Avaliação
Instrumentos para avaliar seu aluno: Como elaborar e aplicá-los
Giselle Farias Nolaço
Para
muitos professores, antes valia o ensinar. Hoje a ênfase está no
aprender. Isso significa uma mudança em quase todos os níveis
educacionais: currículo, gestão escolar, organização da sala de aula,
tipos de atividade e, claro, o próprio jeito de avaliar a turma.
O
professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar quem,
numa parceria com crianças e adolescentes, prepara todos para que
elaborem seu conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente à
classe, ele agora pauta o seu trabalho no jeito de fazer a garotada
desenvolver formas de aplicar o conhecimento no dia-a-dia.
Na
prática, um exemplo de mudança é a seguinte: a média bimestral é
enriquecida com pareceres. Em lugar de apenas provas, o professor
utiliza a observação diária e multidimencional e instrumentos variados,
escolhidos de acordo com cada objetivo.
O importante é que, no
processo, a avaliação forneça dados que possibilitem ao professor
compreender o que o aluno aprendeu ou não, para fazer intervenções que o
ajudem a superar suas dificuldades e avançar. Os instrumentos podem
guiar o olhar do professor nesse sentido.
O essencial nessa
perspectiva é colocar a avaliação a serviço da inclusão dos alunos no
processo de sua aprendizagem. Isso faz com que os diversos instrumentos
utilizados sejam organizados em torno de atividades que tenham sentido e
relevância para os alunos.
Mas uma coisa que muitos professores
precisam administrar no momento da avaliação é o conceito de prova
desenvolvido pelos alunos ao longo dos anos, conceito sintetizado nas
palavras de Paulo Ronca (1991):
Só se estuda se tiver prova.
Só se estuda para a prova
Só se estuda se cair na prova.
Só se estuda o que cair na prova.
Assim, o problema não é só acabar com as provas, mas dar um novo significado ao momento da aprendizagem.
Avaliação Formativa
A
avaliação formativa não tem como objetivo classificar ou selecionar.
Fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus aspectos
cognitivos, afetivos e relacionais. Fundamenta-se em aprendizagens
significativas e funcionais que se aplicam em diversos contextos e se
atualizam o quanto for preciso para que se continue a aprender.
Este
enfoque tem um princípio fundamental: deve-se avaliar o que se ensina,
encadeando a avaliação no mesmo processo de ensino-aprendizagem. Somente
neste contexto é possível falar em avaliação inicial (avaliar para
conhecer melhor o aluno e ensinar melhor) e avaliação final (avaliar ao
finalizar um determinado processo didático).
Se a avaliação
contribuir para o desenvolvimento das capacidades dos alunos, pode-se
dizer que ela se converte em uma ferramenta pedagógica, em um elemento
que melhora a aprendizagem do aluno e a qualidade do ensino.
Qual deveria ser então o sentido e a finalidade da avaliação?
Conhecer
melhor o aluno: suas competências curriculares, seu estilo de
aprendizagem, seus interesses, suas técnicas de trabalho. A isso
poderíamos chamar de avaliação inicial.
Constatar o que está sendo
aprendido: o professor vai recolhendo informações, de forma contínua e
com diversos procedimentos metodológicos e julgando o grau de
aprendizagem, ora em relação a todo grupo-classe, ora em relação a um
determinado aluno em particular.
Adequar o processo de ensino aos alunos como grupo e àqueles que apresentam dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos.
Julgar
globalmente um processo de ensino-aprendizagem: ao término de um
determinado conteúdo, por exemplo, se faz uma análise e reflexão sobre o
sucesso alcançado em função dos objetivos previstos e revê-los de
acordo com os resultados apresentados.
Instrumentos de avaliação
“O
conhecimento de diferentes instrumentos para avaliação e da melhor
forma de utilizá-los é um dos recursos de que o professor competente
deve dispor. O domínio deste conhecimento está ligado à convicção de que
a avaliação não deve servir de instrumento de pressão para manter a
disciplina em aula ou de fazer o aluno estudar”. ( Moretto,2007)
Veja a seguir alguns exemplos de instrumentos de avaliação e como você pode utilizá-los:
· Observação e registro pelo professor – a educação do olhar
Não
há observação possível senão para quem sabe aquilo que deseja ver, ou
seja, para observar é preciso direcionar o olhar, registrar aquilo que é
percebido e fazer uma análise dos dados obtidos e registrados.
A questão é o quê registrar, quando e como fazê-lo?
O
quê – fatos marcantes, especialmente significativos no contexto de
ensino e aprendizagem e relacionados ao desenvolvimento das atividades
pelos alunos e grupos. Da mesma forma, é possível registrar a adequação
do material utilizado, das escolhas didáticas e da própria atuação
docente.
