de conhecimento de todos", disse Ekirch.
Atividade noturna
Na experiência de Wehr, durante o período de duas horas em que as pessoas ficavam acordadas, havia atividade. Estas pessoas se levantavam, iam ao banheiro ou fumavam e algumas até visitavam os vizinhos.
A maioria das pessoas ficava na cama, lia, escrevia ou rezava. Vários livros de orações do final do século 15 traziam preces especiais para as horas entre os períodos de sono.
Estas horas nem sempre eram solitárias, as pessoas geralmente conversavam ou tinham relações sexuais.
Um manual médico da França do século 16 até aconselhava os casais que a melhor hora para conceber um filho não era no final de um longo dia de trabalho, mas "depois do primeiro sono".
Ekirch descobriu em sua pesquisa que as referências ao primeiro e segundo sono começaram a desaparecer no final do século 17. Isto começou nas classes sociais superiores do norte da Europa e nos 200 anos seguintes se espalhou para o resto da sociedade ocidental.
E, por volta da década de 20, a ideia do primeiro e segundo sono já tinha desaparecido.
O pesquisador atribui esta mudança à melhoria na iluminação pública, na iluminação doméstica e a um aumento do número de cafeterias, que, em alguns casos, ficam abertas a noite inteira. A noite se transformou em um período de atividade normal e o tempo de descanso diminuiu.
Noite, crime e luz
O historiador Craig Koslofsky, tem uma explicação para como a noite mudou, em seu liro Evening's Empire ("Império da Noite", em tradução livre).
"Antes do século 17, as associações feitas com a noite não eram boas", afirmou o historiador. Segundo Koslofsky, a noite era um período ocupado por criminosos, prostitutas e bêbados.
"Mesmo os ricos, que podiam pagar pela luz das velas, tinham coisas melhores nas quais gastar o dinheiro. Não havia prestígio ou valor social associados à noite."

Soldados israelenses dormem durante o dia depois de uma marcha noturna
Mas, tudo começou a mudar na época da Reforma e da Contra Reforma, no século 16, quando protestantes e católicos começaram a participar de cerimônias noturnas.
Esta tendência se espalhou pela esfera social, mas apenas para aqueles que tinham dinheiro para pagar por velas. Mas, com o início da iluminação pública, as atividades noturnas começaram a se espalhar por todas as classes.
Em 1667, Paris se transformou na primeira cidade do mundo a ter luzes nas ruas. Lille ganhou sua iluminação com velas no mesmo ano e Amsterdã, dois anos depois. Londres ganhou suas luzes em 1684 e, no final daquele século, mais de 50 grandes cidades da Europa contavam com iluminação noturna.
A noite virou moda e passar estas horas na cama era visto como perda de tempo.
E, segundo o pesquisador Roger Ekirch, a Revolução Industrial intensificou ainda mais este processo.
Um livro médico de 1829 pede que os pais obriguem suas crianças a não seguirem o padrão do primeiro e segundo período de sono, por exemplo.
Preferência
Nos dias de hoje a maioria das pessoas parece ter se adaptado ao padrão de oito horas ininterruptas de sono, mas Erkich acredita que muitos problemas do sono podem ter suas raízes na preferência natural do corpo humano por um período de sono dividido em períodos. E também à popularização da iluminação artificial.

Doenças ligadas à falta de sono tem se multiplicado
E esta parece ser a raiz do problema que acomete muitas pessoas que acordam durante a noite e não conseguem voltar a dormir.
"Na maior parte da evolução nós dormimos de uma certa forma. Acordar durante a noite é parte da fisiologia normal humana", afirmou o psicólogo do sono Gregg Jacobs.
A ideia de que precisamos dormir em um único período pode ser prejudicial à saude, segundo Jacobs, caso as pessoas que acordem à noite fiquem ansiosas.
"Muitas pessoas acordam durante a noite e entram em pânico. Digo a elas que isto é apenas uma volta ao padrão de sono segmentado", disse o neurocientista especialista em relógio biológico da Universidade de Oxford Russell Foster.
Mas, a maioria dos médicos não reconhece que o sono ininterrupto de oito horas pode não ser natural.
"Mais de 30% dos problemas de saúde relatados por médicos têm origem direta no sono. Mas o sono tem sido ignorado em treinamentos médicos e existem poucos centros para o estudo do sono", afirmou Foster.

