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16 de jul. de 2018

A MULHER IMORTAL : Henrietta Lacks



Em setembro de 1951, Henrietta Lacks estava morrendo. Há alguns meses, a americana de 30 anos havia sido diagnosticada com um câncer no colo do útero que a minava por dentro. Negra, pobre e mãe de 5, Henrietta morava em Baltimore, no sul dos EUA, durante o período de segregação racial. Estava internada no único hospital do estado que atendia negros e não respondia mais aos tratamentos – pedaços de rádio inseridos em seu útero. O câncer de Henriettta, do tipo que normalmente dá aos pacientes uma sobrevida de 5 anos, se espalhara rápido demais. Os médicos não conseguiam entender como os tumores haviam tomado os rins, a bexiga, e boa parte dos intestinos em tão pouco tempo. No dia 4 de outubro, em meio a berros de dor, Henrietta morreu. Mas, por mais triste que seja, não foi a vida de Henrietta Lacks que fez ela estar aqui – foi sua morte que entrou para a história. Um pedaço de Henrietta sobreviveu – está vivo até hoje, aliás -, virou assunto de um livro que será lançado este mês e revolucionou a ciência do século 20.
Descendente de escravos e filha de agricultores de tabaco, Henrietta passou boa parte da infância nas plantações de fumo. Casou-se com seu amor de adolescência e sonhava em ter dezenas de filhos. No começo de 1951, no entanto, ela começou a sentir umas pontadas estranhas na barriga. Às vezes, quando ia ao banheiro, a urina estava vermelha de sangue. Henrietta já havia sido diagnosticada com sífilis, herdada dos muitos casos extraconjugais do marido, mas se recusava a fazer tratamento. Quando a dor no útero finalmente se tornou insuportável, ela aceitou ir ao hospital Johns Hopkins, em Baltimore, para ser examinada. Bastou uma olhada para que o médico encontrasse a causa dos desconfortos: um tumor no colo do útero do tamanho de uma moeda, com uma coloração arroxeada e um brilho estranho. Como era de costume, sem explicar para a paciente o que estava acontecendo, o médico retirou uma amostra do tumor para analisá-lo. O que ele não sabia, no entanto, é o que esse procedimento significaria para a história da ciência.
No mesmo hospital, mas em outra ala, funcionava o laboratório de George Gey, um médico fisiologista. Gey era um pesquisador obsessivo e tinha um grande objetivo de vida: encontrar células que sobrevivessem fora do corpo humano e pudessem ser cultivadas em laboratório. Sim, até 1951, ninguém havia conseguido isolar células. O grande desafio da medicina da época era encontrar um meio onde as células pudessem sobreviver fora do corpo. Para isso, Gey misturava os mais improváveis ingredientes: plasma de galinha, fetos de boi ou cordões umbilicais humanos. Assim, quando o médico de Henrietta apareceu com um pedaço do tumor para ser doado para o laboratório (sem o consentimento da paciente), Gey fez o que andava fazendo com todos os tecidos humanos que chegavam a seu alcance: colocou a amostra na mistura e torceu para que ela sobrevivesse. Foi aí que o inesperado aconteceu: as células começaram a se multiplicar. O tumor de uma mulher pobre e doente se transformou nas primeiras células humanas a se multiplicarem em laboratório. E mais: elas não pararam de aumentar de número até hoje – e viraram imortais.
Até o espaço sideral
Apenas 3 semanas depois da descoberta, enquanto Henrietta começava a se tratar do câncer, George Gey foi a um programa de televisão exibir as células imortais. “Aqui está uma criação de células cancerígenas. É com elas que vamos encontrar um fim para o câncer”, disse ele, chacoalhando um tubo de ensaio aparentemente vazio. Rapidamente, o tumor de Henrietta (cujas células acabaram apelidadas de HeLa, graças às iniciais da paciente) se tornou o fetiche da comunidade científica de todo o mundo. Gey enviou amostras para a Índia, para Nova York, para Amsterdã – e as criações de HeLa se multiplicaram. Elas começaram a ser irradiadas, cortadas e infectadas, tudo para os cientistas entenderem como o câncer funcionava. “Na época, os médicos acreditavam que o câncer poderia ser causado por um vírus e que as HeLa poderiam ajudar a identificar que vírus era esse”, diz John Masters, urologista da University College London, que estudou o legado dessas células. Os cientistas não encontraram imediatamente esse “vírus do câncer” (embora em alguns casos, como no HPV, ele de fato exista), mas as pesquisas com as células renderiam muitos outros resultados surpreendentes.