Quando – Durante a aula ou ao final de uma atividade,
buscando indícios de aproximação às metas do projeto de ensino. Se o
professor não tiver clareza sobre os pontos de chegada do seu trabalho,
não saberá o que observar. Já ao término de uma etapa de trabalho, é
possível perceber a aproximação dos alunos às metas estabelecidas. Neste
caso, o registro assume o caráter de síntese apreciativa.
Como –
Muitos professores sentem dificuldades em fazer registros de suas
observações, especialmente quando percebem a impossibilidade de observar
todos os alunos simultaneamente ou quando possuem um número grande de
turmas ou alunos por sala de aula. Cabe ao professor organizar sua
observação elegendo um pequeno grupo de cada vez enquanto realiza uma
atividade. Todos os alunos serão observados, num momento ou outro. O
registro não precisa e não deve ser complexo. Bastam algumas frases que
retratem um comportamento não habitual, uma indicação clara de
compreensão ou incompreensão do que está sendo trabalhado ou que aponte
indícios do que está bem ou não e dos avanços.
As informações
resultantes dessas observações e registros são mais eficazes do que
aquelas que poderiam ser obtidas em uma prova ou trabalho pontual.
Permitem a interferência imediata do professor que poderá rever algumas
atividades, propor outras ou avançar no tema em estudo.
Os registros
exigem um constante olhar para as metas e servem de mapa do processo de
aprendizagem de cada aluno e da classe como um todo, além de auxiliar na
reflexão sobre a própria prática do professor.
· Análise de produções / registros dos alunos – diagnosticar e intervir
As
produções ou registros produzidos pelos os alunos assumem diversas
formas, incluindo desde respostas para questões e atividades, até
desenhos e textos que são propostos em diferentes momentos do trabalho:
a)
Ao iniciar um novo tema – as produções têm como objetivo investigar os
conhecimentos prévios dos alunos sobre determinado assunto e a partir
disso o professor poderá organizar suas ações docentes. Ex: uma
professora da 3ª série pediu a seus alunos que escrevessem uma carta
para a 2ª série contando tudo o que sabiam sobre o cubo.
b) Após uma
atividade – os alunos fazem registros sobre o que fizeram, aprenderam
(ou não) e perceberam durante a realização de uma atividade ou bloco de
atividades. Esses registros podem ser individuais, coletivos ou feitos
em grupos, dependendo do tipo de produção pedida e daquilo que o
professor deseja saber sobre cada aluno, a classe ou alguns alunos em
especial.
De acordo com a série, há uma gama de possibilidades, orais e escritas, na elaboração de textos pelos alunos
c)
Ao término de um assunto – a melhor produção é em forma de texto, ele
permite a finalização do assunto com uma etapa de reflexão e
sistematização de noções e conceitos. Pode ser a produção de uma
síntese, resumo ou até mesmo um parecer sobre o tema desenvolvido. Os
alunos vão percebendo o caráter de fechamento e a importância de
apresentar informações precisas, idéias centrais e significativas do
tema abordado. O professor aproveita para verificar como as noções e
conceitos foram compreendidos ou equívocos que ainda permanecem.
Não
se pretende passar a falsa impressão de que todos os alunos acham
simples a elaboração de registros ou que desde o início suas produções
serão completas.
São necessárias intervenções do professor para que
os alunos progridam e qualifiquem seus textos. Reformulações de textos
coletivos, revisões em duplas, reescritas de textos, são estratégias que
fazem parte desse processo de acompanhamento da aprendizagem do aluno.
Nesse sentido, a produção de textos ou registros pelos alunos não é
solicitada para atribuição de nota, mas para se obter pistas sobre o
caminhar do aluno em relação ao processo de ensino-aprendizagem. De um
lado, o conjunto de informações obtidas com a análise dos registros dos
alunos, integrado às observações do professor, permite que ele possa
refletir sobre os alunos e também sobre seu próprio trabalho. De outro,
se constitui para o aluno em um momento de aprendizagem, uma vez que ele
tem a chance de pensar sobre suas ações e produções, tendo também, a
oportunidade de articular noções e conceitos aprendidos.
· Provas escritas ou orais: elas não são as vilãs da história
A
prova é o instrumento mais característico do sistema de avaliação
tradicional. No entanto, ela também pode ser uma fonte útil de
informação. Esse instrumento é adequado especialmente quando desejamos
avaliar procedimentos específicos, a capacidade de organizar idéias, a
clareza de expressão e a possibilidade de apresentar soluções originais.