26 de fev. de 2012

Vida de Biólogo


Ciências Biológicas

Bacharelado



É a ciência que estuda todas as formas de vida, passando pela flora, pela fauna e até pelo desenvolvimento humano. O biólogo pesquisa a origem, a evolução, a estrutura e o funcionamento dos seres vivos. Ele analisa as relações entre os diversos seres e entre eles e o meio ambiente. O vasto campo de estudos na graduação permite que depois de formado o profissional siga caminhos diversos, conforme seu interesse. Da pesquisa com células-tronco ao trabalho ambiental ou ao magistério, a carreira do biólogo é abrangente e promissora, em razão, especialmente, da crescente preocupação, em nível mundial, com o meio ambiente. A atuação desse profissional é ainda fundamental na descoberta de aplicações de organismos na medicina, no desenvolvimento de medicamentos e na indústria, em áreas de fabricação de bebidas e de alimentos.

O mercado de trabalho

A maior conscientização ambiental por parte de empresas de diversas áreas garante o aquecimento do mercado de trabalho para o biólogo. Atualmente, há vagas para desenvolver projetos de gestão ambiental no meio empresarial, mas também para análises e consultoria a respeito de possíveis impactos causados por obras de infraestrutura em todo o país. Prefeituras, secretarias e órgãos federais também contratam esse profissional, via concurso público, bem como institutos e ONGs. As regiões Norte e Nordeste têm especial demanda em órgãos públicos, em que o especialista se dedica à elaboração de relatórios de impacto. Ainda na área ambiental, cresce a procura por especialistas em biologia agrícola. Nela, o profissional realiza o manejo da fauna e da flora. Uma das linhas de trabalho e pesquisa mais recentes é a de biorremediação, técnica que utiliza microrganismos para recuperar ambientes degradados, como solos ou rios poluídos. Empresas no interior paulista trabalham com esse tipo de tecnologia e costumam ter biólogos em sua equipe. Os bacharéis podem ser empreendedores e prestar consultoria para empresas e prefeituras em educação ambiental. Nessa mesma área, começam a surgir oportunidades no setor do turismo ecológico. Os licenciados encontram oportunidades para dar aulas de Ciências ou Educação Ambiental para o Ensino Fundamental e o Médio. Campos já bem incrementados são genoma, biologia molecular e bioinformática (desenvolvimento de programas para estudos do genoma) com mais ofertas no Sudeste e Sul, que ainda concentram grande parte das verbas destinadas à pesquisa. "O sequenciamento de proteínas deve crescer muito e é algo com que a gente nem sonhava há dez anos. A pesquisa tem se desenvolvido, abrindo perspectivas para o biólogo. Os investimentos em pesquisa de biocombustíveis também geram emprego, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste", diz Rosy Mary dos Santos, coordenadora do curso da UFMG. 

Salário inicial: R$ 3.060,00 (30 horas semanais; fonte: Conselho Federal de Biologia).

O curso

Que ninguém se iluda: o currículo de Ciências Biológicas é carregado de matemática. Aulas de física e estatística dividem a grade com disciplinas específicas, como zoologia, genética e botânica, além de práticas de laboratório e pesquisa de campo. Ainda que não seja remunerado, o estágio é obrigatório. Algumas escolas exigem trabalho de conclusão de curso. Para dar aulas no Ensino Fundamental e Médio, é preciso cursar licenciatura (veja também o verbete Ciências Naturais, na pág. 96). E, como em qualquer área, para lecionar no Ensino Superior é necessário ter pós-graduação. 

Duração média: quatro anos. 

Outros nomes: Biol.; Ciên. Biol. (biol. da conservação); Ciên. Biol. (biol. marinha); Ciên. Biol. (ciên. amb.); Ciên. Biol. (ecol. e biodiversidade); Ciên. Biol. (ecol.); Ciên. Biol. (ênf. em biol. marinha e costeira); Ciên. Biol. (ênf. em ciên. amb.); Ciên. Biol. (ênf. em ecol. de águas continentais); Ciên. Biol. (ênf. em ecol.); Ciên. Biol. (ênf. em gen.); Ciên. Biol. (ênf. em gestão amb. marinha e costeira); Ciên. Biol. (ênf. em monitoramento amb.); Ciên. Biol. (meio amb.).

O que você pode fazer

Bioinformática

Desenvolver programas de computação para uso em pesquisas genéticas.

Biologia marinha

Pesquisar o cultivo, a reprodução e o beneficiamento de animais e organismos no mar ou em água doce.

Controle de pragas e vetores

Planejar e aplicar técnicas para controlar a transmissão de doenças entre animais e diminuir o impacto de pragas em lavouras.

Ensino

Lecionar em escolas do Ensino Fundamental e Médio ou em faculdades.