A primeira conquista das HeLa foi um dos mais importantes avanços da medicina do século 20: a vacina contra a poliomielite. A poliomielite ainda deixava milhões de crianças paralíticas na década de 1950, e foram os testes feitos com as HeLa que levaram à vacina que é usada ainda hoje. Mas não ficou por aí. As células começaram a ser usadas para desenvolver remédios contra o diabetes, a leucemia e o mal de Parkinson. Além disso, bem no meio da Guerra Fria, em plena corrida espacial, ainda não se sabia ao certo os efeitos que as radiações cósmicas teriam sobre o corpo humano. Os soviéticos não tiveram dúvida: empacotaram um lote de HeLa em um satélite e o enviou ao espaço. Os americanos, por sua vez, expunham as células à radiação de bombas atômicas para destruí-las e depois reverter os efeitos (sem sucesso).
Mas havia uma leva muito mais perigosa de estudos sendo feitos com as HeLa. Em 1955, um virologista chamado Chester Southam, do Instituto de Pesquisas para o Câncer Sloan-Kettering, ficou intrigado com a possibilidade de as células imortais transmitirem câncer para os milhares de cientistas que estavam trabalhando com elas. Para resolver esse mistério, ele resolveu injetar culturas de HeLa em cobaias – humanas. Escolheu alguns de seus pacientes de câncer e esperou as células se espalharem. Quase todos conseguiram eliminar as HeLa, menos uma mulher, que morreu de metástase. Não contente com esses resultados, Southam começou a injetar as células em prisioneiros: assassinos e ladrões que deveriam “pagar” sua dívida com a sociedade sacrificando-se pela medicina. Para a sorte do médico (e a dos prisioneiros, principalmente), todos sobreviveram. A opinião pública, que primeiro apoiou os estudos macabros de Southam, acabou horrorizada.
Outra trapalhada abalou a credibilidade das pesquisas com a HeLa. Sua maior vantagem, a facilidade de ser replicada em laboratório (cada geração de células demora apenas 24 horas para se multiplicar), acabou se transformando num tiro no pé. As HeLa estavam tão “férteis” que começaram a contaminar as outras linhagens de células que, já na década 1960, estavam sendo desenvolvidas. Bastava uma seringa mal lavada ou um jaleco usado para a contaminação acontecer. De fato, em 1966, já não se sabia mais se as descobertas feitas em culturas de células de pele, por exemplo, não estavam na verdade sendo feitas em material de HeLa. Será que todo o trabalho com células dos últimos anos teria sido em vão? Ninguém soube responder – e não sabe até hoje, aliás.
Sim, as células imortais ainda são usadas nas pesquisas atuais. Não houve grande descoberta da medicina no século 20, da clonagem ao sequenciamento genético, em que elas não estiveram ao menos com um pezinho envolvido. Estima-se que, caso se colocassem todas as HeLa que existem no mundo lado a lado, como um cobertor, elas envolveriam o planeta inteiro três vezes. Considerando que cada lote de células pode custar entre US$ 10 e US$ 10 mil, o tumor de Henrietta virou um negócio farmacêutico multi-bilionário. Nem um centavo desse lucro, no entanto, foi parar para os filhos de Henrietta. Durante quase 30 anos, eles sequer souberam que um pedaço de sua mãe estava vivo e sendo usado para pesquisas médicas. A família dela, que carrega boa parte do DNA da célula mais estudada, dissecada e observada do mundo, acabou na miséria. Vive nela até hoje, sem sequer ter plano de saúde – apesar de ter contribuído tanto para o bem da medicina.
1951
Henrietta Lacks é diagnosticada, tratada e morta por um câncer de colo de útero fulminante. Um pedaço de seu tumor é levado para análise e se torna a primeira linhagem de células a sobreviver e se multiplicar em laboratório.
1952
Uma epidemia de poliomielite ataca os EUA e uma vacina contra a doença se torna prioridade médica nacional. Para desenvolver a imunização, era necessário ter uma enorme quantidade de células para serem infectadas – e curadas. As HeLa eram as únicas disponíveis.