Porém, tem suas limitações quando queremos, por exemplo, analisar como
os alunos utilizam conhecimentos em situações em que deles são exigidas
argumentações em discussões com outras pessoas, ou seja, quando estamos
avaliando habilidades.
A avaliação é feita de formas diversas, com
instrumentos variados, sendo o mais comum deles, em nossa cultura, a
prova escrita. Por esse motivo, em lugar de queremos a eliminação das
provas, o professor deve seguir o princípio: se tivermos que elaborar
provas, que sejam bem-feitas, atingindo seu real objetivo, que é
verificar se houve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes.
“É
preciso ressaltar que a avaliação da aprendizagem precisa ser coerente
com a forma de ensinar. Se a abordagem no ensino foi dentro dos
princípios da construção do conhecimento, a avaliação da aprendizagem
seguirá a mesma orientação.” (MORETTO,2007)
O uso da prova como
instrumento pode ser analisado sob diversas perspectivas. É possível
estudar formas de propor as provas: orais, escritas, com consulta, sem
consulta, em duplas ou grupos etc..
Há, também, a falsa prova que
consiste em apresentar aos alunos uma prova com questões resolvidas, com
erros e acertos, de modo que a tarefa é que eles sejam os professores,
devendo analisar e indicar os erros, corrigindo-os posteriormente,
acrescentando uma pequena lista de indicações que possam ser úteis para
quem fez aquela prova. A falsa prova pode ser realizada em duplas ou
individualmente e permite perceber como os alunos utilizam o que
aprenderam para analisar cada questão e sua respectiva resposta.
Orientações para o momento de elaboração da prova
( os trechos a
seguir foram baseados no livro de Vasco Moretto - ver bibliografia.
Todo professor/ educador deveria ler esse livro, pois além de dar ótimas
instruções em relação à avaliação, também dá todas as noções
necessárias para criar questões para atividades do dia-a-dia, melhorando
assim toda a sua atuação como educador)
Antes de
elaborar um prova o professor tem que tem que aprender a forma de
elaborar uma pergunta. Se a pergunta não for clara e precisa, ela
permite muitas respostas. Outro ponto importante que o professor deve
está atento é em relação é saber contextualizar cada questão.
Uma
característica muito comum do ensino é o uso e o abuso da memorização.
As escolas com essas características são, freqüentemente, chamadas de
tradicionais. No processo de avaliação da aprendizagem, nesse contexto,
há perguntas que apelam apenas para uma memorização mecânica, sem
contextualização ou significado. Elas são aprendidas por força da
repetição.
Logo abaixo segue alguns
exemplos de como elaborar boas questões para suas avaliações e
atividades. E além disso, traz as diferenças entre avaliações
tradicionais e construtivistas:
Um exemplo de questões onde é necessário a repetição do que o aluno aprendeu, ou seja, a memorização:
-“Cite o nome de todas as capitanias hereditárias e seus respectivos donatários”
A repetição dessas informações por alunos do ensino fundamental mostra um ensino e uma aprendizagem baseada num sucesso falso.
Veja a seguir as diferenças entre as provas com características da linha tradicional e da linha construtivista:
Algumas características das provas na linha tradicional:
ü Exploração exagerada da memorização
A
memorização certamente tem seu lugar no processo da aprendizagem, desde
que seja uma memorização acompanhada da compreensão do significado do
objeto de conhecimento. O que a escola da linha dita tradicional
explorou com mais ênfase foi a memorização em busca de acúmulo de
informações, em grande parte sem muito significado para os alunos.
ü Falta de parâmetros para correção
Esta
é uma característica encontrada em diversas provas e que deixa o aluno
“nas mãos do professor”. Com a falta de definição dos critérios para a
correção, vale o que o professor queria que o aluno tivesse respondido.
Por isso, muitos alunos, em momentos de avaliação, levantam a mão e
perguntam o que o professor quer com a questão.
ü Utilização de palavras de comandos sem precisão
Há
palavras de comando usadas com freqüência na elaboração de provas (e
também em atividades de sala) e que não têm sentido preciso no contexto.
Algumas delas são: comente, discorra, como, dê sua opinião, conceitue
você, como você justifica, o que você sabe sobre, quais, caracterize,
identifique as principais características. Isso não quer dizer que você
não possa utilizá-las, mas que elas precisam ter sentido dentro do
contexto em que são usadas, permitindo a parametrização correta da
questão.
Exemplo:
Identifique as principais características dos dois tipos de regimes políticos: parlamentarismo e presidencialismo.
Nesse
tipo de questão o professor tem que aceitar (se a resposta estiver
correta) se aluno colocar uma característica como várias. Não possui um
padrão de correção.