Genética e biotecnologia

Criar, manipular, reproduzir e estudar organismos em laboratório, buscando a melhoria de espécies animais e vegetais. Pesquisar a utilização de microrganismos na produção de medicamentos e alimentos. Realizar exames para o diagnóstico de doenças genéticas ou a determinação da paternidade, com base na análise de DNA.

Gerenciamento costeiro

Administrar o uso do mar e do solo em regiões costeiras, com o objetivo de minimizar o impacto na biodiversidade e preservar a qualidade de vida na região.

Meio ambiente

Promover programas de preservação de animais e vegetais, em órgãos públicos, ONGs, parques e reservas ecológicas. Elaborar relatórios de impacto ambiental.

Microbiologia

Investigar bactérias, fungos e vírus para a produção de alimentos e remédios.

22 de fev. de 2012

Cientistas tentam descobrir origem do vírus da aids na África


A origem do vírus HIV é um mistério no mundo inteiro, mais ainda na África, um continente onde a aids continua matando a maioria da população, principalmente as crianças.
Cientistas do Centro Internacional de Pesquisas Médicas de Franceville (CIRMF, em francês), no Gabão, trabalham diariamente tentando descobrir quando e como surgiu uma das maiores pandemias do continente africano.
"O primeiro contágio em humanos ocorreu nos anos 90, mas é possível que já estivesse presente nos macacos há centenas de anos ou desde sempre", indicou François Rouet, responsável do laboratório de Retrovirologia do CIRMF.
Rouet explicou à agência EFE que uma das teorias sobre como o HIV foi transmitido dos primatas aos humanos é que estes últimos tiveram contato com algum animal que morreu por essa doença. "Por isso, uma de nossas principais tarefas é informar à população suscetível de usar esses animais como alimento dos riscos que existem, e, nesse sentido, os casos de infecção por essa via diminuíram", afirmou.
O biólogo, que trabalhou em países como Burkina Fasso e Quênia, se mostrou especialmente preocupado com os casos nos quais o vírus da aids é detectado em pacientes recém-nascidos.
"No centro fazemos exames em mulheres grávidas que têm o HIV e tentamos salvar a vida de seus filhos com um tratamento prévio, mas na maioria dos casos os bebês morrem pouco tempo depois de nascer", disse Rouet.
Ao todo, 160 pessoas, 45% delas gaboneses, fazem suas pesquisas no campus do CIRMF, que está localizado em uma planície de 47 hectares cercada de floresta.
Além dos estudos sobre a aids, o centro conta com laboratórios onde são analisadas outras doenças virais típicas da região, como o ebola e a malária, e recebe a cada ano uma média de 25 estagiários de medicina por seu interesse nesse tipo de pesquisa.
O CIRMF conta ainda com um centro de primatologia, que abriga atualmente 400 primatas, entre eles cinco gorilas e 56 chimpanzés, além de macacos e mandris, a espécie mais significativa no Gabão.
"Não fazemos experimentos com eles, isso é totalmente proibido no país há muitos anos, mas podemos curá-los se chegarem aqui doentes e tentamos reinseri-los em seu ecossistema", ressaltou Jean-Paul González, diretor-geral e cientista do CIRMF.
O especialista esclareceu que a única pesquisa realizada em macacos é de caráter antropológico, para observar seu comportamento e suas relações com outras espécies, e "analisamos seu sangue quando chegam infectados por algum tipo de vírus".
O fato de o Gabão ser um país pequeno - com apenas 1,5 milhão de habitantes - foi decisivo para a construção lá de um centro de pesquisa com essas características.
As origens do CIRMF remontam a 1970 quando, por decisão do ex-presidente Omar Bongo Ondimba, surgiu a iniciativa de construir nas proximidades de Franceville um espaço destinado ao estudo da infertilidade no país.
Inaugurado em 1979, o centro, referência nas pesquisas médicas e científicas para toda a África Central, conta com a mais alta tecnologia nesse tipo de pesquisa.
No entanto, o CIRMF recebe também vários colaboradores internacionais em áreas tão diversas como a arqueologia, a genética e a botânica, que o transformaram em um centro internacional da biodiversidade e o estudo de doenças tropicais.
"Tentamos encontrar uma resposta às doenças, principalmente para aquelas que afetam diretamente a população africana, e nos adaptamos às mudanças que possam surgir, procurando sempre novas soluções", concluiu González.

