Poluição atmosférica: Causas, consequências e responsabilidades
Considera-se poluente qualquer substância presente no ar que, pela sua
concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde,
causando inconveniente ao bem-estar público, danos aos materiais, à
fauna e à flora, ou seja prejudicial à segurança, ao uso e gozo da
propriedade e às atividades normais da comunidade (Conselho Nacional do
Meio Ambiente, Resolução n° 03/90).
Os poluentes atmosféricos existem sob a forma de gases e de partículas e podem ser naturais e artificiais, provenientes de
fontes fixas (indústrias, usinas termoelétricas, incineradores de lixo,
vulcões) e
móveis (
veículos automotores, trem, avião, embarcação marítima).
Dentre os poluentes naturais, estão as cinzas e gases
de emissões vulcânicas altamente tóxicas compostas principalmente de
enxofre, partículas do solo ou gotículas de água salgada do mar,
partículas e gases de incêndios florestais e os grãos de pólen.
Os
poluentes artificiais, produzidos pelas atividades
humanas e "jogados na atmosfera", são, na sua grande maioria, aqueles
produzidos pela queima de combustíveis fósseis (
petróleo, gás natural e carvão mineral) ou recicláveis (lenha, álcool, etc.).
Composição do ar limpo
Existem muitas maneiras de se classificar os poluentes. Entretanto,
antes de se analisar qualquer delas, é oportuno conhecer a composição do
"ar atmosférico limpo".
A
atmosfera é a camada gasosa da biosfera, indispensável para a vida na Terra. Além de partículas de poeira, grãos de pólen,
microorganismos
e sais marinhos, entre outros, ela é composta por uma mistura de gases:
79% de nitrogênio, 20% de oxigênio e 1% de outros gases, entre os quais
incluem-se dióxido de carbono, vapor d'água e gases raros (argônio,
neônio, hélio, criptônio, ozônio, etc.), assim chamados porque existem
em quantidades muito pequenas.
Devido a sua extensão, cerca de pouco mais de 800 quilômetros de
altitude, a atmosfera é dividida em camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera e exosfera. Mas é na baixa atmosfera ou
troposfera, porção onde vivemos, que ocorrem os efeitos nocivos dos
produtos das atividades humanas.
Classificação dos poluentes atmosféricos
Os poluentes são divididos em duas categorias: primários e secundários. Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como o dióxido de enxofre (SO2), o sulfeto de hidrogênio (H2S), os óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4).
Os poluentes secundários são aqueles formados na
atmosfera através de reação química entre poluentes primários e
componentes naturais da atmosfera, se destacando o peróxido de
hidrogênio (H2O2), o ácido sulfúrico (H2SO4), o ácido nítrico (HNO3), o trióxido de enxofre (SO3), os nitratos (NO3?), os sulfatos (SO42-), o ozônio (O3) e o nitrato de peroxiacetila - PAN - (CH3=OO2NO2).
Somam-se ainda a esses poluentes os álcoóis, aldeídos, hidrocarbonetos
(HC), compostos orgânicos voláteis (COVs), mercúrio (Hg) e material
particulado (MP). O termo material particulado abarca
um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de
material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa
do seu pequeno tamanho.
Dependendo do tamanho, suas partículas podem ser classificadas como Partículas Totais em Suspensão ou Partículas Inaláveis e Fumaça.
Efeitos da poluição atmosférica
Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos,
estendendo-se dos toxicológicos aos econômicos. Materiais, animais,
vegetais e pessoas podem ser indiscriminadamente molestados pelos
efeitos de poluentes, quer direta, quer indiretamente.
Nos humanos, os poluentes atmosféricos gasosos ou particulados
normalmente entram no organismo por via respiratória, afetando os
pulmões e o trato respiratório.
Nas plantas, os poluentes são absorvidos pelas folhas através dos
estômatos, que permitem as trocas gasosas entre a planta e o meio
ambiente, alterando-se assim a fotossíntese.
Nos materiais, os poluentes corroem e escurecem metais, partem
borrachas, sujam roupas, danificam mármores, descolorem vários tipos de
materiais, enfraquecem algodão, lã e fibra de seda e destroem o nylon.
Os poluentes também causam efeitos no tempo atmosférico, como a redução
da visibilidade, a descoloração da atmosfera, a dispersão da luz solar
quando há grande quantidade de particulados no ar, e o aumento da
formação de neblina e precipitação.
Também há substâncias que provocam alterações na atmosfera, produzindo
efeitos nocivos a grandes distâncias ou até sobre o planeta como um
todo. Essas substâncias são denominadas de poluentes de efeito global. Esses efeitos são, principalmente, as chuvas ácidas, a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa.
A natureza utiliza recursos para proteger-se da poluição atmosférica,
mas eles são limitados. Os principais processos que atuam na natureza,
provocando a neutralização, a diluição ou a eliminação dos poluentes
atmosféricos são: a dispersão, a precipitação, as transformações
químicas e a assimilação biológica.
Devido aos limites dos recursos da natureza, cabe a cada um de nós a
responsabilidade de ajudá-la nesse processo, adotando medidas em nosso
cotidiano para evitar ou moderar a poluição de nossa própria cidade, de
nosso país e, até, do mundo como um todo.
Podemos iniciar pela escolha do nosso veículo, privilegiando os que
utilizam álcool como combustível, por ser reciclável e gerar menos
poluentes. Além disso, é necessária uma manutenção periódica para manter
o motor do veículo regulado e, desta forma, emitir menos poluentes.
Igualmente, andar um pouco mais a pé, de bicicleta e priorizar o
transporte público, como o metrô, o trem ou ônibus, ao invés de tirar o
carro da garagem toda vez que temos de nos locomover a pequenas
distâncias. Agindo assim, além de gastar menos combustível e poluir
menos, estaremos contribuindo para reduzir os congestionamentos tão
frequentes em nossas cidades, cooperando também com a nossa própria
saúde.
Queimadas e indústrias
Também as pessoas que vivem no campo podem colaborar para a redução da
poluição, evitando, por exemplo, as queimadas da roça, na época de
plantio, ou do canavial, na época da colheita. Essas queimadas produzem
grandes quantidades de gás carbônico, fuligem e cinzas, além de
provocarem a perda da fertilidade dos solos, diminuição do teor de
matéria orgânica e a falta de nutrientes.
Para concluir, não devemos nos esquecer das indústrias que possuem uma
parte na responsabilidade com relação à poluição atmosférica. Algumas
medidas promovem a redução da poluição, como a implantação e a
utilização de tecnologias limpas no sistema produtivo.
Também ajuda muito a racionalização do processo industrial, no sentido
de obter maior quantidade de produtos utilizando a mesma quantidade de
matéria-prima. Vale lembrar que, na maioria das vezes, a poluição é
resultado de desperdícios, seja de matéria, seja de energia.