Para melhor compreensão das três
características da provas ditas tradicionais, segue algumas questões com
análise de seus enunciados
Questão 1:
O que é cultura? Dê exemplos.
ü Comentário:
Conceituar cultura não é fácil e muito menos defini-la, como sugere a pergunta “O que é?”.
O
que significa dar exemplos? Seria dizer: “cultura indígena, oriental,
ocidental, dos esquimós”? Estas são exemplos de culturas diferenciadas.
Seria esta a resposta “esperada”?
ü Outra forma de perguntar:
Você
ouve com freqüência frases como estas: “Isso é uma cultura...”, “Tal
comportamento faz parte de sua cultura...”, “A cultura africana deixou
fortes marcaras na sociedade brasileira” e “A cultura indígena tem
características bem diferenciadas da cultura dos brancos”. O conceito de
cultura é muito complexo. Podemos, no entanto, observar nos grupos
sociais elementos que constituem “traços culturais” que os diferenciam
de outros grupos sociais. Descreva três traços culturais que marcam sua
própria comunidade e que estejam ligados aos temas: alimentação,
religião, hábitos de vestir.
ü Comentários:
A questão
apresenta três partes distintas: a 1ª recorda conceitos que constituem
as concepções prévias dos alunos. A 2ª o conceito de grupos sociais, é
uma pista da visão escolar de cultura, que poderá servir de ancoragem
para a resposta. Por fim a pergunta parametrizada (parâmetro de
correção): apresentar três traços // da própria comunidade // ligados a
três temas.
Questão 2:
Como é a organização das abelhas numa colméia?
ü Respostas dos alunos:
“É jóia!”; “É maravilhosa!”; “É fantástica!”; “É estupenda!”; “É muito boa!”
ü Comentário:
Pelo
comando da questão – como – todas as respostas estão corretas. Sabe-se
que não era isso que o professor queria, pois ele pensa na explicação
dada em aula e tem certeza que o aluno “saber o que ele quer como
resposta”, e isso que ele irá exigir na correção.
ü Outra forma de perguntar:
Vimos
em nossas aulas de Ciências como é maravilhosa a organização das
abelhas numa colméia, pois cada grupo de elementos da colméia tem uma
função específica, para que o todo funcione em harmonia. Partindo dessa
idéia, responda:
a) Descreva a função de ao menos quatro grupos de elementos da colméia:
b)
Apresente por escrito uma relação entre o funcionamento da colméia e o
de nossa escola, no que se refere ao cumprimento das funções de cada um.
ü Comentários:
Nesta forma de elaboração, não deixou de questionar sobre a colméia e seu funcionamento.
Introduziu-se o tema transversal de cidadania, que é uma recomendação dos PCNs.
Características das provas na linha construtivista
ü Contextualização
O texto deve servir de contexto e não de pretexto.
Quando
dizemos que uma questão deveria ser contextualizada, significa que,
para responder a ela, o aluno deveria buscar apoio no enunciado da
mesma. Elaborar um contexto não é apenas inventar uma história, ou mesmo
colocar um bom texto ligado ao assunto tratado na questão. É preciso
que o aluno tenha que buscar dados no texto e, a partir deles, responder
à questão, com as palavras do aluno. Lembre-se: o que dá sentido ao
texto é o contexto.
ü Parametrização
A parametrização é a indicação clara e precisa dos critérios de correção.
Por
exemplo, “Disserte sobre ditaduras e democracias” é uma questão sem
parâmetros para correção, enquanto “Escreva quatro substantivos próprios
que iniciam com vogal” é um exemplo de questão parametrizada. Nela o
parâmetro é escrever quatro substantivos.
ü Exploração da capacidade de leitura e de escrita do aluno
Uma
característica das provas na perspectiva construtivista é a aplicação
de textos que fazem com que o aluno tenha contato com a leitura, mesmo
que seja curta, para provocar um resposta, também de forma escrita e com
argumentação, que leve o aluno a escrever, exercitando-se na lógica e
na correção do texto.
ü Uso de questões operatórias e não apenas transcritórias
As
questões operatórias são aquelas que exigem do aluno operações mentais
mais ou menos complexas ao responder, pois estabelece relações
significativas num universo simbólico de informações. Já as questões
transcritórias são aquelas onde a resposta depende de uma simples
transcrição de informações, muitas vezes aprendidas através da
memorização e normalmente sem muito significado para o aluno em seu
contexto do dia-a-dia.
A finalidade tanto do ensino como da
avaliação da aprendizagem é criar condições para o desenvolvimento de
competências do aluno. Por esse motivo, o aluno deve estar preparado
para ler textos de todos os tipos como de revistas, jornais, manuais,
encartes, folhetos, e interpretá-los coerentemente. Por esse motivo que
quanto mais completa for a formulação das questões, tanto melhor será a
formação do aluno para a sua vida profissional.