1953
Graças à trapalhada de um cientista do Texas, que misturou um líquido errado a um bolo de HeLa, o núcleo das células inchou e tornou possível ver pela primeira vez o que havia lá dentro: os cromossomos.

1954
Nada de ovelha Dolly. O primeiro ser vivo (ou melhor, pedaço de ser vivo) clonado da história foram as células de Henrietta. Com elas, se tornou possível aperfeiçoar a técnica de reprodução perfeita das células.

1960
Durante a Guerra Fria, as HeLa viraram a cobaia favorita em ambos os lados do Muro de Berlim. Soviéticos as mandaram para o espaço. Americanos as bombardearam com radiação atômica e as rodaram em centrífugas para simular a gravidade.

1965
As células de Henrietta são fundidas com células animais, como ratos e galinhas, e se tornam os primeiros híbridos entre humanos e animais. Essa técnica, que é usada até hoje, permite que os cientistas entendam as funções e o funcionamento de cada gene.

1984
Um médico alemão descobre a existência do vírus HPV, que causa câncer de colo do útero, graças às pesquisas com HeLa. O tipo de HPV que gerou o tumor de Henrietta era um dos mais perigosos – o que talvez explique a agressividade do câncer e a fertilidade das células. A descoberta rendeu o prêmio Nobel.

2011
Depois de 5 décadas pesquisando com as HeLa, as células já foram usadas em quase todos os campos da medicina: vacinas, quimioterapia, clonagem, mapeamento de genes, fertilização in vitro, longevidade humana, DSTs, digestão de lactose, mal de Parkinson etc. etc.

Como assim, imortais?
O segredo da imortalidade das células de Henrietta permaneceu desconhecido até o final da década de 1990. Todo câncer é uma forma de mutação do DNA da célula. No caso da HeLa, a célula sofreu uma mutação que produz uma enzima chamada telomerase, que controla a renovação dos cromossomos cada vez que a célula se divide. Ao contrário das células normais, que vão se desgastando a cada divisão, o tumor de Henrietta não sofre danos quando se multiplica – e, assim, se torna imortal.


FONTE:https://super.abril.com.br/ciencia/helas-as-celulas-que-dominaram-o-mundo/

A história da mulher com células imortais que salvam vidas há 60 anos

Células de Henrietta LacksDireito de imagemGETTY IMAGES
O ano de 1951 marcou o início de um grande avanço para a biotecnologia. Tudo começou com a chegada de uma mulher de origem humilde a um hospital nos Estados Unidos. As células dela revolucionariam a ciência médica.
Henrietta Lacks teve câncer no colo do útero pouco antes de morrer, e um médico retirou um pedaço de tecido para uma biópsia, sem pedir autorização, já que na época ainda não havia legislação específica sobre o assunto.
Desde então, as células removidas do corpo dela vêm crescendo e se multiplicando. Há bilhões delas em laboratórios do mundo todo sendo usadas por cientistas, que as batizaram de linha celular HeLa, uma referência ao nome de Henrietta.
"Não dá para saber quantas células de Henrietta ainda circulam. Um pesquisador estima que, juntas, pesariam 50 milhões de toneladas, algo inconcebível, porque cada uma pesa quase nada", disse Rebecca Skloot, autora do livro A Vida Imortal de Henrietta Lacks.
Como a retirada foi feita sem autorização, os familiares dela - ainda vivos - precisaram lutar por muitos anos por seus direitos e chegaram a acionar a Justiça por uma compensação financeira, já que são cobrados altos valores pelas células de Henrietta.
No mês passado, o filho mais velho, Lawrence, afirmou que os parentes devem ainda neste ano tentar novamente processar o Centro John Hopkins, onde o procedimento foi feito.
Henrietta LacksDireito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionHenrietta teve cinco filhos e morreu de câncer no colo do útero