Estudo sugere que novo vírus pode ter potencial de pandemia


Estudo diz que um novo vírus da gripe de origem suína, que causou infecções nos Estados Unidos no segundo semestre do ano passado, parece ter potencial pandêmico. O trabalho, desenvolvido por cientistas do Centro dos EUA para Controle de Doenças, sugere que o fato de a doença não ter se alastrado pode ter mais a ver com a imunidade humana do que o próprio vírus. As informações são do Huffingtonpost.
As descobertas são baseadas em um estudo de transmissão em furões. O trabalho é um pouco semelhante aos estudos que desencadearam a polêmica sobre as pesquisas do vírus H5N1, que por vários meses, pesquisadores holandeses e norte-americanos vêm tentando publicar trabalhos científicos que mostram como eles desenvolveram H5N1 - da gripe aviária - vírus que transmite facilmente entre os furões, considerados o melhor animal para prever como um vírus da gripe pode se comportar de pessoas.
Em uma reunião da Organização Mundial da Saúde na semana passada, um grupo de especialistas concordou que os estudos devem ser publicados na íntegra, apesar de um pedido do governo dos EUA que algumas partes sejam mantidas fora do o domínio público.
O novo estudo, publicado segunda-feira na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, envolve o trabalho com um vírus suíno H3N2 - agora chamada de variante H3N2 - que provocou casos humanos esporádicos nos Estados Unidos.
A polêmica sobre o trabalho H5N1 se relaciona com o fato de que as equipes de pesquisa fizeram o vírus evoluir até o ponto de se espalhar rapidamente entre os furões, que poderiam tornar os vírus de laboratório transmissível entre pessoas.

Pesquisa: bactéria resistente passou dos animais para os humanos


Os cientistas descobriram que uma cepa de bactéria que sobrevive aos antibióticos e que se transmite do gado aos homens era, originalmente, humana mas desenvolveu sua resistência nos animais domésticos, segundo um estudo publicado nesta terça-feira pela revista mBio.
Paul Klein, da Universidade do Norte do Arizona, e Lance Price, do Instituto de Pesquisa de Genoma Translacional (TGen), junto com cientistas de 20 instituições de diferentes países, focaram sua atenção em uma cepa da bactéria conhecida como Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM).
A Sarm é uma cepa da bactéria Staphylococcus aureus que se tornou resistente a vários antibióticos, primeiro à penicilina em 1947, e depois à meticilina. Foi descoberta originalmente no Reino Unido em 1961 e atualmente está muito propagada.
Esta cepa é causa conhecida de uma variedade de infecções que invadem a pele e podem tornar-se rapidamente uma ameaça para a vida, mas em 2003 se detectou a presença no gado de uma forma nova da SARM, chamada CC398.
O estudo se concentrou na variedade CC398, conhecida como SARM suína porque infecta mais frequentemente às pessoas que estão em contato direto com suínos ou outros animais domésticos de consumo humano.
As pessoas afetadas mostram vários tipos de infecções agudas, inclusive na pele e nos tecidos brandos, infecções respiratórias e sépsis. A cepa CC398 pode ser encontrada atualmente em suínos, perus, gado bovino e ovino, e foi detectada em 47% das amostras de carne destinadas ao consumo humano nos Estados Unidos.
"Nossos resultados indicam firmemente que a SARM CC398 se originou nos humanos como uma bactéria S. aureus suscetível à meticilina", afirmaram os autores. Porém, uma vez que se transferiu aos animais, a bactéria evoluiu tornando-se resistente à tetraciclina e à meticilina, provavelmente como resultado do uso rotineiro destes antibióticos, típico da moderna produção de carnes para consumo humano.
Em 2001 um estudo da União de Cientistas calculou que os produtores de gado nos Estados Unidos usavam 11 milhões de toneladas anuais de antibióticos para propósitos não terapêuticos, uma prática controvertida que agora está proibida na União Europeia.
Price, que dirige o Centro de Microbiologia Alimentícia e Saúde Ambiental no TGen, ressaltou que estas conclusões "põem em evidência os riscos potenciais para a saúde pública que derivam do uso de antibióticos na produção de carnes". "Os estafilococos crescem nas condições de aglomeração e falta de saúde", comuns nos recintos onde se mantêm ovinos, ovinos, suínos e aves na produção industrial de alimentos.
"Adicione antibióticos a esse ambiente e estará criando um problema de saúde pública", acrescentou Price. A análise de vários genomas mostrou que a variedade Sarm CC398 provavelmente evoluiu de uma cepa, que era sensível aos antibióticos, e proveio dos humanos.
Uma vez em contato com o gado a cepa mudou rapidamente, adquiriu novos genes e se diferenciou em muitos tipos diferentes que são resistentes a alguns antibióticos. "Traçar a história da evolução da SARM CC398 é como observar o nascimento de um "superanimal". É ao mesmo tempo fascinante e desconcertante. A Sarm CC398 foi descoberta há menos de uma década e parece propagar-se muito rapidamente", concluiu Price.

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