A habilidade de
elaborar bem as provas é um recurso que o professor competente precisa
ter. Elaborar bem é saber contextualizar de acordo com os objetivos
estabelecidos, perguntar de forma clara e precisa, questionar apenas
conteúdos relevantes e não colocar “pegas” para derrubar o aluno.
Cada
instituição de ensino exige de seus professores um "estilo" básico para
suas avaliações, que devem seguir um padrão geral. Veja abaixo algumas
sugestões/conjunto de recomendações para que o professor possa preparar o
seu instrumento de avaliação, sobretudo a prova escrita:
1- Ter à mão as habilidades que deseja avaliar:
·
Elaborar as questões de forma que, através da resposta, o aluno
demonstre a aquisição de habilidades e não apenas “conceitos decorados”.
· Ter clareza, em cada questão que quer que o aluno demonstre e cobrar de si mesmo este critério no momento da correção.
· Verificar se o conteúdo cobrado é importante, relevante no contexto e potencialmente significativo.
2-
Organizar as questões de forma a situar o pensamento do aluno para que
este, organizado, estabeleça relações que facilitem a compreensão:
·
Separar as questões que fazem parte do conhecimento escolar (relatar
informações), raciocínio e aplicação de habilidades no cotidiano,
procurando não sobrecarregar o aluno.
· Buscar concepções prévias do aluno, ligadas ao conteúdo explorado.
3-
Determinar com clareza e precisão o objetivo da questão e com isso
elaborar perguntas com os mesmos critérios (claras e precisas)
4- Contextualizar a questão, colocando-a numa situação de possível compreensão para o aluno.
5- Elaborar as questões de forma que a prova seja, sobretudo, mais um momento de estudo.
6- Não colocar questões que desencadeiam uma seqüência óbvia, porém incorreta (generalizações).
7-
Quando a avaliação possuir texto, procure aqueles que têm sentido com o
tema que você escolheu para sua prova. Não pegue um texto qualquer,
veja o conteúdo, se está no nível de entendimento de seus alunos,
principalmente a linguagem, e observe também o tipo textual. Antes de
utilizar textos originados da Internet cheque a sua procedência, se as
informações que estão ali estão corretas e depois disso copie e cole no
editor de texto para que você faça um leitura minuciosa e as correções
devidas (ortografia, gramática, concordância, coerência e formatação) e
só depois é que você pode utilizá-lo em suas avaliações e também
atividades de sala. Não esqueça que é fundamental colocar a fonte dos
textos (livros, revistas, sites, etc.).
8- A fonte padrão para as
avaliações é: Times New Roman ou Arial, tamanho 12. Somente no caso de
turmas de alfabetização use o tamanho 14 e caixa alta.
9- O parágrafo deve ter o alinhamento justificado e espaçamento entre linhas simples.
10- O layout da página deve vir com as margens esquerdas e direitas: 2,5 cm, superior e inferior 2,0 cm.
Outras formas de avaliar seu aluno:
· Teste
É
um tipo de prova bem sucinta, com as questões contextualizadas,
geralmente não apresenta texto para fazer interpretação e possui poucas
páginas (para o Ensino Fundamental I é de, no máximo, três páginas).
Para elaborá-lo deve ser seguido as mesmas orientações de uma avaliação
normal (veja nos tópicos anteriores).
· Trabalhos e Pesquisas
“A
pesquisa é uma das melhores maneiras de se aprender”, diz a escritora e
orientadora educacional Ruth Rocha, autora do livro Pesquisar e
aprender (Scipione).
Antes de pedir uma pesquisa, explica Ruth, o
professor deve conhecer seus alunos e verificar o material de que
dispõe. Cheque o acervo da biblioteca da escola e do bairro, verifique
em sites quais possuem o conteúdo apropriado para o uso na pesquisa,
procure também em revistas, jornais e outros meios que possam oferecer
recursos para que os alunos pesquisem. Só assim é possível indicar a
bibliografia para a turma.
É muito importante que antes de pedir uma
pesquisa o professor ensine seus alunos a forma que deve ser feita, dê
os detalhes que precisam estar na pesquisa, ou seja, delimite o tema.
Ø Resumo
Os
alunos têm dificuldade para fazer síntese. Comece indicando pequenos
capítulos de livros que falem sobre o tema em estudo e peça que resumam
em vinte linhas. Outro caminho é formular perguntas. “Respondendo com
suas próprias palavras, o aluno irá ao centro da questão”, afirma Ruth.