História

Em 1860, o proprietário de uma plantação na Virgínia chamado Benjamin Lacks se casou com uma das mulheres que trabalhavam na fazenda. Eles tiveram dois filhos.
Em 1942, Henrietta Lacks decidiu se mudar para a cidade, por isso, seu marido - bisneto de Benjamin - a levou para Baltimore: em tempos de guerra, o trabalho era escasso.
A 10 km de onde morava Henrietta, ficava o laboratório do Dr. George Gey, cuja ambição era livrar o mundo do câncer. Ele estava convencido de que encontraria a chave para a cura da doença nas próprias células humanas.
Por 30 anos, ele vinha tentando cultivar células cancerosas em laboratório. Para isso, misturava tecidos doentes com sangue de corações de galinhas vivas, esperando que estas células doentes se reproduzissem para que ele pudesse estudá-las. Mas elas sempre morriam.
Até que, em 1º de fevereiro de 1951, Henrietta Lacks foi levada ao Hospital John Hopkins. "Eu nunca vi nada assim, nem nunca voltei a ver", disse o ginecologista que a examinou, Howard Jones, à BBC em 1997.
George Gey
Image captionO doutor Gey queria encontrar a cura do câncer
"Era algo muito diferente e especial, que se revelou um tipo de tumor. A história era simples: ela sangrava entre as menstruações, tinha dores abdominais, o que não é necessariamente um sinal de câncer", diz o médico.
"Quando examinei o colo do útero, fiquei surpreso, porque não era um tumor normal. Era roxo e sangrava facilmente quando tocado."
O tumor não respondeu bem ao tratamento, e Henrietta Lacks morreu de câncer cervical em outubro de 1951, quando tinha apenas 31 anos.Sua família a enterrou perto das ruínas da casa onde ele nasceu. E a ciência a esqueceu.

Células imortais

As células do tumor que foram retiradas do corpo de Henrietta foram mantidas na unidade hospitalar de câncer do hospital, porque Gey havia descoberto que elas podiam ser cultivadas indefinidamente no laboratório.
Era o que ele tinha procurado por tantos anos e até batizou a sequência celular de HeLa, pelas duas primeiras letras do nome e do sobrenome de Henrietta Lacks.
"Em poucas horas, a HeLa pode ser multiplicada prolificamente", diz John Burn, professor de Genética na Universidade de Newcastle, Reino Unido.
De fato, uma leva inteira de células de Henrietta pode ser reproduzida em 24 horas. Foram as primeiras células humanas imortais cultivadas em laboratório e já vivem há mais tempo fora do que dentro do corpo de Henrietta.

Por que são tão importantes?

Tumor sangrando
Image captionHenrietta tinha um tumor que sangrava muito
"Há muitas situações em que precisamos estudar tecidos ou patógenos no laboratório", diz Burn.
"O exemplo clássico é a vacina contra a poliomielite. Para desenvolvê-la, era necessário que o vírus crescesse em células de laboratório, e, para isso, eram necessárias células humanas".
As células HeLa acabaram sendo perfeitas para esse experimento, e as vacinas salvaram milhões de pessoas, fazendo com que essa linha celular ficasse mundialmente conhecida.
Elas não somente permitiram o desenvolvimento de uma vacina contra a poliomielite e inúmeros tratamentos médicos, mas foram levadas nas primeiras missões espaciais e ajudaram cientistas a prever o que aconteceria com o tecido humano em situações de gravidade zero.
Célula HeLaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAs células Hela já foram usadas em centenas de experimentos
Além disso, os militares dos EUA colocavam grandes garrafas com células HeLa em lugares que em que eram realizados experimentos atômicos.
Elas também foram as primeiras a serem compradas, vendidas, embaladas e enviadas para milhões de laboratórios em todo o mundo - alguns deles dedicados a experiências com cosméticos, para avaliar os eventuais efeitos colaterais indesejados dos produtos.
Resumindo, além da contribuição científica, faturou-se bilhões de dólares em produtos testados em células HeLa. E tudo foi feito sem o conhecimento e consentimento da família de Henrietta Lacks.
"Nos anos 1940 e 1950, os tumores e tecidos retirados em um procedimento médico eram considerados como "abandonados", e, por isso, não estava claro que seria necessário pedir permissão para usá-los em investigações que iriam além do tratamento do paciente.