Em Pesquisar e Aprender, Ruth Rocha ensina como fazer uma boa pesquisa. Passe estas dicas aos seus alunos:
§ Roteiro – Formule perguntas sobre o tema da pesquisa.
§ Cronograma – estabeleça etapas de acordo com o prazo.
§ Caderno – anote as informações em um caderno. Folhas soltas se perdem.
§
Plano de pesquisa – relacione os nomes de pessoas a serem
entrevistadas, além de dicionários, enciclopédias, atlas, livros
didáticos, jornais e revistas que for utilizar.
§ Síntese – em vez de copiar trechos dos livros, escreva um texto sintetizando o assunto.
Mas
é muito importante que o professor passe a estrutura que deve conter em
seu trabalho de pesquisa, ou seja, crie um roteiro explicando o que
você quer em cada item e entregue aos seus alunos.
Roteiro para pesquisas e trabalhos escolares (para alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental):
· Você deve dar uma introdução sobre o tema para o seu aluno ter uma noção do que está sendo pedido.
·
Deixe sempre bem claro qual será a data da entrega (evite aceitar
trabalhos após a data, pois uma vez que você aceitar sempre vão querer
entregar após a data).
· Com as novas tecnologias, a favor do homem,
muitos professores aceitam ou pedem as pesquisas digitadas, mas quando
se trata de Ensino Fundamental I é muito importante que seja manuscrito,
pois o professor poderá analisar a letra se é do aluno, suas
dificuldades gramaticais, ortográficas e de concordância.
· Quando o trabalho for manuscrito, o professor deve solicitar que os alunos escrevam com letra legível e cursiva.
·
Se for digitado: a fonte deverá ser tamanho 12, Times New Roman ou
Arial, e as folhas que forem impressas devem seguir o mesmo padrão de
tamanho (preferência A4).
· Geralmente os trabalhos devem conter os seguintes itens:
* Capa
A
capa deve conter o nome do trabalho, escrito com letras grandes e
cursiva ou em caixa alta e centralizado. Pode também colocar o nome da
escola, local e data.
* Contra-capa
Deve
conter uma ilustração sobre tema e a identificação na parte inferior da
página contendo: nome da escola, nome completo do aluno, série, turma,
turno e nome completo da professora.
* Índice (não é obrigatório, mas quando o trabalho tem muitos itens é importante colocá-lo)
Liste
todos os assuntos abordados em seu trabalho, e o coloque a página
inicial que trata o assunto, para isso atribua números para cada uma das
páginas do seu trabalho seguindo uma ordem crescente).
Obs.: o
número da capa, contra-capa e índice são imaginários, comecem a registra
a partir da introdução (página 4 – digitado e página 7 – manuscrito).
exemplo:
ÍNDICE
PÁGINAS
1- 1-Fases da vida................... 5
2- 2- Higiene corporal............... 6
3- 3-Postura correta................ 8
4- 4- Alimentação saudável.... 9
5- 5- Primeiros socorros.........14
6- 6- partes do corpo .............18
7- Modelo:
* Introdução
É
um pequeno resumo sobre o assunto que será tratado na pesquisa. Tem por
objetivo despertar o interesse do leitor em ler o texto.
exemplo:
INTRODUÇÃO
O
corpo humano é composto por vários sistemas que são fundamentais para
que o ser humano sinta-se bem. Ele é divido em 3 partes: cabeça, tronco e
membros. Mas para que o corpo funcione bem é necessário que cada um
cuide muito bem dele, tendo uma alimentação saudável, uma boa
higienização, entre outras coisas.
* Desenvolvimento
Essa
é a parte central do trabalho. De modo geral é a mais extensa e pode
ser subdividida em vários tópicos, conforme a quantidade e a
complexidade da pesquisa. Cada item deve vir, geralmente, resumido com
as palavras do aluno contendo os pontos principais.
Em cada item pode
conter figuras, desenhos, gráficos, reportagem ou deixar para colocar
nos anexos, fica a critério do professor. Explique também aos seus
alunos que não se coloca o título “desenvolvimento” no corpo da pesquisa
e sim o tema.
* Conclusão
É
o balanço final do trabalho. Aqui será exposto o ponto de vista do
aluno sobre o que aprendeu durante o trabalho (o que foi dito na
introdução será sintetizado na conclusão), dando respostas aos objetivos
contidos na introdução.
* Bibliografia
A bibliografia deve conter os seguintes itens:
- Nome do autor (SOBRENOME, Nome);
-
Nome do livro, revista (além do nome da revista coloque também o título
da matéria ou do artigo), jornal (além do nome do jornal coloque também
o título da matéria)ou da fonte que retirou;
- Estado ou capital que foi feita a publicação ou edição;
- Editora;
- Ano da publicação do exemplar (no caso de revista ou jornal coloque o mês e o ano)
Veja como fazer:
ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. 3ª edição. São Paulo: Ars poética, 1995
MüTSCHELE, Marly Santos & FILHO, José Gonsales. Oficinas pedagógicas. 2ª edição. São Paulo: Edições Loyola, 1992
SILVA, Nye Ribeiro. Alunos que aprendem diferente. Dois pontos: teoria e prática em educação. Belo Horizonte, março.1997
VERÍSSIMO. Renata. Alunos de graduação passarão por teste. Gazeta Mercantil. São Paulo, 27 nov,1995. Caderno A p. 5.
Mostre
aos alunos o exemplo de como escrever uma bibliografia observando no
final dos livros. E não se esqueça de colocar a bibliografia em ordem
alfabética.
- No caso de pesquisa na internet, coloque título da matéria ou artigo, o endereço do site e a data de acesso
Urbanismo e desenvolvimento das cidades. Disponível em:<
http://www.gcsnet.com.br/oamis>. Acesso: [ 27/11/1998].
* Apêndice
São os recursos produzidos pelos alunos: questionários, entrevistas, materiais utilizados, produções textuais.
* Anexos
Materiais
adquiridos durante o trabalho. Reportagens relacionadas ao tema,
figuras, fotos, entre outras coisas que julgue interessante para
enriquecer a pesquisa.
·
Portfólio: a avaliação compartilhada
É o meu instrumento preferido de avaliação, por que avalia todo um processo percorrido pelo aluno:
O
portfólio ou portafólio ou ainda portifólio enquanto instrumento
avaliativo pode favorecer a reflexão contínua do aluno e do professor
sobre a qualidade das práticas educativas realizadas e em realização no
contexto escolar. Constitui em um conjunto organizado de trabalhos
produzidos por um aluno ao longo de um período de tempo. Tem como
finalidade proporcionar um diálogo entre os envolvidos no processo
avaliativo sobre aprendizagem e o desenvolvimento de cada um. Além
disso, encoraja os alunos a comunicarem sua compreensão e suas dúvidas.
Ter
um portfólio não é apenas armazenar folhas em um determinado local, mas
convidar o aluno a registrar a história de seu percurso de modo a:
fazer relatos do que aprendeu; incluir, na documentação, produções que
revelem realizações pessoais; refletir sobre mudanças; e, identificar
experiências de aprendizagem significativas, ou não, de acordo com seus
próprios critérios.
Para o aluno, elaborar um portfólio envolve a
oportunidade de participar da organização do seu material, pensar sobre o
que nele está contido, ou seja, se auto-avaliar. Na organização de
portfólios, os alunos têm oportunidades freqüentes de folhear seus
trabalhos, podendo escrever pequenos textos, organizando o que já
aprenderam ao final de um período – semana, mês, bimestre ou trimestre.
Isto dá a eles a possibilidade de ter consciência sobre os avanços
conseguidos, as atividades realizadas e sobre o projeto em si.
É
importante esclarecer que a caracterização do portfólio como instrumento
de avaliação não está especificamente em seu formato físico, que pode
ser uma pasta, uma caixa, um CD ou outro que os organizadores
considerarem eficiente.
A elaboração do portfólio é de
responsabilidade do aluno, mas tem a supervisão direta do professor, que
auxilia na organização e na seleção das informações a serem utilizadas,
estimula seu uso, prevê momentos de trabalho com a documentação, usa o
portfólio no processo de avaliação e auto-avaliação.
Cada aluno pode
completar seu portfólio durante uma aula, ao término de uma atividade ou
ao término do estudo de um tema. É comum, especialmente se o professor
levar a sério sua organização, que os alunos passem a perceber mais
claramente o que desejam que esteja em seu portfólio. Entre eles surgem
comentários tais como “esse texto ficou bom”, ou “esse jogo foi
diferente, deu trabalho, mas aprendi”, que são importantes, pois
refletem envolvimento e percepção do processo vivido na aula. Cada aluno
pode organizar um índice para o seu portfólio, uma apresentação e mesmo
uma classificação que demonstre como as idéias estão sendo organizadas,
trabalhadas etc..
Existem três tipos básicos:
Ø Portfólio de trabalho
É
uma coleção dos trabalhos, cujo propósito é servir como um arquivo das
atividades do aluno, que poderão futuramente ser selecionados para
compor outro tipo de portfólio. Pode ser usado para diagnosticar as
necessidades do aluno e reorientar o ensino, pois o aluno e o professor
poderão conhecer os pontos fortes e fracos do processo de aprendizagem
em relação aos objetivos alcançados. Ao elaborar o portfólio e avaliar
seu conteúdo, o aluno torna-se mais reflexivo e auto-orientado. Esse
portfólio estrutura-se em torno de um conteúdo específico e documenta o
processo de aprendizagem do aluno em relação ao seu domínio de objetivos
esperados.