Família

Foi somente em 1973 que a família de Lacks soube pela primeira vez que as células de Henrietta ainda estavam vivas. Uma equipe de geneticistas procurou os familiares para fazer um exame DNA após a suspeita de uma teoria de que a cura do câncer poderia estar na manipulação dos genes.
Eles encontraram o marido de Henrietta e seus quatro filhos, que ainda viviam em Baltimore. Foi um verdadeiro "choque de culturas", como classificou e descreveu Rebecca Skloot quando publicou no livro sobre a história de Henrietta.
"Um dia, um pesquisador de pós-doutorado chamou o marido de Henrietta, que não tinha terminado a escola e não sabia o que era uma célula e disse a ele: sua esposa viva em um laboratório e a utilizamos na pesquisa científica há 25 anos. Agora, quero examinar seus filhos para ver se eles têm câncer", resumiu ela.
"Eles tiraram amostras de sangue de todos os filhos de minha mãe e disseram que queriam verificar se o que ela tinha era hereditário", disse David Lacks Jr. à BBC em 1997.
Bobbette Lacks, filha de Henrietta, ficou chocada: "Eu disse, 'estão trabalhando com células da minha mãe?". E ele respondeu: 'sim, as células ainda estão vivas'. Fiquei chocada, e ele me disse que já trabalhava com elas há anos". Enquanto isso, as células HeLa eram vendidas em grande volume e por milhões de dólares.
Quando a família Lacks percebeu o que eles estavam fazendo com as células de Henrietta, dediciram consultar advogados para ver se eles tinham direito a receber dinheiro da indústria de biotecnologia.
"Pesquisei e descobri que as células tinham sido vendidas para todos os lugares e queria saber quem havia enriquecido com as células da minha mãe. Estava enojado", disse David Lacks Jnr.

Contribuição

Células HeLa congeladasDireito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionA células HeLa se proliferaram em laboratórios pelo mundo
Além da questão financeira, a família de Henrietta lutou pelo reconhecimento da contribuição dela para a ciência e lançou uma campanha. "Apesar de ter sido uma contribuição involuntária, foi muito significativa", disse John Burn.
"As células dela têm sido a base de dezenas de milhares de estudos médicos em todo o mundo e em diversos tamos da ciência biológica. Foi um elemento crucial para o desenvolvimento no século 20", diz o geneticista.
Como resultado da campanha de sua família, Henrietta Lacks tornou-se uma heroína científica. Mas a família não teve sorte até agora no que diz respeito à compensação.
Em agosto de 2013, a família Lacks conquistou o controle parcial sobre o acesso de cientistas ao código de DNA das células de Henrietta.
Seu filho mais velho, Lawrence, de 82 anos, afirmou que a família ainda não está satisfeita e quer uma indenização, além do reconhecimento sobre a contribuição dela para a ciência.
Em fevereiro, a família anunciou que deve continuar a batalha na Justiça contra o Centro Médico John Hopkins para receber compensações pelas vendas das células. O centro nega que tenha lucrado com a venda e distribuição da linha celular HeLa.
Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39248764

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Cientistas identificam fonte de misteriosas emissões que estão destruindo camada de ozônio

OzônioDireito de imagemNASA/SCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionBuraco na camada de ozônio em 2000 registrado pela NASA, a agência espacial dos EUA
Nos últimos meses, cientistas de todo o mundo foram surpreendidos com um misterioso aumento das emissões de gases que estão comprometendo, de forma drástica, a camada de ozônio que protege a Terra.
Agora, um grupo de pesquisadores acredita ter descoberto os responsáveis pelos danos ao meio ambiente: espumas de isolamento térmico de poliuretano, produzidas na China para uso em residências.
A Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês), com base no Reino Unido, identificou a presença de CFC-11, ou clorofluorocarbonos-11, na produção dessas espumas na China. O composto químico havia sido proibido em 2010, mas está sendo usado intensamente em fábricas chinesas.
O relatório da EIA apontou a construção de casas na China como fonte das emissões atípicas de gases. Há dois meses, pesquisadores publicaram um estudo que mostrava que a esperada redução do uso de CFC-11, banido há oito anos, havia desacelerado drasticamente.
Os pesquisadores suspeitavam que o composto continuava sendo usado em algum lugar do leste da Ásia. Mas a fonte exata ainda era desconhecida.
OzônioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA camada de ozônio protege dos efeitos nocivos da radiação solar e fica de 25 km a 30 km da superfície da Terra
Especialistas tinham receio de que o CFC-11 pudesse estar sendo usado secretamente para enriquecer urânio na produção de armas nucleares.
Agora, os pesquisadores dizem não ter dúvidas de que a fonte de produção do composto está vinculada ao uso de espuma para isolamento térmico de casas.

'Agente expansor'

Os CFC-11 funcionam como um eficiente agente expansor na fabricação de espuma de poliuretano, convertendo-as em isolantes térmicos rígidos usados, principalmente, como forro no teto de residências para reduzir o custo da eletricidade e a emissão de carbono.
O EIA entrou em contato com fábricas de espuma de poliuretano em dez províncias na China. Depois de várias conversas com executivos de 18 empresas, os investigadores concluíram que o composto químico estava sendo usado na maioria dos isolantes de poliuretano produzidos pelas empresas.
A razão é simples: os CFC-11 têm melhor qualidade e são muito mais baratos que os produtos alternativos. Apesar do CFC-11 ter sido banido, a fiscalização não é eficiente e, por isso, ele continua sendo usado.
Barris
"Ficamos totalmente chocados ao descobrir que as empresas eram muito abertas em confirmar que estavam usando o CFC-11 e, ao mesmo tempo, reconhecendo que era ilegal", disse à BBC Avipsa Mahapatra, do EIA.
A EIA calcula que os gases produzidos na China estão ligados ao aumento das emissões observado no relatório da agência em maio. No entanto, embora os achados da EIA sejam considerados plausíveis, alguns especialistas acreditam que eles não explicariam, por si só, o atual elevado nível de emissão de gases que tem comprometido a camada de ozônio.
Stephen Montzka, da Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na Sigla em inglês), disse à BBC que "o uso generalizado do CFC-11, que parece ser evidente na China com base no estudo (do EIA), é bastante surpreendente".
Ele pondera, contudo, ser difícil analisar com precisão o cálculo das emissões provenientes do uso do CFC-11 para "saber se é realmente possível que essa atividade explique tudo ou quase tudo que estamos observando na atmosfera global".

Por que a descoberta da EIA é importante?

balões lançados para coletar amostras de poluentesDireito de imagemALAMY
Image captionMisterioso aumento das emissões de gases foi identificado este ano e pesquisadores acreditam ter achado a fonte de emissão que estaria comprometendo a camada de ozônio
Ainda que o uso de CFC-11 em fábricas chinesas não seja o único ou mesmo o maior responsável pela emissão de gases que estão destruindo a camada de ozônio, a descoberta do EIA é importante por ter identificado que uma quantidade considerável de químicos ilegais continua sendo usada - com a capacidade em potencial de reverter a já observada recuperação da camada de ozônio.
A espuma de poliuretano fabricada na China representa quase um terço da produção global desse produto. Os pesquisadores calculam que a produção atrasará em uma década ou mais o objetivo de fechar o buraco que permite os efeitos nocivos da radiação solar.
Como a China é signatária do Protocolo de Montreal - tratado de 1987, mas que entrou em vigor dois anos depois -, seria possível impor sanções comerciais contra o país. Mas desde que o protocolo foi firmado, há mais de 20 anos, nenhum país foi punido com sanções e dificilmente será esse o caso para o uso de CFC-11 na China.
É provável que a China seja incentivada a reduzir a produção de CFC-11 e será aberta uma investigação com o apoio do secretariado do Protocolo de Montreal para averiguar a situação no país.
Nesta semana, representantes do Protocolo de Montreal se reúnem em Viena, na Áustria, para elaborar um plano na tentativa de solucionar o problema.
FONTE:https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44778158

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