Ø Portfólio de apresentação ou dos melhores trabalhos
Contém
os melhores trabalhos realizados pelo aluno, podendo incluir atividades
extra-curriculares (ex.: participação em concurso ou evento científico,
trabalho voluntário em instituições sociais, etc.). Como aprendiz o
aluno seleciona o que acredita ser importante para sua aprendizagem.
Ø Portfólio de avaliação
Documenta
o processo de aprendizagem do aluno: seus comentários sobre os pontos
trabalhados de acordo com os objetivos curriculares.
Ø Passos para a criação de um portfólio
O
portfólio é composto de duas importantes dimensões: o produto (um
portfólio completo) e o processo, que envolve um olhar seletivo e
crítico sobre as atividades de aprendizagem. O processo de
desenvolvimento de um portfólio consiste de quatro passos básicos:
coleção, seleção, reflexão e projeção.
ü A coleção de atividades
realizada pelo aluno exige planejamento de acordo com os objetivos de
aprendizagem que se deseja atingir, ilustrando e documentando o que o
aluno aprendeu.
ü A seleção é o momento que o aluno (com a ajuda, se
desejar ou se estabelecido) examina o que foi coletado para identificar
quais atividades melhor demonstram o seu processo de aprendizagem, no
sentido de sinalizar limites, recuos, possibilidades e avanços.
ü A
reflexão constitui-se em um momento especial, pois o aluno articula (por
escrito) sua apreciação sobre cada trabalho selecionado para compor o
portfólio.
ü A projeção, estágio final da elaboração do portfólio,
consiste em definir objetivos para o futuro. O aluno analisa os
trabalhos realizados como um todo avalia e projeta ações para melhoria e
aprofundamento.
Ø Estrutura do portfólio :
ü Capa;
ü Identificação;
ü Sumário ou índice;
ü Introdução;
ü Justificativa ou objetivos;
ü Desenvolvimento(itens que podem constar):
§ Pesquisas;
§ Amostras de trabalhos sobre o tema;
§ Diário de aprendizagens;
§ Fotografias;
§ Reportagens com o comentário do aluno a respeito do tema;
§ Registros escritos;
§ Entrevistas;
§ Referências bibliográficas;
§ Registros de casos;
§ Relatos narrativos, produções textuais;
§ Gravações de áudio e vídeo;
§ Listagem, tabelas e gráficos;
§ Situações-problema envolvendo o assunto;
§ Colagens (dobraduras, recortes, objetos, plantas, etc.);
§ Auto-avaliações;
§ Resumos de filmes, seminários, etc.;
ü Conclusão
ü Bibliografia (ver modelo no tópico sobre pesquisas e trabalhos)
É
importante ressaltar que o portfólio é um instrumento de avaliação
personalizado, cuja estrutura e conteúdo diferem, mesmo quando produzido
num mesmo contexto escolar.
Temos ainda como instrumentos de avaliação:
§ Relatórios;
§ Seminários;
§ Questionários;
§ Auto-avaliação;
§
Confecção de cartazes, álbuns temáticos, maquetes, apresentação de
jornal escrito ou falado produzido pelo aluno, criação de jogos
relacionados a determinado tipo de conteúdo, entre outros recursos.
Bibliografia:
ABRANTES, P. Avaliação e educação matemática. Rio de Janeiro: MEM/USU-GEPEM, 1995
BARBIER, J. M.. A avaliação em formação. Porto: Edições Afrontamento, 1985.
ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5 ed.- Rio
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GIL, Ângela & FANIZZI, Sueli. Porta aberta: ciências naturais. São Paulo: FTD, 2005
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 13ª ed., São Paulo: Cortez, 2002.
MORETTO, Vasco P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. Rio de Janeiro: Lamparina,2007.
PELLEGRINI, Denise. Pesquisa é coisa séria. Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril. maio,1999.
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SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? : Como avaliar? : critérios e instrumentos. Petrópolis ,RJ: Vozes: 1995.
SEIFFERT, Otília M. L. B. Portfólio de avaliação do aluno: como desenvolvê-lo? São Paulo: PUC,2003
SMOLE, K.C.S. Inteligência e avaliação: da idéia de medida à idéia de projeto. Tese de doutorado pela FE/USP, 2001.
http://pedagogiccos.blogspot.com.br/2009/07/avaliacao.html